História Saudades - Único

Paro sob a luz de um poste. Observo a escuridão em meio a garoa da noite. Sinto uma leve brisa tocar minha face. Penso novamente em você... e temo entrar em delírio.

Ergo a cabeça e olho à volta. Meus olhos a procuram, sedentos por sua imagem. Onde posso encontrá-la? Sem rumo não sei por onde ir.

Tento me lembrar do som de seu sorriso, sua voz. Não me contento, não é o suficiente – preciso vê-la, tocá-la.

Volto a caminhar em meio às poças d’água. Penetro na noite. Sua presença se faz necessária. O desespero por vê-la me faz correr sem rumo, desorientado. Corro, mais e mais, percebo de que nada adianta. O que eu quero está longe. Não a vejo, mas a sinto. A sinto cada vez mais.

Sua imagem surge em minha frente, ao meu alcance. Sinto meu corpo aquecer-se em meio à chuva. Fico paralisado em uma perpétua troca de olhares. Fecho os olhos, erguendo a mão em sua direção. Preciso tocá-la, acreditar que é real. Não consigo. Abro os olhos somente para ver que não há nada lá.

Minhas lágrimas se misturam às gotas de chuva que acariciam minha face. Dou passos rápidos para trás, a feição assustada, coração sangrando. A chuva se torna mais forte. Raios clareiam o horizonte.

Volto a caminhar. Caminho até o amanhecer, até os primeiros raios de sol secarem meu corpo. Descubro que, como nas noites anteriores, não a encontrei. Mas meu coração manda continuar. É o que confere força a seus batimentos. Então, nesta próxima noite, tentarei novamente. E novamente, e novamente...

Por Daniel Willian