História Sasuke Rise - Amanhecer na Primavera das Flores - Surpresas

Quando os dois amigos chegaram ao Yakiniku, Naruto estava quase pulando de tanta empolgação.

“O que você tem?” perguntou Sasuke, desconfiado.

“Vamos logo, ‘ttebayo!” disse Naruto enquanto empurrava apressadamente Sasuke.

Eles foram em direção a maior e mais afastada mesa do lugar e Naruto gritou:

“HEY, CHEGAMOS PESS...” Ele olhou ao redor  ”Ah? Cadê todo mundo?” disse enquanto encarava o lugar vazio.

Sasuke enfim entendeu o que estava acontecendo.

Quando ele voltou para Konoha após a Quarta Guerra, Naruto e Sakura acreditavam que tudo voltaria a ser como era antes, mas Sasuke já sabia o que o aguardava. Ele podia sentir os olhares, os julgamentos silenciosos e a rejeição dos outros moradores da Vila, e mesmo Naruto jurando que Sasuke estava mudado, eles ainda o viam como o renegado que desertou da Vila para se juntar a Orochimaru, entrou para a Akatsuki e matou o quase-sexto-hokage Danzou.

As acusações podiam ser todas verdadeiras, mas Sasuke estava possuído pela Maldição do Ódio e quase já não tinha mais controles de suas ações, e ninguém sabia a verdadeira história por trás de tudo. Sasuke, Naruto, Kakashi e Sakura eram os únicos que tinham conhecimento de tudo, mas Sasuke os fez prometer que manteriam segredo. Ele queria contar como Itachi tinha sido um verdadeiro herói e não o vilão que todos conheciam, mas sabia a verdadeira vontade de seu irmão e faria o que ele desejava.

“Esquece, Naruto” Sasuke disse enquanto se afastava “eles ainda precisam de tempo”.

Naruto acertou um soco na mesa, assustando os funcionários do local.

“Naruto!” Sasuke gritou em advertência.

“Mas que merda! Eu não acredito que eles foram capazes de...” disse ele enquanto suas mãos tremiam.

“O que você esperava? Que todos simplesmente esquecessem de tudo e depois fôssemos comer e beber como se nada tivesse acontecido?” perguntou Sasuke, seu humor totalmente frio.

“Você não é mais daquele jeito...” disse Naruto, claramente magoado.

Depois de tudo que eles tiveram que enfrentar (principalmente as perdas), Naruto queria que todos se mantivessem unidos e doía saber que seus amigos ainda tinham dificuldades para aceitar Sasuke.

“Isso não vai ficar assim, eles vão ver uma coisa...” disse enquanto pisava duro para fora do local.

Foi quando ele esbarrou em alguém pela segunda vez no dia.

“Hey, Naruto, onde vai com tanta pressa?” perguntou Nara Shikamaru enquanto segurava Naruto antes que ele batesse com a cara no chão “você não marcou com a gente de comer aqui?”

Atrás de Shikamaru estavam Akimichi Chouji (com suas batatinhas), Sai (o substituto de Sasuke no Time 7) Iamanaka Ino (que estava olhando timidamente para Sai), Inuzuka Kiba (com seu fiel cachorro Akamaru), Aburame Shino (com seus insetos), Tenten (que estava batendo em Rock Lee), Rock Lee (que estava tentando se desculpar com Tenten) e Uzumaki Hinata.

“Desculpe o atraso, Naruto-kun, aconteceu um imprevisto no caminho” disse Hinata enquanto se dirigia para o lado do marido.

“Está tudo bem agora“ disse Naruto, sorrindo. “Estou feliz que estão todos aqui” ele levou a mão que segurava a de Hinata até o coração “ e Neji também.”

Ela assentiu com um pequeno sorriso, seus olhos formando lágrimas.

Sasuke não era próximo de Hyūga Neji, mas sabia que ele tinha sido um shinobi conhecido como um gênio e suas habilidades e talento eram aclamados por seu clã. Naruto não falava muito sobre o que aconteceu com ele pois era um assunto um pouco delicado para ele e Hinata, mas Sasuke sabia que Neji morrera durante a Guerra e sua morte tinha sido um sacrifício honrado. Seus amigos sempre lembravam dele com muito amor e respeito.

“Nós vimos alguns clones seu correndo pela Vila, Naruto. O que aconteceu?” perguntou Sai, com seu sempre irritante sorriso.

“Ah...Então...” Naruto e Sasuke olharam um para o outro e rapidamente viraram o rosto, os dois ficando um pouco corados.

“Putz, vocês não acham que estão um pouco velhos para isso?” disse Shikamaru, encarando-os com uma expressão de leve desinteresse.  

“Não foi nada de mais...” Naruto disse enquanto olhava para Hinata e dava um sorriso de desculpas.

“Podemos comer? Esse cheiro de churrasco está me deixando maluco!” disse Chouji enquanto devorava suas batatinhas com mais vontade.

“Hã, por que você não relaxa um pouco, gord...?” Começou Tenten enquanto vários pares de mãos iam em direção a sua boca tentando pará-la.

“O que você estava dizendo?” Perguntou Chouji, um olhar mortalmente sério atravessando o seu rosto.

“Essa palavra não! Você já se esqueceu do que acontece?” Sussurou Ino com uma única gota de suor escorrendo pelo seu rosto.

“Nada, nada” Tenten respondeu para Chouji, balançando suas mãos freneticamente.

Eles se sentaram e fizeram seus pedidos. Logo todos estavam conversando alegremente entre si, mas Sasuke, que estava calado encarando a mesa, sentiu falta da presença de uma certa pessoa... Aproveitando que estava sentado ao lado de Naruto, começou a perguntar em voz baixa:

“Onde está Sak...?”

“Alguém sabe da Sakura?” Gritou Ino enquanto colocava vários pedaços de carne no prato de Sai.

“Você é quem deveria saber, já que trabalha com ela no hospital” respondeu amuadamente Shikamaru.

“Eu achei que ela viria, mas agora ela está sempre muito ocupada ensinando a nova subordinada ou ajudando a Tsunade-sama” Ino estalou a língua em sinal de reprovação “aquela garota precisa mesmo é de umas férias, ela não faz mais nada desde...” ela então olhou para Sasuke e todos seguiram o seu olhar, entendendo o que ela queria dizer.

Houve um pequeno momento de silêncio entre o grupo e depois todos retornaram para suas conversas, suas vozes algumas oitavas mais altas.

“E então, Sasuke-kun, você ficou um bom tempo fora, hein? " começou Ino "encontrou o que procurava?”

“De certa forma, sim.”

“Entendo... Mas você realmente vai ficar dessa vez, não é?” Continuou ela.

“É o que pretendo.”

Ino não estava muito convencida.

No passado ela tinha sentido uma grande paixão por Sasuke, mas depois de perceber o quanto Sakura o amava verdadeira e incondicionalmente, Ino entendeu que a sua faísca não era nada comparada ao incêndio inteiro que eram os sentimentos de Sakura. Ela só foi saber o que a amiga realmente sentia depois que seus próprios sentimentos por Sai finalmente amadureceram. Isso a fez ficar extremamente comovida pelo amor que Sakura sentia e agora ela torcia verdadeiramente pela felicidade dela. Ver Sakura sofrer por Sasuke durante tantos anos a deixou no mínimo desconfiada dele.

“Que bom, Sasuke-kun” disse ela sorrindo, mas seus olhos diziam se você ousar machucar a Sakura eu acabo com você, deixando bem claro suas ameaças silenciosas.

Sasuke achou a reação dela esquisita e desviou o olhar.

“Por que a Temari-san não veio com você, Shikamaru-kun?” perguntou Lee.

“Ela está na Vila da Areia resolvendo alguns assuntos problemáticos com o Kazekage.”

Naruto pulou de repente.

“Ah, é mesmo! Hinata, nós prometemos visitar o Gaara na próxima semana, não me deixe esquecer, por favor.”

“Hai!” respondeu Hinata.

“Hey, Hinata?“ começou Tenten “Como está a vida de casada? Naruto está tratando você bem?” ela lançou para Naruto o mesmo olhar que Ino lançara para Sasuke anteriormente.

“Está tudo ótimo, Tenten-san” disse Hinata timidamente, mas com uma felicidade evidente “Naruto-kun é o melhor marido que alguém poderia pedir.”

Naruto deu sorriu largo, claramente orgulhoso de si mesmo.

Mais uma vez todos ficaram em silêncio e depois risadas muito altas foram dadas. Até mesmo Sasuke e Shino riram um pouco.

“Caramba Hinata, você obviamente é apaixonada pelo Naruto” zombou Kiba, enxugando uma lágrima.

“O que? Eu sou o Herói de Konoha, dattebayo! Um pouco de respeito!” Naruto disse falsamente emburrado.

“Não force a barra, Naruto-kun” respondeu Shino do canto onde estava.

“Você pode até ser o Herói de Konoha, portador do chakra dos seis caminhos, figurão reconhecido no mundo shinobi, salvador de almas perdidas nas horas vagas... Mas no fundo você vai continuar sendo o mesmo Naruto de sempre” disse Shikamaru com um pequeno sorriso.

Surpreendendo a todos, inclusive a si mesmo, Sasuke acrescentou:

“Isso é algo admirável em você, seu usuratonkachi.”

Mais uma rodada de bebidas foi trazida e Naruto levantou seu copo.

“Um brinde a volta de um amigo perdido que finalmente encontrou o caminho de casa...” Naruto olhou para o seu eterno rival e irmão de coração, relembrando por um momento de tudo o que eles tinham passado para estarem ali. Com genuína felicidade, ele completou:

 “É bom ter você de volta, Sasuke”.

Todos bateram seus copos, concordando.

***

Após o fim da reunião dos amigos, todos se despediram e partiram para os seus deveres. Sasuke, Naruto e Hinata foram os últimos.

“O que vai fazer agora?” Perguntou Naruto, tirando seu agasalho e colocando nos ombros de Hinata, que o agradeceu com um sorriso.

“Kakashi me deu alguns dias de folga. Vou tentar reconhecer o lugar, resolver alguns assuntos inacabados,...”

“Teme! Você vai é falar com a Sakura-chan antes de qualquer coisa! Você não acha que ela já esperou tempo demais, ‘ttebayo?”

Naruto agora estava um tanto irritado. Sasuke apenas fechou os olhos e bufou.

“Naruto-kun!” Hinata disse, apertando levemente o braço do marido.

“Você não pode continuar fazendo isso, Sasuke, não com ela.”

Esse idiota...

“Isso não é da sua conta.”

“Baka! Por que não deixa de ser um bibiri-kun e assume o que sente de uma vez?”

Naruto segurou a mão de Hinata e a arrastou apressadamente para longe. Ela acenou se desculpando e seguiu Naruto pelas ruas de Konoha.

Sasuke odiava admitir, mas Naruto estava certo.

Ele e Sakura já tinham esperado tempo demais.

***

No dia seguinte, enquanto Sasuke fazia suas compras (tarefa que ele detestava), ele estava tentando montar um plano em sua cabeça, mas nenhuma ideia realmente aparecia.

O que diabos ele faria?

Com seus neurônios queimando, ele se dirigiu para uma loja de legumes.

E foi então que ele a viu.

Sasuke sentiu seu coração acelerar, mas manteve-se sob controle.

“Sakura?” ele a chamou.

Ela se virou e o encarou com as sobrancelhas levantadas.

“Sasuke...kun?”

“Fazendo compras também?” perguntou ele calmamente.

“Sim, mamãe me pediu para comprar algumas coisas” disse ela corando um pouco e desviando seus olhos para o tomate que segurava em suas mãos.

“Por que não apareceu ontem no Yakiniku?” perguntou Sasuke enquanto esperava Sakura pagar as compras. 

“Ah, me desculpe por isso. Estou encarregada da Clínica Infantil  e a papelada parece que não tem fim... É um problema atrás do outro.”

Sasuke olhou para ela com mais atenção.

Os círculos que rodeavam seus olhos verdes ainda estavam lá, e sua postura mostrava um cansaço preocupante.

“Entendo” disse ele simplesmente.

Ela não parecia mais a Sakura de sua infância.

Ela já não era aquela garota com grandes habilidades intelectuais que estava sempre atrás dele e era mais preocupada com romance e aparências. Desde aquela época, mesmo sem poder fazer muita coisa, ela tinha o amado e protegido com todas as suas forças, e Sasuke sabia que já sentia algo por ela, tendo admitido para si mesmo que quando ele deixou Konoha pela primeira vez, ele estava se apaixonando por ela. Era algo que ele não podia negar nem se quisesse.

A sede de vingança dele, porém, acabou se tornando o único desejo de seu coração e ele não pode retribuir os sentimentos dela. Ele então partiu com a intenção falha de deixar seus laços para trás, mas apesar do tempo e da distância, ela continuou o amando e se importando com ele, mesmo quando Sasuke não merecia. Ela tentou salvá-lo da escuridão e lutou por ele até o fim, e nem todo o ódio que Sasuke sentia ou os atentados dele contra ela foram capazes de afastá-la.

Sakura deu tudo de si para se tornar forte para proteger as pessoas importantes para ela e cresceu como uma bela e nada frágil flor. Atualmente ela era uma esplêndida kunoichi mundialmente conhecida por sua atuação durante a Quarta Guerra e era admirada por todos por suas habilidades, força e beleza.

Agora que Sasuke estava se permitindo sentir o que ele tinha tentado reprimir no passado, ele finalmente estava pronto para recompensá-la por tudo.

“Sasuke-kun, eu...” ela começou.

“Sakura, eu tenho algo para perguntar a você.”

“Ah?” disse ela, sem entender nada.

“Você aceita sair comigo?”