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História Santa Anna - Cap. 1 - O acordo.


Escrita por: Gabsz69

Notas do Autor


Espero que gostem!

Capítulo 2 - Cap. 1 - O acordo.


Cansada, fui para casa depois daquele dia extremamente cansativo de aula. Sinceramente, nunca achei nada interessante até hoje na escola que me fizesse estudar e creio que esse dia ainda vai demorar para chegar. O caminho até minha residência é bem simples até, por ser bem perto do prédio entediante que eu carinhosamente chamo de "local de ensino" ou "papel para as minhas tintas", já que eu já havia pintado os muros de lá. Até que foi bem engraçado escrever "A merendeira gosta do zelador" na parede. Pena que após isso, levei mais um suspensão de três dias, apenas pela mulher ter ficado "ofendida". Sério! Ofendida fiquei eu por não reconhecerem a minha arte e ainda chama-la de rabiscos! 

 Subi o pequeno morrinho e avistei meu humilde lar: uma casinha bem pequena, de dois andares, verde água, sem muitas janelas. Apenas o suficiente para abrigar três barrigas famintas chamadas: Maju, Ash e Nyan.

 O argumento de minha tia para deixar meu primo morar aqui foi que "Um pássaro precisa aprender a voar uma hora ou outra, ou sua mãe lhe empurrará do ninho". Confesso que ri quando Nyan me contou isso, já que imaginei como seria ele sendo expulso de casa com essas desculpas horríveis. Nada contra minha tia, amo ela, mas infelizmente ela sempre gostou de tentar concertar todos ao seu redor, inclusive eu. Tia Iôn, desde pequena, me enxergou como uma ameaça que poderia levar seu filho querido para o mau caminho, o que resultou em ela tentando me "converter" para o bem. Mal sabe ela que seu precioso foi para o mal caminho por conta própria. Acabo rindo sozinha com esse pensamento. 

 Já na porta, observei o tapete velho e felpudo no chão, escrito: "nessa casa tem goteira". Sorrio ao lembrar de quando o coloquei ai. Ash passou semanas reclamando e se recusando a pisar em cima dele, porque ele tinha certeza que iríamos devolver, e não queria "estraga-lo". 

Abri a porta e entrei, tão silenciosamente quando já estava. Estranho. Já deveria ter alguém em casa a essa hora.

 - Tem alguém ai? - perguntei. Mas o que recebi foi o silêncio. Andei até a cozinha e havia um papelzinho grudado na geladeira. - Querida Maju, eu e Ash fomos para uma balada gay e vamos fugir de casa, não nos procure. Ass: Nyan! - olhei mais para baixo e havia outra mensagem, com uma letra um pouco menor e até melhor, aparentemente de Ash: - Na verdade, fomos até uma pizzaria, mas também não nos procure lá, você é como uma mãe irritan... - Não terminei de ler, pois já havia amassado o papelzinho em minhas mãos. Olhei para o recado e depois para a lata de lixo. Fiz uma pose esportiva qualquer, que talvez estivesse constrangedora. - Será que ela vai marcar? Todos estão esperando pelo seu arremesso e... lá vai! - joguei o papel e acertei em cheio! - a torcida vai a loucura! É sensacional, é mitológico, é Majuuuuu! - gritei, correndo pela casa, indo em direção a escada. Infelizmente, quando eu estava chegando no topo, meu pé pisou em falso, me fazendo trombar no chão de uma forma impressionante. Levei minha mão até meu nariz, verificando se estava quebrado e, por sorte, nada de amputar ele hoje, mas havia sangue meus dedos, o que quer dizer que eu machuquei ele. 

Pressionando o machucado, voltei para a cozinha e fui até uma pequena gaveta que tinha lá, onde estavam os curativos que eu guardo de precaução. Nunca se sabe quando você vai cortar seu dedo com uma facas, elas são imprevisíveis. 

 - Droga, isso dói! - reclamei, apertando o curativo de hello kitty, para fixar. 

 - Está falando sozinha de novo, Maju? - disse uma voz desconhecida e pulei de susto. Virei para trás para ver quem era e para minha surpresa, era um homem alto de capuz. 

Um ladrão?! Justo quando não tem ninguém em casa?! Que droga Maju, você é muito azarada! 

 - Está surpresa? - ele riu descaradamente olhando para meu corpo. - Eu sei que está, venho te observando a algum tempo sabe. - andou em minha direção, mas peguei a faca atrás de mim e avancei em cima dele. 

Por sorte, Ash havia me ensinado algumas coisas sobre lutas com armas de fogo e facas, para o caso de eu precisar me defender. O que, talvez seria útil nessa hora. Fiz conforme me ensinou. Normalmente quando você ataca de frente, a pessoa que está sendo atacada tem o instinto de ou se defender ou de atacar na mesma intensidade ou até mais forte, para nocautear o oponente. Porém, se você se abaixar enquanto a mão da pessoa em questão estiver vindo em sua direção complemetamente esticada, você poderá ataca-la ou derrubar-la. Eu escolhi obviamente atacar, já que tenho bastante força física. Parece ter funcionado, já que o homem esquisito havia se curvado. Como eu havia dado um belo soco em suas costelas, seria normal sentir a dor que sua expressão transmitia. Aproveitei essa chance e parti para atacar novamente, mas algo me parou, ou melhor, alguém. Desta vez, eu conhecia o dono da voz.

 - Maju?! O que está fazendo?! - Ash e Nyan haviam chegado em casa! Graças a Deus, estou salva! Ou melhor, o ladrão está salvo de mim. 

 - Me solte Ash! Um ladrão invadiu nossa casa! Estuprador, sequestrador, pessoa desfavorecida de bens materiais que todo ser humano quer ter! - gritei para o ladrão que riu, mesmo com sua horrível expressão de dor. 

 - MAJU! Não é um Ladrão! - Nyan disse desesperado, correndo em direção ao homem. - Oh meu Deus, desculpe Kevin! Ela tem problema psicológicos graves! - disse, olhando feio para mim. 

 - Kevin? - perguntei, confusa. 

 - É um antigo amigo nosso, encontramos ele na pizzaria, então oferecemos que ficasse para jantar conosco para relembrar os velhos tempos. - disse Ash suspirando, aparentemente cansado. 

 Agora que eu havia percebido, não era completamente um homem, ele só era alto demais. Se tratava de um menino de aparentemente uns vinte anos, mas seu rosto era jovem, quase que infantil. Corei de vergonha ao perceber a besteira que fiz.

 - M-me desculpe, eu realmente pensei que você era um ladrão, afinal você me atacou e falou aquelas coisas estranhas!

 - Pera, você atacou minha prima? E o que você falou para ela? - Nyan perguntou olhando para Kevin como se fosse um pedófilo ou coisa do tipo.

 - Era uma brincadeira! Eu queria assustar ela! 

 - Brincadeira?! Você ia me dar um soco! - gritei, contrariada. 

 - Um soco?! - gritou também Ash.

 - Eu não iria bater de verdade, foi você que veio para cima de mim com uma faca! - gritou. Aliás, todos naquela cozinha estavam gritando.

 - Ah, desculpe pelo corte aliás, sua barriga está doendo? - ri debochadamente. Na verdade, eu fiz um corte quase minúsculo então não estava nem um pouco preocupada. Olhei para a faca caída perto de meu pé e devagar, a chutei para o lado sem que ninguém visse. 

 - Ah quer saber, chega! Me desculpem caras, eu volto outra hora, sabe, quando esta maluca não estiver em casa - saiu andando pela porta, pisando forte e bufando. Aparentemente eu o havia irritado. 

 - Maju! - Ash e Nyan falaram ao mesmo tempo em tom repreensivo. 

 - Desculpem, desculpem, sei que errei mas tentem se colocar no meu lugar! Eu realmente tinha pensado que era um ladrão! - gritei, ofendida. - Aliás, Ash, quando você vai me soltar? - virei minha cabeça para trás e olhei-o. Estava me excitando o fato de que ele estava pressinando seu corpo perigosamente no meu. Não que eu não estivesse gostando, mas ele não deixava de ser meu irmão.

 - Ah, desculpe, está te incomodando ficar assim? - sorriu se lado, esfregando seu membro em minha bunda de propósito. Arfei com seu movimento e ouvimos uma tosse de Nyan. 

 - Eu ainda estou aqui sabia?! Se quiser que eu faça isso eu faço até mais sabia, priminha? - piscou em minha direção. Sorri com isso e me permiti relembrar de quando trocamos carícias de manhã. Ele sabe como mexer comigo e por isso me entrego facilmente para ele. 



 *Quebra de tempo de 1 hora* QUARTO DE MAJU



 Apenas de lingerie, eu me olhava no espelho. Por mais que as outras pessoas ao meu redor sempre digam que sou linda e essas coisas, eu apenas penso em como é um fardo ter esse corpo.

 - Posso ter todos os olhares em mim, mas os que querem mais que apenas me levar para a cama, olham para outras pessoas... - suspirei, olhando para baixo. Eu nunca havia achado um homem ou mulher que realmente gostasse de mim sem olhar para meu corpo antes. Alguém romântico, que lhe diga nos seus olhos o quanto e porque ele te ama, é quem eu gostaria de entregar meu coração, e não meu corpo. 

Esses pensamentos haviam me deixado para baixo, mas levantei a cabeça e fui em direção ao armário para escolher a roupa que eu iria para a boate, já que estava quase na hora de sair. Olhei, olhei, olhei... mas nada. Não havia nada que eu considerasse "legal para vestir", por isso, fui até meu cofrinho e peguei algumas notas de vinte. Iria comprar um novo vestido já indo para o local. Sai apressada do meu quarto, sem me importar de estar com roupa de casa, sendo essa uma camisa larga cinza e um short apertado. 

 - Onde você vai? - Ash havia me parado no meio do caminho, olhando para minhas roupas com uma expressão de repreensão. 

 - Vou comprar um vestido no caminho da festa, porquê? Não posso? - olhei-o com as mãos na cintura. Se eu demorasse demais acabaria atrasada e meu irmão com certeza não estava me ajudando quanto a isso. Ele suspirou.

 - Tudo bem, só não venha me pedir dinheiro depois, já que gasta o seu por teimosia - andou em direção a cozinha, provavelmente para comer alguma coisa. 

Corri para fora, temendo chegar depois da hora marcada pela minha amiga. Me encontraria com Luiza em sua casa para irmos juntas. Infelizmente, quem eu convidei me recusou sem ao menos pestanejar. Anna parecia estar de mau-humor quando liguei para ela, então quando eu disse sobre a boate a ruiva desligou na minha cara. Não fiquei com raiva, pois cobraria mais tarde, de um jeito que apenas eu sei fazer. Ri com esse pensamento. 



 *Quebra de tempo* Casa de Luiza. 



 - Então, a presidente "fodona" recusou você? - Luiza ria de minha cara descaradamente. 

 - Ela não me recusou quando eu arranquei sua calcinha rosa claro com bolinhas brancas encharcada - empinei o nariz com superioridade. Era verdade, eu havia adorado toda nossa foda, e, apesar de não ser uma das melhoras que já tive, foi especial. Tinha algo mais, mas eu não sei o que é.

 - Você ficou com a Anna?! Estamos falando da mesma Anna, amiga? - olhou-me com a testa franzida, como se eu fosse doida.

 - Sim, eu fiquei com ela, e posso dizer que pela sua carinha, ela amou tanto quanto eu! - me gabei. 

 Escutamos um som de buzinha e viramos, reconhecendo o que era. Jason, o namorado de Luiza, seria nosso taxista essa noite e nos levaria até a boate.

 - Vocês estão lindas! - Minha amiga o olhou feio, o fazendo tossir e corrigir sua frase. - Luiza você está perfeita - sorriu. 

 Não era nada tão exagerado. Eu estava com um tomara-que-caia roxo, saltos pretos e cabelo solto enquanto ela estava com outro tomara-que-caia, mas da cor preta. Seus saltos eram verdes com brilho e seu cabelo estava amarrado em um coque. Claro, ela teve mais tempo para se produzir do que eu. 

Sem perder tempo, entramos no carro e partimos. O caminho foi resumido em nós duas conversando animadamente sobre como seria essa boate e se haveriam meninos bonitos lá, o que levou a uma tosse forçada de Jason, que disse que ficaria com ciúmes se continuássemos falando assim. Rimos de sua cara e ele ameaçou deixar-nos apé. 

 Em pouco tempo, quase em um piscar de olhos, estávamos já de frente para o prédio que piscava em luzes neon. Algumas placas como "não fume dentro do estabelecimento" e "não somos responsáveis por objetos perdidos" estavam penduradas acima e aos lados da entrada, que era protegida por um cara musculoso de óculos escuros que possuía uma plaqueta em mãos, provavelmente apenas informações básicas sobre as pessoas que poderiam frequentar ou não. Felizmente, o dono era um amigo de Jason e ele me deixou entrar, já que eu ainda era menor de idade, mesmo que com a condição de não dizer para ninguém que a autorização veio direto dele.

 Lá dentro, música alta e gritos eram ouvidos. Me permite imaginar tudo o que poderia fazer ali, e finalmente, entrei. 



 -Longe dali- Ponto de vista de Anna. 



Alguns minutos atrás Majudi havia me ligado para me convidar à boate. Francamente! Esta garota não tem limites, já não basta o que ela me fez passar na escola, e agora isso. Ela deve estar obssecada em me fazer de boba! Apesar disso, eu gostei das sensações que ela me proporcionou. Sei que nada vai acontecer com isso, afinal eu sou uma moça de família rica muito respeitada e culta. Esta pequena senhorita pode tentar, mas não vou me entregar novamente para ela com tanta facilidade e vou rir de sua cara quando ver que eu não sou tão fácil como ela pensa. N-não que eu queira que essa garota invista mais em mim! Mas de qualquer forma... Eu havia chegado da escola e fui me trocar. Tomei um banho demorado e reconfortante.

Enquanto me enxaguava, meu pensamento havia voltado para Majudi, mas por que eu estava pensando tanto nela? Era algo novo para mim e eu não conseguia assimilar as informações que passavam por minha cabeça. Depois de um tempo, terminei meu banho e sai do banheiro. Batidas na porta foram ouvidas e gritei um "está aberta". Minha mãe entrou pela porta e eu estranhei. Normalmente ela é ocupada e não vem falar comigo assim do nada.

 - Querida, eu gostaria de falar com você sobre uma coisa. - olhou-me fixamente, sentando na ponta de minha cama.

 - Pois não? Estou ouvindo, mamãe - respondi calmamente. 

 - Eu estive pensando, o que acha de fazermos um acordo? - me surpreendi. O que mamãe está pensando?

 - Continue... - respondi hesitante.

 - Veja, daqui a alguns meses você se tornará adulta e se casará com um herdeiro digno e a sua altura, e então não terá mais a liberdade que está tendo agora, umas vez que seu marido fará escolhas em sua vida por você. - assenti. Já sabia sobre tudo isso. - Mas, o que acha de eu te dar um dia para se divertir, uma última noite?

 - Mamãe, eu não preciso disso. 

 - Ora minha filha, você é jovem! Tem tanta vitalidade quanto qualquer um e precisa se divertir ao menos uma vez antes que seje tarde demais! - pensei sobre. Talvez não fosse uma má idéia.

 - Tudo bem, mas e o papai? Ele saberá disso? Sabes que nunca permitiria algo do tipo. 

 - Diga ao seu pai que vai a um baile de uma de suas primas, ele não intervirá neste caso. - fiquei em silêncio por alguns segundos. 

 - Onde eu vou? Com que roupas? Com que?

 - Se acalme Anna. Vá para onde você quer ir! Eu lhe darei algum dinheiro. E eu acho que você já sabe para onde ir... - Mamãe olhou para o telefone. Ela havia escutado minha conversa com Majudi.

 - Obrigada, mamãe! Eu amo a senhora! - abracei-a com carinho e corri para me arrumar. Não tinha experiência em boates, até porque nunca fui em uma, mas eu iria, nem que fosse por um segundo! Essa noite, eu vou me divertir!



 -Ponto de visto de Maju- boate.



 O barman até que era bonito. Eu não tinha bebido quase nada, por querer estar sóbria caso algo... "a mais" aconteça. Ri de mim mesma e olhei para a pista de dança. Havia um homem colado em cada mulher da boate e era incrível como a música parecia animar cada vez mais o povo que estava aglomerado, pulando ao som de Shape of you, ou o que parecia uma remix extremamente inebriante. As luzes eram hipnotizantes e eu queria cada vez mais entrar naquela pista e dançar como uma louca até a noite acabar. Uma mão tocou em meu ombro e fui forçada a acordar do feitiço em que estava para virar para a pessoa em questão.

 Havia uma garota que, por um minuto, me lembrou uma prostituta. Suas roupas eram curtas, sendo estas um top preto e uma jaqueta cinza, combinando com seu short apertado, também preto. Aparentemente ela havia o colocado para exatamente para mostrar aos olhos curiosos, e funcionou, comigo pelo menos. Alguém como eu jamais recusaria o fogo que esta loirinha em minha frente emanava. 

 - Tudo bem, você ganhou minha atenção - sorri de lado para a menina. Ela parecia arrepiada? - O que eu posso fazer por você? - olhei-a dos pés a cabeça. Suas coxas eram, em minha opinião, cativantes. Seus olhos azuis com a sombra roxa brincavam com meu subconsciente e eu prestava máxima atenção em seus lábios avermelhados pelo batom.

 - Qual o seu nome, amor? - perguntou-me em um tom sensual. Algo me dizia que ela tinha certa experiência nisso e me perguntei quantos trouxas ela já enganou. A loira não parecia procurar relacionamentos.

 - Majudi, mas pode me chamar de Maju, você é...?

 - Nora - riu. Que risada fofa. - pode me chamar de Nora mesmo. - engraçada! - Você é bem conhecida por essa rua, não é, Maju? Já ouvi seu nome diversas vezes. 

 - Deve estar me confundindo, eu nunca vim aqui - endureci meu corpo, tensa. O quanto ela sabia de mim?

 - Sua reação confirma tudo, você é...

 - Maju! - Luiza chamou de longe, interrompendo a loira, que parou de falar e ao ver minha amiga saiu correndo para algum canto qualquer. Tenho que encontra-la mais cedo ou mais tarde e tirar a limpo tudo o que ela posso ainda descobrir, se já não sabe.

 - Está tudo bem com você? Parece pálida.

 - Não é, não se preocupe. - Menti. Se ela soubesse sobre isso, jamais seria minha amiga e eu não arriscaria perder nossa amizade. 

- Vamos beber? - perguntei com falsa animação. Luiza parece ter acreditado e confirmou com a cabeça, chamando o barman. Enquanto as bebidas não chegavam, olhei para a porta da boate. Porém, alguém entrou no momento em que eu estava observando. Esse alguém era, inesperadamente, Anna, que ao me ver, veio em minha direção. A ruiva usava um vestido verde, com saltos pretos lindíssimos, provavelmente caros. Seu cabelo estava metade preso, metade solto. 

 Encantadora, pensei. 

 - Anna, o que está fazendo aqui? Pensei que tinha rejeitado o convite de Maju! - perguntou Luiza se virando para nós. Eu apenas observava a representante, faminta. Ela já provou as minhas intenções e algo me diz que hoje não seria diferente. Talvez na boate ela se abrisse mais. 

 - Eu, de fato, não iria vir - me olhou, como quem confirmasse que não estava ali por minha causa. Sorri em diversão mas ainda não pronunciou sequer uma palavra. - Mas recebi uma proposta que não poderia recusar.

 - E que proposta foi essa? - me pronunciei, curiosa.

 - Creio que isso não seje de sua informação, Majudi. - me olhou com a sobrancelha levantada. Ela estava me irritando, já. 

 - Tem razão, Alteza, desculpe esta serva sem modos! - eu disse e ouvi Luiza rir ao meu lado.

 - De qualquer forma, não vim aqui para falar com vocês, então se me derem licença, eu vou dançar um pouco. - sorriu e foi embora, sumindo entre as pessoas na pista de dança. Suspirei e bebi o que eu havia pedido, que havia chegado um pouco antes de Anna ir embora. Luiza olhou para mim de forma estranha.

 - O que? - perguntei.

 - Nada... - desviou o olhar para seu namorado, que conversava com alguns meninos, provavelmente amigos. 

Algum tempo depois, estávamos dançando, as duas bêbadas. Luiza mais que eu. Sua voz estava arrastada e seus olhos, vermelhos. Algo me dizia que ela não estava muito bem.

 - Amiga, tem certeza que está bem? Você parece meio r-ruim! - falei, tonta. 

 - Eu to ótima, Maju! Estou... Eu... estou... ahn.. - a cacheada havia caído no chão, desmaiada. Corri até ela, preocupada.

 - Luiza? Ah, droga, Luiza! Justo agora! - olhei ao redor e gritei por Jason, que em segundos estava ao nosso lado. 

- O que aconteceu com ela?! - perguntou. A música abafava nossas vozes, nos fazendo gritar. Algumas pessoas ao nosso redor nos olhavam. Umas rindo, outras curiosas, perguntando o que houve. 

 - Acho que Luiza está passando mal! Ela consumiu grande quantidade de bebida! - disse. Provavelmente minha amiga não era resistente a álcool. Jason a pegou no colo. 

 - O que fazemos? Eu não sei nada de remédios! -perguntou. Sua voz saiu chorosa.

 - Licença, eu sei um pouco de medicina, posso ajudar? - virei-me para ver quem era e me surpreendi ao ver Anna. Como não tinha tempo para pensar sobre isso, decidi focar em ajudar minha amiga.

 - Vamos para minha casa, Nyan está lá e pode nos ajudar. - eu disse e ouvi Jason dizendo "Tudo bem". Ele a colocou no carro e partimos em direção à minha casa. 

 A presença de Anna estava, de certa forma, me inquietando de maneira que eu cruzasse e descruzasse as pernas a cada minutos que se passava. Em certo momento, a ruiva me perguntou se havia algo de errado comigo também. Resolvi ignorar. O resto do caminho foi bem silencioso, tirando os gemidos grogues de Luiza. As vezes ela abria os olhos, mas depois os fechava rapidamente. 

 Depois de algum tempo, chegamos. As luzes estavam acesas, o que quer dizer que meu irmão e primo ainda estavam acordados. Era um bom sinal.

 - Ash! Nyan! - gritei na porta, que aparentemente estava trancada. Ouvi barulhos de chave e a porta foi aberta, revelando um Nyan de pijama de ursinhos e pantufas verdes de dragão. Me perguntei porque eu não me surpreendia mais com isso.

 - O que houve? - olhou para mim, depois para Jason e Luiza. Ele não havia notado Anna, que estava atrás de mim. 

 - Ela desmaiou e não estávamos... "em condições" de ir a um hospital já que não conseguiríamos dirigir até lá por ser longe, então achei melhor vir para cá cuidar dela - Jason disse, tentando olhar para dentro da casa. 

 - Entrem, nesse caso! O que estam esperando? 



 *Quebra de tempo de 1 hora*



 Cuidamos de minha amiga bêbada que em alguns minutos estava dormindo feito anjo. Meu irmão ficou inicialmente vidrado em Anna, e me perguntei o que ele estava pensando. Talvez havia se encantado, como eu.

 Eu estava cansada da festa e ainda meio tonta, parti para a cozinha cambaleante e peguei um copo para beber água. Minha garganta estranhamente coçava e meus olhos ardiam. Senti algo quente descer em minha bochecha, mas não dei muita importância, limpando com minha blusa em seguida. Ouvi passos atrás de mim e coloquei o copo na pia, virando para ver quem era. Para minha surpresa, era a ruiva que está mexendo com minha cabeça. 

 - O que está fazendo aqui? - perguntei.

 - Eu quero beber água, apenas isso - me lançou um olhar frio e se eu não estivesse adorando, iria estar congelada. Sua ignorância me excitada e me cativava a tirar sua roupa e chupa-la ali mesmo. Anna andou até o bebedouro ao meu lado, mas antes de pergar um copo, a prensei contra a pia de mármore.

 - Você tem uma bela bunda, sabia, ruiva? - mordi meus lábios em tesão e levei minha mão até sua bunda, onde apertei e massagiei de cima para baixo. A garota em minha frente arfou. Eu iria subir minha mão, mas um barulho me chamou atenção, me fazendo parar com os movimentos. 

Anna havia batido suas mãos contra o mármore.

 - O-oque... - mal terminei e levei um forte empurrão, que me fez cair sentada no chão. A expressão no rosto da menina era de dar medo, sendo esta uma carranca fria e raivosa.

 - Eu exijo que pare! Você não tem permissão para me tocar assim, muito menos falar essas palavras imundas para mim! - gritou, furiosa. Sua voz estava rouca e pude jurar que algumas lágrimas saíam de seu rosto, agora avermelhado. 

 - Você não me pareceu estar odiando quando eu estava com os dedos dentro de você. - sorri vitoriosa ao ver seu corpo ficar estático e sua expressão mudar para surpresa. Porém, para minha infelicidade, ela voltou a fazer sua carinha de raiva, porém, desta vez, havia ironia ali. Eu estava com um pressentimento ruim sobre isso. 

- Eu?! Gostando?! Por favor! Se enxergue! Você é apenas uma vadia que se oferece para qualquer um que achar bonito! - gritou e eu minha mão falhou, tremendo um pouco, o que me fez cair completamente. Tentei levantar mas eu não tinha forças e senti lágrimas em meu rosto. 

O que estava acontecendo comigo? 

 - Quer saber?! Você não passa disso! Você nunca vai encontrar alguém que te ame por quem você é, por que você só pensa em UMA coisa: SEXO! E é só isso que você consegue fazer, sua VAGABUNDA! - gritou, deixando algumas palavras mais altas que as outras. Meu coração havia falhada uma batida. Uma gota de suor havia escorrido em meu pescoço e eu tremia com os olhos arregalados. Nenhum pensamento conseguia surgir por muito tempo, mas o que eu mais queria saber era o porque daquilo estar acontecendo. 

Mesmo com tudo isso, ela continuou: 

 - Escute, você nunca vai chegar aos meus pés! Eu sou uma moça de família, dedicada e que irá herdar o pai com todo orgulho do mundo! E não será você quem irá manchar isso. - me olhou superior, indo embora.

 Isso não vai ficar assim! 

Juntei minha forças e mesmo que ainda tremendo, corri até Anna, puxando seu pulso. Porém, eu não consegui pronunciar sequer uma palavra. Nada saía e minha garganta parecia pegar fogo. 

 - Me largue. - não ousou olhar em minha cara. Mesmo assim eu não a soltei, ao contrário, apertei ainda mais seu pulso. - Sua... - virou para mim. Seus olhos estavam arregalados e pareciam queimar-me viva. Ouvi um estalo alto e minha bochecha ardia. Anna havia me dado um tapa. Afrouxei o aperto e a ruiva puxou o braço, conseguindo se libertar. Já estávamos na porta aquela altura, então ela apenas saiu, indo embora. 

Eu ainda estava estática, olhando para frente, observando-a ir. Algo gritava dentro de mim para correr atrás da ruiva, mas meus pés estavam grudados ao chão. 

 - Maju... - ouvi a voz de Ash atrás de mim e um abraço que reconheci como sendo de Luiza. As lágrimas ainda desciam descontroladamente. 

 Porque eu estava assim por uma garota que eu conversei por apenas um dia?!  



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