História Sândalo... - Próxima do fim

(...)

Fiz as pazes com Chaerin, meus pais se entenderam mas só pra me ajudar, começamos alguns treinamentos pra que eu pudesse aprender a me controlar. O poder ficou tanto tempo preso que seu lado obscuro estava me consumindo, eu emagreci mais que o devido, fiquei abatida, fraca, eu estava num estado horroroso. O poder consumia a minha energia, era disso que ele se alimentava, por isso comecei a meditar, me controlar, e aprender a usa-lo, definitivamente eu não queria ter que usar essa força para lutar com o Ruki... ou melhor dizendo, Takanori Matsumoto.

*Taka On*

"Takanori! - A pequena diz feliz.

Shhh! - O homem coloca o indicador nos lábios. - Não podem saber que estou aqui. - Ele sorri.

Ah, me desculpe. - A pequena tapou a boca com as mãos sorrindo feliz. - Hey, Taka, o que vamos fazer hoje? - A pequena ruivinha o olha curiosa.

Oh... deixe-me pensar.... - O mais velho cruzou os braços pensativo.

Takanori-kun? - A garotinha diz manhosa se sentando ao seu lado na beira da janela.

Sim minha querida! - Ele olha a pequena carinhosamente.

Vamos apenas observar a lua. Ela está tão cheia e bonita hoje... - A ruivinha encosta sua cabeça no braço do castanho. - Sabe, Taka? Eu presinto que esse momento de todas as noites esta prestes a acabar. - Se pode ouvir a garota respirar fundo.

Do que você está falando? - Takanori encara a pequena.

Você sabe quem eu sou? Quem é a minha família? O que eu sou?

Eu não me importo com isso. - Ele acaricia sua cabeça.

Taka-kun... - Ela faz uma pausa o olhando nos olhos. - Eu sou uma bruxa, filha do arcanjo Samandriel. - Takanori arregala os olhos. - Eu sabia em? A cara que você fez é engraçada. - Ela ri voltando a encarar a lua, balançando seus pés.

Rai... - Ele fica sem palavras.

Taka... Eu não ficarei com raiva, nem muito menos o odiarei, não importa o que você faça. Eu tive uma visão, vi muita coisa que poderá acontecer, e serão mesmo muito dolorosas. Então, eu aguentarei firme até lá, irei me tornar uma criança realmente forte, então não se preocupe. - Rai sorri entrando em baixo de seu casaco.

Rai eu... - A pequena o interrompe.

Não precisa dizer nada, agora você já me encontrou, a gorota que sofreria com sua vingança. - A pequena deitou em seu colo."

Entendeu agora? Era essa relação que tinhamos no começo de tudo, até eu descobrir que era tudo verdade o que aquela pequena me disse. Depois disso, tudo mudou, foi da água para o vinho, eu passei a odia-la e amar-la ao mesmo tempo, a torturei, deixei-a com medo de mim, mas ainda via em seus olhos todo o encanto que Rai tinha por mim, aí eu decidi me afastar dela, apenas observa-la ao longe, nas sombras, mas eu não resisti , seu sangue era mesmo delicioso, e com o tempo vendo, e acompanhando toda a sua transição acabei me apaixonando por ela. Você deve me achar um rídiculo não é? Tudo bem, você pode achar o que quiser, só não coloque mais suas patas e boca suja no que me pertence. Agora estamos quites, então, até mais nunca ver.

*Taka Off*

Rai, vai sair? - O mais velho me encara com uma torrada na boca.

Vou pai. Me lembrei que preciso devolver algo pra alguém. - Sorri.

Ah, sim. Tome cuidado na rua. - Ele bagunça meu cabelo.

Haha Ok! - O abraço antes de sair.

O táxi já estava me esperando, entrei no mesmo e dei o endereço ao motorista, alguns minutos depois já estava na casa da Calistho. Paguei e agradeci ao motorista, toquei a campainha algumas vezes mas ninguém saiu, tentei abrir o portão e para a minha surpresa o mesmo não estava trancando, então simplesmente entrei. Observei o jardim e ele parecia meio desorganizado, e bagunçado, caminhei até a porta de entrada da sala e, vi que a mesma estava entre aberta, meio encherida já fui entrando, a casa também parecia toda bagunçada e de pernas pro ar.

Ca...listho? Oi? Alguém? Oi? - Cocei a cabeça olhando ao redor. - Calistho? Tudo bem? Onde você está? Aish! - Senti um aperto no peito.

Verifiquei a sala, cozinha, sua biblioteca e enfim, revirei a casa procurando a raposa. Eu ainda não tinha olhado aquela sala sinistra onde tiramos aquela foto, algo parecia me puxar pra lá, mas eu me sentia receosa de entrar naquela sala. Respirei fundo meio apreensiva, cerrei os punhos nervosa, passava tudo pela minha cabeça, a casa numa bagunça, o que foi? Um ladrão? Ela tá bem? Ou teria sido ele? Estava perdida em meus pensamentos até que ouvi um gemido de dor que me fez voltar a mim.

Calistho? - Entrei na sala com tudo. - Ca...CALISTHO!! - Corri até a raposa caída no chão perto daquele piano.

Criança... COF COF COF... - Ela respirou fundo.

Calistho, quem... - Ela dá um sorriso abafado me interrompendo.

Quem mais poderia ter sido?

Taka...Nori... - Abaixei a cabeça.

Sim... Criança esperta. - Ela respira com dificuldade. - Por que veio? - A raposa me encara.

Eu preciso te devolver algo... Eu não percebi aquele dia, mas você me deu algo precioso e isso me ajudou muito.

Fico feliz... - Calistho está perdendo a conciência aos poucos.

Calistho? Calistho? CALISTHO? - Repousei seu corpo em meu colo. - Você não pode dormir, não agora. Não se entregue tão fácil.

Segurei seu belo rosto com cuidado, lhe dei um beijo carinhoso, devolvi sua vitalidade, mas infelizmente acho que cheguei um pouco tarde de mais, quase já não se podia mais ouvir sua respiração.

Calis...

Rai... Obri...gada. Eu sabia que dessa vez... - Ela cospe sangue.

Calistho... Não diga nada, você precisa guardar forças, agora o que te pertence voltou e você irá ficar melhor. - A mais velha ri.

Era meu destino... Você protegeu o meu vitalis, e ainda voltou para devolve-lo... - Ela toma um ar.

O que? Não, não é o seu destino morrer assim, não é o destino de ninguém morrer assim. - Ela sorri novamente com os lábios cheios de sangue, colocando sua mão em meu rosto.

Você foi minha hospedeira... protegeu meu vitalis, agora ele não pertence mais a mim...

NÃO... Cale a boca! Você vai viver nem que pra isso eu tenha que morrer. Chega de pessoas morrendo por mim, por minha causa, por minha culpa. - Uma lágrima escorre.

A cul... a culpa não foi sua, eu só te usei pra que ele viesse até mim, sei o quão... possessivo ele é... E no fim... eu não era forte o bastante. - Ela sorri de novo.

TSC! Como você pode rir assim? E em uma situação como essa. - Viro o rosto irritada.

E vo-você... como pode chorar assim? Se só me viu uma vez.

Tsc! Droga... Eu estive conectada a você com essa droga que brilha.

Rai... a proteja por mim. No final iremos nos encontrar novamente.

Calistho? Calistho? Cali... - Mordi forte meus lábios. - Me desculpa... Eu sinto mui... AISH! - Chuto o piano dando um grito.

Me levantei com seu corpo em meus braços, e a levei até o seu querido jardim. Ela iria querer permanecer aqui, com suas memórias e ante-passados. Peguei uma apá e cavei no meio do seu jardim, eu fazia isso em meio á lagrimas que não paravam de cair, eu realmente me sentia triste, com raiva, me sentia culpada pelo ocorrido. Levantei seu corpo o colocando na cova, respirei fundo fechando os seus olhos, peguei um pano branco para estender sobre Calistho, quando me virei seu vitalis estava ali, flutuando sobre seu peito.

"TSC! Eu cuidarei bem disso, não se preocupe Calistho."

Sorri tristemente pegando seu vitalis, ele se tornou um pingente em formato de gota, o guardei com todo o cuidado, peguei o pano branco novamente e o estendi sobre o seu corpo.

"Descanse em paz! Que sua alma encontre a luz nessa nova jornada."

Depois de enterrar-la, voltei suas flores em cima da cova, tudo lindo como era, ela merece que continue organizado. Fiquei durante muito tempo lá, quando voltei pra casa já era tarde.

Ah, que bom que você chegou! - Samandriel parecia aflito.

O que ouve pai? Onde está minha mãe? - Lhe dei um olhar interrogativo.

Eu não sei... Ela saiu logo depois de você e ainda não voltou.

E onde ela pode ter ido?

Se eu soubesse não estaria tão nervouso. E você sabe como ela é né...

Aish! Tudo menos isso, já passei coisa de mais por ho... - A porta se abriu.

Freya, pelos Deuses, onde você esteve? - Ele corre até ela.

Mãe? - Ela não parece bem.

Rai... Samandriel... - Ela ri tristonha. - Cuidem do Adrian... - Ela suspira e desmaia nos braços de Sama.

Mã...e...

Meu pai a pega no colo, e rapidamente a repousa no sofá, eu estava petrificada, pensando que perderia mais alguém, já estava ficando traumatizada com todas essas situações. Por sorte o Adrian não está aqui, não saberia o que fazer se também o perdesse.

Rai? Rai? RAI? - De repente tudo parecia escuro, e sua voz parecia me chamar de muito longe. - RAI HAWK? - Senti meu corpo sendo saculejado, era como se eu não estivesse em mim. - Rai, acorda! Recobre a sua conciência, precisamos ajudar a sua mãe. RAI! - Senti um forte zumbido em meus ouvidos, e como se minha alma voltasse ao meu corpo em uma pancada, senti um grande choque percorrer o meu corpo.

Pai! - O encaro meio desorientada, balançando a cabeça.

Rai, o que houve? Você tá bem? - Meu olhar está parado.

Já sei... É isso... - Estalei os dedos tirando a gota do meu bolso.

Isso... É o vital de uma kitsune? - Ele me encara surpreso, e eu apenas assinto.

Como... da onde você tirou isso?

Agora não interessa. Abra a boca...

O que? Hey, umm... - O vitalis brilhou e antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, coloquei o vitalis dentro de sua boca.

Pai, agora beije a mamãe e transfira o vitalis pra ela. Isso irá curá-la, foi graças a isso que passei bem a libertação dos meus poderes. Rápido! - Dou-lhe um empurrãozinho de leve.

Ele me olha meio desconfiado, e apenas assinto com a cabeça, ele o faz, transfere o vital á ela.

É só isso? - Balanço a cabeça em sinal afirmativo. - E porquê tinha que ser assim? 

Não me pergunte, eu também não sei bem como isso funciona. - Dei um sorrisinho.

E mesmo assim mandou eu dar isso pra Freya? Pra sua mãe? - Samandriel me olha como se eu fosse maluca.

O que? Era a única chance que tinhamos, minha mãe tá toda arregaçada, parece que veio da guerra, e eu desesperada... O que mais queria que eu fizesse? Milagre? Você que é o arcanjo aqui, não eu. - O azulado me encara com uma cara que dizia "Você é mestiça, como pode dizer isso?".

Vou levar-la pro quarto. Quando ela vai acordar Xeroque Holmes?

E eu que sei? - Ergo os ombros e as mãos. - Eu espero que rápido... Não entendo de magia pra ressucitá-la, já que ninguém me ensinou... - Sorri sem graça.

Samandriel apenas balança a cabeça negativamente, pega Freya com cuidado e caminha até o quarto. Respirei fundo agradecendo mentalmente Calistho, o zumbido forte voltou, senti uma forte pressão em meus ouvidos, e minha cabeça começou a doer, meus olhos escureceram e tudo se tornou preto, que droga era isso dessa vez? Já fazia um bom tempo que essas doideras não me aconteciam, sentia-me vazia, apenas uma casca sem nada por dentro, um vazio, era como se eu não pudesse controlar o meu próprio corpo e visse a mim mesma sentada naquele sofá, paralisada. Eu via tudo ao meu redor em uma espécie de plano diferente, que macumba é essa? Eu comecei a ver a briga de Calistho com Takanori, e como tudo ocorreu, e agora sabia o que tinha acontecido com minha mãe. Freya foi sozinha tentar enfrentar Taka, mas não tinha poder o bastante, mas devo dizer que os 2 saíram bem prejudicados dessa luta, minha mãe não deixou por menos e o enfraqueceu bastante.

"Isso? CL? Mas o que? CL? CUIDADO!"

Rai! - Dei um pulo assustada voltando a mim.

Saman... Pai... - Meu coração está acelerado, e sinto meu corpo estremecer.

Rai, você estava fazendo viagem temporal? Acordada? - O mais velho repousa sua grande mão em meus ombros.

Viagem o que?

Você não sabe o que é certo?

Acho que eu devia, né? - Franzo a sobrancelha.

Bem, viagem temporal é parecido com viagem astral, mas ali ninguém te vê, nem escuta, e você não pode tocá-las. É uma forma diferente de ter visões sobre o passado, futuro e até o presente momento.  E essas visões são as mais precisas que existem.

Com que frequência as visões do futuro realmente acontecem? - O olho preocupada.

Sempre... Elas nunca estiveram erradas até agora. Por que? - Arregalo os olhos.

Charin...