Os primeiros a chegar ao hospital foram o xerife e Scott. John ainda não podia acreditar, só iria ceder às evidências quando visse o filho. Scott já se encontrava mais abalado do que o homem tendo certezas da notícia que lhes foi dada. Avistaram o número do quarto que lhes foi indicado como sendo o que Stiles ocupava. Num andar apressado alcançaram o quarto e entraram. A primeira coisa que saltou à vista foi o humano na cama de hospital. Estava pálido, mais pálido que o costume. Se não fosse o “bip” entrecortado do monitor cardíaco teriam achado que Stilinski já estava morto. Aparentemente o mais novo não conseguia respirar sozinho sendo visível a máscara de respiração.
Ao contrário do xerife, Scott apercebeu-se da presença de Hale ali. Estava sentado numa cadeira a um canto da divisão que ficava ao fundo da cama. O seu olhar parecia estar fixo em Stiles mas na realidade era distante, estava completamente vazio e mergulhado na sua própria tristeza. Acordou do seu transe quando o choro do xerife se fez ouvir.
- Stiles, o que é que aconteceu!? Diz-me que é mais uma das tuas brincadeiras. – Dizia a todo o custo entre lágrimas e soluços. Estava de pé ao lado do filho com uma das mãos a segurar a do rapaz e a outra acariciava o cabelo e rosto do mais novo.
Por breves momentos Scott não reagiu ao ver o seu amigo de infância assim. Focou-se na realidade quando Melissa entrou no quarto. Derek levantou-se. Todos desviram o olhar para a enfermeira esperando respostas mas o primeiro a prenunciar-se foi o alfa.
- Mãe, o que é que aconteceu? O que é que o Stiles tem? – O resto do pack começava a chegar.
- Eu não te vou puder responder à primeira pergunta mas quanto à segunda também ainda poucas respostas tenho. – McCall encarou Derek pois sabia que foi ele quem encontrou o amigo mas a prioridade agora era saber o estado do humano. – O que sabemos por enquanto é que o estado do Stiles é crítico. Ele sofreu um traumatismo craniano o que resultou num desmaio imediato. As próximas 72 horas vão ser cruciais para inferir a gravidade. Há a possibilidade de ele acordar ileso mas também a possibilidade de ele não acordar de todo.
Melissa tentava ser o mais profissional possível mas estava a ser muito difícil uma vez que o rapaz ali se tratava do melhor amigo do filho. Viu-os crescer juntos. Era como um filho para ela. Queria poder desabar naquele preciso momento mas precisava ser forte e ajudar todos. Se ela se sentia assim, John devia estar inconsolável.
O xerife cedeu completamente à dor depois do que ouviu. Deixou-se cair numa cadeira atrás de si próxima da cama e ficou debruçado sobre a mesma agarrando a mão do filho. Ele já tinha perdido a mulher, não aguentaria perder o seu único filho também. Naquele momento não queria saber de mais nada, nem do que tinha acontecido mas o resto do pack sentia a necessidade de saber.
- O que é que aconteceu realmente? – Foi Malia quem decidiu perguntar.
- Nem eu sei o que aconteceu verdadeiramente. – Os olhos pousaram todos no lobo. – Eu telefonei ao Stiles e ele atendeu. Segundos depois só já ouço um grande estrondo e ele deixou de responder. Segui-o pelo cheiro e fui encontrá-lo no seu Jeep que embateu numa árvore. Por isso suponho que quando atendeu a chamada ele estivesse a conduzir. – A dificuldade com que falava era evidente. Tinha acabado de descobrir o que sentia pelo mais novo e logo aquilo teve de acontecer. Pelos vistos era verdade. Todos à sua volta que ele ama magoam-se. Culpabilizou-se pelo acidente. Na sua perspectiva não havia outro culpado. Foi ele quem decidiu telefonar ao rapaz. Se ele não o fizesse Stiles não tinha atendido e não teria tido o acidente. Ele já devia saber que magoa toda a gente.
De forma irracional e sem pensar John levanta o rosto para Hale e diz tomado pelo sofrimento:
- A culpa é tua. A culpa do meu filho estar assim é tua! O que aconteceu à tua família não foi exemplo suficiente!? Tiveste de fazer o mesmo ao Stiles?
Derek ficou petrificado e sem reacção. Deu-se um nó no seu peito. Doía tanto. A dor de ver Stilinski assim aliada à própria culpa que sentia já era um fardo enorme mas depois de ouvir outra pessoa dizê-lo, ficou ainda mais angustiado do que achava humanamente possível.
- Hey! Vamo-nos acalmar. O Derek não podia adivinhar que o Stiles estava a conduzir e não estamos aqui para atribuir a culpa a ninguém. Arranjar um culpado não melhora a situação. – Lydia que até agora tinha permanecido em silêncio decidiu intervir.
- Tens razão. – O xerife admitiu um pouco envergonhado pelas acusações irracionais que fez. – Desculpa Derek.
- Eu provavelmente devia ir embora. O meu trabalho aqui está feito. – E saiu.
Amanheceu e ninguém parecia querer abandonar o seu lugar ao lado de Stiles. Tanto o cansaço físico como o desgaste emocional eram visíveis no rosto de todos os presentes. Melissa entrou no quarto.
- Desculpem mas receio que não possam ficar aqui mais tempo. Nem vos deveria ter deixado ficar tanto. Além disso estão todos esgotados e deveriam ir descansar ou pelo menos comer qualquer coisa. Sintam-se à vontade para usar a cantina do hospital.
Assentiram e lentamente começaram a sair. Poucos minutos depois Derek infiltrou-se no quarto, queria despedir-se do humano antes de se ir embora. Sentou-se na cadeira ao lado da cama. Pousou uma das mãos no ombro do mais novo e a outra na sua testa acariciando-a.
- Dizem que os pacientes em coma conseguem ouvir por isso vou tentar. – Lydia parou à entrada da divisão quando se apercebeu da presença do lobo ali. Tinha sido a primeira a terminar a sua refeição. Não se podia chamar refeição ao que ela comeu visto que a falta de fome era evidente em todos. E permaneceu ali a ouvir-lo. – Eu vou deixar Beacon Hills. Estarás melhor assim, Stiles. Todos os que eu amo morrem ou magoam-se por isso o melhor que te posso oferecer agora é distância. Além disso, desculpa-me. A culpa de estares aqui é minha. Sou a causa do teu acidente. – Parou de falar e respirou fundo tentando conter as lágrimas. – Há mais uma coisa que te quero dizer antes de ir. Gostava de te puder dizer isto quando estivesses acordado mas dadas as circunstâncias não há outra opção. Eu amo-te, Stiles, por isso, por favor, não morras. – Algumas lágrimas escaparam-lhe dos olhos.
- Vais-te embora? – Lydia disse incrédula. – Agora que o Stiles precisa de ti é que tu o deixas? Ele precisa de nos sentir ao pé dele. Não te podes ir embora.
- Tu não percebes. Eu não quero estar aqui quando ele morrer. Não consigo vê-lo morrer. Além disso a minha presença só vai magoá-lo mais.
- Acabaste de dizer que o amas como é que podes deixá-lo?
- É por isso mesmo que tenho de ir!
- Oh, por favor Derek. Poupa-me a cena de que magoas todos à tua volta. Ele não é uma Paige. Ele é o Stiles. Tem sobrevivido a tanto. Não podes abandoná-lo agora. Tu tens sido o único que realmente o consegue ajudar com os seus pesadelos. Se te fores embora ele enlouquece de vez!
- Olha para ele. Está com cada vez mais dificuldade em respirar, os seus batimentos cardíacos já diminuíram. Ele está a morrer a cada segundo que passa. Não percebes que ele não vai acordar!?
- Tu não sabes se ele vai morrer, Derek! Tu tens de ficar. Quando ele acordar vai precisar de ti mais do que nunca.
- Eu já tomei uma decisão. Eu vou-me embora amanhã à noite e peço-te que não digas nada ao resto do pack até ao dia seguinte de manhã.
- Eu só estou a pedir isto pelo Stiles mas aturar-te é realmente muito difícil. Mas tudo bem, faz o que quiseres, só espero que não te arrependas.
Derek assentiu e encaminhou-se para a saída. A voz da rapariga fê-lo parar de costas.
- Ele podia ajudar-te, sabes!? A ultrapassares isso. Vocês percebem-se um ao outro e além do mais ele é forte. Ninguém neste pack permitiria que nada lhe acontecesse. Mais uma vez só te digo isto porque o Stiles é meu amigo e preocupo-me com ele e eu sei que tu também consegues ajudá-lo.
Hale queria ficar, queria acreditar nas palavras da ruiva. O seu coração gritava para que ele ficasse mas já estava habituado a ignorá-lo por isso continuou o seu caminho.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.