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História Scandales Victorienne - :: Capítulo 1 -


Escrita por: MaiBearfout

Capítulo 1 - :: Capítulo 1 -


Fanfic / Fanfiction Scandales Victorienne - :: Capítulo 1 -


  Assim que os cavalos da carruagem onde estava foram fretados ele saltou apressado, dispensando a ajuda de seu lacaio e alcançando as escadarias que davam passagem a enorme varanda da mansão imperial. O ar daquele início de tarde era frio e pesado, tal como o céu escuro com suas nuvens densas e cinzentas, caracterizando aquele dia triste e mostrando que, naquele momento, até mesmo o céu poderia chorar.
  
  Atravessando a enorme porta dupla aberta, ele avançou pelo saguão principal da casa, sendo observado pelos olhares curiosos dos criados espalhados aos cantos, até ser recebido primeiramente pelo mais cortês de todos eles. O homem de cabelos grisalhos e desalinhados o reverenciou com um aceno, até que Sasuke dispensasse as cordialidades e lhe puxasse para um amistoso abraçado apertado.

- Sasuke... - sussurrou o homem assim que se afastara, mantendo as mãos a segurarem os ombros do mais jovem, observando-o com admiração. - Que bom que tenha chegado. Estávamos todos ansiosos.
- Kakashi... Que bom ver você depois de todo esse tempo...

  Realmente, já fazia seis longos anos desde que Sasuke havia partido para a capital a fim de terminar seus estudos e completar sua tão sonhada formação, mas agora que a doença de seu pai era o motivo para seu repentino retorno, ele abandonara a vida na grande cidade e veio o mais depressa que pôde, ainda que fosse alarmado na última carta que recebera que seu pai não aguentaria muito tempo. Percebeu assim que chegou que nem aquela casa e nem mesmo o velho rosto de Kakashi sofrera quaisquer notável alteração dentro deste período em que esteve ausente, e isto trouxe um reconforto instantâneo ao rapaz, ainda que momentaneamente. Sua voz saiu carregada de preocupação e quase falha, receoso diante da pergunta ao qual estava prestes a fazer.

- Como ele está... ? - dizia o rapaz ao sentir uma pequena pontada de esperança em seu peito, mas que fora logo cortada pela desanimada expressão de Kakashi enquanto este se  afastava, oferecendo-se para apanhar o  pesado casaco do rapaz.
- Venha comigo. Vou levá-lo até os aposentos do Duque. A duquesa, senhora sua mãe, está fazendo companhia para ele nesse instante. Devemos ser breves.

  O mordomo se virou para a grande escadaria atrás de si, galgando silenciosamente os degraus revestidos em tapete de camurça vermelho, acompanhado de Sasuke que procurava controlar a ansiedade e a angústia, mesmo que sua primeira expressão demonstrasse claramente seu breve nervosismo.

- E quanto a Itachi? - perguntou o moreno, se pondo ao lado.
- Receio que ele ainda não tenha recebido notícias da condição delicada de vosso pai.

  Sasuke baixou a cabeça pensativo, perguntando-se onde estaria seu irmão mais velho e por que se manteria assim tão longe, sem dar quaisquer notícia. Os dois homens seguiram pela escadaria até o segundo andar, alcançando finalmente o condecorado corredor iluminado pelos candelabros dourados que se estendiam enfileirados em toda sua extensão. Entre portas fechadas e pinturas a óleo dos antigos descendentes da renomada família, Kakashi parou diante de uma ilustre porta amarela com entalhes dourados, ao qual ostentava o enorme brasão da família, e, batendo na polida madeira de Carvalho, esperou pela resposta de uma embargada voz feminina que soou do interior do quarto, dando permissão para que entrassem. 

  O aposento estava escuro e possuía um odor enjoativo, mas, mesmo com a pouca luz por conta das cortinas fechadas, Sasuke podia ver claramente a figura pálida e inexpressiva de seu pai, deitada sobre a enorme cama ao centro. A imagem doente do Duque Uchiha fez Sasuke pensar no tempo em que perdera, estando tão longe da família. Atravessando por fim o grande espaço entre a porta e a cama, ele alcançou a frágil mulher de costas, ao qual parecia concentrada em seu cansado esposo.

- Mãe...? - A voz de Sasuke saiu baixa e em tom reconfortante, chamando a atenção da duquesa que, pela primeira vez, teve seus olhos inundados em alegria ao avistar o rosto de seu amado filho mais jovem.
- Meu filho!!

  A bela mulher de cabelos negros, sempre tão elegante, virou-se para abraçar seu filho com ternura, no que Sasuke entendeu como um discreto pedido de socorro. Ela permaneceu o abraçando por um tempo, e Sasuke tinha o rosto de sua cansada mãe delicadamente apoiado em seu peito, percebendo pela primeira vez o quanto ele crescera, não sendo mais o jovem franzino que deixou aquela casa algum dia.

-Mãe, diga, como está a saúde dele?

  A duquesa afastou-se do filho, desviando o olhar triste para o marido que repousava, ouvindo os ruídos de seu peito diante da pesada respiração. Instintivamente ela levou o lenço que apertava entre os finos dedos até o canto dos olhos, enxugando as lágrimas nervosas que caiam abundantes. 

- Está muito doente. Os médicos disseram que já é hora de se despedir. - Ela deu uma breve pausa, engolindo o choro sentido antes de continuar, virando-se para observar o filho novamente - É bom que esteja aqui, Sasuke. Você... chegou bem a tempo. 

- Sasu...ke...

  A voz cansada do nobre duque se fez ouvir na medida em que lutava para abrir os olhos, sendo atendido de imediato por seu filho que, ajoelhando-se ao seu lado, tocou-lhe a mão com ternura.

 

- Pai, não se esforce. Estou aqui ao seu lado.

- Meu filho, não tenho muito tempo... é bom vê-lo de novo mesmo que seja pela última vez. Está... tão grande... um verdadeiro homem.
- Não diga isso, pai. Você irá melh-
- Não fale bobagens... Eu sei que estou morrendo. Ouça-me...

  Sasuke acenou com a cabeça levemente, engolindo o bolo que se formava em sua garganta, enquanto apertava a mão gelada e suada de seu pai, atentando em cada palavra baixamente proferida por ele.

- Escute, meu filho... Itachi está ausente e ninguém sabe onde ele está, mas você está aqui. Nossa família possui grandes responsabilidades. Foi assim com meu pai... e antes dele... será assim com você também... - o homem tossiu de forma agressiva, procurando o ar que lhe escapava, e voltando aos seus esforços para continuar falando. - Sua mãe não conseguirá cuidar de tudo. Você é um homem agora e deve assumir esta casa, estas terras e este título.
- Pai, não acho...
- Silêncio, rapaz! - novamente a tosse rompera a fala de forma cortante, levando um tempo a mais para que o duque se recuperasse. - Você deve ficar. Deve assumir o meu lugar como duque... deverá procurar uma boa esposa e trazer felicidade para sua mãe... Prometa que você cuidará de tudo! Prometa que se casará brevemente e cuidará de sua mãe!

  Sasuke se manteve receoso por um instante refletindo no apelo de seu pai, porém, mais uma saraivada de tosses fez o homem cuspir sangue enquanto seu peito estralava, voltando a arrancar lágrimas em abundancia do rosto de sua esposa nervosa, ao seu lado.
 

- Eu prometo, pai. Eu prometo que cuidarei de tudo.

  Ainda procurando manter os pulmões fracos sob controle, voltando a puxar o pouco ar que conseguia, o duque sorriu de forma cansada, fechando seus olhos frios e apertando a mão de seu filho.

- Eu lhe abençoo, meu filho. Você há de ser um bom governante e se casará com uma mulher doce e dedicada, que lhe dará bons frutos. Cuide de sua mãe... diga ao seu irmão que eu o amo...

  Assim que sentiu as mãos de Fugaku afrouxarem sobre as suas, o jovem herdeiro dos Uchihas não pôde mais segurar suas lágrimas, nem pôde controlar seu sofrimento ao ouvir o choro desesperado de sua mãe a debruçar-se sobre o peito do marido. Enquanto os olhos marejavam, Sasuke sentiu o bolo em sua garganta agora descer livremente, e, afastando-se da cama e do desespero de sua mãe, ele aproximou-se da enorme janela ao canto do quarto. Puxando a cortina pesada, avistou através da vidraça embaçada os respingos de chuva do mal tempo lá fora. Sua alma estava em luto. Agora era tarde e ele precisava honrar o que havia prometido. O que seria mais difícil pra ele? Governar aqueles terras ou achar uma doce e gentil esposa que pudesse amar?
                              
xxx...

  A agitada Shizune atravessou apressadamente o pequeno jardim com a barra de seu saiote nas mãos, alcançando a escadaria da grande e velha casa, até ser surpreendida pelo momento em que a porta fora aberta com brutalidade, onde um jovem ruivo atravessava a varanda em tropeços, bolando pelos degraus e espatifando-se na grama úmida. Levantando os olhos, ela avistou a figura rosada e enfurecida, que segurava a barra de sua saia, mesmo que seu bonito e refinado vestido em nada combinasse com suas expressões rústicas daquele instante. Ela parecia bufar impaciente, avistando o ruivo se levantando com dificuldade, que limpava as mangas do casaco e os joelhos sujos.

- Sua louca! É por isso que ainda está solteira!
- E continuarei solteira enquanto cavalheiros de baixo nível como você acharem que podem avançar em seus estúpidos cortejos com uma dama!
- Dama? - o ruivo soltou o baixo riso em tom de deboche, verificando se sua calça ainda estaria inteira. - Já encontrei damas mais educadas em estábulos!
- E ainda vem me afrontar? Saia já daqui antes que eu o expulse à tiros, que é o que merece!
- Acha mesmo que vai continuar bem se expulsar todos os seus pretendentes assim? Pode ser bonita, mas é ríspida como uma fera! Sei que sua família está falida, senhorita! Até quando você acha que aguenta antes que a falta de dinheiro e quaisquer título lhe sufoque?

  A jovem donzela largou a saia de seu vestido e permitiu que o ar lhe escapasse dos pulmões de forma leve, sentindo a brisa gelada daquele final de tarde chuvoso. Ela fechou seus olhos por um instante, antes de tornar a abri-los, encarando o rapaz com seus grandes orbes verdes esmeralda.

- Você me acha bonita, Lorde Akasuna?

  O ruivo, ao avistar a doce expressão que a rosada adotara, sentiu sua fúria ceder ao charme da bela jovem, encantando-se com aqueles olhos verdes que sempre prendiam sua atenção, e ao qual era um dos fortes motivos para trazê-lo até ali, além de sua perversa imaginação sob os detalhes íntimos da donzela agressiva, é claro.

- S-sim, senhorita Haruno! Sua... Sua beleza é incomparável!
- Pois bem! 

  A garota mordeu o lábio inferior e voltou-se para a sala, saindo do alcance do olhar de todos. Sasori apanhou o chapéu no chão e espanou a grama presa sobre ele, colocando-o em sua cabeça e recompondo a compostura de maneira mais aliviada, até ouvir os passos duros da jovem na madeira do assoalho, aproximando-se.

- E então, senhor Akasuna! - gritava ela da varanda, jâ apoiando a espingarda de cano duplo que apanhara na sala, contra seu ombro, mirando-a para o ruivo a sua frente, antes de continuar a bradar. - Será que ainda há de me achar bela enquanto aponto isto pra você? 

  O susto fez tanto o ruivo quanto Shizune se abaixarem, perplexos pela situação, até novamente ouvirem passos de dentro da casa.

- Sakura, mas o que pensa que está fazendo, menina?!? - dizia a mulher loira, assustando-se com a cena por mais que não fosse assim tão inédita. - Largue já essa espingarda! Por Deus, isso não é coisa para uma moça fazer!!!
- Não se preocupe, madame Senju, está tudo bem. - dizia o ruivo, levantando-se novamente e ajeitando seu elegante casaco sobre seu corpo. - Duvido muito que ela saiba ao menos como se usa isso.

  Torcendo o gatilho, a rosada disparou a arma ao solo, bem próximo aos pés do ruivo, que precisou saltar para que o projétil que arrancava com fúria grama e terra não lhe arrancasse também a perna, recuando assustado e olhando agora de forma amedrontada e olhos arregalados.


- Sua louca!! Você precisa ser presa!
- Se não sair agora, o próximo vai ser bem no meio entre as pernas! 

  O ruivo correu apressado pelo jardim, voltando seu rosto para trás de forma nervosa a verificar se a rosada baixaria ou não a arma. Encarando-a de uma distância que ele poderia julgar segura, o jovem gritou a plenos pulmões:

- Você jamais será uma mulher para se casar, senhorita Haruno! Sua arrogância será sua única companhia pelo resto de sua vida!

  Colocando novamente o chapéu - agora amassado - sobre a cabeça e endireitando a gravata, o jovem e aristocrático ruivo seguiu pelo portão, virando a esquina e sumindo do alcance da vista de todos.

- Sakura, você perdeu o juízo?!? Meu Deus, estamos arruinados!!

  Sem dar importância aos apelos da mulher, Sakura voltou-se para dentro da casa sem nada mais a dizer, deixando a pobre Tsunade aflita, que se jogando sobre uma velha cadeira de balanço na varanda, rendeu-se aos nervos. Recuperando o fôlego, Shizune correu até sua senhora, ajoelhando-se ao seu lado enquanto lhe abanava com o avental.

- Senhora, senhora, você está bem??

  Levando as mãos ao rosto, Tsunade respirou profundamente na tentativa de se recuperar do ocorrido. Aquela garota maluca iria acabar levando aquela casa a mais profunda falência, se é que isto seria ainda mais possível.

- Estou bem, Shizune. Só não sei mais o que faço com essa garota. É o terceiro só este mês!! 
- Por que não desiste de arranjar um pretendente para a senhorita Sakura, minha senhora? Ela não parece interessada em um noivo.
- Você não entende... Aquele rapaz tinha razão, estamos falidos! Logo não terei condições nem de manter esta casa, quanto mais nos alimentar! Preciso casar Sakura com um bom partido para que ela não passe necessidades. Eu posso me virar bem sozinha...

  A dedicada criada puxava um pequeno banco recostado a parede, levantando os pés de Tsunade e os repousando sobre o mesmo, afim de fazê-la relaxar.

- Mas senhora, você nunca estará sozinha. Tem a mim!
- Ora, Shizune... - exclamava Tsunade, suspirando cansada. - Nem ao menos tenho dinheiro para lhe pagar seu salário. Por que ficar aqui?
- Porque a senhora cuidou de mim e me tirou da rua. Me acolheu quando ninguém mais me ajudou. Jamais irei lhe abandonar e tenho certeza que a senhorita Sakura fará o mesmo. 
- Duvido muito. Aquela me dá muito trabalho... se ao menos pudesse se casar. Não sei mais o que fazer! Mas diga, Shizune, vinha me contar alguma coisa?
- Sim senhora, trago boas novas! Advinha quem chegará ao porto amanhã?

  Tsunade arqueou as sobrancelhas, demonstrando toda sua curiosidade ao encarar o rosto sorridente de Shizune.

- Não me diga que...
- Isso mesmo! O jovem marquês, minha senhora!

  Tsunade levantou-se em um pulo, recuperando milagrosamente as forças enquanto se preocupava em tapar a boca de Shizune, pedindo segredo.

- Não fale alto, ela não deve escutar! Não acredito que recebo esta notícia, Shizune! Esta é a nossa chance! Devemos levar Sakura até o porto e sem falhas. Tudo haverá de dar certo! 

  A Senju então soltava o rosto de Shizune, pondo-se a caminhar de um lado para o outro na varanda, recostando-se na porta para ter certeza de que Sakura não estaria ouvindo.

- Eu também pensei nisso, senhora. Pode dar certo! 
- Vai dar certo! Eu ainda me lembro, os dois eram tão próximos na infância. Shizune, mantenha isso em segredo. Amanhã eu cuidarei de tirar essa garota teimosa de casa e iremos a cidade. Dessa vez, ela vai se casar!
 


Notas Finais


Beem, amores e amoras, espero que gostem desse cap. Semana que vem tem mais. Bye bye *O*


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