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História Saussurea - A small piece to rust


Escrita por: OtherBoleynGirl

Notas do Autor


Feliz Halloween! Hoje é um dos dias que eu mais gosto no ano, então resolvi postar mais um capítulo. Espero que gostem :)) Nas notas finais, há um glossário para as palavras usadas.

Capítulo 3 - A small piece to rust


Uma brisa soprava os fios rosados da garota em todas as direções, e ela andavam sobre pedras tão frias quanto o vento. Um pé atrás do outro. À sua frente, ela enxergava pessoas. Rostos. Tentou focá-los, apertou os olhos. Ela não conseguiu muito, apenas o suficiente para saber que os homens que ela via eram seus amados colegas. Eles eram dela. Correu na direção deles, se perguntando como havia acabado ali. Ela tentou gritar seus nomes, mas não encontrou sua voz. Ela tropeçou, prendeu a respiração e caiu. Ela caiu no abismo interminável da escuridão.


Ao acordar, a primeira coisa que Sakura notou foi o par de olhos escarlate que a observava. Ela não sabia o por que, mas eles pareciam famintos. A kunoichi rolou o corpo para o lado, ficando de barriga para baixo, e tossiu. Sua garganta estava seca e ela notou que sua respiração estivera presa até o momento. Exatamente como em seu sonho.

Ignorando o Uchiha, ela analisou suas reservas de chakra. Ainda estavam baixas para se curar, mas ela provavelmente não perderia a consciência tão cedo. Itachi apenas olhava para ela, o olhar dele acompanhando todo e cada movimento que a garota fazia. Passando as mãos pelos cabelos sujos de sangue, ela se virou para ele.

– O que você quer, Uchiha?

O homem de cabelos negros a encarou por um longo momento, rubi perfurando esmeralda, antes de responder.

– Por que você ainda não se alimentou?

Sakura piscou algumas vezes, até se lembrar da bandeja com comida e água que havia sido entregue a ela. A surpresa passou pelo rosto dela, que deu lugar para a amargura. Mesmo sendo uma pergunta, as palavras de Itachi soaram como uma ordem.

– Não me diga como meu corpo funciona. Irei comer quando sentir vontade.

– Kunoichi tola. Coma. Eu insisto.

Sakura apenas olhou para ele, a raiva estampada em sua face. O rosto de Itachi, entretanto, continuava inexpressivo. Passados alguns minutos, o homem deu as costas para ela e caminhou em direção à porta.

– Muito bem. Quando você deixar de ser infantil e comer, alguém irá levá-la até o banheiro.

Sakura arfou. Ela sabia que precisava desesperadamente de um banho, mas não queria comer a comida que carregava o sangue das mãos criminosas que a havia tocado. Itachi parou e olhou para trás, arqueando uma sobrancelha.

– Você não deseja isso, kunoichi?

Ela engoliu em seco. Antes que ele pudesse se virar para sair, ele a escutou dizendo:

– Sakura.

Itachi parou.

– Meu nome é Sakura, não kunoichi.

Itachi deu mais uma olhada para trás, o sorriso arrogante típico dos Uchihas mostrando que ele se divertia. Enquanto saia, Itachi ouviu Sakura puxar a bandeja para si. Ainda sorrindo, ele a deixou sozinha em sua cela.


Algumas horas depois, tal como Itachi prometera, Kisame apareceu para buscá-la. Ele a levantou do chão com força, e ela apertou os dentes para não deixar um grito de dor escapar.

– Você bem que precisa de um banho, – comentou o homem-tubarão enquanto a libertava das correntes.

– Pelo menos, – começou Sakura, esfregando um dos pulsos – eu não fedo a peixe.

A kunoichi logo se arrependeu de suas palavras, quando a mão de Kisame a bateu com tamanha força que a fez cair de joelhos. Ela sentiu o gosto metálico do sangue preencher sua boca e um grunhido de dor ficou preso em sua garganta.

– Caladinha. Agora, – disse ele, puxando o corpo dela para cima novamente. – Vamos logo.

Kisame levou Sakura para fora do pequeno quarto. O exterior era tão repugnante quanto o interior: chão e paredes de algum tipo de pedra. Eles estavam parados em um corredor que parecia infinito e apenas o pensamento de percorrer aquele local escuro a deixou arrepiada. O local era muito sujo, e Sakura tentou não pensar em quantos haviam morrido ali. Kisame a puxou pelo braço, conduzindo-a para o lado oposto que ela olhava. Sakura viu então uma larga escada, também de pedra, e notou que dali vinha luz.

Quando eles chegaram ao topo, Sakura precisou piscar várias vezes até seus olhos se acostumarem com a luminosidade. Eles estavam em um local aberto, uma espécie de jardim onde toda a grama e as flores eram incrivelmente bem cuidadas, para a surpresa dela. Ela deixou o ar puro preencher seus pulmões. À sua frente, ela via uma grande casa tradicional japonesa feita de madeira.

Eles passaram pelo engawa e foram até o genkan, onde Kisame trocou os sapatos. Sakura não precisou se preocupar com isso, já que estava descalça. O homem jogou para ela um par de surippas, provavelmente para não sujar o tatame do interior. Kisame deslizou as portas shōji, e eles entraram.

O interior era tão belo quanto o exterior. Eles estavam em uma grande sala coberta de tatames de uma cor clara e suave, enquanto as paredes eram de madeira. A atmosfera criada pelo encontro da luz com as cores do interior era muito agradável. Na sala havia apenas um kotatsu, uma escada e várias outras portas.

– Bela casa, - ela sussurrou para ele.

Kisame riu. Ele afrouxou um pouco a pegada no braço dela.

– Pelo menos você tem bom gosto, criança.

Ele a levou até uma porta de madeira, que ela presumiu ser o banheiro.

– Você tem 40 minutos, kunoichi. Você irá encontrar roupas limpas e objetos para a higiene pessoal ai dentro. Não se atrase.

A primeira coisa que Sakura ao entrar no banheiro foi trancar a porta, como se a tranca fosse o suficiente para impedir qualquer um deles de entrar ali caso quisessem. Ela examinou o local por um momento, cuidadosamente. O chão do banheiro era frio, já que era composto por grandes azulejos de uma cor que imitava a do freijó lavado. Havia uma grande banheira quadrada, feita de madeira e palha no exterior. Ao lado da banheira, Sakura viu um grande vaso com uma planta e uma toalha com roupas limpas. Havia também um chuveiro à parte, e ela notou que os azulejos ali eram um pouco mais escuros.

A garota caminhou em direção ao espelho grande que estava pendurado na parede junto a adornos de bambu. Antes de ver seu reflexo, porém, ela se despiu cuidadosamente para não machucar ainda mais seu corpo. Respirou fundo, ficando de frente para o espelho.

A princípio, ela pensou que não era ela. Ela não reconhecia a garota fraca e frágil que olhava para ela. Sakura percorreu os olhos pela extensão de seu corpo, de baixo para cima. Ela podia ver as lesões que havia sofrido com clareza em sua pele pálida. As manchas roxas gritavam. Ela notou também que estava um pouco mais magra, ela provavelmente havia perdido um quilo ou dois. Sakura se sentiu enjoada. A garota do reflexo não podia ser ela.

O pior, entretanto, foi ver o rosto de um fantasma no lugar do seu. Sangue cobria parte de sua face, assim como manchava seus emaranhados cabelos rosados. Cada machucado estava impresso nela, até mesmo o recente tapa de Kisame. Mas apesar dos círculos negros que contornavam seus olhos, as grandes esmeraldas ainda tinham o mesmo fogo de antes. Sakura não iria se entregar. Ela iria mostrar a eles.

Seu corpo tremeu, e ela correu até a privada para vomitar. Ela limpou a boca com o punho e, determinada, suas mãos começaram a brilhar verde. Ela iria arrumar seu rosto, pelo menos. O resto podia esperar. Ela entrou debaixo do chuveiro e deixou a água limpar seu corpo enquanto a banheira enchia. Depois, aproveitou o raro momento de paz e relaxamento naquelas águas quentes.

Quanto ela já estava limpa, examinou as roupas que lhe haviam sido entregues. A calça era típica de ninjas, e ela sabia que ficariam largas nela. Ela se perguntou de quem era, mas a resposta veio assim que ela pôs os olhos na blusa. Era escura, da mesma cor da calça. As mangas eram 3/4, e nas costas havia o símbolo dos Uchihas bem grande. Apesar das roupas pertencerem a criminosos, ela sentiu que estava com algo de sua casa e ficou grata à Itachi. Ela encontrou também um par de meias brancas. Ela terminou de se arrumar penteando os cabelos e escovando os dentes. Ela deu uma última olhada no espelho antes de abrir a porta do banheiro.

Na grande sala de tatames, ela encontrou Itachi sentado de costas para ela no kotatsu. Ele segurava uma xícara de chá com as duas mãos e olhava para o chão. Sakura não pode deixar de notar como os cabelos dele eram belos e compridos naquele rabo-de-cavalo baixo.

– Ah, kunoichi.

Pousando a xícara na mesa, Itachi se levantou com graça. O homem andou até ela, e Sakura pensou ter visto algo romper a fachada séria que era a expressão dele por um segundo. Ele pegou seu queixo com a mão para examiná-lo melhor. Sakura enrijeceu.

Todo o inchaço havia sumido, Itachi notou, assim como qualquer sinal de contusão. Os cortes haviam se fechado, e a vermelhidão não estava mais ali. Apesar das olheiras profundas, Itachi se pegou pensando em como ela era bonita. Os cabelos curtos e rosados que emolduravam seu rosto contrastavam com o verde de seus grandes olhos e com sua pele clara. As feições dela eram delicadas, como se um anjo muito generoso a tivesse esculpido. Sim, ela era definitivamente bela.

Ele endireitou o rosto de Sakura de modo que ela fosse obrigada a olhar para ele. Esperando encontrar carmim, ela prendeu a respiração quando seus olhos cor de esmeralda se chocaram contra ônix. Os dele não exatamente como os de Sasuke; eram muito mais belos e profundos. Ela pensava que a beleza dos olhos dos Uchihas era vista melhor quando eles estavam vermelhos, mas estava errada. Além dos olhos, Sakura notou como os cílios dele eram injustamente longos. A expressão dele era de quem se divertia, e por um instante ela viu o vermelho-vivo brilhar e apagar nos olhos escuros de Itachi como um lembrete.

– Você demorou. Parece melhor, entretanto.

Vagarosamente, os dedos longos de Itachi soltaram o rosto de Sakura. Ele deixara um trajeto de fogo em sua pele onde a havia tocado, e ela sentiu suas bochechas esquentarem.

– Venha comigo. Irei conduzi-la até seu quarto. – Ele disse, a cabeça virada para a escada que os levaria até o segundo andar da casa.

Sakura obedeceu Itachi, e caminhou lentamente até as escadas com o homem logo atrás dela. A kunoichi havia gastado praticamente todo o pouco chakra que havia recuperado para curar seu rosto, e estava começando a sentir a exaustão dominar seu corpo. Lutando contra a escuridão que ia tomando os cantos de seus olhos, ela tropeçou em um dos degraus. Itachi a segurou pelo cotovelo em um rápido movimento. Ela olhou para ele, alarmada.

– Tenha cuidado, kunoichi. – Itachi percebeu o cansaço nela, e continuou segurando seu braço. Ao contrário de Kisame, entretanto, seu objetivo não era machucá-la.

O segundo andar era bem diferente do primeiro. O chão era todo de madeira, não havendo tatame em lugar algum, e as portas eram todas como a do banheiro ao invés de deslizantes. Itachi levou Sakura para um dos quartos no fim do corredor.

– Aqui estamos. Como você concordou em não tentar escapar, pode circular livremente pela casa. Cure suas feridas.

O Uchiha deu as costas para ela e seguiu para o primeiro andar. Sakura girou a maçaneta, abrindo a porta, e entrou no quarto. Assim que a porta fechou atrás dela, a garota caiu de joelhos no chão.


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Eu passei o Halloween com o meu namorado no Rio, e voltei agorinha para Sampa. E vocês, o que fizeram de divertido? (GLOSSÁRIO. Engawa: faixa elevada de madeira, equivalente à varanda. Genkan: área de entrada onde se deve retirar os sapatos. Kotatsu: mesa baixa constituída por um aquecedor e cobertores grossos. Shōji: portas de deslizar feitas de madeira e preenchidas por um papel translúcido. Surippa: do inglês ''slipper'', são pantufas que devem ser usados dentro de casa. Tatame: tecido feito de palha entrelaçada, usado como revestimento para o piso.)


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