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História Sangue do Dragão - Vida


Escrita por: Ulv

Capítulo 64 - Vida


1 ano depois....

PDV: Heron

Posso dizer que o tempo não consegue apagar certas coisas. Ele ás muda e molda de um modo distinto, mas nunca as apaga. Quando perdemos algo, um buraco se abre no lugar daquilo que perdemos, um buraco que nunca vai poder ser preenchido, mas pode ser aos poucos concertado. Onde a dor esteve, coloque saudade e as lembranças boas.

Hoje fazia um ano desde que vi minha mãe e meu tio morrerem, o meu vazio ainda estava revestido de dor, mas aos poucos eu tentava colocar as lembranças boas. Nossa mãe fazia falta, principalmente para mim, que tinha feito como idiota e não aproveitei o tempo que tive com ela. Mas agora não tinha o que fazer nem ao menos se lamentar, tudo o que me restava é não deixar seu fogo se apagar e nem que sua gloria terminasse, pois história ela já fez, e ela nunca iria morrer na memória e nos livros de mil pessoas e meistres.

Casei com Agartha pouco depois de ter terminado de conquistar Essos, de Ib a Asshai, o que demorou seis meses, mas seis meses que me mudaram de um modo inexplicável. Ela mudou meu modo de ver as coisas, de tratar as pessoas, de matar... Chega de magia de sangue desnecessária, chega de dor. Agartha me ensinou que a crueldade e a gentileza andam lado a lado, se eu quiser equilibra-las, tenho que equilibrar a mim mesmo.

Claro que certos hábitos não morrem cedo, mas aos poucos.... Ainda era implacável quanto a desordem e desobediência em Essos, mas sempre tendo a calma para analisar as coisas e julgar quem morreria e quem viveria.

 E quanto a velhos hábitos... Não tinha deixado de lado meu Silêncio, sempre que podia e desejava eu organizava excursões para saquear Sothoryos e algumas ilhas além, mas isso era apenas diversão. Meu maior encargo está aqui, em Scandrya, onde fiz meu trono, minha capital, por assim dizer.

Um lugar prospero, com ótimos portos e terra fértil. Além do clima ser mais do que agradável durante o inverno, não diria nada sobre o verão, já que o calor é terrível, mas ao mesmo tempo agradável.

Valíria continuava invicta, nenhum povo queria se assentar lá, as pessoas com Escamagris, de algum modo sucumbiram no dia em que foi tocado o berrante e os dragões nasceram. Aquilo foi um milagre, um fato inexplicável que não voltaria a acontecer em alguns bons séculos, creio eu. Por enquanto, a grande Valíria é lar de dragões, e qualquer cavaleio que tente se aventurar no lombo de um, deve primeiramente ir para lá.

Minhas primas, tanto Daera, Tyanna e Obera, quanto Elia e Rhaenys conseguiram montar seus respectivos dragões. A o mais esperado e mais merecedor de todos, Criksus, meu tio, irmão leal de Daena, ele também conseguiu seu dragão. Isso só comprovava ainda mais que ele merecia, já que aparentemente, aqueles dragões só aceitavam o sangue da dinastia Targaryen.

Eu tinha os meus dragões, alguns que de certo modo me seguiram até Scandrya, a magia que foi usada para liga-los, fui eu quem começou, eu que toquei o berrante e talvez seja por esse motivo que eles me seguiram, mesmo que não conseguisse monta-los. Nagga era um pedaço da minha alma e eu mesmo não aceitaria outro anima se não ele, de modo algum. Só esperava que meus filhos montassem um daqueles dragões, e que fossem muitos.

Sorri com esse turbilhão de pensamentos e levantei da cama, Agartha ainda dormia ao meu lado, segurando meu braço. Curvei-me e beijei seu rosto. “Linda”, pensei ao olha-la por mais um longo tempo. O mundo é estranho, que eu mesmo, pensando que nunca amaria mulher alguma, fui me apaixonar justamente pela mais próximas das opções. E os Deuses sabem o quanto eu a amava, não podia suportar a ideia de perde-la nem que ela se fosse. Quase fiz guerra com Norvos por ela, mas a antipatia do lugar valeu a pena, com toda certeza.  Mesmo com algumas discussões sobre o nosso reino, mas as discussões sempre terminavam bem.

Sorri, tentando suprimir uma risada e fui até a sacada do quarto. Do lado de fora, o sol recém começava a despontar no horizonte, fazendo a pedra azul celeste brilhar. Respirei fundo, sentindo o cheiro doce e ao mesmo tempo ácido das Lagrimas de Valíria, que Agartha tinha insistido em plantar em Scandrya, e ao contrário do que todos acharam, elas vingaram com toda a força. Tinha vasos das rosas por toda a sacada, ela dizia que lembrava nossa mãe e a fazia pensar melhor. Eu também sabia que elas lembravam mais do que minha mãe, mas meu pai também, de um modo bom e ruim. Ás vezes eu me perguntava, se depois da morte eles puderam se encontrar, fazer as pazes ou se matar novamente. Mas esse é um mistério que jamais saberíamos. É tão fácil matar, mas parece ser tão difícil morrer.

Quebrei o caule de duas das rosas mais bonitas que encontrei nos vasos e levei até a cama, colocando uma em cima do meu travesseiro, um sinal de desculpas, pois quando ela acordasse eu não estaria mais ali.

Vesti as roupas rapidamente e sai do quarto, ainda enfiando um pé na bota. Andei pelo corredor, colocando meu tapa olho de couro negro. Tinha virado um habito usa-lo, e de certa forma, eu gostava.

Desci as escadas de mármore claro, cumprimentando alguns dos guardas. O dia recém começava a clarear, não tinha deveres a fazer agora então iria para a praia. Hoje é um dia tristemente especial e nos deveríamos estar todos juntos, mas eu entendia que Daemyon não podia, ele era rei de Westeros e o inverno estava quase ai.

Sai do palácio e segui pela cidade, não precisava ter medo de nada, o povo me conhecia e estava recém acordando. Eram Nascidos do Ferro, e Scandryanos, muitos ali cresceram comigo, viveram comigo por muito tempo, esse era um dos motivos de eu ter escolhido aquele lugar para viver.

Andei pelas ruas, que eu investia para que ficassem limpas, e segui, sentindo o leve cheiro de pão recém assado. O trajeto era longo, mas ao mesmo tempo rápido, já que ia em linha reta até o porto. Nagga já tinha acordado, e voava acima da cidade, com seus novos irmãos, que eu decidi não colocar nome, mas os que estavam com ele agora era o dragão dourado de olhos verdes como esmeraldas. O outro tinha um tom de carmim escuro, com os chifres negros, o outro ainda era tão laranja, que podia se passar por vermelho claro.

Suspirei ao ver que estava sendo seguido, e diminui os passos até que Maegor conseguiu me alcançar. Meu irmão se mantinha a mesma coisa de sempre, alto, com os cabelos lanosos cortados rente a cabeça, os olhos negros tão duros como pedra.

-Vai ver o mar? – me perguntou depois que passamos rente ao porto, indo para a praia.

-Vou. – respondi simplesmente.

Andei pela areia da praia, clara e limpa, contrastando com o mar escuro que ia e vinha levando pequenas conchas de volta ao mar. O sol brilhava na água do mar, dando um aspecto avermelhado.

Parei na beira, com as ondas batendo nas botas. O vento era frio e refrescante, batendo em meu rosto e bagunçando os cabelos.

-Ela gostava se sentir o cheiro do mar, dizia que isso renovava a alma. – disse para Maegor, sem tirar os olhos do horizonte. -Ás vezes fico me perguntando se ela não está no vento, afinal, o que tem depois que morremos?

-Olho para o horizonte, e ela está lá. No vento, no cheiro, na luz e na força do mar. – suspirei, bebendo as palavras dele. – Olho para o horizonte e vejo os dois juntos.

Senti meus olhos ficarem embaçados, mas logo afastei isso, eu não devia chorar, não fui criado para isso.

-Vejo os três.

Maegor gargalhou.

-Não... se é mesmo assim, e se em outra vida ficamos com aqueles que amamos, eu acho que ela escolheu ele, Jon era o irmão dela, seu amor era distinto, conheci os dois o suficiente para ver isso.

-Eu não tenho tanta certeza... – murmurei, olhando para o mar como se ele fosse dar-me as respostas. – E como é que vamos saber afinal?

-Essa é a parte mais legal, irmão. Nos não vamos. Pelo menos não agora.

-Pelo menos não agora.... – fechei os olhos e me deixei respirar o salgado do mar.

-Fico imaginando como seria se as coisas fossem diferentes.

-Diferentes como?

-Se os dois tivessem ficado juntos. – abri um meio sorriso.

-O mundo é perfeito, as coisas acontecem como devem ser. – afinal, se não tivesse sido assim, eu não teria Agartha e nem Daemyon.

-E os Deuses mostram o caminho a ser seguido.

-Que muitas vezes não é o melhor. – olhei para Maegor, que permanecia ao meu lado, com os braços cruzados sobre o peito. – Talvez, se eles tivessem ficado juntos, hoje em dia não se gostassem mais.

Ele riu novamente.

-Daena Targaryen foi a única mulher que domou a tempestade, talvez essa tenha sido a maior coisa que ela já fez na vida, ou pelo menos a mais perigosa. – dei risada. – Domou a tempestade como a Rainha Agartha.

Olhei-o com um meio sorriso.

-Dou graças aos Deuses todos os dias por ela tem conseguido domar esse demônio que ainda vive dentro de mim.

-E é isso que te faz tão parecido com ele. – sorri tristemente e olhei para a rosa roxa que tinha na mão.

Os veios prateados brilhavam a luz do sol, fazendo-a parecer ainda mais bonita do que já era, cheia de pétalas sedosas e grossas. Seus espinhos eram pequenos, e machucavam a mão ao toque. “Tão parecidas”, pensei ao dar mais alguns passos para dentro do mar.

Olhei para o horizonte e joguei a rosa na água escura do Mar Estreito.

Fui vendo-a se distanciar aos poucos, enquanto o mar a levava para longe de mim, do mesmo modo que seu corpo se distanciou da costa, em um barco em chamas, devolvendo-a para o fogo e para o mar.

Iria sentia falta de tudo, mas o que eu podia fazer era sorrir e lembrar.

“Olhe para o horizonte e ela estará lá”.

PDV: Daemyon

Seu sorriso iluminava meus dias, ainda mais dias como hoje.

Catelyn sorriu ao passar as pernas por cima de mim, me montando. Seus cabelos cacheados e vermelhos, caia-lhe por cima dos seios inchados.

-Logo ele vai acordar. – murmurou no momento em que a puxei para baixo, a beijando. Nossas línguas se tramaram em uma dança envolvente, lenta e ao mesmo tempo quente como o inferno.

Seus dedos passearam por meu peito e desceram para a barriga, enquanto eu afagava suas coxas, subindo para sua cintura.

Ela se moveu em cima de mim, e lentamente deixou-se deslizar em meu membro ereto, entreabrindo a boca para suspirar a cada centímetro. Grunhi quando se moveu novamente. Deixei que ajustasse os movimentos do modo que queria. Cat gemeu alto e arranhou meu peito, deixando a marca das suas unhas.

Movi o quadril para cima e para baixo, ajudando ela, que gemeu alto e mordeu com força o lábio. Sentei-me imediatamente na cama e a puxei mais para perto, dando-lhe um beijo duro enquanto senti-a seu interior pulsando. Mordi seu pescoço enquanto ela gemia alto e continuava se momento com força.

Suas unhas se cravaram nas minhas costas no momento em que o clímax a atingiu. Levei minha boca até a dela, absorvendo seus gritos.

No instante seguinte me senti estremecer e me derramar dentro dela. Caímos de volta na cama.

Fiquei afagando seus cabelos por não mais de alguns segundos, ela merecia um descanso, essa noite foi mal dormida. “Graças aos Deuses”, pensei sorrindo.

Escutei um choro vindo do quarto do lado. Catelyn resmungou, com o rosto enterrado ao meu peito. Sorri.

-Bem a tempo. – ela também riu, mas permaneceu onde estava. Quando foi se levantar, com toda preguiça do mundo, eu pulei da cama. – Deixa, eu vou.

Catei minha calça do quarto e a coloquei. Sai de pés descalços na pedra fria.

Por mais que tivéssemos septas e amas de leite, Catelyn não deixava que elas tocassem no nosso filho e eu apoiava completamente. Ele dava um pouco de trabalho, mas os Deuses sabem como estava valendo a pena.

Entrei no quarto fechado e quentinho, que os criados cuidavam para sempre deixar um braseiro aceso, já que o inverno estava sobre nos, ou quase.

Fui até o berço feito de madeira branca, e esculpida em formas de dragão. Debrucei-me e peguei o menino no colo, seu choro parou no momento em que o envolvi nos meus braços. “Tão pequeno”. Ele me olhava com seus grandes olhos cor de mel. Uma combinação perfeita, tinha os olhos da mãe e os cabelos do pai.

-Vamos atrás da mamãe, não é mesmo Jon. – balancei-o nos braços enquanto andava de volta ao quarto.

Quando voltei da guerra, Catelyn já estava gravida, deu a luz ao nosso filho poucos meses depois e mesmo não achando que me sentiria assim, foi a visão mais bonita que já tive a vida toda. A sensação de segurar meu filho recém nascido nos braços, seu calor e o modo como chorou, anunciando sua chegada ao mundo.

Ele ainda parecia com sono e escorou a cabeça em meu peito enquanto andava até o quarto. Sorri enquanto sua mãozinha procurava o colar em forma de lobo que eu mantinha.

-Olha só quem acordou. – Catelyn praticamente pulou em mim quando entrei no quarto. Jon logo se acordou com a voz da mãe e sorriu.

Deuses como isso era bom.

-Traidor, é só escutar a voz da mãe que já se acorda. – brinquei com ele, fazendo cocegas em sua barriga e o fazendo rir.

-Me dê ele aqui. – Cat pediu. Ela vestia uma camisola branca e a visão ficou perfeita quando segurou nosso menino no colo. -Está com fome, meu amor? – perguntou a ele, com a voz doce e cheia de carinho.

Escorei-me na parede e fiquei olhando enquanto ela o embalava, olhando pela janela.

Jon quase conseguia andar, e já ensaiava algumas palavras. Eu não podia pedir mais nada aos Deuses, apenas desejava que meu pais estivesse aqui e minha mãe. Ainda tinha muitas coisas que eu deveria aprender e meu maior medo era de não ser um bom pai para ele, de fazer a coisa errada.

“Um homem só pode ter coragem, se estiver com medo”, podia escutar nitidamente a voz do pai, enquanto conversava comigo. Muitas vezes não estendia o que queria dizer, mas agora estava sendo obrigado a entender e tudo ficava mais claro.

Depois que eles morreram, no meio daquela batalha conseguimos vencer sem muitos problemas, mas com muitas perdas. Valíria virou outro campo de destruição e dor. Juntamos os homens e depois de um tempo, fomos para casa.

Levei o corpo do meu pai para o Norte, onde Ned o enterrou nas criptas, junto com seus antepassados. Mesmo ele sendo um Targaryen, suas raízes estavam no Norte e sempre estariam. Aquele era o seu desejo e eu saia disso. Ned me disse que Fantasma passou dias e mais dias uivando sem parar, e depois desapareceu na floresta, era muito raro avista-lo, mas eu pude vê-lo uma última vez quando estive no Norte, seus olhos vermelhos diziam que ele sabia... Que ele sentia.

Já minha mãe foi entregue ao mar. Vê-la deixar a praia foi difícil e quando Rhaegal ateou fogo em seu barco, não deixando os arqueiros fazerem isso... Foi como levar mais uma facada no peito. Perder os dois foi difícil demais, teve momentos que pensei que não iria suportar, até que Jon nasceu e eu pude experimentar o que chamavam de verdadeiro amor. Não o que se tem por uma mulher, mas o que meu pai sempre me contou e eu não acreditei ser possível, o amor pelo seu próprio sangue, saber que você arrancaria seu coração por um filho.

Nesse tempo, eu também aprendi a ter clemencia e não guardar rancor. Quando voltei para Westeros e comecei a por as coisas no lugar, com a ajuda de Tyrion, que encontrei trancado nas celas da Fortaleze Vermelha, trouxe também o corpo de Daenerys. Por pior que tenha sido aquela guerra, ela não foi a única que começou, nem era a única louca, todos sabemos que uma guerra não se faz com apenas uma pessoa e todos tivemos culpa no que aconteceu.

Ela foi uma boa rainha e o povo a amava, sentia sua falta. Fizemos um funeral adequado para ela e queimamos, como era costume para os membros da casa Targaryen. Hoje, suas cinzas estavam juntas com as dos ancestrais da nossa casa, embaixo da Fortaleza Vermelha.

Por mais que eu quisesse eu não conseguia sentir ódio dela, nem fazer com que outros sentissem. O que passou, passou e não tinha como mudar. Ela foi grande e foi louca, assim como minha mãe. As duas morreram do modo que viveram e eu só devia preservar suas memorias.

Eu como rei ia me saindo bem e acredito que o povo não tinha do que reclamar. As plantações tinham sido maravilhosas e naquele inverno ninguém passaria fome, nem mesmo na Muralha. Fui justo com os Lordes que perderam a guerra e rígido com certos quesitos.

Ponta Tempestade ficará com Arianne, juntamente com Dorne. Suas filhas herdariam as terras e os Blackfyre continuariam, até que a casa se extinguisse, afinal eles eram os parentes mais próximos dos Targaryens que existiam. E eu confiava nas minhas primas, elas não cometeriam o mesmo erro do pai, pelo menos por agora.

A Campina foi um pouco mais complicada, mas fiz da casa Draknus a protetora de toda a Campina, os outros Lordes não gostaram muito, mas tiveram que engolir, já que eu mencionei uma espada bem afiada para aquele que fizesse qualquer tipo de rebelião. Os Draknus se tornaram a segunda casa mais rica de Westeros, perdendo apenas para os Targaryen... e os Greyjoy, mas eu não podia considera-los como uma casa apenas de Westeros.

A bandeira do dragão e da lula gigante tomavam conta de Essos e das Ilhas de Ferro. Um império tão grande quanto o de Valíria, tão ousado como foi o do Conquistador. O mundo era nosso, como a muitos anos já tinha sido sonhado, o dragão continuaria de pé, sempre.

-Daemyon? -Cat chegou mais perto de mim, me acordando dos meus pensamentos.

-Oi. – balanço a cabeça para voltar a realidade e estendo os braços para Jon, que riu e se esticou todo, querendo vir para o meu colo.

-Olhe quem é o traidor agora. – ela gargalhou e me entregou nosso filho. Me aproximei e lhe dei um beijo rápido.

-Eu amo você. – murmurei para ela e vi seu sorriso se alargar.

- Eu também. – segurei sua cintura com a mão livre e a puxei mais para perto, aprofundando nosso beijo.

Ficamos assim até que Jon resmungou e bateu com sua mão em meu rosto. Afastei-me da minha esposa, rindo.

-Veja só quem está com ciúmes.  – gargalhei e Cat o agradou, fazendo cocegas em sua barriga.

-Vou me vestir. – ela anunciou e foi atrás das suas roupas. Eu podia ter protestado, mas ainda tínhamos coisas para fazer hoje e era impossível ficar o dia todo na cama, por mais que eu desejasse.

Andei com Jon até a janela, abrindo apenas uma fresta, para ver o sol já quase todo para fora da linha do horizonte. Veygar estava voando alto, planando por sobre a cidade, mas ele tinha companhia. Gelo.

-Sabe Jon, você devia poder conhecer o seu avô. – murmurei, sentindo um nó na garganta. – E sua avó... Deuses ela iria enlouquecer com você.

Olhei para o rosto do meu filho, que fitava o dragão cor de creme com os olhos estralados. Algo me dizia, bem no fundo, que Gelo seria dele.

-Acho que você vai conhecer. – murmurei, vendo um pedaço da minha família se distanciar, voando para longe, com as grandes asas claras, salpicadas da fraca neve. “Eles estão aqui... Sempre...e para sempre”.

 

PDV: Agartha

Levantei da cama um tanto tonta, estava me sentindo enjoada a alguns dias e começava a ficar desconfiada. Não sangrei na semana passada e minhas dúvidas chegaram ao fim. Eu estava gravida.

Sorri, mesmo com a tontura. Olhei para o lado da cama e vi a grande rosa roxa, no lugar do meu marido.

-Saiu mais cedo hoje, não é. – segurei-a e senti seu aroma doce. Heron era mais do que atencioso e a cada dia eu descobria que ele podia ser tudo para mim. Marido, irmão, amigo... Acho que não havia a menor dúvida de que eu o amava.

Peguei uma de suas camisas e coloquei. Andei até a sacada, repleta de flores e me escorei na amurada. Gostava daquele lugar, gostava do que ele me fazia lembrar.

No céu, Nagga voava com mais três dos dragões que vieram conosco para Scandrya. Isso para mim sempre foi um sinal, de que eu teria três filhos, ou talvez mais. Blackfyre não estava entre eles, e com certeza não estaria. Ele costumava voar longe, caçar onde dava.

Deslizei para o corpo dela, graças ao feitiço que Heron realizou pela nossa mãe. Vi o mar abaixo de mim, o mar claro e brilhando com o sol. Ele estava caçando.

Senti-me enjoada com um cheiro forte de peixe conforme Blackfyre chegava mais próximo da sua presa. Voltei a mim mesma e coloquei as duas mãos na barriga. Não pode evitar de sorrir.

Ela parecia igual, mas eu sabia que não.

-Vamos contar hoje? – peguei-me falando com o bebe que não passava de um sobro de vida dentro de mim.

Heron ficaria insano com a ideia sempre vinha me falando de como seria bom ter vários filhos e eu tinha certeza de que eram indiretas.

Mamãe ficaria totalmente maluca se me visse gravida, do mesmo modo que teria surtado ao ver Jon, o filho de Daemyon, a coisa mais bonitinha que já tinha visto.

No começo pensei que não iria gostar de Catelyn, mas ela era uma boa pessoa e uma mulher incrível, que fazia meu irmão feliz e ai dela se não fizesse. Depois que tudo acabou, acho que nos três ficamos mais próximos. Podíamos não morar perto, nem nos ver com frequência, mas a ligação ficou mais forte. Amor de irmão.

-Santo inferno. – murmurei ao me sentir a ponto de vomitar.

Fechei os olhos e respirei o cheiro das rosas. Elas sempre me faziam lembrar minha mãe e Deuses, como eu sentia falta dela. Por mais animada que estivesse com meu filho crescendo dentro de mim, eu sentia medo. Se ela estivesse aqui... ela saberia exatamente o que me dizer.

Sentia falta de ser criança e deixar que ela me embalasse em seus braços carinhosos. Ela se foi muito cedo. Nunca tinha sentido tanta dor como naquele dia, que fazia exatos 1 ano hoje, um ano em que eu aprendia a ser forte e feliz... muito feliz.

Gostaria que papai pudesse me ajudar em certos momentos, sua calma e paciência faziam tanta falta que mal podia explicar. O modo como me protegia do mundo todo. Ele me fazia rir quando apostávamos corrida em nossos dragões e ele me deixava ganhar, apenas para me ver sorrir.

Eu não podia vê-lo agora, nem chamar seu nome quando estava chateada e queria alguém para conversar. Não podia correr até ele e pular em seu colo, como fazia quando era criança e ele voltava para casa, sorrindo e contando histórias do Norte. Mas toda vez que sentia a brisa fria do ar de inverno, eu lembrava dele e conseguia ver seus olhos cinzentos brilhando ao me ver. Toda vez que sentisse o frio, eu lembraria do calor dos seus olhos.

Quando voltei a abrir os olhos, meu enjoo já tinha passado.

Pulei se susto ao ver a figura mais inusitada que podia ter visto.

-Rhaegal? – ele estava na amurada, olhando para mim com seus olhos dourados. As asas vermelhas brilhavam a luz do sol. Sorri para ele, me esticando para tocar sua cabeça, que se abaixou para mim. Ele bateu com o focinho em meu ventre. – Oh... olhe só, você sabe não é.

Afaguei seu nariz, a única coisa que conseguia alcançar e senti o calor do seu hálito na barriga.

Fazia tanto tempo que não o via, Rhaegal raramente aparecia, voava para longe, nunca mais deixou que que ninguém o montasse depois que mamãe morreu.

-Me diga, garoto, o que você acha que vai ser? – ele me olhava, como se estivesse me escutando atentamente. Coloquei as duas mãos na barriga, a afagando. – Daena ou Euron?

 Ele voltou a bater com o focinho no meu ventre, me fazendo rir.

Não tinha falando com Heron, mas eu sabia que ele gostaria de homenagear o pai se fosse um menino e eu não iria discutir, já que Daemyon se adiantou com o nome do nosso pai. Mas se fosse menina seria Daena, sem a menor sombra de dúvida, nossa mãe era a mulher mais forte que conheci. Ela foi mulher, guerreira, esposa e mãe, sem deixar de ter um toque dela em cada qualidade única.

-Acha que ela gostaria disso? – Rhaegal ergueu a cabeça e rugiu para o céu. – Isso é um sim? ... vou tomar como um sim.

Sorri e me escurei no dragão, que permanecia ali, me olhando.

O mundo mudou tão rápido e tudo pareci tão.... diferente. Em um ano eu aprendi a ser forte, aprendi a ser mulher e guerreira, agora estava aprendendo a ser mãe.

Vejo como pode ser estranha essas sensações, mas ser forte era a melhor coisa que pude aprender até agora. Eu me sentia forte, me sentia forte pelos meus irmãos, pelos meus amigos, pelo meu filho... Acho que no final essa é a grande graça da vida. Viver e aprender aos poucos.

Rhaegal içou voo, me deixando sozinha na sacada.

Vi ele se afastar, rugindo em desafio, e chamando a atenção das pessoas nas ruas. Suas asas vermelhas apertas, tão grandes e vistosas... ele parecia feliz, e ao mesmo tempo perdido.

“Mas ele é livre”, pensei sorrindo ao perde-lo de vista.

No final, nada é para sempre. Um dia esse império todo conquistado a grandes custos vai ruir. Valíria se perderia em chamas novamente e os dragões iriam morrer. A única coisa que não iria nunca, nunca iria desaparecer seriam as lembranças.

O mundo inteiro pode mudar, mas as lembranças continuarão vivas e enquanto elas continuarem vivas... O mundo todo vai saber.

Que nós vencemos.


Notas Finais


Bem, eu não acredito, depois de quase um ano, eu terminei! Só posso agradecer a todos, o apoio, os comentários, as ideias, tudo! *-* Eu vou sentir falta dessa história, espero que vocês também. shuashua
Tomara que eu não tenha decepcionado ninguém com esse final, sei que teve gente que não gostou, tenho certeza, mas a vida é assim, se conformem. hahahaha(brincadeira)
Mas enfim, eu só tenho a agradecer tudo, os elogios, as criticas, e espero que nesse último capítulo chova comentários, eu amaria de todo coração saber o que acharam, então, por favor, sejam queridos com essa pobre escritora.
Então deixo aqui, pela última vez: Obrigada por ler! ^-^
❤❤❤❤❤❤


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