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História Save Me - Capítulo 1 - Cativeiro


Escrita por: BunBunny

Notas do Autor


Eu postei o prólogo em um péssimo dia e em uma péssima hora XD
Até pensei em repostar, porém achei seriamente que seria um desrespeito a quem já tinha favoritado, então decidi deixar do jeito que estava...
Mais uma vez, deem uma chance a essa fanfic, ok?
Obrigado mais uma vez à @Sweevil por tudo e pelo apoio, as dicas e tudo <3
Não se intimidem pelo capítulo grande XD juro que vale a pena :)
Boa leitura~

Capítulo 2 - Capítulo 1 - Cativeiro


Aquilo era um pesadelo, precisava ser. Não se lembrava de dizer a alguém que o ama, nesse sentido ao menos, desde o ensino médio quando a menina que amava decidiu troca-lo por outro.

O homem na sua frente, porém, nunca viu em todos os seus vinte anos de vida, o que ele queria dizer sobre ter dito ama-lo? Era insanamente impossível.

Esse, porém, era o seu menor problema agora, estava começando a se lembrar do que aconteceu e uma vontade absurda de querer se afastar daquele homem tomou conta de seu corpo trêmulo, saber que era impossível amarrado do jeito que estava fazia o medo crescer em seu interior e seus olhos começarem a arder. Por que ele? Não que desejasse isso a qualquer outro, e internamente, bem lá no fundo, agradecia ter sido ele ao invés de algum de seus saengs, mas apenas saber que isso, essa cena de filme dramático ou dorama policial que Jin – e ele – gostava de ver aconteceu com ele era quase surreal.

Lembrava-se de entrar no camarim para se trocar, tirou o casaco e estava prestes a tirar a blusa também quando alguém entrou. Nem se importou em virar, era provavelmente Tae ou Jimin com alguma travessura.

—Tae acho melhor você dar meia volta e ir se trocar. - Nenhum som, reclamação ou qualquer coisa que pudesse denunciar sua frustração. Ele se virou para perguntar se tinha algo errado e foi nesse momento que ele viu. Alto, do mesmo tamanho ou provavelmente maior que seu líder, cabelos escondidos por baixo de um boné vermelho surrado escrito BTS.

Hoseok se afastou, as roupas caindo no chão pelo seu susto, forçando um sorriso no rosto.

—Você é um army? - Pediu meio desnorteado. Ele normalmente não é uma pessoa medrosa a esse ponto, mas sentia um arrepio em apenas olhar nos seus olhos castanhos. Ele tinha que alcançar seu celular. — Terá um high five amanhã, você sabia? - Mentiu, mas se sentia estranhamente assustado na presença dele. Seus olhos desviaram para a mesa por apenas dois segundos e foi o suficiente para o homem se aproximar, forçando um pano em seu rosto e enlaçando seu pescoço. Tentou gritar, sentiu seus olhos picarem, estava com medo, estava assustado, queria seus amigos, sua mãe, mas tudo começava a ficar cada vez mais escuro.

—Por que você fez isso comigo? - Pediu, ele tentou deixar sua voz o mais normal possível, mas ela saiu chorosa e assustada tanto quanto ele estava. Ele sabia que existiam vários motivos para uma pessoa sequestrar alguém famoso, e todos eles eram assustadores demais para se pensar.

—Inicialmente não era com você, entende? Mas Taehyung estava inalcançável. - J-Hope estremeceu com a ideia desse louco se aproximando de seu saeng. Sabia que V era uma pessoa forte, talvez bem mais que ele, mas imaginar o menino ali no seu lugar era assustador. — Ele sempre estava com alguém, então mudei meu alvo. Eu vi quando vocês se separaram para se trocar e ainda assim TaeTae não estava sozinho, você por outro lado...

—Mas por que? - Sua voz saía tremida com o frio e o medo. Medo esse que apenas aumentou quando o pequeno sorriso sempre presente em sua face desapareceu e suas mãos se estenderam para toca-lo, o Jung tentou se afastar, mas quando viu ser impossível ele fechou os olhos e virou o rosto.

Os dedos que tocaram seu queixo foram gentis por dois segundos, de repente ele foi segurado com força e violentamente puxado para que ficasse de frente para ele mesmo que não o visse.

—Abra os olhos. - Não era um pedido, uma ordem direta é o que foi dito, mas ainda assim ele não queria fazer. O silêncio era quebrado apenas por sua respiração acelerada e a voz de Jimin no fundo, muito pequena para entender, mas tendo noção de que cantavam Danger agora. A mão em sua mandíbula apertou ainda mais e ele se ouvir gemer de dor. — Abra os olhos, agora.

E ele fez muito lentamente, um olho e depois o outro, se segurando muito para não deixar as lágrimas rolarem, ele queria tanto, talvez dormir e acordar para saber que isso era apenas um pesadelo muito real, ele iria acordar no camarim com uma brincadeira de Tae, certo? Então JK viria lhe entregar alguns salgadinhos que ele aceitaria com prazer. Depois Jimin iria perguntar se ele estava bem e Namjoon o ajudaria a ir de volta para o hotel, Jin iria fazer alguma refeição deliciosa e Yoongi se sentaria com ele para falar sobre coisas aleatórias. Sim, seus hyungs e saengs iriam tira-lo desse pesadelo...

—Muito bem, bom menino. - Sua outra mão foi para a cabeça do Jung, fazendo carinho em seus cabelos e o deixando travado ali, onde até respirar se tornou algo quase impossível. — Eu sou seu hyung, sabia? Ah claro que não. Mas agora sabe e gostaria que me tratasse com mais respeito, entendido?

Hoseok teve uma pequena vontade de falar que ele perdeu todo o seu respeito no momento que entrou em seu camarim sem permissão. Mas tinha medo do que poderia acontecer caso o fizesse, então apenas fez que sim com a cabeça.

—Eu quero ouvir sua voz. - Ele apertou com mais força e já sentia a dormência começando a lhe provocar mais dor.

—Entendi, hyung! - Ele falava quase desesperado. Querendo bater os pés com a dor e se empurrar para longe daquele homem, mas ele não podia, e Peyton não parava, ele já sentia as bochechas molhadas e os olhos arderem, mas o aperto em seu maxilar não cedia. — Para, por favor hyung...

—Ótimo. - E ele soltou, o sorriso não se afastando mais de seu rosto tão erradamente bonito. — Você quer assistir ao show? Ainda está na metade. Será que eles já notaram que você não está lá?

O Jung ficou em silêncio.

—Responda. - Foi a única palavra que saiu de sua boca e seu tom venenoso fez arrepios subirem pela espinha de Hoseok.

—Eu não sei... - Ele sabia que sim, deveriam começar a procura-lo após o show, por mais desesperados que pudessem estas, não desistiriam do show. Peyton lançou um olhar nele. Analisando-o, e muito timidamente Hoseok terminou a frase. — Eu não sei hyung...

Peyton sorriu e Hoseok estremeceu, querendo desviar o olhar ao mesmo tempo que tinha medo de fazê-lo, sua boca doía, e ele não sabia se iria aguentar aquilo outra vez tão rápido. Ele voltou a se aproximar, dessa vez indo para trás do Jung e segurando suas mãos, o atrito da corda em seus pulsos doloridos o fazendo gemer e soluçar, o toque dos dedos quentes em sua pele fria deveriam dar algum alívio, mas apenas provocou um arrepio desagradável na espinha.

—Eu vou te soltar Hobi, e você vai ver o show comigo, ok? Se você tentar fugir, terá uma punição, se você tentar gritar por ajuda, terá outra punição, tudo o que você fizer sem a minha permissão irá resultar em uma punição, entendido? - Hoseok balançou a cabeça rápido, as lágrimas deixando um gosto salgado na boca. Ele não viu, não dava pela posição que estava, mas Peyton perdeu seu sorriso mais uma vez, e para expressar seu desagrado o homem apertou as cordas que prendiam suas mãos, causando os gritos de dor do Jung.

—Sim! Eu entendi! Para de me machucar por favor! - As palavras saíam emboladas entre os gritos e ele se debatia na cadeira, jogando a cabeça para trás. O pensamento de "vai quebrar!" se repetindo mais e mais em sua mente confusa de dor.

—Lembre-se em sempre responder com a sua voz. - Ele puxou as cordas uma última vez e Hoseok gritou, choramingando e estremecendo quando ele finalmente resolveu começar a solta-lo, quase cometendo o mesmo erro novamente de balançar a cabeça em afirmação.

—Sim... Me desculpe hyung...

—Muito bem. - As cordas se afrouxaram e ele puxou os pulsos se encolhendo na cadeira agarrado a eles, sentindo a carne esfolada pelo material bruto picando em alguns pontos com a pele levantada e avermelhada, e no momento que sentiu seus pés ficarem livres ele pulou da cadeira, se encolhendo em um canto do quarto enquanto deixava as lágrimas quentes fazerem carinho em suas bochechas já rosadas pelo choro. Ele forçou uma espiada por cima do ombro e viu Peyton vindo em sua direção, tentando se encolher mais, mas conscientemente encarando-o, não querendo ganhar nenhum de seus toques uma vez mais, mas sabendo que se continuasse ali seria inevitável. Ele não podia se ajudar, o medo começava a tomar conta de seu corpo. — Levante-se, ou não poderemos ver o show Hobi.

—Eu não... eu não quero ver, por favor hyung. - Ele tinha noção de que sua voz saía tremida e soluçada, mas isso parecia não afetar o homem, pelo contrário, parecia deixa-lo mais confortável ainda. Peyton o encarava crítico, como se ele fosse um prato chique que deveria ser comido agora ou mais tarde, talvez os dois, e tomando sua decisão ele agarrou o braço fino, levantando-o em apenas um puxão que o fez gritar, tanto de susto quanto dor.

—Não, você vai ver comigo. Já está no final, certo?

—Sim...?

—Isso, vamos, o melhor fica sempre para o final. Eles vão começar I Need U agora! - Sua animação infantil não combinava com o homem que Hoseok tinha acabado de ser forçado a conhecer, pensou vagamente se Peyton tinha transtorno de personalidade múltipla enquanto era arrastado para fora daquele lugar, notando ser um porão onde ele o manteve até agora, as escadas davam para um corredor longo que se seguia para suas esquerda e direita, e bem de frente para ele havia uma entrada para a sala onde a TV ligada mostrava seus amigos cantando Boys In Luv, ele pensou que nunca quis tanto poder entrar na televisão.

A sala era pequena e ele se viu olhando em volta, não tinha quadros com fotos dele, apenas coisas abstratas em preto e vermelho, também não tinha muitas decorações, uma poltrona, um raque com a TV grande em cima uma mesa com um minúsculo vaso de margaridas - tão bonitas que pareciam ter acabado de serem colhidas - em cima e só, tudo parecendo impecavelmente limpo, quase tinha medo de pisar no chão brilhante. Um pensamento irônico de que Peyton tinha limpado tudo para recebê-lo cruzou sua mente e ele quis rir da sua própria miséria.  Quando terminou toda a sua análise e pensamentos desnecessários, Boys In Luv já estava quase acabando.

—Sente-se de uma vez. — Peyton falou, o que provocou em um pequeno pulo dele, nem percebendo que o homem já estava sentado na poltrona, bem relaxado enquanto olhava para o show. Olhando para o chão em volta ele procurou um espaço que poderia se sentar, e percebendo isso Peyton agarrou sua mão, impedindo-o de se abaixar. — Não no chão.

—Onde então? - Pediu baixinho e ele sorriu, soltando-o e batendo nas próprias coxas, indicando o lugar para ele se sentar. Hoseok não queria, não que fosse algo que se importasse em fazer, fazia isso com seus hyungs e saengs tanto quanto eles faziam consigo, mas pensar em ficar tão próximo de Peyton fazia seu coração acelerar de forma nada agradável, e os olhos encherem ainda mais com a ideia de que ele teria que fazer isso por conta própria. Peyton o olhava impaciente agora, I Need U já havia começado e ele não podia enrolar mais ali de pé. Lentamente e com temor ele se aproximou, vendo o homem sorrir e juntar as pernas para que ele se sentasse.

Não era a verdade, mas se sentia como se estivesse se sentando em vidro por toda a sua cautela, e quando percebeu isso, com uma bufada Peyton o agarrou, puxando-o para seu colo e abraçando sua cintura, cantarolando a parte de Yoongi baixinho. Hoseok quase não conseguia respirar, não por qualquer pressão em seu peito, ou por algo obstruindo sua respiração, apenas o desconforto de estar ali sentado no colo daquele desconhecido era o suficiente para que quisesse enfim acordar desse pesadelo, mas ver seus amigos performando sem ele na TV era o suficiente para ele saber que aquilo ali era real, que ele havia sido levado por um psicopata com transtorno bipolar que o fez se sentar em seu colo e agora arrastava os dedos em seu quadril, como se fizesse carinho em um gato grande. Quando sua parte da música chegou e o playback tomou o seu lugar ele sentiu mais uma lágrima descendo, grossa e cheia de água salgada, pensava que ele deveria estar lá.

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Quando o encerramento acabou os meninos já corriam de volta para seu produtor, o manager estava sentado com a cabeça baixa e as mãos nos cabelos, como se uma dor de cabeça forte demais o tivesse atingido de repente e ele teve que se sentar. Mas quando ouviu os passos rápidos dos idols ele voltou a levanta-la, o celular agora quieto, provavelmente desligado pelo momento ficou esquecido ao seu lado na poltrona branca, e apenas pela sua expressão eles sabiam que a notícia não era boa, ainda assim a pergunta escapou da boca de Namjoon antes que ele pudesse se conter.

—Encontrou ele? Ou quem fez isso? - O Manager os olhava triste, negando com a cabeça e se levantando.

—Não o encontramos no prédio, nem no hotel ou em qualquer lugar perto, os policias falaram com o vigia da central de monitoramento do show, e viram os vídeos de quando ele-

—Eu quero ver. - Yoongi o interrompe, recebendo um olhar feio de Jin ao seu lado pela falta de respeito, mas antes que pudesse corrigi-lo os meninos já concordavam com ele. Sua própria vontade de saber, ver a pessoa que tivesse levado seu saeng era grande demais para ele se conter e se viu concordando com eles.

—Eu não posso meninos, a polícia já confiscou todos os vídeos. Vocês vão voltar para Seoul amanhã com Sejin, eu vou ficar para acompanhar o caso.

—Com todo o respeito, senhor. Mas não vamos sair daqui sem J-Hope. - Namjoon falou por todos, sabendo que eles concordariam consigo.

—Meninos... por favor.

—Sentimos muito, Hobeom hyung, mas acredito que não vamos poder fazer isso dessa vez. Hobi é muito importante para nós, não podemos apenas voltar e deixa-lo aqui. - Jin quem falou dessa vez, educadamente, interrompendo V antes que ele pudesse falar. Sabia que o saeng estava explodindo por dentro, não que todos eles não estivessem, mas Tae parecia mais perto de perder os escrúpulos que os outros, ele encontrou tudo, de qualquer maneira.

—Queremos acompanhar as buscas como Tae disse antes. - Yoongi anunciou se fazendo presente. - E concordo com Namjoon e Jin hyung, não podemos ir sem Hoseok.

Hobeom olhou sério para eles, entendia bem, esses meninos eram muito agarrados e protetores entre eles, ele imaginou que não conseguiria manda-los de volta para a Coreia sem ter que impor isso, e ele sinceramente não queria. Sabia como Jung Hoseok, assim como todos eles eram importantes um para o outro, e saber que um desapareceu, ou melhor, foi levado tão repentinamente assim, devia ser um choque para eles.

—Tudo bem vocês podem ficar, mas um terá que ir para representar o grupo. - Hobeom falou seriamente, era a verdade, tinha que ao menos um voltar para conversar com a produtora junto a Sejin, infelizmente, por mais trágica que seja a situação, eles não podiam ficar parados Deus sabe quanto tempo. Namjoon deu um passo à frente, como líder, já sentia ter falhado aquela noite com um dos seus. Ele tinha que ao menos representa-los longe, sabendo que todos estavam ansiosos para encontrar J-Hope.

—Eu vou. - Não foi a voz do líder que se fez ouvir. — Eu vou, mas quero acompanhar tudo mesmo de longe.

Suga exigiu, não era como se fosse impossível de qualquer maneira, era um pedido fácil, sem brechas para protestos, tanto de seus saengs, quanto do manager à sua frente.

—Tudo bem. Os seguranças vão acompanhar vocês até o hotel, você vai voltar para Seoul amanhã à noite, Yoongi. - O rosado concordou com a cabeça, todos se curvaram em agradecimento e respeito antes de se retirarem.

—Nós vamos ver esse vídeo. - Namjoon falou antes que o clima tenso se tornasse espesso demais.

—Como? - Jungkook pediu se aproximando do hyung sério.

—Só preciso de um computador. - Deu de ombros, não foi muito explicativo, mas eles tinham noção do que o prateado queria dizer. Tae mal conseguia se aguentar de ansiedade, seu silêncio nunca significava uma coisa boa.

A chegada no hotel foi tranquila, a caminhada do local até onde o carro os levaria de volta para a hospedagem foi triste, com armys chamando e perguntando onde estava Hoseok, se ele já estava bem, se elas ainda o veriam dessa vez. Eles queriam responder, mas a cabeça de todos eles se abaixou, o ânimo para mentir era apenas pequeno demais.

Mesmo sem trocar as roupas o grupo se sentava no sofá nos espaços possíveis, com Jin e Yoongi olhando por trás do líder, Tae de um lado, Jimin com Jungkook em seu colo do outro, olhando para a tela do notebook preto que Namjoon digitava tão ferozmente.

—Quando estávamos saindo eu vi que as câmeras de vigilância são IP, o que quer dizer que os dados do que ela gravou ainda estão armazenados no sistema wi fi da empresa organizadora do show. Eu só preciso hackear o sistema é vamos ter acesso aos vídeos.

—Isso não é ilegal? - Jin perguntou preocupado.

—Podem nos pegar por isso? - Jimin pediu interessado. Ele não se importava se era ilegal ou não, pelo menos não no momento.

—Sim e não. Eu estou mascarando o IP, dessa forma ninguém pode encontrar a pessoa que está hackeando a rede. - Namjoon comentou distraidamente, ele estava quase conseguindo achar o que queria. — Não se preocupe Jin, só vamos ver os vídeos de onde o Hobi estava antes de sumir. V, lembra-se quais horas eram quando foi procurar o Hobi?

—Não exatamente, nove e vinte, talvez? Coloca desde antes de irmos nos trocar, a roupa dele do show ainda estava dobrada lá.

—Certo. — Ele digitou um horário e na tela do computador apareceu três imagens diferentes, apenas o vídeo, sem som. Um do corredor, outro de frente para as portas dos camarins e um último para a saída, já se sentindo revoltado ao ver que apenas um guarda monitorava aquele local imenso. — Temos que esperar um pouco agora.

O ar que todos prendiam ansiosos foi solto e Jin sumiu para a cozinha, voltando logo com copos de bebidas para os mais velhos e chá para Jungkook, esperaram mais alguns minutos, vendo Hobi entrar no camarim com as roupas, a boca se mexendo como se cantarolando uma música, mexendo o corpo em uma dança desconhecida, completamente absorto, arrancando um sorriso triste de alguns meninos. E então algo finalmente chamou a atenção de todos.

Um homem alto de bom físico e roupas casuais conversava com o segurança animadamente, apertavam as mãos e pareciam rir de algo extremamente engraçado. Por fim ele entregou um grande bolo de dinheiro ao segurança, juntando as duas mãos na frente do rosto escondido pelo boné vermelho, como se estivesse fazendo um grande pedido, que Tae e Yoongi se pegaram pensando que não demoraria para ser um pedido de misericórdia. O guarda olhou para o dinheiro e recusou fracamente, a pequena esperança dos meninos se ascendeu, mas quando um segundo bolo, ligeiramente maior foi colocado na mão do homem ele sorriu, concordando, afastando-se do local logo em seguida.

A próxima cena foi de frente para o camarim, onde eles viram o homem entrar tentando fazer o menor barulho possível, então tudo ficou quieto, ninguém parecia conseguir respirar, as bebidas a muito eram esquecidas entre seus dedos, apenas esperando a próxima cena.

E quando a porta se abriu um pouquinho depois de alguns minutos faltava pouco para os meninos conseguirem entrar no computador de tão perto que estavam da tela. Mas não foi uma mão que terminou de abrir a madeira, o pé do homem a puxava lentamente e quando ele saiu Jungkook pulou do colo de Jimin, uma mão na boca e os olhos brilhando já com lágrimas, Yoongi foi outro que teve de desviar o olhar por alguns segundos. Ver seu saeng parecendo mole e indefeso nos braços daquele desconhecido era tão assustador quanto revoltante, seu sangue fervia e ele apenas teve que se afastar quando ele jogou Hoseok inconsciente por cima do ombro, como um boneco de pano pesado demais para se carregar do jeito funcional.

O homem olhou pelo corredor primeiramente, a procura de alguém que poderia impedir sua fuga, e quando não viu ninguém correu para o lado esquerdo. Ele trocou para o terceiro vídeo, a câmera da saída onde ele apareceu vagamente por um momento, e quando nada mais aconteceu por vários minutos eles estavam quase desistindo, abalados demais só com o que viram, mas então por fim eles viram passar um pouco ao longe um carro grande e vermelho, o único que passou ali desde que toda a gravação começou, o que rendeu bons quarenta minutos. Era ele.

Ninguém conseguia falar, ninguém conseguia respirar direito, estavam abalados demais para fazer qualquer outra coisa além de ficarem ali parados, processando tudo o que tinham acabado de ver, pelo menos até o primeiro soluço sair, a cabeça de todos se virou para trás, mas tudo o que viram foi Jin já a poucos passos do quarto, onde ele entrou e fechou a porta. Depois disso foi um atrás do outro, sobrando por fim Taehyung e Namjoon no sofá, repassando as cenas para saber se não perderam nada, qualquer coisa, cada pequena característica que poderia ajudá-los.

—Temos que encontrar esse segurança. - Namjoon falou pausando o vídeo e apontando um dedo trêmulo para o monitor, bem no homem que segurava os dois bolos de dinheiro nas mãos e sorria. Tae concordou com a cabeça, não olhando para seu hyung, mas para as feições do homem negro na tela. — Ele pode ter sido o único que conseguiu ver quem é o sequestrador. Não podemos falar isso com a polícia, isso que estamos fazendo de todas as formas é ilegal, então vamos ter que agir por nós mesmos por enquanto.

—Como? Vamos estar sendo monitorados praticamente o dia inteiro a partir de agora. - Tae falou frustrado finalmente desviando seu olhar da tela, fitando o teto por alguns segundos antes de esconder o rosto nas mãos. Espiando o líder pelos dedos quando o ouviu suspirar.

—Do mesmo jeito que esse cara fez para chegar até Hobi. Suborno.

No café da manhã do dia seguinte o clima tenso ainda continuava, Jimin, Jungkook e Jin tinham olhos vermelhos, Yoongi, Namjoon e Tae olheiras. Estavam todos péssimos, a noite não foi bem dormida para ninguém, não que alguém tenha ao menos conseguido pregar os olhos. V se lembrava de uma brincadeira que fez com seu hyung uma vez, sobre o que ele faria se visse J-Hope desmaiar, ele não deveria ter brincado com isso, a cena da noite anterior - se é que pode chamar duas da manhã de dia anterior - o fez ter vertigens, parecia tão errado vê-lo daquela forma, tão parado e parecendo sem vida... Pensar nisso lhe dava arrepios, seu hyung estava vivo, eles o encontrariam e ele ficaria bem de novo. Jin fez o café como normalmente gostava de fazer para se distrair, mas não com o sorriso que parecia tomar conta de seu rosto ao menos enquanto cozinhava, foi o que Namjoon percebeu quando se levantou e já viu o moreno de pé na frente do fogão, olhou as horas e viu que eram 6:50, se a maioria dos alimentos já estavam em cima da mesa Namjoon se perguntou a quanto tempo ele estava ali, fungando e cozinhando. Ele se aproximou do amigo, o abraçando por trás e vendo-o pular com o susto, não tinha notado o líder ali, mas quando percebeu ser apenas o prateado ele relaxou, deixando o saeng apoiar o queixo em seu ombro, olhando para a parede ao invés de tentar ver seus olhos, agradecendo muito por isso internamente.

—A quanto tempo está acordado? - Namjoon pediu apertando a cintura fina de Seokjin, subindo e descendo com ternura. Adorava o tempo que tinham sozinhos, sem crianças enxeridas querendo saber se eles tinham realmente algo ou não. O prateado beijava o ombro descoberto, subindo a manga da blusa logo depois para esconder a pequena marquinha que havia deixado ali, não iria ficar por muito tempo de qualquer forma.

—Eu não dormi. - Jin anunciou com uma risada derrotada e sem qualquer humor. — Eu não consegui, fiquei imaginando o que aquele homem pode estar fazendo a ele agora Namjoon... Hobi tem tanto medo de tudo, ele deve estar chorando tanto...

Você, Jin, é quem está chorando agora, não faça isso, nós vamos encontrá-lo. - Ele beijou a bochecha do outro limpando as lágrimas daquele lado, depois do outro. — Eu já sei o que precisamos fazer, ok? Vamos esperar os outros acordarem, eu planejei tudo com Tae ontem.

Então ali eles estavam, todos sentados à mesa, comendo silenciosamente seu café da manhã, a cara de enterro de todos o desanimava, exceto Taehyung, era o único que parecia começar a dar forças a Namjoon falar.

—Eu e V conversamos sobre tudo o que encontramos nos vídeos. Pequenas características e coisas que podem nos ajudar a encontrar o hyung. Como o que fizemos ontem infelizmente é ilegal - Ele recebeu um olhar feio de Jin, mas como este não disse nada, ele continuou. — Teremos que fazer tudo por nossa conta.

—Tudo o que? - Yoongi pediu colocando um pedaço de torrada na boca, sutilmente levantando um dedo polegar para Jin pela refeição.

—Primeiro encontrar o guarda subornado. Eu liguei para Hobeom hyung ontem, perguntando se não tinha nenhum segurança no local quando aconteceu. Ele disse que havia um, o que vimos no vídeo, mas ele desapareceu.

—Como assim desapareceu? - JK parou o pão a caminho da boca, colocando-a de volta à mesa para prestar melhor atenção.

—Ele abandonou o posto quando descobriu que Seok hyung sumiu, depois disso ninguém o viu mais. Eu perguntei se ninguém pensou em procura-lo em casa e Hobeom hyung anunciou que a polícia não pode fazer nada antes de ao menos 24 horas.

—O que? - O grito inconformado veio de todos, exceto V que estava no local quando Namjoon conversava com o manager

—Aparentemente eles estão esperando o sequestrador entrar em contanto pedindo uma recompensa. O certo seria esperar 48 horas, mas conseguiram fazer com que encurtassem esse tempo. Ainda assim eles não vão fazer muita coisa antes desse tempo passar. - Namjoon explicou, a raiva não sendo disfarçada em sua voz calma.

—E nós podemos fazer o quê? - Jimin pediu — Aquele segurança pode ter visto que fez merda e fugiu. Covarde. - Era impossível não ver sua raiva, batendo com certa força a xícara na mesa, desistindo de seu café e cruzando os braços na frente do corpo.

—Foi exatamente isso que ele fez. Eu busquei ontem o nome de todos que faziam a segurança do show, parece que seu nome é Norman Cooper e mora em um apartamento no centro.

—Rapmon hyung descobriu até o passado do cara ontem. - Tae comentou parecendo o único animado ali. — CPF e até onde nasceu. Nós estávamos pensando em tentar encontrá-lo hoje.

—Como? - Jimin pediu com uma risada seca que fez o sangue de Tae ferver. — Como acha que podemos sequer sair daqui enquanto estamos sendo vigiados 24 horas por dia?

—Por que você está assim, hein? Ficou putinho porque não teve seu sono da beleza? – Tae falou antes que Namjoon pudesse responder.

—Não! Eu estou "putinho" porque isso tudo aconteceu bem debaixo de nossos narizes! Nós fizemos a droga de um show ao invés de procurarmos por ele! Nem podemos ficar todos aqui! Você parece tão animado, como se realmente acreditasse que iremos encontrar o hyung na esquina mesmo depois de tudo o que vimos ontem e isso me irrita! - Jimin bufava e chorava ao mesmo tempo, usando a manga do casaco para tirar as lágrimas, notando só agora o que tinha falado para seu amigo. Ele estava apenas tão animado, era injusto, seu hyung não estava ali, fora levado mesmo estando tão perto deles, estava irritado e frustrado e se sentindo culpado, ele sabia que não devia ter descontado essa raiva em V, mas não conseguia evitar.

Taehyung estava vermelho de raiva, não só pelo que Jimin falou, mas porque sabia que ele estava certo. Ele realmente tinha esperança de que fosse encontrar Hoseok facilmente, ele queria ter essa esperança, e por isso se sentia animado, ansioso, confiante. Por fora. Por dentro mesmo ele queria chorar, gritar com alguém sem se importar se devia ser respeitoso ou não, socar alguma coisa para descontar sua raiva, mas não conseguia fazer isso com nenhum de seus amigos. Antes. Suas mãos já se apertavam, mas ele não pôde fazer nada quando sentiu Yoongi segurar seu braço e o puxar para longe de Jimin ao mesmo tempo que o maknae segurava o hyung menor, mesmo que ele não ameaçasse bater em V também.

—Já chega! - Yoongi puxou Taehyung para longe do outro menino, vendo que esse ainda bufava de raiva o empurrou mais uma vez, finalmente chamando sua atenção. — Estão loucos? — Yoongi olhava dele para Jimin. — Ninguém aqui está animado com nada Jimin, estamos todos com raiva tanto quanto você, e ansiosos tanto quanto o Kim.

—Mas-

—Silêncio, Taehyung! - Jin falou e recebeu um olhar sutil agradecido de Yoongi.

—Vocês não são mais as crianças que eram a dois anos atrás então ajam como os adultos que se tornaram.

—Foi ele quem começou hyung! - Jimin falou irritado, se soltando de Jungkook com certa violência, recebendo um olhar feio do maknae.

—Foda-se! Você é o hyung, não devia ter continuado vendo que daria merda. - Jimin abaixou a cabeça, derrotado. — Eu entendo que tenha perdido a cabeça, todo mundo está irritado, mas isso não nos dá o direito de começar a gritar com o primeiro que lançar uma provocação infantil.

Yoongi terminou fitando V que tinha relaxado um pouco depois de todo o sermão, não conseguindo olhar para nenhum dos meninos depois da pequena explosão.

—Estão arrependidos? - Yoongi perguntou, olhando de um para o outro, mas nem Tae nem Jimin se manifestaram, olhando para o piso sem graça debaixo de seus pés como se fosse a coisa mais interessante do mundo, envergonhados e orgulhosos demais para pedir desculpas. Yoongi bufou, xingando baixinho e puxando o celular de seu bolso, digitando o que parecia números. Todos olhavam para ele sem entender a súbita mudança de atitude.

—Hyung? - JK chamou cauteloso.

—Hm?

—Para quem está ligando?

—Hobeom hyung, vou pedir mais duas passagens. Se as crianças não conseguem se entender comigo aqui, quando eu me for será ainda pior, então vou leva-las comigo.

—O que? Não! - Tae e Jimin gritaram ao mesmo tempo. Olhando um para o outro em pânico até Jimin continuar. — Eu estou arrependido, ok hyung? Eu não devia ter falado assim, sinto muito V.

—Tudo bem, eu... me desculpe também, eu não deveria ter provocado você. — Os dois estavam envergonhados e olhavam para o chão, ao invés de um ao outro, mas foi o suficiente para Yoongi terminar sua chamada falsa e colocar o telefone de volta no bolso.

—Ótimo, agora sentem, tomem o café delicioso que Jin hyung fez e calem a boca, Namjoon não terminou de falar. - Eles assentiram com a cabeça e voltaram a se sentar no mesmo lugar de antes, recebendo um dedão positivo de Jin e Rapmon que sorriam agradecidos. JK quis rir por um breve momento.

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Hoseok acordou desorientado, tinha tido um pesadelo estranho onde era sequestrado por um psicopata com síndrome de personalidade múltipla. Sentou-se desnorteado da cama, estranhando não sentir o peso familiar de Tae e Jimin ao seu lado, os saengs tinham costume de dormir na mesma cama com ele quando estavam em viagem. Isso o deixava feliz internamente, gostava da companhia deles para dormir, ainda mais quando tinha pesadelos, mas dessa vez parece que eles acordaram mais cedo.

Levou as mãos ao rosto para esfregar os olhos e se assustou com a dor repentina que sentiu em seus pulsos, não se lembrava de ter se machucado em qualquer lugar, pode ter acontecido enquanto estava dormindo? O Jung sabia que tinha um sono pesado, mas a ponto de se machucar e não sentir era quase assustador. Foi apenas quando tentou bocejar e sua mandíbula doeu que ele teve a terrível realização de que não tinha sido um pesadelo.

Seus olhos abriram, arregalados, ou assim ele pensava. Estava tudo tão escuro que não tinha certeza se havia conseguido abrir os olhos ou não. Não se lembrava de ter dormido também, nem se conseguiria dormir tão perto daquele psicopata. Então o que faria ali?

Não importa, não agora. Ele precisava saber se iria sair dali, lembra-se que normalmente, quando se sequestra alguém famoso - por mais que tenham se tornado famosos a pouco tempo - se pede uma recompensa. Quanto ele valia aos olhos de Peyton?

Seus pensamentos foram interrompidos pelo som de passos lentos que produziam eco no silêncio absoluto do quarto. Certo pânico começou a tomar conta do Jung, este que voltou a se deitar na cama, os olhos fechados, tentando fazer sua melhor atuação de sono.

Ouviu a porta se abrir, a claridade tirar um pouco da escuridão assustadora, mas mesmo assim o Jung não se moveu, não abriu os olhos, mau respirou. Ele estava tão imóvel que para qualquer um que o visse de longe acreditaria que ele estaria morto. Ele sentiu quando Peyton se sentou na beirada do colchão, puxando um pouco das cobertas sobre seu corpo, sentindo seus dedos roçarem em sua pele, acariciando seu rosto e cabelos de modo sujo, descendo para seu pescoço onde teve que usar de toda a força para não tentar pular para longe, não chorar ou gemer ou ter qualquer reação.

—Merda... — Ouviu o homem dizer, descendo seus dedos por seu peito enquanto se inclinava sobre o corpo menor, roçando seu nariz gelado na curva de seu pescoço. — Parece que eu exagerei ontem. — Murmurava ainda sem se afastar de Hoseok que se via num momento difícil em tentar fingir o sono, querendo desesperadamente entender o que ele queria dizer em ter "exagerado". Tinha vários possíveis casos onde ele poderia ter exagerado no dia anterior, sequestra-lo era um ótimo primeiro exemplo de uma extensa lista. — Vou ter que dar uma dosagem menor mais tarde.

Então o Jung se lembrou, melhor, entendeu o que ele quis dizer com exagero. Eles estavam ainda sentados na poltrona, mesmo depois do encerramento do show. Hoseok não conseguia controlar seu tremor e lágrimas, sentindo-se pior a cada ligeiro toque, querendo se afastar dos dedos que faziam o que, por qualquer um de seus amigos, seria um carinho gostoso, mas que ali só parecia errado, ele se sentia sujo e nauseado, queria vomitar com aquela aproximação, e não conseguiu evitar quando sentiu os dedos de Peyton tentarem uma coisa diferente. Descendo um pouco mais apenas para levantar a barra da camisa. Subindo lentamente os dedos ásperos na pele sensível, foi o suficiente para ele decidir pular para longe ao mesmo tempo que tudo o que tinha comido no dia voltasse por sua garganta.

Ele tem que se acalmar, iria ficar tudo bem, seus amigos viriam, a polícia, seus pais, qualquer um, tinha que vir ajuda-lo.

—Tsc, tsc... olha só o que você fez. - Peyton falou e o corpo do Jung congelou no lugar, os olhos arregalados, imaginando o que o homem faria depois desse pequeno ataque, pulando de leve a cada passo dele em sua direção, querendo desesperadamente fechar os olhos, mas o medo de ele machuca-lo de novo era muito grande. — Você acha que isso foi bonito?

—Não hyung... - Ele tentava desesperadamente não gaguejar desde que Peyton quase quebrou seu braço, mas estava começando a se provar uma coisa quase impossível com todo o medo que sentia.

—Não, muito bem. - Ele se abaixou ao lado de Hoseok, passando a mãos em sua cabeça como se fosse um animal que acabou de aprender um truque novo. — Como você foi um bom menino dessa vez, eu vou trazer um remédio pra você. Eu vou na cozinha, você terá uma punição se tentar qualquer coisa, lembre-se disso.

—Sim hyung. - Ele murmurou sem querer e seus olhos já voltavam a se encher, oh merda, ele resmungou, ele seria punido, seja lá o que fosse essa punição ele sabia que doeria. Ele não aguentava mais e menos de duas horas haviam se passado.

Hoseok ficou parado, congelado, esperando o que quer que fosse a tal punição, acreditando que se não tentasse lutar contra isso os efeitos dela seriam diminuídos, mas quando mesmo depois de alguns minutos nada aconteceu, ainda tremendo, ele tentou dar uma espiada para trás, não vendo mais o homem ali, suspirando aliviado que dessa vez Peyton decidiu ignorar. Ele não demorou a voltar, um copo de água em uma mão e um comprimido em outra, se abaixando perto de Jung e lhe entregando as duas coisas. Suspeito.

—Beba tudo. - Ordenou, sua voz grossa fazendo arrepios desconfortáveis subirem frios pela espinha de Hoseok que depois de alguns segundos decidiu obedecer, escondendo o comprimido embaixo da língua e bebendo toda a água, ou o que pensava ser. — Muito bem Hobi! Venha, vamos nos sentar um pouco, eu vou limpar sua bagunça, dessa vez, daqui a pouco.

—Obrigado hyung. - Ele falou lentamente, o desconforto do remédio em sua boca tornava difícil falar sem que Peyton visse que ele na verdade não tomou o que quer que fosse que ele havia dado.

Sentiu Peyton o puxar para cima, suas pernas estavam fracas depois do vômito e ele queria se bater por agradecer mentalmente pela ajuda de quem tinha provocado aquilo a ele. Hoseok começava a se sentir estranho quando o homem voltou a puxa-lo para seu colo, o sono veio tão de repente que pensou ter sido submetido aos efeitos do tal remédio mesmo este não sendo completamente ingerido, derretendo lentamente em sua língua. Quis lutar contra o sono, também contra as mãos intrusas do homem que o tocavam de forma tão banal, mas quando piscou, depois de alguns segundos seus olhos não conseguiram se abrir mais e ele caiu na escuridão.

Então era isso, ele tinha sido drogado e aparentemente a dose havia sido alta demais. Quanto tempo ele dormiu? Um dia? Dois? Seu estômago doía de fome, como se tivesse tido uma semana sem qualquer alimento, mas não acreditava mais poder comer qualquer coisa que aquele homem lhe oferecia sem correr o risco de ser drogado novamente.

—É tão chato te tocar sem que você tenha alguma reação... - Peyton falou em um tom manhoso que fez o Jung acordar de suas lembranças, não reparando que o homem tinha subido em cima dele, sem toca-lo com seu corpo, mas sua boca não parando em qualquer lugar próximo a seu pescoço, sentindo a respiração quente do sequestrador a cada vez em pontos diferentes de sua pele. E quando não estava aguardando mais, pronto para "acordar" e tentar fazer o homem se concentrar em outras coisas, Peyton se afastou, parecendo muito frustrado, saindo do que ele lembrava ser o porão e batendo a porta, trancando a fechadura logo depois.

Foi nesse momento, quando a total escuridão voltou a tomar conta de sua prisão que Hoseok se permitiu abrir os olhos e chorar, talvez mais do que no dia anterior, talvez menos do que em toda a sua vida, mas ele chorou, encolhendo-se na cama de lençóis bagunçados, se agarrando à suas pernas como se fosse a única coisa que iria protegê-lo naquele lugar, mesmo sabendo que esse pequeno ato não mudaria nada.

---

—Eu ainda não acredito que conseguimos. - Jin murmurou ajeitando seu boné, olhando para o lado onde Namjoon estava, vestido de forma parecida.

—Ainda assim tivemos que sair pela saída de emergência. - Yoongi se meteu na conversa, parecendo muito mal-humorado. — Acho que nunca desci tantas escadas na minha vida.

—Não seja rabugento hyung. - Tae falou apoiando um braço no ombro do rosado.

—Sim hyung, o plano foi seu, “esse é o preço da fama” não é? Acho que os armys iam reconhecer a gente se saíssemos pela porta da frente. - Jimin acrescentou, sorrindo cúmplice com V por um momento, já tinham se esquecido completamente da discussão de mais cedo.

—Eu fico me perguntando se todos os seguranças têm tendência a aceitar suborno. - Jungkook refletiu olhando para Namjoon que até agora estava em silêncio.

—Apenas os piores JK. Pode apostar que quando isso acabar nunca mais vamos vê-lo nas nossas vidas. - O líder estava sério, alerta. Ele enlouqueceria se perdesse mais um de seus amigos e agora que estavam todos do lado de fora ele percebeu que poderia estar causando um grande erro, pondo todos eles em perigo.

—Ei, no que está pensando? - Jin chamou se aproximando de seu saeng, aproveitando a distração dos outros meninos com Yoongi para entrelaçar seus dedos nos dele. Namjoon não respondeu de imediato, no que ele estava pensando? Que perdeu um de seus melhores amigos, que quebrou sabe-se lá quantas regras em apenas dois dias, que havia acabado de colocar todos eles em perigo saindo sem falar com seu manager, subornando um segurança para que não os seguisse. Ele estava pensando em muitas coisas, mas só uma definia tudo.

—Que eu sou um péssimo líder. - Não era para, mas todos acabaram ouvindo a declaração, parando a conversa ao mesmo tempo que se viravam para o prateado, Jin e Yoongi se olharam por um breve momento, Tae, Jimin e Jungkook estavam prontos para discordar quando Yoongi fez o primeiro movimento. Literalmente, se aproximando de seu dongsaeng e lhe estapeando a cabeça, quase arrancando o boné mesmo com a pouca força.

—Deixa de ser idiota. Nada disso foi sua culpa. De nenhum de nós.

—Eu sei hyung, mas isso é. - Ele estendeu os braços, englobando todos eles para que Yoongi entendesse o que ele queria dizer. — Nós apenas saímos, e se acontecer alguma coisa? Não tem câmera, não tem segurança, não tem Hobeom hyung, eu não sei o que vou fazer se qualquer um de vocês sumir também, não deveríamos estar aqui fora! - Ele explodiu, a vontade de apenas levar todos de volta para a segurança do hotel quase sendo maior que a de encontrar o maldito homem que permitiu isso tudo acontecer.

—E o que? - Tae pediu seriamente, seu respeito indo para o espaço. — Voltar para o hotel e esperar alguém se disponibilizar a fazer algo? A polícia já disse que não pode, não, que não vai fazer nada antes de 24 horas, vamos ficar sentados até alguma coisa acontecer? Nós planejamos isso tudo hyung, não desista agora, Hobi precisa de nós.

—Eu sei! – Rapmon gritou, sua língua estrangeira chamando a atenção de alguns americanos que finalmente pareciam reparar no estranho grupo parado no meio da rua, comentando alguma coisa em voz baixa ou tirando o celular para gravar o que parecia ser uma possível briga de rua. — Não vamos voltar para o hotel, temos que sair daqui antes que alguém-

—Tarde demais. – Falou Jin pegando no braço de Namjoon e começando a puxa-lo junto de Jungkook, o líder poupou um olhar vago para trás apenas para ter certeza sobre os outros, vendo Yoongi arrastando Jimin e Taehyung com ele para uma direção completamente oposta. — Eles vão ficar bem Nam, vamos todos nos encontrar no mesmo lugar, temos que nos separar agora, se ficarmos todos presos não vai servir de nada termos saído.

Namjoon sabia, ele quem tinha proposto isso de qualquer jeito, pela manhã enquanto ainda tomavam o café e explicava tudo o que iriam fazer naquele dia com a ajuda de Tae que já até esquecera de quantas vezes tinha repassado tudo em sua cabeça.

—Nossa meta é a casa de Norman, eu vou mandar as coordenadas para cada um de vocês, porque corre o risco de termos que nos separar. – Namjoon explicava, puxando a atenção de todos com a última frase.

—Por que teríamos que nos separar? – Jungkook quem perguntou, olhando para o líder, mas quem respondeu foi V.

—Se alguém nos reconhecer seria bom que a gente se separasse, assim não tem como segurarem a todos nós caso os fãs consigam nos pegar. – Ele respondia calmamente, olhando para o maknae e então para Jimin. — Nunca sozinhos, pode ser perigoso, segure quem estiver mais perto de você e corra em direção oposta ao outro.

—Eu não gosto disso. – Yoongi falou cruzando os braços na frente do corpo, desistindo completamente de seu café. Rapmon abriu a boca, pronto para responder quando o rosado continuou. — Mas eu sei que não tem jeito. Então podemos tentar evitar isso indo por outro lugar.

—O que quer dizer, hyung? – Tae pediu confuso.

—Com certeza terá algum army esperando qualquer movimento nosso do lado de fora do hotel, então temos que sair pela porta dos fundos. – Ele sorriu mau. — Vamos usar a saída de emergência, saímos pela parte de trás do hotel e tentamos não fazer nada que chame a atenção. — Ele olhou especificamente para Tae e Jimin que levantaram as mãos rendidos, sorrindo fraquinho. — Ainda assim, é claro, se tiver a necessidade vamos nos separar.

—Ok.

Ok... agora parecia uma ideia horrível, tinha pessoas correndo atrás deles como se fossem pequenas presas assustadas, não que estivessem muito longe disso.

—Tirem as roupas! – Jungkook falou para que apenas eles pudessem escutar. Jin olhou para ele com olhos arregalados, vendo que o maknae começava a arrancar o cachecol, o jogando para o ar e ouvindo gritos histéricos às suas costas.

—Ficou louco? — O mais velho gritou segurando Jungkook antes que ele tirasse completamente o casaco. Namjoon já tinha entendido e também começava a se despir.

—Confie em mim, hyung. – JK pediu e Jin o soltou, resmungando tão envergonhado quanto irritado, ele realmente gostava daquele cachecol, mas fez o que seu saeng pediu, tirando todo o excesso de roupa, ficando apenas com o boné por um tempo, mas quando viu que ainda chamava a atenção ele o colocou na cabeça de alguém enquanto ainda corria, ficando apenas com a blusa e a calça, misturando-se finalmente na multidão sem perder Namjoon e o maknae de vista. Quando todos os fãs passaram eles voltaram a andar juntos disfarçadamente, a cabeça baixa para tentarem não ser reconhecidos novamente.

—Onde você aprendeu isso, Jungkookie? – Jin pediu baixinho, não deixando de olhar em volta, alerta. Namjoon fazia o mesmo, um sorrisinho bobo no rosto, fraco, comparado ao do Jeon.

—Vi em um filme.

-

—Eu não acredito! – Yoongi gritou quando a mão de Taehyung acabou escapando da sua e o menino se perdeu na multidão, não podendo correr o risco de parar e ser abordado pelos perseguidores ele teve que continuar correndo, apertando a mão de Jimin e ignorando as reclamações do saeng.

Tae estava bem encolhido em frente a uma pequena loja, a cabeça baixa para que não o reconhecessem ele esperou até a todos os passos apressados acabarem para ele se levantar, batendo um pouco da poeira das roupas e limpando o suor do rosto ele estava pronto para seguir seu hyung de longe quando algo chamou sua atenção.

—Mamãe? – Aquela palavra ele conhecia. Olhou em volta para saber de onde a voz infantil vinha e viu uma pequena menina, cabelos loiros e olhos verdes que eram com certeza naturais. Ele pigarreou e tentou se lembrar das palavras em inglês para o que queria dizer.

—Oi, você se perdeu? – Ele se agachou de frente para ela, vendo seus olhos grandes e as bochechas rosadas enquanto ela assentia com a cabeça. — Eu vou esperar aqui com você, ok? — Ela sacudiu a cabeça novamente e Tae se viu sorrindo, crianças eram muito fofas.

—Você é o moço que estava na TV ontem, não é? Seu inglês é engraçado. – Tae demorou um pouco para entender tudo o que ela quis dizer, mas assentiu, rindo, vendo-a sorrir.

—Mamãe gosta muito de você e dos outros meninos! – Taehyung sorriu, mesmo que estivesse gemendo por dentro, se uma fã o visse era capaz de que outras viessem também. — Qual o seu nome?

—Eu sou o Taehyung.

—Oh! Você canta muito bem, TaeTae, o que você está fazendo aqui fora sozinho?

—Eu estou procurando um amigo.

—Oh... eu espero que você encontre ele. – Ela sorriu e Tae sentiu seu coração aquecer.

—Sim, eu tenho esperança de que vou. – Foi no momento que terminou de falar que ouviu passos apressados em sua direção, estava pronto para correr quando viu que quem quer que fosse, não veio por ele, abraçando a menina forte em seus braços.

—Me desculpe meu amor! A mamãe acabou soltando você, sinto muito, ok?

—Tudo bem mamãe, o TaeTae ficou aqui comigo. – Ela apontou para o lugar onde Taehyung estava a um segundo atrás, mas não tinha mais nada ali além de espaço vazio. — É verdade mamãe, ele disse que estava procurando um amigo.

—Tudo bem querida, eu acredito em você. Agora vamos para casa.

Taehyung viu de longe a mulher levando a menininha embora, sorrindo com a forma na qual ela tentava explicar como tinha acabado de encontra-lo para sua mãe que felizmente não parecia duvidar dela. Virando-se, V deu uma última olhada em seu celular para as coordenadas e seguiu para a direção que seu hyung havia corrido.

Foi pouco menos de uma hora que todos voltaram a se encontrar, Jin, Namjoon e Jungkook esperavam pacientemente encostados na parede do apartamento de Norman por Suga, Tae e Jimin. Vendo o menino mais doidinho do grupo aparecendo primeiro, Yoongi e Jimin estavam longe de serem vistos.

—O que aconteceu? – Jin perguntou já preocupado, se aproximando do saeng e correndo um olhar por todo o seu corpo.

—Nós acabamos nos separando sem querer, eu decidi vir direto para cá. Suga hyung não deve demorar a chegar. – Ele falou e não demorou para o hyung do ex pequeno grupo aparecer arrastando Jimin. Yoongi parecia pronto para ter um enfarte e isso parecia divertir Jimin, o menino tentava esconder o sorriso ao morder os lábios, mas era impossível não perceber que ele mal conseguia se conter.

—Foram seguidos por muito tempo? – Namjoon pediu um pouco preocupado, mas com um sorriso divertido no rosto enquanto olhava para o amigo. Sorriso esse que desapareceu quando o hyung normalmente mal-humorado olhou para cima procurando entre eles até encontrar Taehyung ali, voltando a se apoiar nos joelhos e olhar para o chão logo depois.

—Até a uns dez minutos atrás. – Ele ofegou, depois de um tempo, soltando os joelhos e voltando a se levantar, ficando ereto e respirando forte algumas vezes antes de normalizar. — Você sabe que isso acabou com todas as nossas chances de fazer isso sem sermos notados, certo?

—Sim...

—E que vamos receber uma chamada de Hobeom hyung.

—Sim... assim que isso cair nos ouvidos de Hobeom hyung não vamos poder sair mais com tanta facilidade. – Namjoon falava desanimado. Ele tinha pensado nisso e parece que não foi o único.

—De qualquer jeito, já que estamos aqui vamos entrar. – Yoongi falou passando direto pelos outros, mas quando estava prestes a entrar voltou a se virar para o líder. — Qual o número do apartamento?

Silêncio.

—Eu esqueci de ver.

—Você esqueceu de-... você vê até o tipo sanguíneo do cara e não em qual quarto ele está? Ótimo! Simplesmente. – Ele abre a porta mal-humorado, desaparecendo dentro do prédio, deixando os saengs e hyung de boca aberta do lado de fora.

—Parece que a irritação de vocês passou para o hyung. – JK comentou olhando para Jimin e Tae que olharam feio para o Maknae que correu atrás de Yoongi na recepção.

—Eu não entendo o que você está dizendo, senhor. – Disse o recepcionista em sua língua nativa, Yoongi olhava para ele da mesma forma que o homem o encarava, sem entender nada.

—Jeon, mande Namjoon entrar aqui de uma vez, eu não entendo nada que esse cara diz. – Ele dizia emburrado para o moreno que se virou, revirando os olhos, mas nem chegou a dar um passo, o líder já entrava pela porta com os outros perto. — Oh finalmente.

—Bom dia. – Namjoon falou em seu inglês, o que resultou em um suspiro aliviado do recepcionista.

—Oh graças a Deus alguém que não fala chinês.

—É coreano, senhor, mas isso não importa agora. Você se importaria em me dizer qual o número do apartamento de Norman Cooper?

—Não podemos revelar esse tipo de coisa para desconhecidos, senhor, sinto muito.

—Oh pelo amor de... olha, isso é realmente muito importante, quanto você quer pra poder falar?

—Quanto eu- Oh... passa duzentos e eu ainda não aviso a ele que tem um pessoal chinês estranho a procura dele enquanto vocês estão subindo.

—É coreano! Fechado. – Namjoon se virou para Suga, estendendo a mão para seu hyung. — Me dá 200 dólares pra esse cara abrir a boca.

—Impressionante... – Yoongi resmungou abrindo a carteira e tirando as notas, entregando ao líder que falou rápido com o homem antes de se virar de volta para os meninos.

—Quarto andar, porta 32. – Todos assentiram e seguiram para o elevador, subindo rapidamente para o lugar indicado, a porta 32 era a segunda á esquerda e foi Jimin quem bateu nela e esperou, quando nada aconteceu ele fez de novo, e de novo, e finalmente, depois da quinta vez, a raiva já quase o forçando a tirar aquela maldita porta das dobradiças, foi que eles finalmente viram Norman Cooper.

—Puta merda...



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