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História Saudade - Variações de Uma Nota


Escrita por: Faela2

Notas do Autor


Olá, Amores!

Cheguei e estou feliz. Gostei tanto de escrever esse capítulo. Espero que gostem dele.

Vou dedicar.

Mirian, seus comentários são lindo e me sinto emocionada com cada lágrima. Obrigada por sentir tudo isso.

Skye, me sinto tão agradecida por tudo que escreveu no twitter. Não vou esquecer das suas palavras.

Obrigada pelos comentários carinhosos.

Desculpe os erros.
Boa leitura.

Capítulo 24 - Variações de Uma Nota


Aquele momento em que os sentidos se perdem ou não importam. Aquele momento em que se pode sorrir sem medo do instante. Sem a preocupação de olhos desconhecidos e preocupados pelos motivos errados. Estamos andando em uma direção indiferente, apenas nos buscando sem palavras.

O silêncio é nosso melhor diálogo.

Eu tenho perguntas, é claro que tenho perguntas. Ela ficou, não evito de pensar sobre o porquê. Estas, seriam apenas para alimentar aquela curiosidade de anos, a curiosidade que me motivou a enxergá-la. Preciso conhecer seus traços e não me lembro de quando não foi assim. Sinto uma necessidade de desvendar o sorriso aberto e os olhos em armação preta. Me sinto sufocada com as possibilidades do não saber.

Nos sentamos em um banco avermelhado de uma praça próxima, o lugar não faria diferença. Estávamos no meio das avenidas movimentadas. Daqui, posso ver o George’s e o café que sentei várias vezes esperando o momento em que ela sorriria para algum cliente sem imaginar que meus olhos eram dela. Hoje, estou olhando o semblante que me conquistou, o sorriso trêmulo pela minha presença, os cabelos lindamente dourados e ondulados presos em um rabo de cavalo desnecessário, os olhos brilhando como uma estrela encantada por um mundo, a transparência cristalina que se apresentou elegantemente desde o primeiro dia.

Tomo meu cappuccino feito por ela, não tenho dúvidas disso. Aprendi a reconhecer suas características em cada gole, tive muito tempo para distinguir. Me sinto leve com um programa tão simples e tão importante. Me esqueço do cansaço de um dia estressante, pra falar a verdade, não me lembro o que faria ao chegar em casa, se teria um compromisso sequer. Não prendo um sorriso, os compromissos não importariam. É tão fácil esquecer quando estou com ela.

– Eles não me deixaram ir, gostam muito de você – “Eles”. Ruby, Killian e Zelena. Ela fala me contando o que a frase significa.

– Passei dias diferentes com eles.

Dias diferentes definem bem as horas com as três pessoas que me mostraram que sábados comuns, são os melhores dias.

Sim, foi diferente comer pizza com as mãos, tomar um vinho ruim e assistir um filme horrível. Eu percebi que não é isso que realmente importa. Eles me mostraram que um restaurante refinado, um apartamento amplo, casas no campo, gargalhadas pomposas e discursos enriquecidos não definem felicidade, agora acredito que não chega nem perto disso. Me mostraram que sábados à noite com vinhos baratos podem gravar momentos singulares.

– Eles são...extrovertidos. – O sorriso espontâneo. Como eu o adoro.

– Extrovertidos, Srta. Swan? Eu usaria o termo Peculiares.

Foram poucas as vezes que tivemos conversas suaves. Nossos diálogos, silenciosos ou não, sempre foram carregados de tensão e fugas. Tentávamos nos descobrir e esquecíamos de aproveitar o conhecimento do agora. Estamos olhando os minutos pela primeira vez.

Ela encara minha bolsa fingindo indiferença. – É adorável. – Sei exatamente o que ela viu. Pego o livro de capa preta que não saiu de perto e a entrego. O livro era um pedaço de Emma que sempre levava comigo. Me prendia a objetos para ter o que sempre quis.

– Gostou? – Ela me pergunta com uma expectativa inocente.

– Não! – Swan arregala os olhos mostrando toda a descrença na resposta. – Eu não gostei mesmo.

– Como é possível você não ter gostado de Caixa de Pássaros? – Emma se vira me dando sua atenção.

– O final foi inconclusivo.

– O final foi inconclusivo? O livro é sobre o percurso, a trajetória. Não tem nada a ver com a chegada. – Ela defendia suas convicções tentando me convencer do seu ponto de vista. Gesticulava esquecendo todo o passado tumultuado.

Não posso negar meu divertimento.

– Você poderia ter me dito isso antes. Eu não perderia meu tempo. – Será que peguei pesado?

Ela arregala os olhos ainda mais, abre a boca algumas vezes e nada sai. Está paralisada. Não consigo manter meu teatro. Sua indignação provocada me descontrola e de mim sai uma gargalhada sincera. Swan consegue arrancar isso. Seus olhos se estreitam pelo entendimento.

– Você está zombando de mim, é claro.

– Sim, eu estou. Eu adorei o livro. Obrigada por ele.

– Sra. Mills, não imaginava que zombava das pessoas. – Ela mostra uma falsa irritação e nos sentimos sozinhas entre várias pessoas.

– Eu não zombo das pessoas, só de você. – Ela poderia ficar mais encantadora? – E é Srta. Mills.

Ela não sabia e pude ver por seu respirar. Seu sorriso desaparece. Ela passa a expressão impenetrável. Emma é transparente demais, quando se torna indecifrável, me perco em seus traços. Ela esfrega a mão na calça jeans velha, ela está nervosa e não entendo o motivo. Pego essa mesma mão tentando passar a segurança que sinto por nós duas. Vejo seus ombros relaxarem e não sei se ela conseguiu entender.

– Eu não vou sair daqui. – Aquela coragem que enxerguei estava sumindo. Eu preciso mostrá-la que não vou embora. Minha escolha foi feita há um ano, ela só precisa acreditar.

Penso em meu programa no próximo sábado. Me lembro quando recebi o par de convites e imediatamente pensei na loira chorosa ao ouvir uma música arrepiante. Lembro de ter sentindo um pontada de angústia por não convidar à única pessoa que mudaria minhas horas em um teatro lotado.

Eu aproveitaria a música, mas não veria as notas a contornando e se tornando laços.

Agora eu posso.

“Posso?”

– Emma... – Por favor, Regina! Eu pareço uma adolescente tentando convidar a garota bonita para um encontro. Eu tenho medo que seus fantasmas a afastem, tenho medo que nossa história nunca realmente vivida, torne um obstáculo para os campos que anseio tanto caminhar. Ela me olha e me esqueço que ainda estou segurando suas mãos mais quietas. – Eu vou a um recital de piano no sábado, e gostaria muito que me acompanhasse.

Piano.

Eu sabia sobre essa paixão. Nossos dias distantes não apagaram as lembranças delicadas. Ainda conheço suas motivações. Estão todas guardadas no meu lugar favorito, guardadas com cada sorriso e cada olhar encantado.

Emma Swan sorri e acredito que tenha aceitado. Volto a olhar minha frente sem reparar em mais nada. Nossas mãos? Ainda estamos nos sentindo, aproveitando a falta de ligações e correrias em meio a nossa entrega.

Não reparo o tempo andar. Estamos sentadas, parece que o mundo avança em modo mais rápido e apenas nós duas seguimos um ritmo normal - Nosso ritmo. -  Quase posso ver vultos coloridos das pessoas com pressa em chegar a lugar nenhum. Eu já fui uma dessas pessoas. Já andei sem encarar um rosto sequer, já briguei por não seguir meus horários cronometrados, já me irritei pela lentidão de alguém que só estava aproveitando o anoitecer.

Não conseguia ver a beleza de um carro parado com um homem sorrindo ao receber uma mensagem qualquer. Não via a unicidade de um cappuccino em uma praça, sentada em um banco com a única companhia desejada. Não via o esplendor do silêncio carregado de palavras. Antes, eu não entendia as palavras não ditas.

Hoje vejo tudo isso, sinto tudo isso. Vejo a importância de um domingo de leitura às margens de um lago. – Sinto saudade do Ted. – Consigo ouvir cada frase não dita, e o mais importante, entender seu significado. Me sinto diferente.

Me sinto feliz.

Após tempo suficiente, decidimos resistentes que precisávamos ir. Sim, precisávamos. Foi um momento sublime carregado de “Sim”. Dissemos “Sim” para uma tentativa. A aceitação não foi jogada no ar, a não fuga foi suficiente.

– Eu te levo até em casa.

– Não precisa se incomodar, caminhei várias vezes até meu apartamento em noites mais escuras. – Essa não era uma opção.

– Eu sei. Te acompanhei várias vezes em tais noites escuras. – Me esconder também não era mais uma opção.

– Você me acompanhou?!

Apenas a encaminho para lugar em que estava meu carro preto já conhecido por ela, já frequentado por ela. Não respondi sua pergunta como tantas outras, não por me esconder, só estou atrasando uma confissão aberta.

Dirijo pelas ruas que passei várias vezes. Seus olhos se fixam em mim, nunca a vi me olhando dessa forma, sem desvios, concentrada e completa.

– Está tudo bem? – Não estou preocupada, só quero entender o momento.

– É a primeira vez que te olho sem sentir medo. – Sua transparência maravilhosa.

– Sentiu medo quando nos conhecemos? – Evito olhar seus verdes, fingindo me concentrar em um trânsito inexistente pelo horário.

– Me senti apavorada. – Preciso dessa sinceridade.

– Por que?

– Por sua rispidez, grosseria, impaciência. – Aperto o volante sentindo o peso daquelas palavras.

Chegamos no prédio de tijolos vermelhos, me sinto triste por meu comportamento quando a conheci ainda incomodar, essa foi a impressão que tive. Emma ainda me observa sem reserva. Ela redescobre meus segredos marcados sem qualquer pudor. Segura seu livro de capa preta que foi meu por um tempo. Vou sentir falta do seu peso em minha bolsa me lembrando dos pedaços dela.

Espero não precisar mais dele para lembrar.

– Eu quero te entregar algo, suba comigo.

Não pensei em negar. Subimos o lance de escadas, escadas que aprendi a subir muitas vezes, nunca com ela. O corredor mal iluminado que vislumbrei esperando seu retorno improvável.

Ela voltou.

Paramos na porta que bati por um ano buscando o refúgio da sua ausência.

204.

Srta. Swan abre, o espaço que me trouxe o calor no meio do frio da saudade estava preenchido com as pessoas que me reergueram quando acreditei ter perdido o sentindo e os motivos.

– Zelena. – Minha irmã praticamente mora aqui. Sua cobertura em um prédio luxuoso não abriga o aconchego e a simplicidade. Sinto na pele suas razões.

– Regina. – Zel não esconde o sorriso ao me ver parada no meio da sala, meu aparecimento ali não é uma grande surpresa. O estado animado vem de uma loira que caminha lentamente para quarto que “vivi” por tanto tempo.

Killian e Ruby perderam a fala, agradeço aos céus por isso. Seus comentários encantadoramente inconvenientes nos poupa do constrangimento certo.

Eu consigo ver os sorrisos de canto. Estão felizes por estarmos ali, todos juntos. Todos os cinco.

Choque.

Sigo Emma com os olhares curiosos e risos safados atrás de mim. Me viro e vejo mãos contendo alegrias. Deixo meu olhar repreendedor, não causa muito efeito, a felicidade de uma impossibilidade deixa todos extasiados. Inclusive a mim.

Quando entrei, senti o quarto com o cheiro dela. Nunca esteve tão forte. Em suas mãos, estava meu livro. O livro que fingi algumas vezes ler apenas para ter sua companhia quieta em seu lugar de conforto. Invadi esse lugar, não consigo me arrepender dos meus vinte dias.

Ela ainda o tem.

Minha consciência grita.

Ela ainda o tem.

Estende seu braço tentando me entregar, ele treme em suas mãos. Me concentro para não tremer também.

– Prometi te devolver quando terminasse o livro que emprestei.

O pego passando a ponta dos dedos pelas letras desinteressantes, mas tentando absorver o grandiosidade que o instante representa. Estamos voltando aos diálogos com frases escolhidas. Ela sabe o que representa, eu sei o que representa.

Guardamos nossos pedaços com a esperança de nos remontarmos.

“Rispidez, grosseria, impaciência.”

– Eu sinto muito. – Eu não conseguia esconder sua impressão. Hoje eu vejo que ela não merecia meu tratamento rejeitado.

– Pelo o que? – Estamos paradas no meio do quarto que a busquei por tantas tardes, noites, dias, horas.

– Pela rispidez, grosseria e impaciência. – Repito seus termos que me fizeram criar arrependimentos.

– Foram essas palavras que me encantaram em você.

Emma se apaixonou por minhas tempestades. Ela me enxergou por trás do meu eu comum. Ela gostou de cada defeito que não me importo em esconder, mas que afasta a sensibilidade. Eu nunca pensei em mudar meus momentos frios, Emma gosta de cada um deles. Não preciso cogitar a possibilidade de me tornar sociável, ela entende minhas ressalvas.

Ela se aproxima e, como todas as vezes, treme, sua respiração se descontrola. Toca alguns fios caídos sem desviar do meu olhar. Me sinto orgulhosa por ver sua coragem. Emma segura meu rosto, é inacreditável o conforto que sinto ao senti-la tão próxima, ao sentir um simples toque quente em mim. Respiro fundo, ela se aproxima cada vez mais. Fecho os olhos e ela me beija.

Me sinto em casa.

Uma vontade avassaladora de chorar me invade. Eu busquei aquele beijo despreocupado, eu sonhei com o dia em que tocaria sua boca sem culpa por estar em um casamento arruinado pela conveniência. Eu delirei com nosso primeiro beijo em meu sofá. Eu fantasiei com pele clara sem medo de voltar para mim.

Seguro sua jaqueta caramelo com as duas mãos, tento dizer entre um beijo sonhado, a necessidade que sinto em viver aquilo, em estar com a pessoa que me descontruiu. O beijo me enche de certeza.

Preciso viver essa felicidade.

*****************************************************

Esse recital foi escolhido por motivos amarelos. Ele foi feito para ela, essa é a impressão que tenho ao montar meus passos. O sábado insistia em não correr, minha ansiedade aumentava. Minha vontade em ver seus olhos brilharem me consumia. Me sinto eufórica por um programa pensado para Emma Swan.

“Me sinto pateticamente animada.”

Escolho um vestido roxo, índigo, longo, comprado para ocasião, comprado para ela.

Se eu quero a impressionar?

É claro que eu quero.

Paro meu carro em frente ao seu prédio. Me sinto nervosa por tentar reconquistar a responsável por noites perturbadoras. Subo as escadas sem me importar em segurar meu vestido e deslizar pelo corredor apartado. Giro a maçaneta com a intimidade que me deram. Invado o apartamento forçando o tempo a correr, quero vê-la e me provar que o instante existe, lúcido, sólido.

Ruby arregala os olhos pelo choque. Seus olhos claros se escurecem pelo tom de uma veste escolhida. Acredito que esteja suficiente para ocasião.

Preciso estar.

– Ruby, você acha que está...

Emma.

Como encontrar palavras para descrever o arrepio que enfurece minha pele? Como explicar a inexistência de sentidos? Como explicar a variação de tons vermelhos que agridem me corpo?

Emma está magnífica em seu deslizar tímido. Sua transparência está escondida em um vestido vermelho sangue, emaranhada em um coque perfeito, manhosa nos braços dos contáveis fios moldurando seu rosto, enlaçada em sua sandália.

Emma está deslumbrante.

Me apaixonei pela inocência escondida no corpo divino de uma mulher abraçada a jaquetas azuis, caramelos e vermelhas.

Me apaixonei pelos verdes escondidos em uma armação preta antiga, hoje, guardada no fundo de alguma gaveta do criado ao lado da sua cama.

Me apaixonei pela leveza do caminhar em botas ou tênis enquanto preparava macchiatos, cappuccinos.

Me apaixonei pelas lágrimas de um piano, pelo envolvimento de contos.

Hoje, me apaixono pela mulher esculpida.

Passamos tempo demais nos admirando. Ela se enrubesce, sorri e eu me transbordo. Desvia seu olhar, eu o sustento tentando imaginar como é fechar os olhos e não a ver.

Emma Swan está linda.

Ela olha para baixo e vislumbro o que passa por sua mente. Sorrio pela dúvida que vejo percorrer seu rosto levemente maquiado.

Caminho procurando avidamente eliminar o espaço. O barulho dos meus saltos negros ecoam, me esqueço do lugar e da existência. Emma sempre me traz momentos. Coloco um dos fios, que acarinham seu rosto, atrás da orelha, ela me olha, sorri e me desfaz. Por traz de uma mulher está o sorriso que me conquistou, sempre estará lá. Nesse momento, desejo nunca mais deixar de vê-lo.

– Você está linda! – Minhas palavras não são ditas por minha boca. A frase se formou por meus tremores do querer.

Vejo sua emoção infundada, não me sinto elogiar, minhas palavras representam fatos. Ela ainda não se vê, não se vê como eu a vejo.

– Você é tão linda. – Ela fala como uma verdade pura.

Srta. Swan ainda me surpreende pela incredulidade do estar. Eu estou aqui, eu quero estar aqui, eu preciso estar aqui. Ela também não vê isso. Eu desejo que a claridade a mostre minhas vontades, eu desejo que seus olhos possam se ver dentro de mim.

Ela está em mim.

Quente.

Inteira.

Completa.

Minha visão se esvai com a volta para o carro. Tento revirar cada lembrança guardada a procura de um momento como esse, a procura de alguém que tenha me causado tal estarrecimento e preenchimento. Nunca aconteceu, se aconteceu, está escondido demais nas nuvens cinzentas da recordação em meu céu nublado.

Dirijo sem enxergar os caminhos, me sinto estática e agitada ao mesmo tempo e meu automatismo nos leva ao nosso destino.

Teatro Opera Boston House.

Olhos nos vigiam e meus olhos são apenas dela. É lindo ver sua animação juvenil ao observar a arquitetura magistral do lugar. Acredito que seja sua primeira vez aqui. A noite poderia acabar nesse exato momento, seus olhos brilhando ao olhar os recortes do teto dourado, já é suficiente para definir a noite como memorável.

Emma me enche de perguntas, sua ansiedade e curiosidade são engraçadas. Me nego a responder cada pergunta emergente. Não posso atrapalhar a surpresa que tento sonhei. Ela admira um piano no centro do grande palco enquanto me conta animada histórias sobre o primeiro piano. Desbravou a história de Bartolomeu Cristofori, emendou sobre o desejo em conhecer a Itália e por algum motivo, terminou em seu sonho de ter uma cafeteria.

As luzes começaram a diminuir, precisei segurar meu sorriso por ver Emma se consumindo em nervosismo.

Elsa Haig flutua com seu vestido prata reluzente e imponente. Seu cabelo trançado com um delicado fio prateado está jogado no ombro esquerdo. Ela cumprimenta a plateia com um sorriso cristalino e agradecido. Emma se concentra em seus passos.

Expectativa.

Elsa coloca seus dedos gentis nas teclas do seu companheiro, agora a ansiedade está em mim.

Ela começa com Prelude Op. 28 No.4

Swan leva sua mão na boca reconhecendo as notas.

Chopin.

Meu peito se infla, respirar se torna uma luta particular. Como ansiei por isso.

Ela treme, seus olhos estão mergulhados nas aguas emocionadas. Eu vejo seu fechar de olhos e sua entrega, deixando o som fluir por tudo nela. Ela sente cada abafar, cada tecla. Ela se mostra despida de medo. O medo desaparece e consigo ver tudo sumir, inclusive eu. Ela está em um mundo criado para ela e Chopin.

Ainda anseio por ver seu comportamento ao ouvir a música que lhe destrói. A pianista começa Spring Waltz. Emma segura minha mão, imagino ela pedindo para que seja presa no chão. Consigo imaginar seu flutuar em cada lágrima. Me sinto culpada por não aproveitar o recital da forma correta, mas não consigo deixar de observar a música do seu corpo gritando por mais.

Estamos aproveitando sons diferentes.

Quando Srta. Haig inicia Nocturne opus 9 No 2 – a preferida dela e a minha. – A vejo se quebrar em infinitos pedaços. Choro com a visão, com a emoção, com a importância. Choro por sentir o desconhecido. Sou apresentada a sentimentos novos a cada encontro. Minha superioridade superficial é esquecida. Minha tempestade pessoal se acalma e se torna orvalho em um campo vazio. Sou apresenta a mim como novas Reginas. Não me reconheço, quero apenas aproveitar cada descoberta.

Nunca me senti curiosa por ver meu ser multifacetado, nunca acreditei que pudesse existir dentro de um, vários.

Emma desenterrou faces de mim.

Fases de mim.

Lados.

Lâminas.

Destruiu meus muros e descobriu um outro lado. Me mostrou que posso buscar algo que nunca conheci.

Desconhecer, não torna o ser extinto.

Emma passa a mão no peito, posso jurar que ela o está sentindo rasgar. Eu sinto também. Seus cacos não são decepcionados, são inteiriços.

Ela chora copiosamente – belíssimo. – Me olha, o agradecimento está estampado em cada verde. Seu corpo coberto por um quebrar preciso, gira em minha direção, Emma afaga meu rosto e sem dizer nada, me beija.

A destruição ao ouvir suas notas me percorre. Sinto o gosto de suas lágrimas buscadas, misturadas aos lábios pintados de Regina. Seu beijo a entrega, me entrega e nos juntamos a um futuro impossível.

Ao som de Chopin, ao gosto de soluções, eu percebo.

Emma Swan é meu tudo mais lindo.


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
Até o próximo.


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