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História Say Something - River Of Tears


Escrita por: laurexgay

Notas do Autor


BAM! Quem é vivo sempre aparece ne? Mil desculpas pela demora tremenda pra trazer atualização. Minha vida e o fandom está uma locura, então fica difícil para mim parar pra escrever algo. Eu prometi postar 5 capitulos desde que a Lauren me seguiu e tomei no meu anus kkkk Eu escrevi tudo a mão no meu caderno no meio das aulas do curso, então eu ainda vou digitar tudo. Mas é melhor que não vai demorar TANTO pra atualizar. Trago o resto dos capitulos no fim de semana ou semana que vem ok? Ok. Enfim, boa leitura!

Capítulo 33 - River Of Tears


Talvez seja um erro estar ali novamente quando eu tinha prometido para mim mesma que iria embora assim que tivesse certeza de que ela ficaria bem sem mim. Ela já estava se recuperando, mas eu só dias dois dias a mais em Miami, eu queria aproveitar os meus últimos minutos ali com ela, queria vê-la uma ultima vez. Eu sei que talvez não fosse o essencial naquele momento, mas eu queria isso, meu corpo gritava para olhar uma ultima vez para aqueles olhos verdes que eu tanto conhecia.

Demorei um tempo para recuperar minhas emoções após ouvir sem querer a conversa no quarto de Amber, eu não conseguia tirar aquilo da minha cabeça, eu estava realmente me sentindo mal por ela.

Depois que Mike havia saído do quarto de Lauren, foi a minha vez de entrar nele, porém ela não estava acordada, estava descansando. Seu rosto estava tão sereno quanto antes. Apesar dos machucados em seu rosto, sua pele se mantinha macia como sempre foi, tão brilhante quanto seus olhos verdes da forma como eu lembrava serem.

Eu me aproximei daquela cama de forma mais cuidadosa possível, eu não queria correr o risco de acorda-la, preferia que ela continuasse dormindo, seria mais fácil para eu ter que me despedir.

- Eu pensei tanto nesse momento, mas sempre dizem que nunca acontece o que imaginamos em nossa cabeça, né? No caso, eu imaginava que você ao menos estaria acordada para ouvir isso, mas em parte é bom porque não vai ser tão difícil quanto olhar em seus olhos – sussurrei para ela.

Eu estava em pé bem ali ao seu lado na cama, estava com receio em toca-la, eu só precisava falar o que eu tinha dentro de mim naquele momento em que me encontrava em um estado emocional.

- Sabe, eu nunca achei que fossemos chegar tão longe. Não estou falando necessariamente juntas, mas digo até mesmo como amigas. Digo, eu nunca fui de ter amigos, desde a infância as coisas nem sempre foram as melhores para mim nesses termos. Conhecer você e as meninas mudou completamente a minha vida. Mas eu não quero falar disso nesse momento, não quero envolver terceiros e nem enrolar o que eu tenho para falar pra você. – fiz uma breve pausa para procurar as palavras exatas que eu queria falar para ela. Talvez eu estivesse sendo um tanto covarde por não falar diretamente para ela, mas eu não podia esperar, precisava desabafar, o meu tempo estava acabando – Quando nós estávamos juntas era como se todo o mundo ao meu redor desaparecesse. É como se não fossemos mais Camila Cabello e Lauren Jauregui, as estrelas. É como se fossemos apenas Lauren e Camila, duas adolescente conhecendo e enfrentando o mundo juntas. Eu sempre me questiono como seria ter te conhecido fora desse mundo louco em que escolhemos viver. Como seria apenas eu e você sem toda a pressão que passamos. Como seríamos nós duas por Miami, nos conhecendo da maneira simples, lidando apenas com conflitos pequenos. Talvez a corrente que nos liga não seria tão forte, acho que as coisas sempre acontecem por uma razão, nada nesse mundo acontece por acaso e claro que não seria diferente conosco.

- Oi, é... Tem alguém querendo visitar a senhorita Lauren agora, seu tempo já acabou – a voz da enfermeira soou logo na porta me assustando.

- Só mais uns minutinhos, prometo não demorar – respondi a enfermeira por sobre os ombros.

- Tudo bem então – a enfermeira me lançou um sorriso simpático antes de sair novamente me deixando a sós com Lauren mais uma vez.

Ela ainda se mantinha serena em um sono profundo. Devia estar cansada e com um monte de remédios que tem que estar tomando, não era pra menos.

- Eu nunca parei de pensar em você Lauren – sussurrei mais para mim mesma do que para ela. Estava admitindo coisas a mim mesma desde aquela noite reveladora com Lauren. Tive que fazer outra pausa porque a emoção me impedia de falar às coisas que eu realmente queria dizer – É muito difícil ir embora, e eu nunca sei fazer isso direito. Talvez porque sempre, de algum jeito, nós nos reencontramos de novo em algum momento da nossa vida conturbada... – outra pausa – Eu acredito que você me ame, mas, nós ficarmos juntas só causa desilusão. Eu só...Não sei quanto meu coração partiu, entende? Talvez eu tenha me curado já de muita coisa, mas eu não posso pensar também apenas em mim, acho que ambas precisamos nos consertar, talvez viver nossas próprias vidas. Eu só quero te ver feliz, Lauren. Sempre. Tudo sempre foi sobre te fazer feliz, te ver feliz mesmo que não fosse comigo. Eu te amo e quando você ama alguém faz parte querer ver a pessoa feliz a todo custo. Eu sei que já cansei de falar o quanto eu te amo, mas jamais, em um bilhão de séculos, nenhum desses "eu te amo" expressará com exatidão o tamanho do meu sentimento por você. Naquela noite, antes do acidente, eu ia voltar por você, eu estava indo atrás de você, mas então, o destino mais uma vez mostrou que eu estava errada de ir atrás de você. Você sofreu o acidente e no momento em que eu soube o que tinha acontecido parecia que um buraco havia se aberto embaixo dos meus pais, meu mundo havia caído, eu só conseguia pensar no pior. Ter aquela sensação me fez perceber que não importa a aonde eu vá com quem eu esteja o que eu esteja fazendo, meu coração sempre estará com você, somos conectadas por algo maior que nossa compreensão. Pode parecer baboseira, mas é assim que eu penso.

Houve algumas batidas na porta e eu rapidamente limpei algumas lagrimas insistentes que acabaram escapando dos meus olhos sem minha permissão, e me virei finalmente para olhar a pessoa ao pé da porta que assim que meus olhos pousaram sobre ela, meu corpo reagiu de forma nervosa. Fazia muito tempo que eu não a via. Clara estava olhando para mim, mas não havia mais sequer indiferença, na verdade, podia jurar que a vi sorrindo simpaticamente por um milésimo de segundo.

- Devia saber que era você – foi o que ela disse suspirando logo em seguida.

- Eu já estou de saída...

- Não, está tudo bem, você pode ficar aqui.

- Na verdade eu preciso comer alguma coisa, então acho que vou até a cantina ver se tem algo por lá – respondi dando-lhe um sorriso fraco e me encaminhando em direção a porta para sair.

- Camila – ela me chamou fazendo-me parar e virar novamente para olha-la.

- Sim?

- Bom, eu sei que tivemos nossas diferenças no passado e...

- Não precisa se desculpar por isso, Clara. Está no passado, não importa mais, está tudo bem – a interrompi.

- Apenas escute ok?

Demorei alguns segundos para raciocinar mentalmente o que estaria se passando na cabeça dela naquele momento, eu realmente não sabia o que ela queria com tudo aquilo, mas decidi escutar o que ela tinha a dizer apenas afirmando com a cabeça.

- Durante todo esse tempo de idas e vindas, de conflitos dentro da gravadora e fora dela, minhas brigas constantes com Lauren, eu pude nota muita coisa. Você tem que entender que eu sou a mãe dela, e a única coisa que pais sempre querem, é proteger seus filhos não importa o que. Apesar disso, em todos esses anos a Lauren nunca lutou e protegeu tanto alguma coisa como ela protege você. Ela passou por cima de tudo e todos apenas para ter a certeza de que você ficaria bem no final, e não importa se ela sairia machucada disso, contato que ficasse bem no fim das contas, ela também ficaria por isso.

- Por que está falando disso agora?

- Eu sei que vai embora daqui dois dias, e sei muito bem que pretende se afastar dela mais uma vez porque as coisas sempre parecem dar errado, mas eu só peço uma única coisa e nada mais a você. – havia sinceridade em sua voz. Ela falava comigo como nunca mais havia falando durante tanto tempo em que a conheço.

- O que?

- Pense. Só quero que pense muito bem em suas decisões. Eu não quero mais ter que ver Lauren infeliz com pessoas que ela só trás para a vida dela por conveniência. Ela te ama, Camila, de verdade. Um amor assim nunca se apaga, nunca! Você sabe disso.

- Eu não posso te prometer isso, Clara. – respondi baixando minha cabeça para fitar minhas próprias mãos.

- Não quero que prometa nada, só quero que tente. E não por mim e nem por ela, mas por você. Eu sei que você a ama tanto quanto ela te ama, Camila – sua mão de repente estava em meu ombro como um sinal de conforto e isso me deixou um tanto surpresa também. Era difícil ter Clara tão amigável novamente.

Eu não falei nada, na verdade, eu realmente não sabia o que poderia falar pra ela naquele momento. Foi uma surpresa pra mim ver Clara me tratar daquela forma depois de tanto tempo. Não que Clara fosse uma pessoa ruim e que me odiasse, ela é uma boa pessoa, sempre me tratou muito bem, porém, algumas coisas mudaram depois de descobrir sobre mim e Lauren. De inicio, foi difícil pra ela aceitar a sexualidade de Lauren porque a família sempre foi religiosa, mas nunca repudiou nada que Lauren estivesse fazendo ou por estar comigo. As coisas começaram a ficar ruins entre mim e Clara quando Lauren ao mesmo tempo em que começaram a ficar ruins para mim e Lauren. A pressão não era apenas em cima de nós duas, afetava todo mundo ao nosso redor, todos sofriam manipulações, é um mundo podre de se viver.

- Tenho que ir agora – foi à única coisa que consegui falar.

Ela tirou sua mão de meu ombro e eu lhe dei um sorriso fraco antes de sair daquele quarto. Respirei fundo soltando uma lufada de ar que nem havia percebido que estava segurando.

Lauren Jauregui's Point Of View

Assim que abri meus olhos, senti o claro da janela invadir a minha visão me deixando um tanto desconfortável. Quando finalmente consegui o foco em minha visão, a primeira coisa que fiz foi olhar ao redor daquele quarto procurando alguém. Logo ali, sentada na poltrona de visitas um tanto pensativa estava a minha mãe. Eu não a chamei de imediato, eu também estava pensativa, queria muito descobrir o que tanto ela estava pensando. Eu poderia sentir a sua tensão e algo mais que não estava identificando ainda.

Eu não precisei falar nada para ela, de repente, ela pareceu despertar de seu transe e olhou para mim meio que se assustando por me ver acordada a observando.

- Lauren – ela ainda em tom surpresa e ao mesmo tempo alegre – Não sabia que estava acordada já filha.

- Estou há alguns minutos – disse sorrindo ainda a olhando.

- Como está se sentindo hoje? – perguntou ela se ajeitando onde estava para me olhar direito.

- Eu estou me sentindo bem melhor.

- Ótimo! Porque sua médica acabou de me falar que se tudo estiver indo bem, ela irá te dar alta amanhã e você poderá descansar em paz na sua casa ou não na minha você decide. – eu senti a insegurança em sua voz.

Fazia um bom tempo que eu não ia na casa da minha família, depois da ultima briga que tivemos eu acabei me afastando pra valer. Eu amava muito a minha família, mas eu odiava muito que me dissesse quem eu deveria ser ou fazer coisas que outras pessoas achavam melhor para mim.

- É uma boa noticia – foi apenas o que disse – Alguém mais veio me visitar?

- Na verdade sim. Camila acabou de sair – ela sorriu e ficou de pé vindo em direção a minha cama e ficando parada bem ali do meu lado.

Não pude deixar de ficar surpresa, na verdade sempre ficava surpresa por saber que Camila ainda sim me visitava, mas a minha surpresa maior era de ver minha mãe falando de Camila de uma forma tão leve e parecia até mesmo feliz, sei lá, parecia ter gostado da presença dela lá.

Decidi não perguntar nada sobre essa repentina mudança dela em relação à Camila. Muitas coisas estavam me intrigando naquele momento e decidi que o melhor seria não pensar nisso agora.

- Como estão às coisas, digo, fora daqui? Como reagiram a tudo o que aconteceu? – perguntei a fim de matar a minha curiosidade. Desde que eu havia sofrido aquele acidente, minha vida como figura publica parecia ter sumido da minha vista por um bom tempo. Fui proibida de me estressar com qualquer coisa que saísse, fui privada de saber o que estava acontecendo no mundo ao meu redor. Mas provavelmente meu manager estava cuidando das minhas redes sociais para manter os meus fãs informados a todo instante, também estava cuidando da mídia para dar noticias minhas.

Minha mãe deu de ombros antes de responder.

- Eu acho que não tenho uma resposta concreta para sua pergunta de como estão às coisas. Mas a noticia do seu acidente foi um tanto estrondosa, muita gente do mundo da música ficou chocado e desejou melhoras. Você é bem querida, filha – minha mãe deu um sorriso de leve.

- E sobre as meninas e Camila estarem vindo me visitar? – perguntei finalmente.

Eu sabia que elas estarem me visitando, e principalmente Camila, geraria um furdunço absurdo em todas as mídias e entre os fãs.

- A mídia não reportou da mesma forma que os fãs, mas é claro que gerou uma grande polemica e o que mais querem saber é sobre a briga que tinham com Camila – sua expressão parecia um tanto preocupada. Ela sabia, assim como eu, que todas nós teríamos problemas com isso. Mesmo não estando mais na Epic e Maverick ainda tínhamos que manter uma coisa firme, estava cedo demais para quebrarmos essa mentira. Afinal, mesmo que tudo não passasse de uma mentira, quebrar essa mentira assim sem mais nem menos seria um tiro no pé. Talvez para os fãs nós nunca realmente paramos de nos falar, mas para a mídia e as pessoas de fora éramos mentirosas e interesseiras.

Ficamos ambas em silencio por alguns segundos enquanto eu processava ainda as informações que eu havia acabado de receber. Eu precisava ver com meus próprios olhos o que estava acontecendo.

- Pode me da meu celular? – perguntei chamando a atenção de Clara novamente.

- Pra que? – havia preocupação e curiosidade em sua voz enquanto ela pegava sua bolsa e ia a abrindo devagar e me olhando.

- Acho que muita gente tem falado por mim ultimamente, preciso falar um pouco com eles, eu mesma e não algum pau mandado – respondi sincera e ela suspirou me entregando o aparelho e ficando de pé ao mesmo tempo.

- Bom, eu tenho que resolver uns assuntos com sobre sua irmã. Vai ficar bem sem mim?

Eu apenas assenti e retribui ao sorriso que ela me lançou antes de virar e sair tranquilamente porta a fora. Acho que nem ela e nem eu ainda se sentia confortável o suficiente para ter o carinho que tínhamos antes uma com a outra.

Eu tinha noção de que assim que entrasse no meu Twitter eu veria mensagens lindas e muito amor vindo das pessoas que sempre estavam ali por mim, mas ao mesmo tempo em que teriam esse tipo de mensagem, eu sabia que veria o que não queria. No momento em que entrei no twitter, pude ver um nome familiar em evidência e eu juro que tentei me conter de não ir olhar, mas claramente não funcionou para mim, a curiosidade falou mais alto. O nome "Camila" estava entre os assuntos mais falados do momento na rede social. Entrei na tag e foi nesse exato momento em que eu comecei a me estressar. Não era nada bom, nunca é afinal.

A esmagadora maioria das pessoas ali estavam discutindo de forma avassaladora que me deixou realmente assustada.

"A Camila é uma cobra traiçoeira e vem mostrando isso desde que saiu do grupo, vocês são cegos" - @.

"Como alguém pode pensar em Camila dessa forma? Ela nunca fez mal a ninguém! Isso é tão triste" - @.

"Lauren me decepcionou, não acredito que ela é cega ao ponto de deixar essa cobra da Camila chegar perto dela novamente" - @.

"Sempre soube que Lauren e Camila eram amigas ainda, tanto elas como as meninas, a Epic vai ter o que merece agora J #EpicIsOverParty" - @.

"Camila indo visitar a Lauren no hospital para ganhar buzz em cima disso! ESSA GAROTA DEVERIA MORRER LOGO!" - @.

A ultima mensagem me deixou extremamente com raiva e ao mesmo tempo triste. Como as pessoas chegavam ao ponto de desejar a morte de alguém que nem ao menos conhece de verdade? Isso é doentio!

"Não use a porra do meu nome para desejar a morte de alguém, isso é doentio e estúpido! Não preciso desse tipo de fã me acompanhando (:" - @LaurenJauregui.

Acabei respondendo o tweet deste fã e não demorou muito para meu twitter ser bombardeado por notificações novamente a ponto de quase travar por completo. Havia mais pessoas comentando. Dessa vez pessoas me aplaudindo, outras falando de outros assuntos sobre minhas musicas que ainda não haviam saído, e o resto estava me atacando por eu ser grossa ou estavam me mandando hate. Já ouviu falar que mesmo que você receba mil mensagens de amor a de ódio é que vai te afetar?

"Você é um lixo! Você deveria ter morrido naquele acidente, você merece por ter machucado tanto a Camila" - @.

"Fica longe da Camila! Não quero que ela vire uma drogada vagabunda como você" - @.

"Você não vale nada! Desgraçada, deveria estar morta! Sempre tenta pagar de feminista e boa gente, mas é uma cobra, uma vagabunda maconheira!" - @.

"Camila teve pena de você, por isso foi te visitar. Rainha caridosa tem que fazer boas ações para drogadas e desgraçadas como você! Aposto que ela até esta pagando o hospital hahahahaha" - @.

Não consegui ler o resto das mensagens. Eu só conseguia ter raiva e um sentimento de angustia dentro de mim. Como as pessoas poderiam ser tão cruéis e nunca se cansar disso? Com tantos anos passando por isso eu aprendi a bloquear essas coisas do meu psicológico, mas eu não sou de ferro, uma hora a armadura não funciona e isso machuca, é como uma espada partindo seu coração. Parece que por mais que você tente ser boa, as pessoas sempre vão te julgar e falar que você não é nada, elas nunca vão olhar o que você faz de bom, elas estão pouco se fodendo para isso, o que vale é a paranoia delas, o ódio delas, isso sim vale ter como verdade absoluta.

Flashback – 2015.

Geralmente as minhas noites naquele ônibus de turnê eram sempre as mesmas. Ultimamente, a única coisa que havia mudado de fato era a minha convivência com Camila. Eu odiava quando estávamos no ônibus ao invés de quartos de hotéis por dois motivos: Primeiro que era um local muito apertado para cinco mulheres conviverem juntas; Segundo que as coisas nos últimos tempos não tem estado tão boas entre nós desde o ultimo ocorrido. Na verdade, as coisas já não estavam tão boas há muito tempo.

Você, provavelmente, está se perguntando o que levou as coisas a chegarem a esse ponto. Bom, eu poderia explicar o que realmente havia acontecido, mas eu teria que voltar a pensar no assunto e eu simplesmente não quero reviver isto novamente.

O fato é que, desde os últimos ocorridos a minha relação com as meninas mudou drasticamente. Eu amava todas elas incondicionalmente, mas as coisas saíram de controle quando Normani e Camila brigaram e eventualmente todas nós acabamos brigando também. A minha intenção era tentar resolver o assunto, afinal, éramos um grupo e éramos amigas há muito tempo, tínhamos fãs e não seria bom para nenhuma de nós ou para eles ficarmos nesse clima pesado. As coisas se complicaram há uns dias atrás, porem tentamos não nos deixar afetar por isso. Camila havia se desculpado, eu pude ver a dor e o arrependimento no olhar dela, mas no olhar de Ally e Normani havia outro sentimento, principalmente no de Normani. Eu sabia que a partir dali as coisas não seriam mais as mesmas.

Naquela noite as meninas resolveram sair para ir à balada, mas eu não estava no clima para festa. Ficamos apenas eu e Camila nos ônibus, quer dizer, eu deveria ter ficado, mas eu simplesmente não conseguia ficar no mesmo ambiente que Camila agora, pelo menos não a sós. Não que eu a odiasse por erros do passado dela, ao contrario, eu amava aquela garota, eu amava a Camila que eu conheci em 2012 e amava a Camila de hoje. Pessoas cometem erros, mas essas mesmas pessoas podem mudar e conserta-los. Você não é a mesma pessoa que você era a três anos atrás, certo? É a evolução humana. O único fato ruim é que as pessoas são cruéis e elas não enxergam a mudança diante de um erro passado, elas não se importam se você mudou, sempre estarão ali prontas para apontar o dedo na sua cara não ligando para quem você é hoje. "O seu passado te condena", é a frase mais real que já existiu.

Eu não estou querendo dizer que Normani estava errada. Eu a amava muito, era como uma irmã pra mim. Normani sofreu muito desde a sua infância por apenas ser quem ela era, apenas pela cor de sua pele e ninguém nunca nessa vida deveria passar por isso. Eu realmente não sei e nunca vou saber o que é passar por isso, mas da pra se ter uma noção do quanto isso pode destruir alguém. Inúmeras foram às vezes que fãs desprezaram a Normani em m&g e eu sempre estava de olho no que falava nas redes sócias, eu sabia que grandes partes das pessoas faziam isso por sua cor de pele. Sinto tanto que no mundo em que vivemos hoje alguém ainda ouse tratar outra pessoa de tal forma nojenta por ela ser negra.

Camila estava dormindo quando eu decidi sair do nosso ônibus de turnê para respirar um pouco e aproveitar para comprar comida, ficar sozinha. Estava muito frio, era quase inverno já e era quase impossível sair na rua sem usar roupas o suficiente para que ficasse aquecida. Eu precisava tomar um chocolate quente ou qualquer coisa que me esquentasse um pouco. Depois de uma caminhada dificultada pelo frio e pelo meu pesar, eu acabei voltando para o ônibus. Enquanto eu abria a porta daquele lugar, eu só conseguia imaginar se Camila ainda estaria ali, se ela ainda estaria dormindo ou estava acordada.

As luzes do ônibus estavam acesas quando eu entrei. O silencio se estendia e eu deduzi que Camila ainda estava deitada já que não havia sinal nenhum da minha colega de banda por ali.

Tive o cuidado de não fazer muito barulho no tempo em que repousava as compras em cima do balcão da nossa pequena cozinha. Enquanto retirava as coisas d dentro da sacola, conseguia imaginar o cansaço emocional e físico que Camila estava sentindo durante esses dias de turnê e consequentemente de tensão. Ela havia se isolado de todas nós, não falava nem mesmo com Dinah que era sua melhor amiga, bem mais que eu. Isso me deixava triste, mas eu não conseguia tentar consertar isso, eu simplesmente não conseguia. De algum feitio eu também me sentia magoada, e principalmente com medo.

Abri o armário a fim de procurar alguma panela ou algo do tipo para fazer meu chocolate quente e tentar afastar esses pensamentos. Coloquei a panela em cima do balcão e me encaminhei para a geladeira, porém, a geladeira ficava um tanto perto de onde ficavam as nossas "camas" e onde Camila provavelmente ainda estava. Minha mão parou na metade do caminho da porta da geladeira e meu olhar estava direcionado a um ponto qualquer enquanto fazia silencio para ter certeza de meu cérebro não estaria me pregando uma peça. E então, eu ouvi mais vez. Aquele mesmo som que me fez parar e que quase achei que fosse coisa da minha cabeça, mas ele se repetiu outras vezes deixando claro que era real.

Os soluços baixos tinham dono e eu sabia que as meninas ainda não haviam voltado. Só havia uma pessoa ali além de mim.

Deixei tudo para trás e caminhei com cuidado seguindo o som dos soluços até a cama de Camila. A cortina estava aberta me dando uma visão clara de uma Camila devastada fazendo o meu coração quebrar em vários pedaços. Ela estava chorando enquanto abraçava seus próprios joelhos, ela sabia que eu estava ali, mas nem sequer me olhou.

- Camila.

- Me deixe sozinha, por favor – ela pediu. Eu senti sua voz falhar.

Abri minha boca umas duas vezes para falar algo, mas nada saia, não conseguia falar ou pensar direito. Vê-la daquele jeito era como sentir uma lamina afiada atravessar o meu peito, eu nunca iria conseguir vê-la mal e não poder fazer nada.

- Me fala o que está acontecendo, por favor, Camila – pedi mais uma vez, mas dessa vez ela não falou nada, parecia frágil demais para rebater.

Silêncio.

Eu ainda buscava a coragem dentro de mim para conseguir sair da minha zona de conforto e me permitir se aproximar dela para ajuda-la e para entender o que estava acontecendo com ela naquele momento.

Eu continuava ali em pé sem falar ou fazer nada, até que ela se moveu de repente dando-me a visão da tela do seu celular aceso, parecia ter sido jogado ali de qualquer jeito e eu estranhei. Finalmente criei coragem para me aproximar dela e me sentei em sua cama, tomando cuidado para que ela não acabar se irritando com a minha presença.

Quando ergui meu olhar novamente para encara-la, seu olhar encontrou o meu quase que no mesmo segundo em que voltei meu olhar para ela. Seus olhos carregavam um brilho, mas não era um brilho causado por lágrimas carregadas de magoas. As manchas debaixo de seus olhos indicavam o cansaço emocional e a perturbação que isso lhe causava.

Deslizei minha mão devagar até chegar ao aparelho celular jogado, eu olhei para ela, para me certificar de que ela não se importaria. Ela olhou para o celular em minhas mãos e nada disse. Seus olhos encontraram os meus novamente me dando permissão silenciosa.

Acendi novamente a tela do celular já apagada e a conta do twitter de Camila estava logada e aberta. Rolei a tela procurando o motivo especifico de tudo isso e não demorou muito para que eu achasse. Não era um só motivo.

"#CamilaIsOverParty".

Já havia se passado quase uma semana desde que aqueles malditos prints haviam sido espalhados causando uma revolta absurda dentro e fora do fandom.

"Maldita deveria queimar no inferno! Eu odeio Camila!" - @.

"Racista! Nunca gostei dela, não quero mais ela no grupo sujando a imagem das outras" - @.

"Fifth Harmony seria bem melhor sem essa cobra falsa! Racista nojenta!" - @.

"Eu estou tão mal e decepcionada, eu amava a Camila" - @.

"Eu sou negra! Eu estou completamente destruída após ler essas conversas de Camila" - @.

Os ataques ficavam cada vez maiores e pesadas enquanto eu lia aquilo tudo. Eu estava me sentindo horrorizada e com um sentimento de angustia incomodamente dentro do eu peito. Se estava me doendo ler aquele tipo de coisa, imagina o quanto mal estava se sentindo Camila com relação a isso.

Fechei a tela do seu celular e voltei a focar em seu rosto que ainda me olhavam, mas agora seus olhos estavam carregados de lagrimas, seus lábios tremiam indicando que ela estava a segurar o seu choro.

- Eles me odeiam – sua voz tremula soou quebrando o silencio – Eu consegui estragar tudo. Eu estraguei tudo, Lauren.

Apesar de seus olhos estarem carregados, ela não estava chorando, na verdade parecia estar segurando o choro com todas as suas forças, ou simplesmente não estava conseguindo chorar.

- Eles não te odeiam – comecei a falar, mas fui cortada por sua risada irônica.

- Você leu o que eles estão falando – disse ela – E não são apenas eles que me odeiam.

Eu sabia que ela estava se referindo as outras meninas e a mim, mas ela estava errada, nenhuma delas a odiavam e nem eu, jamais a odiariam por um erro do passado, todos cometemos erros.

- Não Camila...

- Eu só não aguento mais fingir que está tudo bem. Ter que olhar para os nossos fãs todos os dias e sorrir quando a minha única vontade é sair correndo dali e chorar, porque chorar é a única coisa que tem funcionado para aliviar isso que estou sentindo aqui dentro – disse ela apontando para seu próprio peito.

Meus olhos ardiam em lágrimas, mas não me permiti chorar ou falar qualquer coisa. Ela precisava de alguém para ouvi-la no momento, e também eu não tinha algo concreto para falar.

- Eu estou saindo, Lauren – ela disse depois de um longo silencio.

Meu coração pareceu errar uma batida ao ouvir aquilo vindo dela. Meu olhar sobre ela era de confusão, mas no fundo eu sabia do que ela estava falando. Eu estava torcendo para que tivesse interpretado errado, de maneira equivocada o que ela havia acabado de revelar, eu esperava mesmo que não fosse o que eu achava que era.

- O que quer dizer com isso? – finalmente perguntei. Havia apreensão em minha voz e eu engoli em seco temendo a resposta.

- Eu vou sair de Fifth Harmony – sua voz soou firme agora e clara o suficiente para o que eu temia se tornar real.

Naquele momento os meus sentidos pareceram falhar todos ao mesmo tempo, foi como levar uma descarga elétrica e estar tão eufórica com a adrenalina que você não consegue sentir isso. Eu estava escassa de qualquer reação solida em relação ao que eu tinha acabado de ouvir.

- O que? – minha voz saiu estridente e seu olhar parecia temeroso agora, o que não era a minha intenção – Do que está falando, Camila?

Ela ficou em silencio, nem sequer olhou em meu rosto.

Para mim bastava. Meu corpo inteiro pareceu doer de repente e o meu peito se apertou trazendo uma sensação esmagadora. Um misto de raiva, tristeza e decepção se fazia presente em mim, eu não conseguia compreender o porquê daquilo de repente.

Em um impulso, eu sai dali ficando de pé e percebi seu olhar finalmente pousando sobre mim, acompanhando meus movimentos, mas não consegui olha-la, assim que estava de pé, dei passos largos e firmes a fim de chegar até a porta e sair dali o mais rápido possível.

- Lauren! – sua mão estava em meu braço o segurando, mas cuidei em arranca-lo de suas mãos.

Com o meu ato, eu pude notar que seus olhos brilhavam ainda mais em lagrimas e dor. Havia dor em seus olhos desde o momento em que os olhei pela primeira vez em dias.

Eu dei mais um passo a fim de continuar o meu caminho para sair dali e mais uma vez sua mão pousou em meu braço, mas dessa vez de forma firme.

- Lauren, por favor, me escuta – sua voz era tremula assim como suas lagrimas em seus olhos prestes a cair em qualquer segundo. Meus olhos desceram até sua mão que agarrava meu braço, o calor dos seus dedos ao redor da pele do meu braço me dava uma sensação de formigamento onde seus dedos estavam apertando. Ela pareceu notar meu olhar sobre sua mão, pois afrouxou o aperto e logo em seguida me soltou fazendo com que meu olhar fosse de encontro a seu rosto novamente.

- Por que está fazendo isso, Camila? Comigo, com as meninas?! – eu estava tentando manter a calma, mas eu estava nervosa o bastante para explodir já, nervosa o bastante para esta conversa não acabar nada bem – Você não pode fazer isso conosco! Não pode simplesmente sair quando já até temos um CD pronto! O que vamos fazer? Jogar toda a merda do trabalho no lixo?

- Lauren, por favor – ela pedia com calma. Mas eu não queria escutar, não queria ouvir mais nada vindo dela, eu só queria sair dali, queria chorar, gritar, explodir, qualquer coisa bem longe dali.

- Então me fala, por quê?

- Eu estou cansada! – ela falou em um tom de voz alto, parecia que ela estava tirando algum tipo de peso de dentro dela, um desabafo – Eu estou cansada das pessoas me olharem com desprezo, estou cansada do ódio e do rancor. Eu estou farta de trabalhar pra caralho e não ter o suficiente depois! Eu não quero mais me sentir presa a isso, eu quero seguir os meus próprios sonhos, eu quero fazer a minha própria musica. Não me entenda mal, eu amo vocês, mesmo com os últimos acontecimentos, e é porque eu amo vocês também que tomei essa decisão. Não quero que isso acabe da maneira errada por minha causa, eu quero que vocês continuem, mesmo que sem mim. O contrato é de quatro álbuns, Lauren. Com o meu álbum seriam quatro, então estaríamos livres mais cedo do que achávamos! Roger está cuidando de tudo junto com o meu advogado, tudo vai da certo...

- Você não entende? Não há grupo sem você! Eu sei que todas nós temos talento o suficiente, mas somos o Fifth Harmony, Camila. Onde foi parar a nossa promessa de estarmos juntas até o fim, todas nós? Isso está errado! – rebati com a voz carregada devido o choro que queria sair de minha garganta.

- Eu não estou bem, Lauren. Eu preciso fazer isso, por favor, tente entender – ela agora estava finalmente chorando – Eu não quero que vocês me odeiem, eu só quero fazer o melhor para todas nós. Roger me prometeu que faria o possível para melhor o contrato sobre permanecermos na Epic, você só precisa confiar.

- Confiar nele? Camila você é extremamente ingênua! – eu estava indignada que ela ainda tentava justificar sua decisão incluindo o nome do Roger nisso tudo. Eu não confiava nele, pra mim é só mais um sangue suga – Quer saber? Pra mim essa conversa acabou. Você está caindo em todas estas abobrinhas de novo assim como caímos no X Factor. Boa sorte com sua decisão, pois ela acabou de destruir o sonho de outras garotas e todos nos nossos laços!

Ela nada falou, havia apenas lagrimas caindo de seus olhos desesperadamente enquanto me olhava balançando a cabeça em negativo. Eu não esperei que ela falasse mais nada, sai porta a fora do ônibus sem olhar para trás, não queria ver ou ouvir ninguém, meu único desejo naquele momento era sumir, eu não suportava mais nada daquilo e não suportava o fato de que havia acabado de perder a minha melhor amiga para sempre e consequentemente a garota que eu estava apaixonada, a garota que eu amava.

Fim do Flashback



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