História Save Me - Prologo

—Eu não sei vocês, mas eu adoro o ar americano. - V comentou ajustando seu boné ao sair do avião, sorrindo para uma câmera ao lado e se virando para Jungkook, o maknae estava distraído em seu celular, mas assentiu com a cabeça, logo o guardando quando viu Jimin se aproximando para entrar na conversa.

—Eu gostaria de uma chance para ver Tony. - Jimin falou escondendo as mãos nos bolsos do casaco, começando a andar ao lado de seu dongsaeng.

—Isso pode ser uma boa ideia. - Namjoon falou antes que JK pudesse, deixando o maknae com a boca aberta, mas sem emitir qualquer som, coisa que arrancou uma pequena risada de Hoseok que foi abafada pela máscara branca que usava, ele estava bem ao lado de Tae. O moreno olhava distraído para sua play list, passando para cima e para baixo a procura de uma faixa específica no meio das músicas aleatórias, mas tinha prestado atenção na conversa.

—E você Hobi?

—Se eu gostaria de ver Tony? Claro. - Tae revirou os olhos e passou uma mão pelos ombros de seu hyung, resultando assim em uma grande rajada de clicks' das câmeras, não entendia, era sempre assim com qualquer um deles.

—Não hyung, se você gosta da América.

—Oh... Sim! - Ele exclamou daquele seu jeito entusiasmado que arrancou uma risada de V. — Não entendo por que não gostaria de qualquer lugar que vamos fazer algo, somos sempre muito bem recebidos pelos armys.

—Isso é verdade. - Jin quem falou antes que Tae pudesse, arrancando um verdadeiro rosnado do garoto que parecia tão bipolar, logo Yoongi desistiu de seus fones para se juntar à conversa também e o assunto continuou até o hotel. Taehyung sentia algo estranho, porém, como se olhares famintos os observasse e ele tentou procurar apenas com o olhar quem é que, por perto, poderia estar olhando-o assim, mas todos pareciam iguais. Fotógrafos, paparazzi e fãs, todos juntos olhando atentamente para eles, as vezes ele achava que era assustador.

Malas arrumadas nos quartos e banhos tomados todos esperavam - ou tentavam esperar - pacientemente pelo prato de Jin, vendo qualquer coisa na TV ou mexendo no celular, balbuciando alguma música aleatória ou conversando. As câmeras não estavam ali agora e eles podiam dizer que não tinha outro momento no qual poderiam se sentir mais confortáveis, jogados nos sofás, um por cima do outro com um carinho na cabeça aqui e outro ali. Tae, porém, ainda se sentia sendo observado, a mão se mexendo mesmo sem o seu comando nos cabelos escuros de Hoseok que deitava tranquilo com a cabeça em sua coxa. Ele decidiu ignorar essa sensação pelo bem de seus hyungs, não queria preocupa-los agora. O jantar saiu e logo eles foram para seus devidos quartos, cada um com seu parceiro.

O dia seguinte chegou mais rápido do que eles esperavam, tinham lido todo o compromisso que teriam ali, além de serem avisados pelo manager. Teriam um show as 22, uma entrevista às cinco e pela manhã ficariam encarregados dos ensaios, o dia seguinte eles teriam livre para descansar antes de voltarem para Seoul.

Tae tinha a impressão de que o dia se passou confuso, ainda mais com aquela insuportável sensação de estar sendo observado, já o deixava irritado e vagamente assustado, poderia ser sua imaginação, mas definitivamente se sentia observado. Estava pensando seriamente em comunicar o Staff em ter algo realmente errado acontecendo, mas desistiu quando pensou que não teria nada para provar seu ponto além da intuição. Ele falou para Namjoon, porém, e o líder prometeu ficar mais atento, fora isso nada de diferente aconteceu. Era sete horas quando eles foram para o local do show se preparar, brincando entre si, e principalmente o maknae que não media a força em devolver a "brincadeira".

Tae não sentia mais o olhar estranho a pelo menos uma hora, era estranho e ele não queria admitir, mas se sentia mais assustado que antes. No momento que todos se separaram para se vestir, também quando se juntaram para os maquiadores fazerem seu trabalho ele sentia um gosto ruim na boca, um mal estar no estômago, e quando viu que nem todos estavam ali um arrepio desconfortável subiu pela espinha, ele era sempre um dos primeiros.

—V, como ainda não começou a maquiar, vai chamar Hoseok antes que isso nos atrase. - Namjoon pediu sem olha-lo, uma das meninas arrumava seu cabelo e a outra maquiava seu rosto.

—Ok. - Não tinha o que falar realmente, ele admitia interiormente estar preocupado, pois a sensação tinha sumido quando eles se separaram e agora um, o mais energético e que tentava nunca se atrasar estava, bem, atrasado. — Hyung?

Nada, ele bateu na porta algumas vezes e nem uma resposta foi ouvida, Hoseok não era disso.

—Hyung espero realmente que já esteja vestido. - Ele tenta descontrair mas ainda assim não obteve resposta. Foi só agora que ele percebeu a porta meio aberta, e lentamente ele terminou de abrir, sentindo um arrepio percorrer sua espinha e suas mãos começarem a suar.

O camarim estava uma bagunça, com alguns produtos no chão, a roupa que era suposto para J-Hope vestir estava caída junto a seu celular e um pequeno pedaço de pano estampado que, tremendo, Tae pegou em sua mão. Estava molhado e tinha um cheiro forte, e em um momento ele já corria de volta aos outros, o pano balançando na mão, apertando tão forte que se surpreendia por não estar a se ferir.

—Pare de correr Tae, vai acabar derrubando alguém. - Jin repreendeu, mas ele não lhe deu atenção, parecia que tinha começado a ficar difícil respirar, seu coração batia muito rápido, sua respiração saía irregular e se sentia estupidamente cansado, para quem visse e não soubesse, acharia que ele tinha acabado de correr uma maratona, mas era apenas um ataque de pânico.

Jin estranhou seu desespero, assim como todos os outros que se aproximaram para saber o que tinha acontecido, tentando ajuda-lo de alguma forma, não sabendo que isso o deixou apenas mais apreensivo.

Alguns staffs vieram em seu socorro quando o viram colocar as mãos no joelho, trêmulo, tentando respirar, mas apenas o deixou mais sufocado. Ele tinha que se concentrar, não podia entrar em pânico, eles ainda poderiam ter uma chance.

—Hobi hyung desapareceu.

Alguns seguranças se entreolharam e correram, Namjoon estava sério, se agachando na frente de seu dongsaeng e colocando as mãos em seus ombros, o forçando a olhar para ele.

—Eu juro que se você estiver brincando...

—Isso não é uma brincadeira! - Ele se empurrou para longe de seu hyung, alarmado, ele poderia gostar de brincar, mas isso era uma coisa séria. Ele tinha que se acalmar, ele tinha que respirar, ele estava entrando em pânico. — As roupas dele ainda estão lá e eu encontrei isso! - Namjoon puxou o pano, não vendo nada demais de início, mas quando sentiu que estava úmido e tentou sentir o cheiro um outro segurança puxou a flanela antes que ele pudesse.

—Não. - Ele cheirou de longe, suas feições se contorcendo em assombro logo após isso. — Isso é clorofórmio, é perigoso, você cheirou isso? - O homem perguntou a V e ele assentiu desnorteado. — Alguém pegue um cobertor para ele, você precisa se sentar. Nós vamos cuidar de tudo.

Foi Jimin quem puxou seu casaco para colocar em cima do amigo, seguido por Jungkook que meio atordoado imitou seu hyung antes de Tae ser puxado por Jin para uma cadeira.

—Eu sabia que tinha alguma coisa errada quando eu não estava mais sentindo aquela sensação... - Ele resmungou escondendo o rosto nas mãos e apoiando os cotovelos nos joelhos.

—Que sensação? - Jin pediu olhando para V, mas foi Namjoon quem chamou sua atenção, chutando o chão e praguejando baixinho, escondendo os olhos com uma mão trêmula. — Que sensação Namjoon?

—Taehyung estava se sentindo observado desde que chegamos aqui.

—Bom, isso é normal, não é? - Jungkook pediu baixinho, recebendo um olhar triste de Jimin.

—Era diferente... - V quem conseguiu falar. — Eu pensei que o olhar era para mim, só eu notei, eu não achei que ele iria atrás do Hobi...

Tae segurava seus cabelos, se sentia culpado, devia ter alertado a todos que algo poderia dar errado, que alguém poderia ameaçar seus hyungs e dongsaeng, isso estava o matando por dentro até ele sentir duas mãos em seus ombros. Era Yoongi.

—Não é culpa sua. - Foi a única coisa que ele disse e Tae já sentia seus olhos arderem. Ele abaixou a cabeça e concordou para que esse assunto específico não continuasse, ele tinha sua certeza de que sim, isso era sua culpa. Tae estava quase se levantando para procurar Hoseok por ele mesmo quando o produtor apareceu na frente deles, um olhar triste e um celular na mão.

—Nós já iniciamos todos os movimentos para encontrar J-Hope, eu estou muito infeliz que isso tenha acontecido, nosso contrato aqui na América está em extremo risco com esse acontecimento, mas não podemos cancelar o show agora, então por favor, terminem de se arrumar, eu irei remarcar os compromissos menores após isso e voltaremos para Seoul. - O Kim tinha a boca aberta em descrença. Eles não podiam fazer um show! Ele não podia! Ele estava triste e com raiva e muito agitado para prestar atenção em cantar e dançar, e principalmente voltar para a Coreia do Sul sem Hoseok.

—Você quer que a gente-

—Sim senhor. - Namjoon o cortou, lançando um olhar para seu dongsaeng para que ficasse quieto e então para seu produtor. — Entendemos que é impossível cancelar esse tipo de evento tão em cima da hora, nós faremos o show, porém gostaríamos de ficar até encontrar Hope.

—Mas-

—E eu quero acompanhar as buscas. - Tae cortou o produtor antes que ele pudesse continuar. Resultando em um olhar feio de Jin, mas seu hyung ainda assim não disse nada.

—Acho que todos nós. — Jimin quem falou, recebendo acenos coletivos. O homem mais velho olhou para eles, querendo protestar de todas as formas, mas deveria se concentrar neste pequeno problema depois, ele tinha um idol para encontrar e um show para começar.

—Certo. Terminem de se arrumar. Digam aos armys que Hoseok teve um acidente antes do show e não pode comparecer, não vamos desencadear nenhuma preocupação em massa ainda. - Seu celular tocava incessantemente e o som já começava a irritar a todos os meninos.

—Certo. - Namjoon concordou e pedindo licença o homem se afastou enquanto atendia o celular. Tae entregou o casaco de Jimin e JK, não saindo de seu lugar enquanto uma maquiadora com um olhar triste vinha em sua direção. Aquilo era um pesadelo horrível.

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Quando as luzes do palco se ascenderam todos os armys gritaram no topo de seus pulmões, as lanternas levantadas sendo agitadas freneticamente por um tempo, os cartazes escritos com tanto carinho para todos eles, incluindo o Jung sumido fez o coração dos membros se apertarem. Os meninos ficaram em silêncio, esperando a euforia inicial acabar para começarem a explicar.

Era uma desculpa, mas era o que eles podiam dizer no momento, Era um dia feliz para seus fãs, eles não queriam deixa-lo tão triste quanto estavam no momento. Quando eles não fizeram nenhum movimento para começar o show os fãs pararam, notando o que estava acontecendo de errado, mas foi quando uma fã perguntou alto onde estava "The Hope"¹ que Jimin e JK se esforçaram para não deixar as lágrimas caírem, a hyung line e Tae abaixaram a cabeça para não mostrarem sua fraqueza. Namjoon puxou uma respiração instável e falou em seu inglês fluente para que todos o entendesse.

—J-Hope sofreu um acidente um pouco antes do Show e não vai poder se apresentar hoje, não é nada grave então não se preocupem, ele sente muito não estar aqui com vocês. - Eles ouviram todas os fãs falando entre si antes de gritarem bem alto um desejo de melhoras para Hoseok, e nenhum membro conseguiu se segurar mais, se curvando tanto em agradecimento quanto para esconder as lágrimas que picavam seus olhos mesmo que não tenham deixado nenhuma cair de verdade.

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Jung não sabia se o que o acordou era o frio que sentia ou a dor insuportável na cabeça. Não sabia também se era pela pressão em seus pulsos ou pelas vozes tão conhecida soando tão longe, tão errado. Tinha algo definitivamente errado.

Ele tentou abrir os olhos, ignorando as pontadas de dor na cabeça, tinha que saber o que havia acontecido, não queria deixar seus hyungs e dongsaengs preocupados caso tivesse desmaiado antes do show, mas parecia estar sendo impossível enxergar mesmo com os olhos abertos, estava tudo escuro, e desconfortável demais para ser o camarim ou o hotel, ele estava começando a ficar com medo e quase agradeceu quando o som de uma porta se abrindo se fez presente às suas costas, mas o pânico voltou com força total quando viu ser impossível se virar para saber quem era, estava preso, com os pulsos amarrados para trás e as pernas presas nos pés da cadeira.

Seria outra brincadeira? Como fizeram a primeira vez que vieram à América? Se sim, eles realmente pegaram pesado dessa vez e ia conversar seriamente com seu produtor sobre isso.

—Oh, está acordado? O efeito passou rápido, não é? O show ainda está acontecendo, sabia?

—Quem... - Ele parou, buscando no fundo de sua mente confusa seu inglês. — Quem é você?

—Quem sou eu? Isso me magoa Hobie! Sou eu, Peyton! Você disse que me amava, lembra?