História Sândalo... - 2º Reencontro. 1º Lembrança.

No outro dia quando acordei, aquele belo homem já não estava mais presente em minha cama. Acordei de repente e meio assustada, olhando para os lados, minha cama estava muito bem arrumada, e tinha um bilhete em cima da mesma.

"Obrigado pela ajuda de ontem. Desculpe me ter sido um incomodo e... Bem, nos vemos por aí. :)"

Respirei preocupada, fiquei um tempo na poltrona meio pensativa, ainda estava sonolenta, quando criei a coragem me levantei, fui ao banheiro passar uma água no rosto, desci as escadas e fui pra cozinha comer alguma coisa. Preparei uma torrada, requeijão e um suco natural, enquanto comia mexia no celular, já tinha mandando milhões de mensagens pra Chaerin, mas todas sem resposta.

"Loira aguada da porra... podia pelo menos me responder. AFF! Desisto..."

Joguei o celular em cima da mesa, quando a CL ficava com raiva definitivamente eu não podia com ela.

"Ok. Vamos começar as edições do vídeo."

Estralei os dedos me levantando da mesa, fui pro quarto sentei em minha mesa, abri o notebook e comecei a trabalhar nas edições do vídeo de ontem. Fiquei cerca de 2 hora só editando os vídeos, e depois loguei cada um nas redes sociais, mandei uma mensagm avisando o Aoi que já estava tudo pronto.

"Bom Dia Yuu! Os vídeos já estão todos disponivéis. Dá uma olhada depois e também manda para os seus companheiros do grupo :D"

"Agora vamos editar as fotos da névoa de ontem."

Esfreguei as mãos colocando meus fones, enquanto ouvia Agony The Gazette abri a pasta com as fotos de ontem. Comecei as edições, dando mais brilho, contraste, luz, sombra e essas coisa e depois passei a foto para HD.

"WOW! Ficaram fantasticas.... Pera aí... que isso? Eu realmente não tô ficando doida?"

Sim, saiu alguém na foto em meio aquele névoeiro espesso. Dei um zoom na foto tentando ver o que era ou quem era, mas seu rosto não aparecia, apenas dava para ver suas roupas e o cabelo.

"Holy Shit! Esse parece o cara de ontem, mas com roupas diferentes."

Cocei a cabeça intrigada, a pessoa da foto parecia se mover e se apróximar cada vez mais, quanto mais eu olhava mais sinistra era a foto. Era um homem baixo, com calça social preta, sapatos de couro, uma camiseta de linho branca, colete e sobretudo preto até o pé, seu cabelo ondulado que chegavam até o ombro, não dava para ver a cor nem muito menos seu rosto, mas parecia ter um largo sorriso entre os lábios. Fechei o notebook rapidamente, aquilo estava me assustando e meu coração parecia um pouco acelerado. Tentando esquecer das fotos peguei meu celular, tentei ligar para Chaerin várias vezes, fui insistindo até que a mesma acabou me atendendo.

*Ligação On*

Chaerin? Ufa, até que enfim você me atendeu. - Sorrio para o nada me jogando na cama.

Hmm... O que você quer? Estou muito ocupada agora. - Ela diz com uma voz ríspida.

Err... Você ta bem? - Tento ignorar a sua frieza.

É pra isso que me ligou? Bye! - Ela diz com uma voz grave.

CL... Aff, por que você está assim? O que eu te fiz? Hãm? - Minha voz se altera um pouco.

Nada... - Ouço a mais velha bufar do outro lado. - Olha, te ligo depois. - Ouço uma voz masculina do outro lado a chamando para gravar alguma coisa.

Espera... Onde você tá? - Me sento no meio da cama cruzando as pernas.

Seoul. Onde mais eu poderia estar? - Ela estava parecendo uma lixa de tão áspera.

O QUE? Na Coreia? Mas... Quando? - Gesticulo com as mãos.

Ontem, quando sai do show. Foi tudo inesperado e acabei pegando um vôo as pressas.

Como? YAA, por que não me avisou? - Solto uma bufada.

Era desnecessário. Achei algo sem importância. - Suas palavras são tão sem sentiments.

Kkkk... - Solto um riso nervoso. - Desnecessário? Sem importância? TSC! Então é isso que eu sou? Um nada? Um peido que você solta e abana? - Irritada esfrego minha testa com a ponta dos dedos.

Não foi isso que eu disse Rai. Não coloque PALAVRAS na minha BOCA. - A mais velha bufa de novo andando de um lado para o outro.

Então? Senhorita LEE CHAERIN, o que eu sou PRA você? - Minha voz está se alterando aos poucos.

... - Sem resposta ouço apenas sua respiração tensa.

Rá... - Sorrio mordendo os lábios. - Ok. Já entendi. - Suspiro - Não precisa me dizer mais nada, já entendi o recado... Chae-rin.... - Um nó se forma em minha garganta. Nem eu mesma sei o porque estou assim.

Ah... Rai... Eu... É... - Ouço ela respirar fundo.

Tudo bem... Já entendi que sou uma zero a esquerda na sua vida. -Minha voz é irônica - Afinal, você é a grande, famosa, poderosa, rica, baddest female CL. - Meu tom de voz é irônico mais uma vez.

Rai... Aish! Fuck! - Ouço ela bater em alguma coisa - Não diga isso. No começo você não era mesmo nada para mim, era só... - A loira toma fôlego - Só... você era só mais alguém, mais outra pessoa pela qual eu iria curtir, usar pra me satisfazer e depois... - Ouço ela respirar fundo.

E depois me jogar fora... - Minha voz sai fraca. - É isso que eu era... Não, é isso que eu sou, descartavél. - Uma lágrima quente e involuntária percorre minha bochecha.

CALE A BOCA RAI! NÃO É NADA DISSO. QUER A VERDADE? VOCÊ PRA MIM SÓ ERA MAIS UMA IDIOTA, UMA ESCOLHIDA DA MORTE, APENAS MAIS UMA QUE AQUELE CAÍDO IRIA MATAR. ENTÃO ACHEI QUE SERIA DIVERTIDO ME APRÓXIMAR DE VOCÊ, EU SÓ A VIA COMO ALIMENTO E MEU BRINQUEDINHO QUE EU USAVA QUANDO SENTIA VONTADE... - Ela grita pra que o mundo possa ouvir - Con-ten-te ago-ra? - E diz as últimas palavras bem calma e pausadamente.

Escolhida da morte... Caído... Alimento... Um brinquedinho... - Falo quase cochichado para mim mesma. - Chaerin... você... - Levo a mão na boca a cobrindo.

Agora você se lembra? Minha pequena lótus... - Ouço seu riso tristonho.

Então... Aoi... - Meus olhos ficam maiores do que já são.

Sim. Ele também. - Alguém a chama de novo. - Preciso ir. Se cuide minha pequena lótus. - Antes de desligar ouço seu suspiro angustiado.

*Ligação Off*

"ha... ha ha ha... Não... isso não deve ser verdade. Não, não pode. Ha ha ha... de jeito nenhum."

Eu parecia uma maluca rindo sem expressão, falando sozinha, balançando a cabeça negativamente, e com um olhar parado fixado no nada. Aquelas lágrimas insistiam em percorrer a minha face, me encostei nos travesseiros da cama, me encolhi toda, abracei minhas próprias pernas abaixando a cabeça, acabei chorando até dormir.

(...)

"Hmm... Já anoiteceu?"

Acordei meio desorientada, sem saber se era dia, noite ou se já é uma nova manhã, peguei meu celular que estava no meio da cama, no mesmo marcavam exatamente 21:30.

"Nossa, acho que dormi de mais."

Me espreguicei, dei uma breve alongada, caminhei até o banheiro e tomei um banho rápido, me enrolei na toalha, voltei para o quarto, abri o guarda-roupa e fiquei um tempo encarando o nada.

"Preciso esfriar a cabeça, ouvir uma boa música e encher a cara."

Geralmente eu sempre me vestia de um jeito só, bem confortável ou desleixada, dessa vez quero algo diferente. Vesti minhas meias arrastão preta, coloquei uma saia preta bem colada e não tão curta, vesti uma blusa vermelha de mangas compridas, gola alta e com cintura curta, coloquei um sobretudo também preto, e calcei meu cuturno preto. Pentiei meu cabelo e não fiz nada de mais, apenas o deixei solto ao vento, fiz os primeiros processos inicias de maquiagem, em seguida passei meu lápis preto bem forte, sombra roxa, delineador, rímel e um batom matte cor de vinho. Ajeitei meus piercings na orelha, meus brincos, coloquei um choker de veludo, anés, pulseiras e, pra dar um charminho um pequeno chápeu preto pra combinar com meus cabelos platinados.

Chequei tudo, peguei meu cartão, documentos, chaves, celular e sai pela noite badalada da grande Tokyo. Depois de andar um pouco e pesquisar alguns lugares, acabei achando um ótimo clube LGBT, que por sinal me lembrava um que é bem famoso na Coreia localizado em Hongdae. Tirei a sorte grande, a entrada estava grátis para pessoas com chápeus, passei pela revista e logo adentrei aquele lugar animado, as pessoas estavam pulando, dançando, cantando, gritando, se pegando, bebendo, todos pareciam alegres e felizes e eu também queria fazer parte disso tudo. Tirei meu sobretudo, e comecei a dançar no meio daquele pessoal, a pista estava animada, movida a muita fumaça de gelo seco, e algumas parte até mesmo as pessoas tomavam banho de espuma. Dancei durante um tempo e logo já me deu sede então, caminhei no meio da multidão até chegar na parte do bar, pedi um drink feito de sakê e frutas, me sentei em umas das cadeiras  giratórias perto do balcão, saboreei o meu delicioso drink enquanto observavá toda aquela multidão agitada, e aquelas palavras da CL não me saiam da cabeça.

"CALE A BOCA RAI! NÃO É NADA DISSO. QUER A VERDADE? VOCÊ PRA MIM SÓ ERA MAIS UMA IDIOTA, UMA ESCOLHIDA DA MORTE, APENAS MAIS UMA QUE AQUELE CAÍDO IRIA MATAR. ENTÃO ACHEI QUE SERIA DIVERTIDO ME APRÓXIMAR DE VOCÊ, EU SÓ A VIA COMO ALIMENTO E MEU BRINQUEDINHO QUE EU USAVA QUANDO SENTIA VONTADE..."

"TSC! Eu sou mesmo tão besta e trouxa. Como pude confiar nesses 2 até agora, e ainda mais na CL."

A todo momento a nossa conversa me passava pela cabeça, e mais eu sentia raiva, me sentia uma completa debilóide por acreditar nela durante tanto tempo. Quanto mais eu pensava em tudo isso, eu simplesmente ia bebendo e em pouco tempo já estava muito louca, dançando na pista de espuma em meio a homem e mulher, beijando todos sem me importar quem eram eles, dançando toda provocadora e sexy. Eu estava muito alta, minha visão estava um pouco embaçada, eu já não dizia nada com nada, estava trocando as pernas de tão bêbada, por um momento cheguei a pensar que estava vendo coisas. Sabe o homem que ajudei na noite passada? Pois é. Parecia que ele estava me perseguindo ou stalkeando, sempre de longe, me observando, sempre mantinha um sorriso travesso em seus lábios e um olhar malicioso, isso era de arrepiar. Balancei a cabeça tentando enchegar melhor, então ele sumiu, pensei mesmo que estava paranóica, antes de ir embora passei no banheiro, fiz um xixizinho maroto, vi umas garotas se pegando, lavei minhas mãos e estava me arrumando pra ir embora, aquelas garotas entraram pra dentro de uma das portas, e apenas se escutava os seus gemidos ecoando no local, eu sorri com aquilo abaixando a cabeça para procurar meu batom no bolso do sobretudo.

"Puta que pariu! Onde foi parar essa porra alada."

Fucei meus bolsos e nada encontrei, provavélmente eu o tinha perdido.

"Droga! Era meu preferido."

Quando ergui a cabeça e me olhei no espelho, aquele cara estava lá, dentro do banheiro, atrás de mim, com aquele sorriso e aquele olhar, devagar ele se apróximou de mim, erguendo sua mão e dizendo em meu ouvido.

"Por acaso, isso te pertence?"

Na hora meu corpo entrou em choque, e só fiz assentir que sim com a cabeça, ele ri dizendo.

"Então... nós vemos na próxima. Minha querida!"

Ele tirou meu cabelo do pescoço e depositou um beijo no mesmo, todo meu corpo se arrepiou e extremeceu. Fiquei ali parada o vendo sair pela porta do banheiro, senti minhas pernas ficarem moles como se toda minha força tivesse sido arrancada de mim, eu continuei parada no mesmo lugar durante alguns minutos, até os gemidos escândalosos daquelas duas me tirarem do mundo da lua.

Sai daquele estabelecimento e fui embora, mesmo bêbada e trocando as pernas, consegui chegar até o prédio onde eu moro, só não me sentia bem, todo o caminho eu me sentia observada e isso me deixava incomôda. Peguei o elevador e antes que eu percebesse já tinha apertado para o 4º ao invés do 3º, o mesmo parou e suas portas metálicas se abriram, sai cambaleando até a porta do apartamento do Aoi, bati com força e raiva na sua porta, não estava ligando se acordaria os vizinhos, estava ainda irritada, e como estava bêbada aquele era o único momento em que eu iria dizer tudo o que queria e ser sincera. Continuei batendo cada vez mais forte, antes que ele saísse alguns vizinhos vieram me xingar, mas eu nem liguei e persisti até que ele abre a mesma com uma cara de bunda sonolenta.

Rai? Mas...

YAA! SEU FILHO DE UMA KENGA! - Acabei gritando alto e mais um vizinho veio xingar.

Gomen ne, gomen ne... - Aoi se curva constragido e me puxa pra dentro de seu apê. - Olha só pra você. - Ele me dá um olhar de reprovação. - Completamente fora de si.

Está com pena de mim agora? Me acha uma pobre coitada? Um brinquedinho? Sua comida ambulânte?

O que? Do que você tá falando? Ficou louca? - Nunca o vi tão sério.

Não se faça de idiota. Eu já me lembrei de tudo. - O encaro nos olhos. - Você estava certo, e agora eu me lembro... - Abaixo a cabeça.

Rai... Eu não te usei como a CL, eu realmente...

Cala essa DROGA de BOCA...

Rai, me escuta. - Ele me pega pelos ombros e me sacode de leve. - Eu gosto de você.... Desde de o começo... me sinto ligado a você. - Sua voz é apreensiva.

MENTIRA, MENTIRA, MEN...tira... - Repouso a minha testa em seu peito e a última palavra sai fraca. - Mentiroso... - Mais uma vez lágrimas percorrem o meu rosto.

Chora, desabafa, grita, me bate, xinga... Não vou fazer nada, se isso irá te acalmar, por mim tudo bem.... - Aoi afaga meu cabelo.

Ficamos assim durante um tempo, ali de pé na sala, eu chorava em seu peito e ele me afagava com suas grandes mãos.

"Vem, você precisa de um banho e de uma ótima noite de sono. Amanhã conversamos quando você estiver sóbria."

Aoi me levou ao banheiro, ligou o chuveiro, tirou minhas roupas, me puxou pra de baixo do chuveiro, senti seu corpo no meu, ele me abraçou por trás, a água quente caia sobre as nossas cabeças, suas roupas ficaram encharcadas. O moreno me enrolou na toalha e me puxou para o seu quarto, me emprestou suas roupas, secou meu cabelo, me deitou em sua cama, me cobriu e me abraçou.

 "Boa noite, minha anjinha."

Aoi me deu um doce beijo na bochecha, envolvida pelos seus grandes braços logo peguei no sono.