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História Sangue do Dragão - Liberdade


Escrita por: Ulv

Capítulo 63 - Liberdade


PDV: Heron

O fogo e a fúria dos pequenos dragões estavam nos fazendo perder. Não importava o número de homens nem a sua coragem, nos estávamos e iriamos perder se eles continuassem a nos atacar. Mesmo eu e Daemyon lutando e rechaçando alguns dos filhotes, Nagga e Veygar não dariam conta, de modo algum.

Nossa mãe estava em uma luta fervorosa com Daenerys, junto dos seus dragões. Da onde eu e Daemyon estávamos podíamos ver nitidamente Jon lutando com Daario, em uma colina. Agartha tinha sumido, e isso me preocupava mais do que qualquer coisa.

-Heron! – Daemyon gritou e eu voltei a luta, me esquivando no momento em que um dos dragões cuspiu fogo no meio dos homens. Os mais sortudos conseguiram escapar.

Grunhi e voltei a me levantar, erguendo o escudo enquanto os homens voltavam a se atacar. Aquilo era o inferno.

Daemyon se colocou a minha direita, enquanto Maegor ficava a esquerda, com o escudo levantado, íamos em frente, lutando e fugindo do modo que era possível.

-Que os Outros nos levem! – Maegor praguejou no momento em que enfiou seu machado no pescoço de um homem com armadura verde.

-Para o mais profundo inferno! – completei, ao me abaixar e erguer um soldado no escudo. Daemyon se virou e golpeou o homem no peito.

-Fogo!! – gritaram os homens e corri para o lado, o dragão pousou ali no meio e vi apenas a hora em que abocanhou um homem, o despedaçando com os dentes.

-Heron. – Daemyon indicou uma direção e eu sinalizei para Maegor.

Avancei correndo diretamente para o dragão, no último instante, em que pude ver o fogo se projetando em sua garganta, deslizei para o chão, me prendendo em seu pescoço. Daemyon pulou para as suas costas e vi o momento em que Maegor pulou com uma lança e perfurou a cabeça, ainda em desenvolvimento, do dragão verde. Soltei os braços e rolei para o lado, já que o animal desabou no chão morto.

Daemyon saltou de cima do dragão, com um sorriso no rosto.

-Fazemos um belo trio. – falei para os três. Maegor tentou arrancar a lança do dragão, mas não teve sucesso.

-Fazemos? – Daemyon limpou um pouco de sangue do rosto. E o desgraçado era tão sortudo, que o sangue nem ao menos era dele.

-Acredito que sim. – Maegor levantou o escudo, olhando fixamente para a frente. Quando me virei, vi duas mulheres.

Uma delas era Asha, minha prima. A outra eu não conhecia, mas tinha uma ideia de quem era.

-Heron, Corvo de Sangue. – Asha saudou, com um machado na mão

-Prima. – fiz uma reverencia fingida. -Que milagre você por aqui. Onde está seu irmão?

-Morto. – arqueei uma sobrancelha. -Foi entregue ao Deus Afogado a dois dias.

-Que coisa mais lamentável. – gesticulei com os braços. – Agora saiam da minha frente, não quero ter que matar suas senhoras tão bonitas.

-Você. – a mulher de longos cabelos castanho escuro e de olhos cor de âmbar se colocou a frente, apontando um dedo esguio para mim. – Matou a minha irmã.

-OH, vocês eram irmãs? – dei um meio sorriso. – Sua irmã não me agradou muito. Devia ter me mandado outra puta.

Seus olhos dourados ficam escuros de e ela avançou a frente, mas Asha colocou uma mão em seu ombro.

-Não... se fizer isso você morre, e é tudo o que esse covarde quer. – ela se colocou a frente. Maegor e Daemyon continuaram a lutar, lado a lado, praticamente me protegendo. -Vamos acertar as contas, primo.

-Não tenho contar a acertar com você, mulher, apenas saia da minha frente.

Asha riu alto e segurou seu machado com força. Rosnei exasperado e soltei o escudo. A mulher de olhos dourados parou para olha, com dois Imaculados a protegendo.

-Você matou Victarion? – Asha atacou. Desviei o golpe do seu machado com minha espada.

-Não. – menti para ela, que atacou com ainda mais força.

Atacou girando o machado no ar, em consecutivos golpes pela cabeça e flanco. Tive que me desdobrar para conseguir me defender, brandindo a espada a torto e a direito. Ela parecia se divertir, com um sorriso juvenil.

-Podíamos ter sido amigos, Heron, se as coisas fossem diferentes. Se você fosse filho de Victarion. – ela gritou ao atacar. Desviei seu machado e consegui abrir um pequeno corte em seu rosto.

-Victarion não podia ter filhos e não era homem o suficiente para minha mãe. – respondi com toda simplicidade. – Nunca poderíamos ter sido amigos, Asha.

Nagga planou por cima de nos, indo diretamente em um dragão menos, que atacava os homens. Ele o pegou e arrastou para longe, mordendo seu pescoço. Senti o gosto de sangue na boca.

-Tem razão. – ela se elevou, tentando me golpear na cabeça. Mas me abaixei a tempo. -Nosso destino é esse, mesmo que seja erado derramar sangue de um Nascido do Ferro.

-Os Deuses não ligam, acredite. – girei a espada e enganchei no seu machado, com um puxão forte, consegui arranca-lo de sua mão.

Quando me precipitei a frente para dar o golpe final, os dois Imaculados se puseram a frente, com as lanças em posição de ataque. Levantei a espada para cima, Asha tentou dizer algo para a mulher de olhos dourados, mas a mulher não deu ouvidos.

-Lembra-se do nome dela? – revirei os olhos.

-Milah, isso não é correto. – Asha se pronunciou. “Pelo menos ela tem honra”, pensei comigo, olhando para minha prima.

-Lembra-se do nome dela? – a mulher que parecia se chamar Milah, veio se aproximando.

-Vitória. – respondi sorrindo. – Quer saber como ela morreu?

Ela engoliu em seco e assentiu.

-Cortei sua língua fora e a amarrei na proa do Silêncio. Ela morreu depois de quatro dias. Ela era muito forte, tenho que admitir. – Milah deixou uma pequena lagrima escorrer pelo rosto, mas logo tomou sua posição firme.

-E você vai morrer por isso, bastardo. – sorri para ela.

-Sabe o que se diz para o Deus da Morte? – ela franziu o cenho. -Hoje não.

Deslizei para dentro de Nagga, que veio voando como uma flecha e abocanhou a mulher e os dois Imaculados antes que percebessem o que estava acontecendo.

Gargalhei ao ver a cara de Asha, que tinha caído no chão, sem aguardar o ataque aéreo. Um braço decepado cai no chão, bem na frente do rosto da mulher. Andei até ela com toda calma do mundo, como se uma batalha não estivesse acontecendo naquele instante

-Você merece mais do que morrer ajoelhada. – falei para ela, que se levantou, com a cabeça erguida.

-E como é que eu tenho que morrer? – antes  mesmo que pudesse fazer qualquer objeção, passei a espada por sua garganta e então sim ela voltou a cair de joelhos, engasgando no próprio sangue.

-Em pé, como uma Nascida do Ferro. – girei a espada nos dedos e fui atrás dos meus irmãos.

 

PDV: Daemyon

Heron foi nos encontrar no meio da batalha, eu e Maegor tínhamos acabado de rechaçar um outro dragão menorzinho.

-O que você fez? – Heron deu de ombros a minha pergunta e continuou a avançar, com sua espada suja de sangue até o botão.

-Nada. – respondeu sorrindo e matou o primeiro homem que viu na frente.

Avancei junto a ele, com minha espada erguida, juntamente com o escudo. Afastei um soldado com o escudo e enfiei a espada em seu peito.

Olhei para o céu e vi Blackfyre voando baixo, e fiquei surpreso quando ele rasgou a asa de um dragão com os dentes. “Não é Aegon”, refletia no momento em que vi longos cabelos prateados voarem com o vento.

-Agartha? – olhe-a sem entender nada.

-Daemyon! – Heron me empurrou para o chão, desviando o golpe de espada que teria me decepado a cabeça. – Porra!

-Desculpe. – levantei do chão e continuei avançando, golpeando um e outro, e absorvendo os pequenos cortes na pele.

Não estávamos vencendo, não importava o que fizéssemos ou o quanto lutássemos, nos iriamos perder. Homens caiam para todos os lados, e não mortos pela espada, e sim pelos dragões. Era uma luta perdida.

Olhei para o lado, a colina onde meu pai lutava com Daario. Vi quando ele conseguiu enfiar a espada no peito do homem intragável de cabelos tingidos. Sorri quando vi aquilo. Mas não pude deixar de gritar no momento seguinte, em que um Imaculado parou alguns metros longe e atirou uma lança.

-NÃO! – nesse momento escutei o rugido de centenas de dragões, que simplesmente voaram e não atacaram mais homem algum, nem dragão algum no céu.

Vi aquela lança cortar o ar de um modo lento, mais lento que os meus passos que na verdade era uma corrida desesperada.

A lança alcançou as costas do meu pai, que caiu de joelhos no chão. “Não!”

Olhei mais amplamente e vi minha mãe, caindo de joelhos, quase abraçada em Daenerys enquanto os dois dragões voavam acima delas.

Não...

Fui barrado no meio do caminho, por três Imaculados.

Rosnei com um ódio tão grande que quase consumiu minha alma. Gritei ao atacar o primeiro, batendo com o escudo em seu rosto, larguei o escudo nisso e agarrei a lança de um cortei sua garganta com a espada. Nesse ponto, Heron já estava ao meu lado, com um olhar aflito. Ele me ajudou a terminar o serviço, jogando um machado no meio da testa de um dos Imaculados enquanto eu rasgava o pescoço de outro.

-Daemyon... – Heron enfiou a espada na bainha e correu, correu como um louco colina a cima.

“Isso não pode estar acontecendo”, pensava debilmente enquanto corria atrás do meu irmão colina a cima, passando pelo meio das flores roxas. “Isso não pode estar acontecendo!”

Heron tropeçou e quase caiu no final, quando já estávamos quase chegando. Ajudei-o a levantar e continuamos.

Mamãe tinha rastejado até onde estava meu pai, deitando de castas no chão, com uma poça de sangue em volta. Suas cabeças estavam lado a lado, com o corpo invertido. Ele falou algo em seu ouvido que a fez sorrir.

-Mãe! – Heron gritou e correu até ela, se ajoelhando ao seu lado. Eu corri, mesmo sentindo minhas pernas moles.

Neguei com a cabeça ao me ajoelhar no lado do meu pai, que tinha sangue escorrendo pelos lábios.

-Não...não...pai... – murmurei, sentindo uma facada no peito. Seus olhos cinzentos brilharam quando apontou o dedo ao meu rosto.

-O que um homem deve fazer, Daemyon? – meu pai perguntou, com toda calma e seu olhar duro.

-Ele deve cuidar da sua família. – respondi sem hesitar. Seus olhos se suavizaram e pude ver uma pontada de orgulho, mas foi só, seu gelo não permitia mais do que isso.

-Você vai ser um grande rei, filho. – balancei a cabeça com força.

-Não vou ser nada... vai ficar tudo bem. – ele sorriu e olhou para o céu.

-Meu tempo já passou.... eu só esperava poder morrer no sentindo o frio da neve do Norte, novamente. – senti uma lagrima escorrer pelo rosto.

-NÃO!!! – olhei para o lado e vi Agartha desmontar de Blackfyre e correr como uma desesperada, se jogando no chão. – Não mãe...pai, o que está acontecendo?

Ela já chorava desesperadamente, com o rosto coberto de sangue. Heron a segurou contra o corpo.

-Estão juntos, não é? – nossa mãe sorriu e procurou a mão do marido, que se juntou a dela.  Agartha teve a pequena força de sorrir.

-Sim...- nosso pai riu, cuspindo um pouco de sangue. -Pai?

Agartha chegou próxima a ele, que tocou seu rosto com a mão.

-Minha menininha.... você cresceu. – pelo primeira vez na vida, vi ele chorar. – Tão linda...

-Não pai...por favor...por favor... – ela se agarrou a ele. – Por favor, não morra.

-Meus filhos.... – Heron chegou mais perto, não chorava, mas eu podia ver a dor em seus olhos, refletindo a minha. – Meus filhos. Todos tão fortes...  Minha família.

Nossa mãe apertou sua mão com força e ele se virou para olha-la, sorrindo.

- Frio? – ela questionou, com os olhos brilhando em lagrimas.

-Não.... – senti seus olhos cinzentos correrem pelo rosto de cada um de nos e depois de fecharem com força. – Meu lobo... Fantasma...

Não pude escutar o uivo de um lobo, mas soube que foi isso que ele escutou quando sua mão soltou a dela, perdendo a força.

-Não... não...pai? pai? – Agartha se abraçou nele, chorando como uma louca. Eu não..... não, não sabia o que estava acontecendo...eu não sabia que podia doer tanto. – Mãe! – ela pulou para o lado da nossa mãe, que continuava segundo a mão do irmão.

-Maldição. – balbuciou enquanto as lagrimas tomavam conta dela. – Eu queria ver meus netos... Tão pouco tempo....

-Mãe... – Heron se colocou ao lado dela. – Me desculpe... Eu lhe fiz sofrer... tanto...

Ela negou com a cabeça e sorriu.

-Você me deu felicidade, uma razão para viver. – sua mão subiu até o rosto dele, limpando a lagrima que começava a escorrer. – Meu menino.

-Isso não pode estar acontecendo. – Agartha se balançou, chorando. Mamãe segurou o rosto dela e sorriu, e depois me olhou com todo o carinho do mundo.

-Eu daria minha alma para poder viver mais um pouco... porra, vocês são só crianças. – ela chorou. – Meu único pedaço bom. Meu coração.

-Mãe... – murmurei ao me deixar chorar. Ela voltou a sorrir e eu não podia esperar palavras com maior significado.

Maegor estava parado, em pé, e o vi cair no chão. Ela olhou para todos nos, sorrindo do modo que só ela sabia fazer.

-Minhas crianças. – olhei profundamente em seus olhos e não vi tristeza. Ela os fixou em um lugar onde eu só se via o céu, e sorriu, sorriu como nunca. Seus olhos brilharam. – Será que não pode me deixar em paz nunca?

Sua voz saiu como um sussurro abafado pelo rugido de Rhaegal, que pousou naquele momento em rugiu para o céu, em agonia.

-Aahh. – Agartha gritou ao se debruçar sobre ela e chorar. Heron pareceu perder o ar e pela primeira vez o vi chorar de verdade.

Eu me deixei cair para traz, uma faca me dilacerava o coração de um modo que nunca pensei que sentiria, mas algo, bem no fundo me dizia para não chorar.

Papai morreu em casa, não de corpo, mais de alma. Fantasma, ele estava com Fantasma.

E Daena... minha mãe. Nunca vamos saber o que ela viu antes de morrer, talvez não tenha visto nada.... Só sei que seus olhos brilharam como estrelas. Como a sua alma.

Ela estava feliz.

 

PDV: Criksus

Quando ouvi o rugido de Rhaegal eu já sabia.

Corri o mais rápido que pude até a colina e meu coração não estava errado. Heron chorava ajoelhado ao lado da mãe, que descansava ao lado do irmão que ela tanto sofreu e pagou para proteger, suas mãos atadas, do modo em que viveram.

Agartha estava desesperada, chorando no meio do corpo dos pais, sabia como seu coração podia estar destruído. Mas Daemyon... Ele nunca me lembrou a mãe como agora. A dor transparecia pelos olhos, mas ele não chorava, ele era o mais forte de todos. Fogo e gelo...

Até mesmo o garoto, Maegor, que ela amava como um filho estava no chão, chorando como nunca chorou pela morte do pai.

Ajoelhei-me ao lado da minha irmãzinha, não pude conter a dor e as lagrimas que me brotaram no rosto.

-Eu posso? – pedi aos filhos.

-Não... – Agartha chorou e se agarrou a mãe. Heron a alcançou e a abraçou com força, deixando que chorasse com ele.

-Pode. – Daemyon respondeu, olhando para o chão.

Levantei-me e levantei também o corpo dela. Heron ficou me olhando enquanto me afastava.

Cada lembrança, cada momento que estivemos juntos me veio a memória. Eu deveria estar com ela, deveria ter protegido ela de tudo... minha irmã.

Andei pelo campo de rosas roxas, que brilharam ao sol do final de tarde. Olhei bem para o seu rosto antes de deita-la no campo de flores. “Linda, minha irmã”.

-Agora você está em casa, irmãzinha... – cerrei os dentes para não chorar. – Acabou....

Ela ainda estava com os olhos abertos, seu rosto mostrava uma expressão feliz de quem reencontra um grande amor. Segurei sua mão e quebrei umas das rosas, colocando-a em seu peito.

Rhaegal a me seguiu até lá, parando ao lado de Daena e mexendo corpo com o nariz.

-Ela se foi... – murmurei para ele. Fechando seus olhos purpúreos, que ao contrário do que podia pensar, estavam brilhando.

Sorri e afaguei seus cabelos. Rhaegal se deitou ao seu lado, grunhindo, como se sentisse dor. Ele sabia... ele também sentia

Deixei que minha dor tomasse conta e chorei por um tempo.

 Chorei até perceber que não tinha porque chorar...

-Ela está em casa... Livre. 


Notas Finais


Eu nem acredito que cheguei nesse ponto da história. :(
Obrigada por ler! Por favor, comentem, é final, eu quero muito saber o que acharam. ^-^
Vou postar o último capítulo no próximo sábado.


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