1. Spirit Fanfics >
  2. Sapere Aude >
  3. Aureliano Agostinho, O Santo.

História Sapere Aude - Aureliano Agostinho, O Santo.


Escrita por: Point-less

Notas do Autor


Finalmente eu aqui de novo, desculpem a demora. Sou mesmo lenta assim, não tem conserto, infelizmente.
Amo muito essa história, é ótimo fazer ela. Espero que possam gostar de ler ela tanto quanto eu gosto de a escrever.
Boa leitura ^.^

Capítulo 2 - Aureliano Agostinho, O Santo.


Estava no meio da aula de filosofia, e Joonki falava sobre Santo Agostinho[1] com a mesma animação qual o padre da minha igreja falava sobre Jesus como se fosse Deus, o próprio.

Sinceramente, todos os feitos e a filosofia de Aureliano[2] não me agradavam muito, já que eu mesmo não sou muito adepto a esses papos de religião. E esse maniqueísmo[3] de começo de carreira não me agrada, se é pra falar a verdade; claro-escuro, bom-mau, como se apenas existissem dois lados da moeda – mas poxa, o planeta é redondo!

Apesar, entendo certa parte de mim bastante apegada a essa forma de pensar: feliz com Baekhyun, ou triste sem Baekhyun.

E nem é como se eu pudesse controlar. Muito conturbada essa mente adolescente, com tantos hormônios para lidar. Apenas gosto dele, irrevogável.

E, logo falando no diabo, olha o rabo aparecendo entre as pernas (e o que ele tivesse entre as pernas, era de meu interesse tocar).

Ouço Baek bater levemente na porta da sala, e como quase todos os alunos presentes ali, giro a cabeça para encara-lo – a grande diferença, porém, é que apenas eu o fiz como Regan MacNeil[4]. Percebo ele corar pela quantidade de pessoas o observando, inclusive um professor nervoso.

– Baekhyun! Mais uma vez atrasado na minha aula! – Joonki praticamente grita, mesmo que ele não seja o tipo de professor que dá broncas nos alunos.

Como seu vizinho desde meus sete anos, conheço-o muito bem. Sei que ele prefere doce a salgado, e também que odeia desperdiçar tempo brigando com pessoas quando poderia poupar discussões. Então, para que ele chegasse a esse ponto, certamente Baekhyun deve o ter irritado muito, o que complica ainda mais sua situação de ‘quase-reprovado’.

Isso apenas me dá mais confiança para oferece-lo ajuda. Quem poderia recusar estando no ponto que ele está?

A não ser é claro, que ele me odeie, o que acho impossível de acontecer, uma vez que nunca falei com ele de verdade antes. A não ser que Baekhyun seja louco.

– Desculpa professor. Uma colega precisou de ajuda em uma matéria e acabou me atrasando.

A desculpa não poderia ser mais esfarrapada; seus cabelos bagunçados não eram nenhuma novidade para ninguém, mas os lábios inchados e vermelhos em conjunto denunciavam a verdade. Um aperto surgiu em meu peito, porque eu bem sabia quem era a ‘colega’ que ele citava, e o que estavam fazendo que causasse seu atraso.

Joonki suspirou alto, revirando os olhos. Mais cansado que ele de toda essa historinha, apenas eu. Era algo que acontecia já há alguns meses, seus atrasos frequentes. Todos sabiam que ele e Taeyeon se pegavam sempre que possível na sala do zelador, mesmo que os dois negassem como se dependessem disso para viver.

E agora você provavelmente me acha um grande trouxa. Admito que sou mesmo, gostar de um garoto que está envolvido com outra pessoa, sendo essa pessoa do sexo oposto é se autodeclarar sem salvação. Porém, perdoa minhas mancadas e não desista de mim.

– Entre logo, Baekhyun. – disse, soando tão cansado quanto alguém que não consegue dormir há dias. – mas, da próxima vez, te mando para a sala do diretor.

Ele assente silenciosamente, entrando para a sala de cabeça baixa, mas percebo um sorriso pequeno e vitorioso em seus lábios. E, mesmo que toda essa história de peguetes me machuque um pouco, não consigo evitar achar aquele um dos sorrisos mais lindos que já vi em todos meus dezoito superexperientes anos de vida.

De qualquer forma, o que quer que ele faça com Taeyeon ou qualquer outra pessoa não é da minha conta. E não é culpa dele que eu me magoe por coisas que ele fez que nem mesmo foram direcionadas para mim.

Mas é da minha conta quando o senpai resolve sentar na cadeira bem a minha frente, o coração até palpita, perdendo algumas batidas. Muito tosco da minha parte, mas não é sempre que tenho essa chance de contato – apesar de que, sempre que tive desperdicei.

Joonki voltou a falar sobre a filosofia patrística[5], porém longe de eu conseguir prestar atenção em qualquer coisa que ele fale. Estou tentando bolar alguma espécie de plano e reunir coragem para falar com Byun, porém sinto que vou deixar para depois (mesmo que esse depois nem chegue a existir), porque não sou capaz  de falar com ele. E ter a aula acontecendo ao meu redor não ajuda meu lindo cérebro a bolar meus planos magníficos.

Passo tanto tempo pensando que a aula chega ao final, e como eu tinha previsto, não consigo falar com ele. Preciso trabalhar urgentemente minha fobia social.

E, de repente, enquanto todos se levantam, guardando o material em suas mochilas para seguir para a próxima aula, sinto uma onda de coragem – vulgo, um tapa de Kyungsoo na minha nuca, surgindo do inferno, também conhecido como as profundezas da sala. E vocês sabem tão bem quanto eu o que acontece nesse momento, não é mesmo?

– Baekhyun. – chamo, arregalando os olhos em seguida. Assustei com minha própria coragem, céus, como consigo lidar comigo mesmo?

Olho para trás a procura do Satã-anão-de-jardim, porém ele já havia saído da sala. Estava bem ali na porta, rindo da minha cara. Até ameaçaria bater nele, se não soubesse que seria eu o agredido se tentasse.

Baek olha para trás, procurando quem havia o chamado. Foi engraçado vê-lo perceber nossa diferença de altura, e ficar intimidado.

– Oi? – perguntou, mas sua expressão revelava seus pensamentos. “Por que esse poste está me chamando?”

Era a primeira vez que eu recebia seu olhar, e mesmo que já soubesse que ele é um julgador nato, me senti mal por tê-lo me observando fixamente. Achava que aquelas garotas, que um dia ouvi conversando sobre ele, eram apenas exageradas. Mas agora posso apenas concordar com elas; seu olhar parecia arrancar minha alma fora.

– Você é Byun Baekhyun, não é? – me fiz de desentendido mesmo, e não me orgulho. Ser direto não faz muito meu tipo, mesmo que parecesse que o garoto em minha frente estivesse rezando aos deuses para que eu fosse. – O que está quase bombando por causa de filosofia?

Sua expressão se fechou ainda mais, apesar da minha crença que ninguém poderia ficar mais sério que aquilo. Novamente, era como se eu pudesse ser seus pensamentos, de tão clara suas feições. “Não é da sua conta”, praticamente pude ouvi-lo dizer. Porém, ele foi bem mais simplista, o que me deixou aliviado.

 – Sim.

– Posso te ajudar. – ofereci, e ele me olhou como se eu fosse um ser de outro planeta que acabara de pousar na terra.

– Me ajudar? – perguntou para ter certeza, e eu assenti.

– Poderia te ensinar, para que você não bombasse. Aposto que até mesmo você acharia horrível repetir o ano por uma matéria tão simples quanto filosofia. – Cutuquei mesmo, e disso sim tenho orgulho. Minha ousadia era nova até mesmo para mim, não sou o tipo de pessoa que ousa ser tão informal em uma primeira conversa. Se Kyungsoo estivesse aqui, ficaria orgulhoso também.

Talvez fosse apenas porque o cutuquei, mas ele pareceu ceder, pensando sobre o assunto. Acho que nem mesmo as pessoas mais descuidadas com a escola, como ele, gostariam disso. Eu mesmo fiquei louco que raiva, mas minha opinião não conta muito, já que sou um nerd. Ao menos sei que sou um nerd de qualidade.

Não pude evitar me sentir inteligente ao perceber que ele estava considerando a ideia. Meu plano estava dando certo! – mesmo que não tivesse nem começado ainda, mas aquilo já era algo. Já estava me achando merecedor de notas altas em redação, de tão bons meus argumentos.

– Por que está se oferecendo para me ajudar? – perguntou desconfiado, e para isso não tive resposta alguma. Não poderia apenas falar “ah é porque eu gosto de você e quero te dar uns pegas em troca”, mesmo que essa fosse a verdade.

– Ahn, e-eu. – gaguejei, procurando Kyung na porta, mas o filhote do cão não estava mais ali. E agora, onde eu poderia arranjar confiança?

– O que você quer, em troca? – perguntou, sendo o mais direto possível. Até mesmo fiquei assustado. – fala logo que eu não tenho todo tempo do mundo. A próxima aula já vai começar, e eu não posso chegar atrasado nela também.

– Então não acha melhor discutirmos isso depois? Já que agora não temos tempo.

Ele assentiu, pegando uma caneta e escrevendo números em um pedaço de papel. O rasgou e entregou para mim, que o olhava confuso.

– É o meu celular. Me mande uma mensagem, e a gente discute isso, tá? Se for cobrar, não faça muito caro, porque eu não tenho dinheiro pra isso. – disse rápido, terminando de arrumar suas coisas, já me dando as costas.

– Meu nome é Chanyeol, aliás. – falei para caso de dúvidas. Com certeza ele não me conhecia, então melhor falar antes de mandar a mensagem, para que ele me reconheça.

– Eu sei. – respondeu, e eu senti meu coração palpitar novamente. Era como se fosse um balão de felicidade se enchendo dentro de mim, só porque o senpai sabia quem eu era. – Você é o queridinho dos professores, não tem como não saber seu nome com o tanto que eles te chamam no meio das aulas.

E, de repente, o balão estourou.

Então Baekhyun soltou um risinho da cara de bosta que eu fiz, e saiu da sala. O sinal tocou o, droga! Eu nem mesmo tinha organizado os materiais em cima da carteira e já tinha gente entrando na sala de novo.

Mas estava tudo bem. Meu plano estava dando certo, até agora. Eu tinha até o número do crush, para poder ficar encarando a foto de perfil dele no Kakao Talk[6]! Agora eu estava um passo mais perto de conquistar o Bacon, e se eu pudesse estar mais feliz, só se já estivesse beijando ele.

Agora era só torcer para tudo dar certo. E por Nietzsche[7], iria dar!

 

 


Notas Finais


1- Agostinho de Hipona (em latim: Aurelius Augustinus Hipponensis), conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental.
2- Versão aportuguesada do nome do primeiro nome em latim de Santo Agostinho.
3- Maniqueísmo é uma corrente filosófico-religiosa cujo fundamento é a dualidade: bem e mal, claro e escuro, etc.
4- Regan MacNeil é a garotinha de O Exorcista, aquela mesma que gira a cabeça 360°.
5- A Filosofia Patrística é uma filosofia cristã, constituída pelos pensamentos do clero da Igreja Católica desse período, e procurava vincular a religião e a razão.
6- Kakao Talk é um aplicativo de conversação muito usado na Coréia, como o whatsapp é usado aqui. Tem uns emojis muito fofinhos por lá, aliás, como o coelhinho que alguns artistas já imitaram em programas Talkshow.
7- Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor alemão do século XIX. Ele escreveu vários textos críticos sobre a religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciência, exibindo uma predileção por metáfora, ironia e aforismo. – Tirado da Wikipédia. Na minha humilde opinião, um dos caras mais incríveis para estudar na filosofia.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...