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História Scandales Victorienne - :: Capítulo 11 -


Escrita por: MaiBearfout

Notas do Autor


Geeeentee!

Desculpe a demora pra atualizar, tem ficado difícil pra mim...

Mas acima de tudo queria agradecer imensamente aos comentários do cap anterior. Fico muito feliz que tenham gostado *------------*
Vou me empenhar mais para atualizar certinho a fic, por vocês <3
Espero que gostem do capítulo, e prometo melhorar no próximo. Beijinho a todos <3333333

Capítulo 11 - :: Capítulo 11 -


Fanfic / Fanfiction Scandales Victorienne - :: Capítulo 11 -


  O corpo ainda tremia compulsivamente quando ela deixou o esconderijo, estreitando-se entre a passagem formada pelas raízes do enorme carvalho que a abrigara. No chão ainda haviam os sinais da luta recente sobre a terra remexida e úmida, e a respiração de Sakura estava alterada, pesando a cada instante ao ponto de quase esmagar-lhe o próprio peito. O coração batia acelerado, tão nervoso quanto todo o resto de seu corpo, e as lágrimas foram engolidas, descendo rasgando pela garganta estreita e amargando a boca. Sasuke estava caído a alguns passos a frente, totalmente inerte, não apresentando quaisquer sinal de resposta para os chamados fracos da rosada, e, praticamente arrastando-se na sua direção, ela caiu sobre os joelhos ao lado dele, olhando-o de forma assustada.

- Sasuke...

  Os lábios foram pressionados com força após o fraco sussurro, convertendo-se em uma linha tênue, e ela balançava a cabeça negativamente, recusando-se a aceitar o que seus olhos presenciavam. Sasuke ali, caído, depois de arriscar-se ao ponto de nem ao menos poder mais reagir. Os braços trêmulos dela foram esticados, o puxando de forma suave para si, avistando o rosto contorcido e apagado do rapaz, agora em seu colo. Havia uma enorme ferida no ombro direito, sangrando ao ponto de encharcar o casaco cinza que Sasuke usava, tal como o outro ferimento em sua perna esquerda. Sakura sentiu seus olhos marejarem, ocultando-lhe a visão que resumia-se apenas em imagens turvas e embaçadas do rosto pálido do Uchiha, e agora ela lutava contra os próprios soluços, que intensificavam o choro incontrolável.  Ele não tinha o direito de ter feito aquilo. Não por ela.

  Controle-se, Sakura! Controle-se!

    Envolvendo os braços em torno do torso de Sasuke, ela o mantinha apertado contra seu próprio corpo, forçando para reunir em sua mente alguma ideia que lhe permitisse reagir, mas estava muito nervosa. Nervosa ao ponto de nem ao menos conseguir se concentrar em outra coisa além da tenebrosa ideia de que o jovem Uchiha poderia estar morrendo.       Aquilo seria algo que ela jamais poderia aceitar.

  Um relincho soou baixo e ela avistou o cavalo de Sasuke do outro lado do arbusto, quieto mediante a tudo o que havia acontecido, como se também temesse o ocorrido. Ou simplesmente evitava a presença dos lobos mortos caídos adiante, ao qual encharcavam o solo com sangue fresco. 

    Puxando o ar com determinação, Sakura percebeu que não poderia mais perder tempo. Agora era Sasuke quem precisava dela naquele instante, e ela não iria fracassar.

xxx...

   Karin estava sentada sobre um elegante banco de metal posicionado no jardim, tomando o que seria a quinta xícara de chá só naquela manhã. O clima gélido com nuvens densas e a total ausência do sol tornava o momento propício para isso, mesmo que o almoço estivesse marcado para ser servido em breve. No entanto, talvez o real motivo que tinha para tomar tanto chá fosse seus nervos alterados, que pioraram ainda mais ao ver Sasuke com aquela hostil. Como se já não bastasse vê-los tão próximos o baile inteiro. 

    Próximos demais para duas pessoas que mal se conheciam.

     Em pensar que, na noite anterior, quando fora obrigada a presenciar a festa insuportável do seu também insuportável primo e a sem graça de sua noiva, ela havia realmente se convencido de que poderia tirar algum proveito da ocasião, refazendo as pazes com Sasuke e se aproximando dele de forma significativa. Arrumou-se com seu melhor vestido, preparou o melhor penteado e até quase tomou um banho com o perfume chinfrim que havia ganhado do maldito patife da perfumaria, tudo isso para agradá-lo, mas Sasuke nem ao menos lhe notou. Pior do que isso. Estava empenhado para manter-se o mais longe possível, evitando-a a todo custo, até aparecer com a sonsa-sem-sal da Haruno. - O que aquela falida tem que eu não tenho em dobro? - Perguntava-se, terminando outra xícara de chá. Karin era uma lady de berço, refinada, e mesmo que não estivesse a frente das riquezas da família, tinha garantida uma vida confortável na mansão, ainda que não pudesse gastar mais como antes. De qualquer forma, ela não podia aceitar o fato de ser trocada por alguém a quem julgava ser tão inferior, ainda mais levando-se em conta o abismo de diferença entre as duas, que as separavam. Aquilo era ultrajante.

  E, assim que os viu chegarem naquela manhã juntos novamente, ela percebeu que seu dia seria miserável. No fim, não lhe restava outra alternativa a não ser ficar ali, mantendo em seu rosto os sinais evidentes de seu péssimo humor, quieta, completamente alheia as tentativas irritantes de Rin em puxar assunto, e desejando no fundo de sua alma que Sakura caísse e quebrasse as pernas, ou o pescoço, quem sabe. Ou ainda, Sasuke Uchiha poderia morrer por tê-la desprezado daquele modo. Pensar assim já a reconfortava de certa forma.

- Vou apanhar um pouco mais de chá, milady.

    Karin fez uma careta, torcendo o nariz para as palavras de Rin diante de sua esforçada tentativa de acalmá-la, ao qual levantou-se em seguida, apanhando o pirex da ruiva. Rin estava acostumada com a personalidade difícil de Karin, e, mesmo que o clima entre as duas estivesse tenso o bastante, ela sentia que as coisas corriam bem ao pensar que a senhorita não importunaria mais o jovem Uchiha. Ou ela inocentemente acreditava nisso.

     Rin contornou o assento onde Karin estava, afastando-se na direção da cozinha e deixando a ruiva a sós, ao qual mantinha o olhar perdido adiante. A vegetação alta da campina inclinava-se na presença do vento, ondulando numa paisagem que poderia ser considerada até bela, se estivesse com o mínimo de vontade pra pensar sobre isso, e sua atenção mantinha-se no emaranhado de árvores distantes a formarem uma parede natural que dividia a campina da floresta.

     Tão distante, sombria e quieta. Até demais.

  Forçando a visão, ela avistou um vulto criando forma, aproximando-se rapidamente pela campina e cortando a vegetação, formando um longo rastro. O cavalo parecia montado por duas pessoas, e tudo o que ela conseguia ver era a cabeleira rosa sacudindo selvagemente, como as crinas negras da montaria, aproximando-se de forma tão rápida e desesperada que a ruiva mal teve tempo de pensar sobre o que teria acontecido. Assim que conseguiu identificar quem era, sua única reação foi levantar-se de imediato, tomada por uma desagradável sensação que percorreu-lhe a espinha, como um arrepio. Um mau presságio.

    O cavalo negro corria desesperado, deixando a campina e trotando pela grama baixa, arrancando tufos de terra e mato sob os cascos. O som pesado e abafado do animal a aproximar-se, inundavam os ouvidos de Karin, que sentiu uma pontada de medo tomando-lhe as expressões da face ao avistar Sasuke inconsciente, deitado nos braços de Sakura. Ela sentiu o chão tremer quando o cavalo atravessou a estreita passagem do jardim, deixando-a assim que alcançou o outro lado, rumando para os portões. Sakura atravessou o local como um vulto, cegada pela tragédia aparente, e Karin teve a terrível impressão de ter visto sangue sobre o peito do Uchiha. De repente, sua respiração estava desritmada, deixando-a em choque tanto quanto as demais presenças espalhadas ali e que também presenciaram o ocorrido. Sentindo a boca amargar, Karin agarrou o saiote, lançando um último e preocupado olhar para a floresta a fim de ver se Naruto ou alguém mais se aproximava, mas tudo agora estava quieto como antes. Correndo para a mansão, a ruiva gritava o nome de Rin a plenos pulmões, alertando a criada sob o que se sucedera.

xxx...

   Quando Naruto deixou a floresta, já podia observar ao longe a movimentação crescente em sua propriedade, o que o fez acelerar a cavalgada, cruzando a campina com Hinata em sua garupa e puxando Atlas pelas rédeas. Alcançando a relva baixa do jardim da mansão, o Shire albino do Marquês seguiu trotando em meia velocidade, e Naruto desceu quase saltando, ajudando a noiva em seguida, enquanto os criados já vinham em sua direção, totalmente alarmados.

- Naruto!

    A voz de Karin ergueu-se entre as demais figuras, e a ruiva surgiu com a mesma expressão preocupada dos demais, encarando Naruto de forma aflita.

- Sakura passou por aqui como um raio e tinha Sasuke ferido em seus braços! Você tem que ir agora atrás deles!

     Estreitando as sobrancelhas, o loiro virou-se para a noiva, tocando-a nos ombros enquanto a mantinha focada em seus olhos.

- Hinata, fique e recomponha-se. Preciso que tranquilize os demais também. Eu irei atrás deles.
- Querido, você precisa ir logo! Algo terrível pode ter acontecido e eu sou a culpada!
- Não diga bobagens! Fique aqui, eu volto logo.

    Despedindo-se com um beijo suave na testa da moça, o Uzumaki correu para a montaria, saltando sob o mesmo e preparando-se para partir, virando-se antes para um dos criados.

- Vá até a casa do duque e informe sua família do acontecido. Caso precise, os guiem para a casa de Tsunade. Não demorem!

  Sacudindo as rédeas de forma violenta, o cavalo avançou de imediato, soltando um longo relincho antes de sumir ao atravessar os portões da residência.

xxx...

    O som rangente da cadeira de balanço sobre o assoalho da varanda era arrastado pelo vento, tornando-se o único som audível por hora. Tsunade estava sentada, balançando-se, com os pensamentos perdidos depois de mergulhar em profunda lamúria mais uma vez, e talvez ainda o estivesse fazendo, se Shizune não tivesse se cansado de ouvi-la e entrado para a cozinha. 

- Primeiro Sakura e agora Shizune. Todos estão cansados de mim nessa casa. Talvez eu seja a culpada e realmente mereça...

    Mantendo-se recostada na cadeira, a loira permanecia relaxada sobre a mesma, lançando o olhar perdido para o horizonte, agora nublado. 

       O clima estava cada vez mais frio. 

     Sentiu algo enroscar em suas pernas, o que tomou-lhe a atenção, e, inclinando-se adiante, avistou o pequeno e rosado animal deitado abaixo, mergulhado entre as camadas de seu vestido cinza escuro. Ao menos não estava totalmente sozinha naquele instante.

- Você está ai, sua porquinha mal cheirosa... 

    Tsunade apanhava o pequeno animal, que dessa vez permanecia em silêncio - ao contrário das outras vezes em que grunhia desesperadamente - repousando-a no próprio colo e afagando-lhe a rala pelagem. O ar pesado e úmido a mantinha envolvida, e ela deslizava a mão lentamente ao longo do pequeno corpo em suas pernas, sentindo seu calor aconchegante lhe trazer a tranquilidade que buscava. De alguma forma isso a fez lembrar-se de quando fazia o mesmo com Sakura, quando ela ainda era uma menininha, e isso lhe trouxe saudades, apesar de ser estranho lembrar-se dela naquele momento. Tsunade nunca dera a luz a nenhum ser vivo, mas tinha bons filhos que criara com dedicação, e apesar dos seus próprios defeitos ela sentia-se realizada como mulher. Tirando o vício que lhe afundara, é claro.

     No fim, sua dedicação não seria diferente com aquela porquinha. Talvez devesse reconsiderar sob levá-la para a panela quando as coisas piorassem. 

     O silêncio mais uma vez repousou sobre o local, tomando-a por inteiro, e Tsunade fechou os olhos para melhor aproveitá-lo, até ouvir os sons furiosos de cascos a se aproximarem rapidamente. Abrindo os olhos de forma súbita, ela avistou o momento em que Sakura atravessara o caminho de cascalhos, freando de forma brusca o cavalo exausto que arrastou-se sobre as patas até a varanda, parando finalmente. O sossego foi jogado para longe assim que Sakura ergueu-se sobre o animal, com o torso e as mangas do vestido manchadas de sangue, e um rapaz desfalecido em seus braços.

- Senhora Tsunade!

    A voz de Sakura ecoara em um grito choroso, que morreu assim que escapou-lhe da garganta. Os olhos verdes brilhavam de forma intensa num pedido desesperado de socorro, que Tsunade compreendeu mesmo que Sakura não conseguisse dizer mais nada. Pondo-se de pé em um pulo imediato, a loira deixava Ton Ton no chão enquanto aproximava-se da jovem alterada, compartilhando de sua aflição naquele instante.

- Por Deus...! Iruka! Shizune! Ajudem-nos aqui, agora!!

  Levou meio minuto para que os criados aparecessem de onde estavam, alarmados pelos gritos da madame, e, correndo na direção de Sakura, Iruka ajudava a descer o rapaz, arrastando-o para a varanda. 

- Tsunade, por favor...ajude-o! 

  Os olhos de Sakura encontravam-se marejados, transbordando em preocupação, enquanto sua voz soou rouca e baixa ao lado, fazendo Tsunade engolir seco. Tudo estava acontecendo ligeiro demais e ela não tinha nem mesmo tempo para raciocinar sobre o que ocorria. De qualquer modo, as perguntas deveriam ficar para uma outra hora. 

- Vamos levá-lo pro quarto debaixo. Shizune! - a voz firme de Tsunade fez a mulher franzina de cabelos curtos e negros aproximar-se, limpando as mãos no avental que usava, da forma mais frenética e nervosa que conseguia. - Arranje água e toalhas limpas, traga também minha caixa com remédios e bandagens! Precisamos limpar os ferimentos e rápido!

xxx...

    Assim que Sasuke fora deitado sobre a cama de solteiro de um dos quartos, no andar de baixo, Tsunade tirou-lhe o casaco, desabotoando o colete e rasgando-lhe a camisa com uma tesoura, expondo o ombro direito do rapaz. Haviam marcas grosseiras de dentes que dilaceraram a carne, onde o sangue escorria pelos buracos dos ferimentos abertos que estendiam-se até a lateral do pescoço. Dobrando as mangas do vestido, ela apanhava uma das toalhas limpas, mergulhando-a na bacia com água e a torcendo em seguida, comprimindo-a contra o ferimento.

- Senhora Tsunade... ele vai ficar bem?

    A voz de Sakura soou preocupada ao lado, enquanto esta observava a Senju a limpar o rapaz, examinando-o.

- O que aconteceu?
- Foi atacado por lobos... - ela suspirou de forma pesada e sua voz caiu alguns tons, quase chorosa - Tem que fazer alguma coisa...
- Certo, Certo. A mordida foi profunda, podendo ter danificado o osso do ombro, e pode ter rompido algum nervo. Os dentes também acertaram a região do pescoço, causando um enorme corte que sangra bastante, o que pode ter acertado ou não uma veia. Se for este o caso...
- Meu Deus... - a jovem cobria a boca diante da noticia, estremecendo apenas com a vaga ideia da suspeita de Tsunade ser real.
- Não vamos nos precipitar! Me ajude a limpar a ferida e estancar os ferimentos do pescoço, vou precisar costurá-lo. Ele não está completamente inconsciente, e vai acordar quando eu jogar álcool no ferimento. Mande Iruka lavar bem as mãos e vir me ajudar para segurá-lo.
- Não, eu posso fazer isso.
- Não é hora para teimosia, Sakura! Você também está ferida e precisa descansar um pouco!
- Eu não irei sair daqui nem morta, então trate de aceitar logo a minha ajuda e não perder mais tempo!

    Tsunade espantou-se com o repentino tom furioso e determinado na voz de Sakura, ao qual esta agora a encarava de forma séria, ao contrário da garota assustada e temerosa de segundos atrás. De qualquer modo, era a mesma Sakura teimosa e insistente de sempre, e ela estava certa. Não havia tempo a perder.

- Tudo bem. Segure o peito dele e o mantenha deitado. Depois de limpar a ferida, terei que costurá-lo. Vai doer, e você precisa ser firme com ele. Acha que consegue?
- Eu vou conseguir.

     Contornando a cama, Sakura debruçou-se sobre o peito do rapaz, mantendo seu peso a prendê-lo no colchão, enquanto encarava sua expressão vaga e contorcida em dor. Vê-lo daquela forma a afetava de um modo profundo que nem mesmo ela conseguia entender.

- Prepare-se. Agora!

     Destampando um dos frascos da estante ao lado, Tsunade despejou o líquido transparente sobre a ferida, ao qual ferveu, arrancando um longo gemido de Sasuke que contorceu-se diante da dor, que aos poucos era lavada junto com todo o sangue.  Sakura empenhava-se para tranquiliza-lo e ele cedeu assim que ela tocou-lhe o rosto, acalmando-se aos poucos enquanto o líquido parava de queimar. A respiração do jovem voltava ao normal, e aquele era o momento que ela tinha para costurar-lhe os ferimentos. A pior parte começaria agora.

xxx...

   O Shire interrompeu o galope assim que alcançou a varanda da residência, e Naruto saltou do cavalo, pulando a pequena fileira de degraus e entrando apressando na casa. O som pesado de suas botas faziam o assoalho ranger, e ele adentrou o corredor da velha e enorme casa, deparando-se com Shizune e Iruka, temerosos na sala.

- Onde eles estão?
- Naruto...! 

  O sussurro de Shizune saiu de forma surpresa, e ela tirou a mão da boca, ao qual roía a unha do dedão, e esticou o braço na direção do corredor a frente, apontando para a última porta. Naruto agradeceu com um ligeiro aceno de cabeça e avançou na direção indicada, sendo surpreendido pela porta aberta do qual Tsunade surgia, limpando as mãos em uma toalha branca.

- Naruto!
- Vovó Tsunade, como eles estão? Sakura está bem?
- Sim, sim. Pior estava o rapaz mas já está fora de perigo.

  O loiro suspirou de forma profunda e aliviada, recostando-se sobre a parede e levando a mão até a testa, puxando os fios dourados de seu cabelo para trás, alinhando-os novamente.

- Que bom... estive muito preocupado. Hinata me disse que foram atacados por lobos.
- Sim, e pelo o que Sakura também me contou, o rapaz se arriscou para salvá-la. - Tsunade caminhava pelo corredor apertado, aproximando-se da sala onde Shizune e Iruka estavam, sentando-se em uma das poltronas afim de relaxar novamente. 
- Karin me disse que ele estava desmaiado. Tem certeza que não foi grave?

    Shizune apressou-se para servir chá nas pequenas xícaras sobre a mesa de centro, entregando-as aos demais. Naruto ainda permanecia em pé na entrada do corredor e recusou a oferta da criada, encarando Tsunade com a mesma expressão preocupada que demonstrara quando chegou na casa, mas a Senju lhe lançou um olhar impaciente. Recostando-se sobre o móvel aconchegante e sorvendo um gole generoso de sua segunda bebida predileta, ela continuava.

- Eu já disse que ele está fora de perigo. Ninguém morre por uma mordida no ombro e ele é um rapaz forte. Desmaiou porque foi exposto a um enorme momento de tensão acompanhado de esforço físico excessivo, tirando a perda de sangue. Qualquer um desmaiaria. Já costurei o garoto, dá um tempo, sim?
- Você deveria ter visto.

    Tsunade arqueou as sobrancelhas de modo curioso diante da voz grave do Uzumaki, que a encarava com um semblante mais sério. 

- Você viu? - perguntava ela, mantendo a xícara a alguns centímetros afastada dos lábios, após beber mais uma vez.
- Não. Digo que deveria ter visto o modo desesperado que ele saiu para salvá-la, quando nem eu mesmo fui capaz disso. Não é qualquer um que faz uma coisa dessas. Eu duvidava das intenções dele, mas agora tenho certeza. Ele e Sakura estão apaixonados.

   O chá foi cuspido com o susto, molhando a mesinha a frente e boa parte do próprio vestido. Aquilo só podia ser brincadeira. Onde e em que mundo Sakura se apaixonaria assim tão depressa? Naruto não podia estar falando de Sakura. Não daquela Sakura.

- Bobagem menino! Ainda vive dizendo besteiras!
- Acha isso besteira? Olha aquilo! Olhe lá!

    O Uzumaki apontava pro corredor e Tsunade ergueu-se para olhar na direção indicada, avistando além da porta entre-aberta a figura de Sakura prostrada ao lado da cama, agarrada a mão do rapaz. Olhando daquela forma, até se deixaria enganar pelas aparências.

- Senhora... isso é possível? - indagou Shizune ao canto, acompanhada de Iruka que também se esgueirava para olhar.
- Você não sabia, Tsunade? Não sabia da aproximação dos dois?

     A madame continuava a observar na direção do quarto, avistando a figura da jovem rosada que agora debruçava-se adiante. Nunca tinha visto Sakura se comportar daquela forma, muito menos esperava tal coisa. De qualquer modo, ela realmente estava se comportando de um jeito suspeito nos últimos dias, mas nem de relance essa ideia lhe passou a mente. Chegava a ser engraçado, se não fosse lhe parecesse ainda tão impossível.

- Parece que o duque conseguiu fisgar o coração duro de Sakura. 

    Os pensamentos de Tsunade esvaíram de sua mente assim que se deu conta das palavras de Naruto, arregalando os olhos mais surpresa ainda. Aquilo sim era impossível.

- A-Aquele rapaz é um d-duque?
 
     Naruto voltou sua atenção para a mulher ao lado, fitando-a com um sorriso gentil nos lábios finos e tocando-a nos ombros com delicadeza.

- Sim, e isso não é bom? Sakura finalmente está criando juízo. Não se preocupe, ele acabou de dar provas mais do que suficientes de ser a pessoa indicada pra ela. - lançando um último olhar na direção do quarto, o rapaz endireitou o casaco, voltando-se para a loira de baixa estatura, que fora responsável por boa parte de sua criação na infância. - Eu já vou indo, deixei minha casa e meus convidados as pressas, pois precisava saber se os dois estavam bem. Agora que estão, vou deixá-los a sós. 

    O marquês seguiu pela sala em passos rápidos, lançando um sorriso após despedir-se de Shizune e Iruka, parando assim que alcançou a soleira da porta.

- Ah, e pedi que avisassem a família dele sobre o acontecido. Se precisar de ajuda em alguma coisa é só me pedir. 
- Não se preocupe, estamos bem. 
- Certo. Voltarei mais tarde e trarei a minha noiva. Ela está muito preocupada e vocês também precisam conhecê-la. Até mais.

    Depois de um ligeiro cumprimento, o rapaz seguiu pelo corredor acompanhado de Shizune e Iruka, que sumiram assim que atravessaram a porta dupla da entrada. Tsunade mantinha-se estática em meia a sala, encarando a entrada do quarto no fim do corredor, enquanto refletia sobre tudo o que Naruto disse. Seria mesmo possível?

xxx...

     Sasuke abriu os olhos lentamente, lutando para reconhecer o teto acima, enquanto sentia seu corpo completamente dolorido. Os olhos turvos mantinham-se ligeiramente cerrados, e uma pontada aguda percorreu-lhe o ombro, provocando um gemido que conteve, até se situar melhor. Em seu peito, mechas de cabelo rosado se espalhavam, caindo em abundância sobre seu corpo, e um perfume adocicado lhe tomou os ânimos, o fazendo relaxar com aquele aroma característico dela. Aquilo serviu-lhe como uma bênção.

  Sakura não se moveu a principio, permanecendo debruçada sobre ele, e ainda estava com o mesmo vestido de mais cedo, talvez um sinal claro de que não deixara o seu lado. Ele virou o rosto com cuidado para a janela, avistando a claridade suave que iluminava o quarto com fraqueza, o levando a se perguntar que horas seriam. Ele não fazia ideia de onde estava ou o que mais aconteceu depois que apagou.

   Uma nova fisgada lhe veio do ombro, desta vez forte e repentina o bastante, e ele se contorceu com a dor, acordando Sakura num sobressalto.

- Sasuke! Você está bem? Ta doendo muito?
- Calma, eu estou bem...  Estou vivo.
- Meu Deus...! Você me deu um enorme susto! Não podia ter feito aquilo! Ficou louco?
- Não pude evitar - respondia ele enquanto a encarava ao fundo nos olhos verdes e brilhantes. - Quando eu percebi, meu corpo já havia se mexido.

    Sakura o encarava de volta com uma mistura de emoções que ele não conseguia entender, e ela parecia confusa, o que o deixava desconfortável. O coração batia mais acelerado, a perturbando tal como a resposta dele. Ela também não conseguia entender o que estava sentindo naquele momento.

- Eu realmente... fiquei com medo. Muito medo.

     Ela afastou-se lentamente, recostando-se na cadeira em que sentava, encolhendo-se. Parecia realmente uma criança assustada e temerosa, cabisbaixa, completamente diferente da garota durona que Sasuke estava acostumado. De qualquer modo, seu verdadeiro alívio se dava ao fato dela estar bem, e ele se atreveria a salvá-la quantas vezes fosse preciso. Gostando ela disso ou não.

     Uma batida na porta interrompeu os dois, e Sakura permitiu que entrasse, surgindo Tsunade pela fresta, ao qual colocou apenas o rosto para dentro do cômodo.

- Ah, você já acordou. Vou pedir que Shizune traga algo pra você comer. Gosta de sopa de abóbora? Não tem que gostar, é a unica coisa que tem. E você... - a loira finalmente adentrava o quarto, voltando sua atenção para Sakura. - Está toda suja, precisa de um banho. Vamos, vou olhar seu tornozelo.

  Sakura não questionou, levantando-se de imediato e deixando o quarto na companhia de Tsunade. Sasuke permaneceu fitando-a até que sumisse, assim que a porta foi fechada. Ela realmente estava estranha e Sasuke não conseguia entender se, de fato, todo o seu plano havia dado muito certo ou muito errado.

xxx...

   Após o banho e de limpar o ferimento em seu tornozelo, Sakura desceu novamente as escadas, deparando-se com Shizune que saia da cozinha, carregando uma grande bandeja com um prato de sopa, talheres e um copo. Avistando-a, ela sorriu educada, indo em sua direção.

- Sakura, que bom que já tenha descido! Coma alguma coisa, a sopa ainda está quentinha.
- Não, Shizune. Obrigada. Não tenho nem um pingo de fome.
- E vai ficar sem comer? Não é sadio, e deveria aproveitar enquanto ainda tem.
- Obrigada, mas realmente estou sem vontade. Isto é pro Sasuke?
- O rapaz? É sim. Deve estar faminto, o coitado.

    Sorrindo gentilmente, Sakura estendeu os braços na direção da mulher, oferecendo-se para apanhar a bandeja.

- Pode deixar que eu levo até ele, Shizune. Obrigada mais uma vez.
- Certo, então. Eu vou ajudar a senhora Tsunade com alguma coisa. 

    Entregando a bandeja para a rosada, Shizune a avistou sumir pelo corredor em direção ao quarto, e pegou-se pensando em como os sentimentos jovens eram bonitos. Iria aproveitar o clima e servir um generoso prato de sopa para Iruka também, e só de pensar nisso, seus lábios já se inclinavam em um sorrisinho bobo. Ela já seguia na direção da cozinha quando ouviu uma movimentação intensa do lado de fora da casa, acompanhada pelo som de relinchos e rodas arrastadas, o que a fez atravessar a sala de imediato e com uma expressão assustada. Alcançando a varanda, ela avistou o momento em que uma elegante carruagem negra era freada e o lacaio saltava, abrindo a porta de imediato e ajudando uma refinada mulher a descer. Erguendo a saia com firmeza, a mulher atravessou a entrada do jardim em passos acelerados, quase correndo, enquanto suas expressões duras estavam voltadas para a pobre Shizune. Ela estava acompanhada de um homem alto e grisalho, que a seguia de perto, e sua voz saiu ríspida e em tom autoritário, mesmo que em seus olhos fosse evidente sua angustia e aflição.

- Eu sou a duquesa Uchiha, mãe de Sasuke Uchiha, e realmente exijo ver o meu filho agora!
 



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