História SAVE ME (Vkook - 2 temp.) - 08. flashbacks

"— O que você está fazendo Tae? — Jeon gritou por cima do vendo.

Estávamos no terraço do prédio abandonado onde Jungkook me pediu em namoro. Às vezes voltávamos lá, como agora.

Essa noite em especial ventava forte, observava Jeon se encolher dentro do grande casaco que usava, ele parecia uma criancinha usando roupas grandes demais. O vento logo diminuiu e eu o puxei pela mão, me sentando no lençol de piquenique que sempre trazíamos.

— Venha Kookie — o puxei para que se sentasse entre as minhas pernas. Inclinei-me, sentindo suas costas apoiarem em meu tronco. Descansei meu queixo em seu ombro, colando sua bochecha a minha. — A vista hoje não está bonita Jeon?

O ouvi suspirar e então rir fraco, entrelaçando seus dedos aos meus. As luzinhas de Seul pareciam aquelas luzes de árvore de Natal, Seul pareciam uma grande e linda árvore de Natal.

— Por que me trouxe aqui? — Ele reclamou depois de um tempo.

— Não gosta de ficar comigo? A sós? Roubando e ganhando beijos enquanto apreciamos essa vista maravilhosa?

Virou o rosto para me encarar e então beijar o bico que se formava em meus lábios.

— É claro que sim, seu idiota — voltou a se aconchegar em meu peito. — É que já faz um tempo desde que estivemos aqui.

— Eu sei, e sempre parece como se fosse a primeira vez.

— É — e riu de forma contida —, parece sim."

Eu me revirava na cama, suado e cansado, enquanto as lembranças do Jungkook invadiam meus sonhos como parasitas, fazendo com que meu coração apertasse dentro do peito em saudades. Não deveria ter esquecido de tomar os calmantes antes de dormir, mas eu estava tão cansado.

A chuva batia contra a janela com força, assim como as lágrimas que desciam rápidas por meu rosto. E o sonho mais uma vez se transformava em outra lembrança.

"— Você é um idiota Taehyung! — Ele me batia no peito com pouca força. — Odeio essas suas brincadeiras sem graça! Sabe que eu tenho ciúmes e fica me provocando!

Segurei seus pulsos antes que os tapas ficassem mais fortes. Ri alto, o que o deixou puto da vida.

— Me solta Taehyung! — Se debatia. — Me solta... Eu vou te matar seu idiota!

— Ah, eu não vou te soltar Jungkookie, ou você vai sair por aquela porta e ficar uma semana me ignorando — afundei meu nariz em seu pescoço, o deitando na cama. — Sabe como é ficar uma semana longe dos seus lábios? Parece que vou morrer ter sem eles tocando os meus...

— Isso é tudo culpa sua, seu idiota!

Apoiei-me pelos cotovelos, o olhando nos olhos e roçando seus lábios nos meus.

— Eu não tenho culpa se você com esse seu lindo bico irritado e bochechas coradas fica tão fofo — sussurrei. — Você é lindo de qualquer jeito Jungkookie, até mesmo quando está com vontade de me matar.

Selo seus lábios nos meus antes que ele pudesse dizer algo, e me sinto ainda mais feliz quando vejo que ele correspondeu de imediato. Como ele mesmo havia dito a um tempo atrás, não conseguia ficar irritado comigo por muito tempo."

A dor era insuportável, como se tivesse levado seguidos socos pro todo o corpo, meu coração estava acelerado de um jeito que jamais pensei ser fisicamente possível de bater tão rápido. Por que todas essas lembranças tinham que doer tanto?

Você é a minha dor Jeon Jungkook.

"— Jeon, por favor — meus olhos ardiam. — Me desculpe Jeon, por favor, eu não aguento mais ficar longe de você. Odeio quando brigamos, eu me sinto tão... Só.

Jungkook me encarava com aqueles olhos brilhantes e magoados, parecia prestes a chorar.

— Deveria ter pensado nisso antes de fazer o que fez outra vez Taehyung. Eu já disse, não quero ter que perder você, não quero viver com o medo constate de que alguma dessas recaídas acabem matando a pessoa que mais amo, você. É assim Tae? É assim que você quer eu viva?! — Seu tom de voz se alterou. — Quer eu viva com medo de você?! Por você?!

Chacoalhou meus ombros quando não disse nada.

— Me responda Kim Taehyung! É assim que você quer que eu viva?!

Balancei a cabeça, sentindo os meus joelhos cederem. Agarrei-me em sua mão. Eu estava com tanto medo.

— Por favor, me perdoe, eu nunca mais vou fazê-lo de novo. Eu prometo, prometo tudo o que quiser — funguei. — Só não me deixe, por favor.

— Você promete Tae? — Se agachou para ficar na mesma altura que eu, segurando meu rosto entre as mãos. — Promete para mim que irá parar de vez? Apesar de tudo o que acontecer daqui para frente?

— Prometo, eu prometo.

— Eu sempre vou estar aqui Tae — selou seus lábios rapidamente nos meus. — Eu confio em você."

E não pude mais conter os gritos de dor. Aquilo doía tanto. Após alguns instantes a porta do meu quarto se abriu de forma violenta, e minha mãe desesperada correu para me envolver em seus braços. Sua camisola azul turquesa agora havia tornado-se um verdadeiro mar com todas as minhas lágrimas que se acumulavam ali. 

Por que? Por que Jungkook? Você me deixou de forma tão inesperada, tão de repente, como se você não fosse importante para a minha sobrevivência, como se sumir do mapa não abalaria ninguém a sua volta. Podíamos ter conversado, eu te amo, não vê? Resolveríamos tudo juntos, como um casal, deveríamos nos apoiar. E o que você fez? Guardou tudo para si, deixando com que todas essas mentiras, todas esses "estou bem" se acumulassem dentro de você e se tornassem uma grande bola de neve.

E você sabe como eu sei disso? Por que mais do que ninguém, eu te entendo. Fingir para as pessoas que você mais ama, dizer estava tudo bem, sendo que a cada dia que se passava estava morrendo por dentro, carregando todas essas mentiras sob os ombros sem ter com quem se abrir.

Mas eu sempre estive aqui Jungkook, sempre estive aqui para te ouvir, te entender, te ajudar. E você me rejeitou, como se eu fosse um ninguém, sequer cogitou a ideia de me contar o que estava acontecendo. E eu juro, juro com todas as minha forças que confiava em você. E você simplesmente jogou tudo no lixo.

Se você soubesse o quanto eu te amo...

E eu te perdoo, por tudo, por todas as mentiras, por todos os "estou bem"... Por tudo. Eu te perdoo porque te amo, e o amor nos faz tomar decisões, decisões difíceis, ele nos transforma. O que para algumas pessoas o amor pode vir ser a melhor coisa em suas vidas, para outras ele é o câncer que as mata de pouquinho a pouquinho, todos os dias, como uma praga que se instala em você de uma forma que, se não tiver mais volta, a morte é a única solução.

Então, Jeon Jungkook, você me fez perceber da pior maneira possível que sem você... Sem você eu não existo, eu me torno alguém desconhecido até aos meus próprios olhos. Mas você se tornou uma droga, sim, você era a droga que alimentava esse câncer que chamam de amor, mas que me fazia querer continuar a viver, e que a qualquer momento poderia me matar de overdose. Bom, acho que essa overdose chegou mais cedo do que imaginávamos, não é mesmo?

Me desculpe Jeon, por não ter feito mais, por não ter sido mais. E principalmente me desculpe pelas medidas que talvez terei de tomar para que essa dor diminua.

Me perdoe...