História Save Me From My Nightmares - For Stiles

Scott encontrava-se agora à porta do loft de Derek. Estava completamente imóvel e apenas encarava a grande porta de metal. Começou a soar das mãos e por isso as mexia freneticamente tentando secá-las. Respirou fundo e pensou “Fogo Scott, és um alfa. Por amor de Deus, deixa-te de coisas e entra!”. Soou mais confiante na sua cabeça do que estava na realidade. Lentamente começou a abrir a porta e ouviu-se o barulho do metal a deslizar fechando-a logo de seguida. Viu Derek à sua frente de costas e braços cruzados a olhar pela grande janela como quem vê tudo mas não vê nada, não fixa um ponto em especial e realmente pouco se importava com o que se passava lá fora. Obviamente que este já se havia apercebido da sua presença mas ainda não tinha mexido um músculo. Uma voz cortou o silêncio:

- Estava a ver que não entravas, McCall. Sentia o teu cheiro a receio daqui. – Tinha sido Derek a interromper o silêncio.

Scott começou lentamente a dar passos em direcção ao homem à sua frente, dizendo:

- Hum… Eu… Eu vinha pedir a tua ajuda. – Gaguejou um pouco ao início mas depressa recompôs a voz. – É sobre o Stiles…

Esperou uma reacção de Hale como que esperando alguma palavra e, ao fim de longos segundos, obteve:

- O que é que esse rapaz precisa agora? Não me digas que está possuído outra vez e está desaparecido. Eu não vou passar por isso outra vez. – Disse num tom irónico permanecendo na sua posição original.

-Isto é sério, Derek. O Stiles está muito mal. Desde a morte dos nossos amigos que ele não pára de se culpar e depois tem pesadelos que não o deixam dor…

Foi cortado por Hale que já dizia friamente olhando por cima do ombro mas ainda de costas:

- Ele certamente não é o único que passou por isso, McCall. Ele é um menino crescido e vai ultrapassar isso.

O alfa respirou fundo para não responder àquela provocação. Sim, porque aquilo só podia ter sido uma provocação. Viu o outro voltar a cabeça novamente para a frente.

- E é por isso mesmo que eu vim falar contigo. Tu és o único que realmente sabe pelo que ele está a passar. – Fez uma pausa. – Acredita que se eu pudesse ajudá-lo não estaria aqui a desperdiçar o teu tempo precioso. – Fez enfase quando disse “tempo preciso”.

Derek deu um suave riso irónico e a sua voz acompanhou o tom do riso:

-Engraçadinho, McCall. – Parou de falar, virou-se ainda de braços cruzados para o rapaz, encostou-se à janela atrás de si e quando retomou falava num tom mais sério mas meio irritado. – Achas mesmo que umas palavrinhas mansas de alguém que já experienciou algo parecido vão ajudar!?

Era uma pergunta retórica mas Scott achou que deveria responder na mesma, no mesmo tom irritado do outro:

- Queres saber!? Por acaso acho. Eu estou desesperado, não sei mais o que fazer. Não consigo nem quero ver o meu melhor amigo assim. Eu faço tudo para puder amenizar a dor dele, nem que seja por um mero segundo. – Despejou tudo rapidamente retomando mais calmo. – Tu não terias dado tudo por um segundo de esquecimento naquela altura!?

Derek não respondeu, limitou-se a voltar-se novamente para a janela. Inclinou-se sobre a mesma com a cabeça baixa. Encarava o chão apoiando as mãos no vidro à altura da cabeça. Respirou fundo rapida e repetidamente tentando controlar a respiração. Ao piscar os olhos, estes tomaram uma coloração azul brilhante mas que logo de seguida desapareceu com um novo piscar de olhos. Aquela frase tinha-o atingido como flechas. As memórias passavam-lhe pela mente a uma velocidade incrível causando aquele pequeno descontrolo.

Scott, ao ver a reação que provocara no lobo, decidiu deixá-lo sozinho e dirigiu-se para a porta. Abriu-a e deu um passo para sair virando-se para fechar a porta mas não a fechou.

- Tudo bem, não te posso obrigar a nada. Obrigado pelo teu tempo. – E fechou a porta.

Hale ficou ali sem se mover. Ainda respirava profundamente várias vezes. Aquela frase de Scott ainda passava na sua mente “Tu não terias dado tudo por um segundo de esquecimento naquela altura!? ”. Pensou em Stiles. A memória da peça de xadrez com o seu nome deixada pelo filho do xerife veio-lhe à cabeça. O rei tinha o nome dele. Pensou nos esforços que fez para ajudar o rapaz. A procura incessante. Levantou a cabeça e encarou-se no reflexo ténue do vidro da janela. Estava indeciso sobre o que fazer.