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História Scandales Victorienne - :: Capítulo 12 -


Escrita por: MaiBearfout

Notas do Autor


Yooo!!

Mil desculpas pela demora, mas eu estive dando uma repaginada na fic e fazendo algumas correções, isso tomou o meu tempo. -QQ Também sofri imensamente com o meu terrivel dilema entre "põe título no cap", "tira título do cap". "Tira o casaco, bota o casaco" e decidi não nomear mais, essas drogueas. -QQ

Enfim, espero que gostem do cap. Não há nada muuito significativo mas é necessário para o desenrolar. Também estou pretendendo trabalhar numa One de ( ͡° ͜ʖ ͡°) SS e postarei em breve. Mil beijos, obrigada a todos que acompanham, assim como os comentários maravilhosos. Sério, vocês são lindos demais. <3

Sem enrolar mais, boa leitura.

Capítulo 12 - :: Capítulo 12 -


Fanfic / Fanfiction Scandales Victorienne - :: Capítulo 12 -


  Shizune ainda permanecia imóvel diante da presença tão intimidadora e autoritária daquela mulher, ao qual lhe encarava com profunda determinação, mas não houve tempo para sua resposta, pois ela já invadia a varanda e adentrava a casa em passos apressados, seguida logo ao lado pelo homem alto. Para Shizune, não lhe restou outra alternativa a não ser acompanhá-los.
Tsunade estava na sala quando o som pesado de passos no assoalho detivera sua atenção para a entrada, e ela levantou-se em um  pulo da poltrona onde estava, assim que reconheceu a elegante mulher de cabelos negros intensos. Mesmo que Tsunade não a conhecesse, não precisava de muita inteligência para perceber que ela era a genitora do rapaz. A semelhança entre os dois era gritante, mesmo que a duquesa parecesse nova demais para ser mãe de um jovem daquele tamanho.

  A mulher estacou assim que avistou Tsunade, dando-se conta de seu nervosismo pela primeira vez. As mãos tremeram por um instante e ela agarrou a saia azul marinho de seu longo vestido, numa tentativa de conter-se, mas a voz saiu completamente falha, mergulhada em aflição.

- Onde está meu filho? Ele está bem?!
- Seu filho está bem, senhora duquesa, mas entendo sua preocupação - Diante de uma breve pausa, Tsunade voltou-se para a pequena mulher por trás do homem alto e grisalho, ao qual encarava tudo assustada, a chamando. - Shizune, leve a senhora Uchiha para ver o filho, por favor.

  Shizune arqueou as sobrancelhas em espanto ao ouvir o seu nome, e, esgueirando-se pelo pequeno espaço que conseguira achar para atravessar, ela tomou a frente, pedindo educadamente para ser seguida pela duquesa. As duas avançaram pela sala e viraram no único e estreito corredor a direita, rumando na direção do quarto e deixando apenas Kakashi e Tsunade na sala.

- Perdoe os modos da duquesa, madame. Ela está muito nervosa com tudo. Todos estamos.

  O homem mantinha o chapéu segurado firmemente entre as mãos enluvadas e ainda permanecia em pé, próximo ao corredor, quando Tsunade lhe indicou um lugar vazio numa das poltronas para que se sentasse.

- Não peça desculpas de forma alguma, pois entendo a situação dela como mãe. Imagine o meu desespero ao ver minha filha ensanguentada com aquele rapaz nos braços. Foi terrível... Sente-se, senhor Hatake. 

  Cruzando a sala em passos suaves, o homem sentou-se no local indicado e pousou o chapéu ao seu lado, voltando a observar a loira adiante.

- Não posso imaginar o quão terrível realmente possa ter sido, mesmo que considere Sasuke como um filho também. De qualquer modo, é uma pena que nossas famílias se encontrem apenas diante de tamanho susto que poderia ter resultado em tragédia.
- Sim, mas felizmente tudo terminou bem. Aceita uma xícara de chá enquanto conto a você sobre o acontecido?

    Kakashi respondeu com um cordial aceno de cabeça em positivo e Tsunade já preparava-se para chamar a criada, ao perceber que esta estava ocupada com a duquesa. Neste caso, levantou-se ela mesma para servir as bebidas.

xxx...

    A porta foi aberta quase que de imediato, revelando Sakura ao lado da cama que estendia uma colher de sopa na direção de Sasuke para alimentá-lo, e a visão fez Shizune recuar em um pulo, assustada como sempre.

- Perdoe-me os modos, Sakura - dizia ela afoita, mantendo os olhos arregalados e antes que pudesse terminar a frase, surgiu uma mulher refinada e de cabelos negros vibrantes, adentrando o quarto com afogo.
- Meu filho!

    Ela estacou assim que avistou Sakura ao lado do rapaz, onde esta lhe encarava com uma expressão surpresa e sobrancelhas erguidas, mantendo o braço esticado e a colher a meio caminho da boca de Sasuke, que permanecia aberta, enquanto este também a fitava surpreso.

- M-Mãe?
- Sua mãe??

  Os olhares de Sasuke e Sakura se cruzaram por um instante, e, mesmo que se sentisse ligeiramente irritada pela expressão do filho naquele momento ao vê-la, Mikoto sentia-se verdadeiramente aliviada por ele estar bem, ainda que aquelas grossas bandagens em torno do ombro direito a incomodasse profundamente.

  Sakura mergulhou a colher na boca de Sasuke, ainda anestesiada pela situação em si, e o moreno quase se engasgou com o abrupto gesto, recuando o corpo e tossindo, até ser agarrado por sua mãe em meio a um abraço desesperado, entrometendo seu corpo entre os dois jovens sentados. A forma como ela mantinha-se agarrada ao pescoço do filho, tão tensa e aflita, movendo os próprios ombros a tremerem, assim como a respiração, parecia acusar que ela lutava para não chorar naquele momento, o que fez Sakura sentir-se uma intrusa diante da intimidade entre mãe e filho, que deveria ser protagonizada somente pelos dois.

  Sasuke virou o rosto para observar os cabelos negros de sua mãe se desalinharem, e ele a ouviu fungar e lhe sentiu tremer, deixando transparecer todo o seu nervosismo no momento. Era óbvio que ela estava sensibilizada demais e aquela reação surpreendeu até mesmo ele. No fundo, não esperava tal gesto vindo de sua inabalável genitora.

- Mãe...?Eu estou bem, sim. Só tenha cuidado com o meu ombro...
- Desculpe querido...eu...eu...fiquei tão preocupada!

   Ela afastara-se com todo o cuidado para não machucá-lo ainda mais, baixando o olhar triste e aliviado para esconder os orbes negros marejadas, quando Sakura finalmente se ergueu, afastando a cadeira de forma ruidosa e chamando a atenção dos dois.

- Se me derem licença, vou deixá-los a sós. - dizia ela cordialmente em meio ao sorriso gentil, colocando o prato de sopa em cima da cômoda ao lado.
- Não se preocupe querida, pelo contrário, me perdoe os modos. Estive mergulhada em um fosso de nervosismo o caminho inteiro até aqui.

    A duquesa limpava o canto dos olhos com as costas nuas das mãos brancas e trêmulas, sentando-se na beirada da cama sob o olhar atento dos dois jovens que se entreolharam em seguida. Ela estava visivelmente abalada e Sasuke julgou que a situação não poderia ser mais tensa e melancólica, até que fosse surpreendido com um puxão de orelha.

- Seu ingrato e inconsequente! Tinha a intenção de se matar assim? Sem sua mãe por perto? Acha que eu poderia aguentar perder um filho desta forma, tão logo depois de enterrar seu pai??! Eu achei que tinha juízo, Sasuke!

    Sakura sentiu-se terrivelmente consternada com a situação, cobrindo o queixo caído com a mão destra numa reação instintiva ao susto, e Sasuke fez uma careta para mãe, desvencilhando-se do puxão de modo visivelmente irritado. 

- Certo, mas eu não morri. Desta forma, deveria ao menos ficar orgulhosa de meu ato heroico, não é mesmo? Afinal, foi você mesma quem me ensinou a ser tão benevolente assim.

  Mikoto recuou o torso ligeiramente, mantendo uma expressão confusa no rosto e virando-se para Sakura em pé do outro lado do quarto, que encolheu-se ao perceber os dois pares de olhos negros em sua direção. E eles eram incrivelmente parecidos. Observando a duquesa estreitar as sobrancelhas, ela percebeu que aquele era o momento exato para explicações. 

- Me perdoe pela intromissão, senhora duquesa, mas deve ficar orgulhosa da postura de Sasuke, mesmo que tenha sido arriscada...

    A forma como as palavras de Sakura eram proferidas, tão calmas e aparentemente timidas, fez Sasuke se lembrar da noite passada, em que o abordara diante de uma conversa com o emissário do rei, e o livrou de uma situação embaraçosa, parecendo óbvio agora aos seus olhos que ela estava fazendo o mesmo naquele instante. Em outras palavras, quando ele a viu segurar as próprias mãos e desviar o olhar aparentemente tão frágil e insegura, ele teve a total certeza de que ela estava sim atuando, e ele não sabia bem como se sentiu naquele momento de descoberta.

- Tem todo o direito de estar preocupada, afinal, é a mãe dele... - completava Sakura, ainda mantendo o olhar baixo - ... mas saiba que se não fosse pelo extremo ato de coragem do seu filho, eu não estaria aqui agora, neste instante, e por isso, por mais insignificante que minha vida possa parecer para a senhora, se comparada a saúde de seu filho, eu devo dizer que estou incrivelmente grata a ele por salvar a minha vida e o devo muito por isso.

  Sakura ergueu o olhar, acertando a duquesa com seus orbes verdes e brilhantes, o que fez a matriarca dos Uchihas encolher-se com a declaração. Quando foi avisada pelo afoito criado sobre o que se sucedera com seu filho caçula, obviamente sentiu cada pedaço de seu corpo tensionar em total desespero, e, como não havia tido uma explicação de fato sobre o que aconteceu, permitiu-se apenas imaginar o pior diante de tudo, lhe restando pouco a pensar nos motivos que teriam ocorrido para que seu filho fosse atacado. Nada mais vinha a sua mente se não a terrível e degradante ideia de tê-lo morto. E aquilo foi realmente assombroso. Felizmente, tudo havia acabado bem.

   Baixando o rosto pensativa, ela cruzou os braços sobre o colo, refletindo naquelas palavras. Ainda estava temerosa, mas não podia negar que também encontrava-se orgulhosa pelo filho. Este, além de seguir a risca seus ensinamentos, mais do que nunca parecia o próprio pai. Fugaku também não se mostrava muito racional quando se tratava de proteger alguém querido. Conhecendo bem o esposo que teve, ele abraçaria o filho mais que orgulhoso e lhe daria os mais sinceros méritos por sua coragem, ao proteger uma jovem de cabelos estranhamente róseos que ela tinha a total certeza de não conhecer, mesmo que já a tivesse visto antes.

  Mikoto ergueu os olhos na direção de Sakura, mantendo um sorriso gentil nos lábios finos e trêmulos.

- Eu realmente estou orgulhosa de meu filho por isso e tenho total certeza que seu pai também está ... - dizia ela, voltando o rosto para Sasuke ao seu lado na cama - ...onde quer que ele esteja...

  Sakura coçou a garganta, detestando interromper a situação e, pedindo licença educadamente, ela afastou-se,  deixando o quarto, alegando que teria que ajudar Shizune com a cozinha. Saindo do cômodo sob o olhar atento do caçula dos Uchihas, e a duquesa não pôde deixar de reparar no interesse de seu filho em acompanhá-la com os olhos até que se ausentasse, e esperou ouviu o bater da porta para indaga-lo diretamente.

- Esta apaixonado por esta moça, Sasuke?

    Ela achou engraçado o momento em que os olhos do filho se arregalaram assustados quando ele percebeu finalmente a pergunta, e a pele de seu rosto ardeu instantaneamente em meio a uma cara emburrada, que agora era mantida por ele, fazendo a duquesa lutar para conter o riso. Um ato impensado naquela proporção - ao ponto de arriscar a própria vida para salvar uma bela jovem do ataque de lobos - faria muito mais sentido se aquilo fosse verdade e, diante da reação embaraçada do filho, ela esboçou um sorriso divertido e gentil, afim de confortá-lo.

- Vamos, não precisa ficar desse jeito. Conte tudo a sua mãe.

    Sasuke arqueou as sobrancelhas encarando-a por um tempo, afim de refletir sobre a resposta que daria. Não entendia ao fundo o motivo de se sentir desconfortável com tal pergunta, afinal, era esta a intenção quando ele e Sakura decidiram aceitar a maldita cavalgada e se entranharam naquela tenebrosa floresta, mesmo que isto jamais tivesse passado em sua cabeça no momento em que correu para ajudá-la. Pra ser sincero, precisava refletir melhor diante do que sentiu naquele momento, mas por hora, não poderia por tudo a perder, justo quando as coisas coincidentemente estavam tomando o rumo certo. Sua voz saiu grave e ele desviou o olhar, quando sentiu seu rosto arder ainda mais.

- Sim, eu estou.

xxx...

    Sakura engoliu seco e controlou-se para que sua mão trêmula não acertasse de nenhum modo a porta, ou fizesse quaisquer ruído no assoalho que pudesse dedurar sua posição como a bisbilhoteira que se portava no momento. Ela sentiu seu pulso acelerado tal como seus pensamentos inquietos por conta daquela resposta, o que causava uma certa estranheza dentro de si, decidindo então que deveria privar-se por hora de ouvir conversas alheias. Pelo menos "aquela" conversa. Girando sobre os calcanhares, ela seguiu com cuidado pelo corredor, até encontrar o homem grisalho sentado na sala na companhia de madame, o que a fez estacar. Lembrava-se dele na igreja, uma vez ou outra quando Tsunade a arrastava para as missas afim de converter sua teimosia, e empurra-la a todo custo um outro método de comportamento, mas não que tivesse falado com ele antes. 

    Os olhares atentos se mantiveram cravados nela por um instante e Tsunade a convidou para que se juntasse a eles na conversa e no chá, o que trouxe a aproximação de Sakura para si, acomodando-se em uma das cadeiras livres ao redor da mesinha de mógno, trabalhada ao centro da sala.

- Como ele está? - indagava Tsunade com uma certa desconfiança em seu tom de voz ao qual Sakura percebera de imediato, desviando o olhar da tutora para as próprias mãos em cima de seu colo, que ela mantinha a massagear.
- Está bem. A mãe dele está com ele agora. 

  Ela levantou os olhos de modo suave, avistando lorde Hatake do outro lado da mesa que a fitava de volta, parecendo inclinado a perguntar alguma outra coisa, mas Sakura apenas deu de ombros, desviando sua atenção novamente para os próprios pulsos e deixando claro sua falta de vontade em interagir. Daquele modo, Kakashi e Tsunade voltaram a conversar somente entre si, como faziam segundos antes.

xxx...

  Quando Mikoto saiu do quarto já era praticamente noite, e seus passos firmes no corredor chamaram a atenção das três figuras na sala, ao qual se levantaram de imediato, assim que ela se aproximou.

- Madame Senju, quero agradecer sinceramente pela sua recepção e por cuidar tão bem do meu filho, mas se não se importa, gostaria de levá-lo esta noite. Quero tê-lo em casa.

  Tsunade desviou o olhar para Sakura que pareceu incomodada com a decisão, o que fez a loira arquejar momentaneamente, levando a mão destra até a parte de trás do próprio pescoço, massageando-o.

- Entendo sua posição, senhora, mas Sasuke teve alguns ferimentos, como pôde ver. Não questiono sua capacidade de cuidá-lo, mas lobos são animais carniceiros e há a possibilidade de que as feridas infeccionem. Também gostaria de trocar as bandagens pelo menos mais uma vez e por isso acredito que seja melhor que ele fique por esta noite, se não se incomoda.

  Mikoto trocou um breve olhar com Kakashi que a encorajou com a decisão, a fazendo balançar a cabeça suavemente em uma positiva. Já ouviu falar antes da família Senju e seu talento notável no ramo da medicina. Hashirama Senju havia sido um grande médico quando ainda vivo, e sabia ela que Tsunade era bastante indicada para cuidar de seu filho. Neste caso, não a contrariou.

- Se acredita que ele deva ficar, eu permito... mas, ao menos queira aceitar um pagamento pelos serviços prestados. Eu adoraria que aceitasse.

  Tsunade arqueou as sobrancelhas surpresa ao ouvir a oferta, e estava terrivelmente inclinada a aceitar, quando Sakura se intrometera.

- De modo algum, senhora. A madame jamais cobraria, e seus cuidados com Sasuke é o mínimo que pode fazer depois dele ter salvo minha vida. Não existe pagamento maior do que isto.

  As sobrancelhas de Tsunade se tornaram estreitas, diante de seu semblante que caiu emburrado. Sakura era terrivelmente incomoda e inoportuna, atrapalhando o que poderia servir de uma boa ajuda para quem está na absoluta falência. Com qual propriedade ela poderia dizer que se considerava um pagamento maior? Pensar naquilo emburrou a Senju mais uma vez que reagiu com uma careta, seguida de um sorriso forçado.

- Claro...

  Mikoto virou-se na direção de Sakura, encarando-a ao fundo nos orbes verdes que agora pareciam assustados e, aproximando-se da jovem, ela tocou-lhe gentilmente seus ombros.

- Sasuke me contou tudo.
- C-Contou...?

    Não pôde evitar que sua voz saísse falhada, e com tal declaração, suas pernas fraquejaram imensamente trêmulas, a fazendo refletir sobre qual parte do "tudo" Sasuke teria contado, mas sua duvidas foram sanadas assim que ela continuou.

- Sim. Você também foi muito corajosa por tê-lo ajudado, trazendo-o até aqui, e eu sou muito grata por tudo isso. Pra ser sincera, Sasuke a vê como uma moça muito especial, e isto a torna muito especial pra mim também. Não pense que está em dívida, mas, se essa ideia insistir em sua mente, só peço que fique mais tempo na companhia de meu filho. Ficarei imensamente grata por isso.

    Naquele instante, Sakura não precisou se olhar em um espelho para ter a certeza de que seu rosto estava corado, e isto a incomodou profundamente, a deixando sem qualquer reação. E ela detestava simplesmente não reagir.

xxx...

   Depois de despedir-se do filho, a duquesa rumou na direção da saída, na companhia de Kakashi e Tsunade, partindo sob a condição de que retornaria no dia seguinte o quanto antes para vir buscar o filho. Na varanda, enquanto a Senju e Sakura observavam a carruagem distanciar-se em meio a noite fria, as duas trocaram olhares desconfiados, até que Tsunade se voltasse a mais jovem de maneira irritada.

- Agora quer me explicar o que diabos está acontecendo???

xxx...

    Quando Sakura entrou no quarto, deparou-se com Sasuke sentado na borda da cama, parecendo esforçar-se para se levantar, ao qual foi contido de imediato pela rosada, que atravessou o quarto em cólera.

- Está ficando louco? O que pensa que está fazendo??
- O óbvio. Tentando me levantar.
- Não vai se levantar! Não pode!
- Não vou ficar nem mais um segundo deitado. Não estou inválido e vocês estão dramatizando muito as coisas.
- Se levantar eu juro que vou apertar o seu ombro!

  Ele parecia ignorar completamente as palavras de Sakura, mantendo-se concentrado em esticar a perna ferida e impulsionou o corpo para levantar-se, sendo surpreendido pela súbita reação de Sakura em cutucar o seu ombro machucado, o que o fez estremecer de dor, sentando-se novamente no colhão e a encarando incrédulo e irritado.

- Ai! O que pensa que está fazendo? E por que está tão irritada comigo??

    Sakura bufou impaciente passando a mão no rosto e sentindo seus ânimos acalmarem, sentando-se ao lado do Uchiha na cama. Ela inspirou profundamente antes de virar o rosto em sua direção.

- Tsunade me questionou sobre o ocorrido e eu tive que inventar uma história para que acreditasse.
- Ah, está irritada por isso? Pensei que fosse uma ótima atriz e situações como essa fossem fáceis pra você.

  Quando Sakura o avistou fazer uma careta emburrada, ela não imaginou que ele ainda estivesse zangado pelo modo de como havia apertado seu dolorido ferimento a poucos segundos, apenas se deixando levar pela palpável ironia no tom de sua voz, o que a fez rebater de imediato.

- É claro que sou, e por isso disse que estava "apaixonada", como você disse pra sua mãe antes.

    Sasuke se conteve incrédulo, desviando o olhar para os próprios pés e permanecendo em silêncio. Isso acabara de denunciar seu inapropriado comportamento de ouvir conversas atrás da porta, mas ele simplesmente não podia julgá-la por fazer aquilo e dizer o quão baixo tal ato era, quando ele mesmo escondera-se para escutar conversa alheia antes. Deste modo, os dois apenas permitiram que um silêncio mortal pairasse no quarto, o que o fez sentir-se terrivelmente desconfortável, quase igualmente ao seu ombro que agora latejava, fazendo-o massagear aquela área, movendo o braço com cuidado diante de um baixo gemido.

- Me desculpe pelo seu ombro e pelo meu comportamento. É que tanta coisa aconteceu hoje...eu...não sei dizer como me sinto...

    Sasuke virou o rosto surpreso para fitá-la cabisbaixa ao lado, concentrada na ponta dos próprios pés e no tornozelo enfaixado que se moviam inquietamente, talvez como seus   próprios pensamentos em sua cabeça. Ouvi-la daquela forma o fez se perguntar se também estaria atuando ou se simplesmente não havia pegado pesado em algum momento na discussão antes. Ela parecia estranhamente vulnerável, assim como quando a viu escondida entre as raízes do carvalho para se proteger do ataque dos lobos.

- Tudo bem, eu entendo você. O dia foi confuso e cheio pra mim também...
- Não. A culpa foi minha. A ideia foi minha. Eu estava tão anestesiada com a possibilidade única de me livrar dos meus problemas, e planejei toda essa desgraça sem pensar melhor nas consequências. Agora, eu nem sei se quero continuar com tudo isso. Já me sinto desgastada.

    A voz dela caiu mais algumas oitavas e, mantendo o rosto ainda abaixado, Sasuke imaginou se ela estaria com vontade de chorar naquele momento ou se era apenas tristeza contida.  De qualquer modo, ele gostaria de reagir naquele instante, mas temia algum estranhamento por parte dela.

- Não diga isso. Seu plano foi ótimo e, mesmo aparentemente dando errado, as coisas estão indo bem. Minha mãe realmente acredita que há algo entre nós e, se até ela acha isso, quem dirá os outros. Não pode ficar se culpando por algo como aquilo. Ter lobos naquela floresta foi apenas uma terrível coincidência, mas eu estou vivo e não me arrependo de ter feito o que fiz. Nem você deveria.

    Sakura levantou o rosto em sua direção, alcançando as íris negras que a fitavam complacente, o que a fez repuxar os lábios em um gentil e conformado sorriso. Aquilo fez Sasuke lembrar-se de quando acordou e a viu deitada sobre seu peito, sentindo o aroma suave de seus cabelos rosados espalhados por ele. Era estranhamente confusa a imagem que Sakura alternava entre ser uma mulher dura, ríspida, arisca e autoconfiante, com o de uma garota gentil e vulnerável, e ele não sabia dizer qual o agradava mais, de fato.

  Uma batida na porta despertou os dois do breve transe que se submeteram, e eles se distanciaram de imediato assim que Tsunade entrou no quarto, encarando-os desconfiada. Ela arqueou uma das sobrancelhas ao perceber que Sakura mantinha o rosto focado no chão e que o rapaz apenas encarava o teto, disfarçando.

- Vamos, Sakura. Deixe-o descansar um pouco. Você também precisa.

     Se Tsunade esteve tão empenhada antes em fazer Sakura arranjar um pretendente, ela não podia entender o motivo para que esta estivesse agindo de forma tão incômoda agora, mas, sentindo-se completamente impaciente para questionar aquilo, ela apenas obedeceu, pondo-se de pé.

- Já estou indo. - dizia ela para a loira que arqueou uma das sobrancelhas, observando-a de canto, até que saísse do quarto. Aproveitando a deixa, ela voltou-se para o rapaz e lhe deu um beijo casto em sua têmpora, afastando-se antes mesmo que ele pudesse falar alguma coisa. - Mas é melhor não ir se acostumando. - dizia ela por cima do ombro, sorrindo segundos antes de deixar o quarto e fechar a porta.

  Sasuke apenas ficou imóvel, aturdido com a situação que se seguira, tocando suavemente com a ponta dos dedos a área beijada em seu rosto e suspirando. Seria uma pena não poder se acostumar com aquilo.

xxx...

  Quando Sakura despertou sobre o olhar atento de Shizune, ela ainda achava que estava dormindo ou sonhando, até perceber claramente a afobação no rosto da pequena mulher inclinada ao lado de sua cama, falando qualquer coisa que ela custou a entender.

- O que aconteceu? - dizia ela ainda sonolenta, buscando situar-se.
- A senhora Uchiha já chegou e está com o jovem duque em seu quarto. Acho que já vai levá-lo e a madame me mandou acordá-la.

    Sakura jogou de imediato as pernas para fora da cama, levantando-se em um pulo. Não tinha tempo para arrumar-se apropriadamente, nem ânimo, por isso correu lavar o rosto e passar as mãos úmida sobre os cabelos desgrenhados, apanhando o primeiro vestido que encontrou e enfiando-se nele no menor tempo possível. Não podia acreditar que havia dormido tanto e ela simplesmente se amaldiçoava por isso.

  As duas desceram as escadas quase correndo, bem no exato momento em que Sasuke e Kakashi deixavam o quarto. Ele estava asseado e vestindo roupas limpas, enquanto Hatake ainda mantinha as velhas dobradas em seu antebraço, e o Uchiha estava apoiado em uma bengala para sustentar o tornozelo ferido. 

- Já está indo? - a voz dela parecia afoita.
- Sim. Minha mãe não vai ter paz se eu não for pra casa, então... é melhor eu evitar mais desgaste por parte dela. Também já estou melhor.

  Kakashi deu alguns tapinhas suaves no ombro saudável do jovem Uchiha e se afastou após cumprimentar a Haruno, direcionando-se para a saída, onde Tsunade e a Duquesa conversavam. Naquela altura, Shizune também já havia saído e isso proporcionava um ligeiro momento a sós para os dois.

- Me desculpe, acabei dormindo demais e perdi o horário. Deveria ter levantando antes e tê-lo feito companhia.
- Não se preocupe... - indagava ele buscando quebrar o clima que a voz temerosa de Sakura formara - E você pode ir me visitar em casa, se não for incômodo.

  Ela arqueou as sobrancelhas de modo surpresa, diante da possibilidade.

- Posso?
- É claro. Estamos "apaixonados", esqueceu? 

    Um sorriso divertido ganhou destaque nos lábios finos do Uchiha e Sakura também sorriu em resposta, ajudando-o com a bengala, rumando para a saída.

     Mikoto e Tsunade voltaram sua atenção para a porta dupla na varanda, avistando o aparente "casal" cruzar o batente, o que despertou um sorriso agradável por parte das duas. A duquesa foi informada pela Senju que todos os cuidados já haviam sido tomados mediante as feridas do rapaz, e que agora ele só precisava mantê-las limpas, retornando dali a algumas semanas para retirar os pontos. Já estava mais do que apto para voltar pra casa. Mikoto voltou-se para a loira, agradecendo-a mais uma vez e insistindo em qualquer forma de pagamento pelo serviço prestado, mas com relutância e sob o olhar atento de Sakura, ela recusou a oferta. Sasuke também agradecera os cuidados e seus olhos se cruzaram com os da Haruno numa despedida breve, até que sentisse a mão de Kakashi sobre o seu braço, afim de ajudá-lo a descer as escadas.

- Vamos, milorde.

     A voz do grisalho saiu em um sussurro, e ele foi acompanhado de Sasuke que desceu o primeiro degrau, até ser surpreendido pela figura bem vestida em cima de um cavalo marrom, que cruzou a carruagem estacionada adiante, alcançando a beira da varanda. Os olhos dele varreram o local com cuidado, observando as pessoas que também o fitavam de volta, e então desceu do cavalo, aproximando-se educadamente, enquanto retirava o próprio chapéu em meio a uma cortês reverência.

- Senhora Tsunade Senju, desculpe incomodar mas trago o último comunicado de cobrança da coroa.

     O homem estendeu o pequeno envelope na direção da loira, que trocou olhares receosos com Sakura, engolindo seco e apanhando o objeto estendido. Ela havia se esquecido completamente daquele mal incômodo, e a julgar pela expressão assombrada no rosto de Sakura, ela também parecia ter se deslembrado. De qualquer forma, ser cobrada ali, diante de todas aquelas pessoas, não poderia ser mais embaraçoso e constrangedor para ela. Pior do que havia muitas vezes imaginado.

    Sakura também estava atordoada com a situação. Diante dos seguimentos que ocorreram no dia anterior, ela simplesmente esqueceu por completo que aquela segunda feira era o último dia para apresentar o pagamento da dívida, do contrário, perderia a casa, e ela sentiu sua respiração falhar por um instante. Estava envergonhada por aquilo estar acontecendo justamente diante da mãe de Sasuke, e ela buscou conter-se em olhar o jovem Uchiha nos olhos, mas acabou o fazendo, percebendo que ele também a encarava afoito. Viu o momento em que sua garganta se moveu como se ele engolisse algo. Também havia esquecido.

- Sinto muito, senhora. Eu realmente preciso levar uma resposta a coroa ainda hoje.
- Tsc... diga a eles que façam o que quiserem, não tenho o dinheiro.
- Espere.

     Os rostos se voltaram para o Uchiha que deu alguns passos turvos na direção do homem, mas todos foram surpreendidos quando Mikoto tomou a frente, o interrompendo.

- Com licença. Eu sou Mikoto Uchiha, a viúva de Fugaku Uchiha e atual duquesa. Diga ao seu superior que a dívida será paga ainda hoje.

    Os olhares surpresos pairaram na figura rígida da elegante mulher, ao qual encarava o homem com determinado ar de superioridade. O homem piscou algumas vezes raciocinando e recuou, descendo os degraus até alcançar a gramagem rala no solo. Ele pareceu receoso por um instante antes de atrever-se a confrontá-la.

- Bem...me perdoe, mas...eu realmente tenho ordens de...
- Bobagem, será que se recusa a prestar meu mandado? - a morena suspirou ligeiramente irritada pela posição do homem a sua frente, e procurando acabar com aquilo o quanto antes, ela levou as mãos aos brincos de ouro branco e perolas, retirando-os. Em seguida, tomou as pulseiras do braço esquerdo e o colar com uma cruz em diamante, estendendo as joias emboladas para o homem que a fitou espantando. - Tome, leve isso como um breve sinal de que irei pagar a maldita dívida. Agora vá. 

    O homem ainda permanecia confuso, mas estendeu a mão para receber as joias por ordem dela, colocando-as no bolso do casaco. Cumprimentando-os ligeiramente em uma despedida, ele rumou ao próprio cavalo e o montou, partindo em breve. Tsunade e Sakura permaneciam embasbacadas, observando o momento em que o homem sumiu de vista ao atravessar o portão, e ambas se entreolharam confusas. Sasuke também estava surpreso pela atitude inesperada de sua mãe.

- Duquesa, queira me desculpar por isso. Eu realmente estou alegre que tenha negociado por mim a dívida, mas não posso aceitar que...

  Mikoto levantou a mão ligeiramente, interrompendo a Senju em meia a fala, o que fez a loira a fitar apreensiva.
- Não poderia permitir tal coisa, ainda mais depois de tudo o que fizeram por meu filho. Perdoe-me se me intrometi numa questão pessoal, mas eu realmente não podia ficar parada, e sei que Sasuke também não.

   O olhar dela alternou da figura de Tsunade a sua frente para a jovem ao seu lado, encarando suas expressões ainda espantadas e visivelmente expressivas em seus olhos verdes arregalados. No fundo, a duquesa realmente estava apenas polpando os esforços do filho, que obviamente se intrometeria também. Sakura desviou o olhar brevemente para o chão ao deparar-se com as expressões sorridentes da matriarca Uchiha, mas em seguida tornou a olhá-la nos olhos, agradecendo-a silenciosamente com um determinado aceno com a cabeça, ao qual Mikoto retribuiu. 

  Sasuke permanecia imóvel atrás da mãe, ouvindo-a nitidamente quando esta se despediu mais uma vez de Tsunade e Sakura, cumprimentando-as brevemente antes de se virar para o filho, girando nos calcanhares e o fitando com um sorriso gentil nos lábios rubros. Ele realmente estava com saudades de toda a delicadeza de sua mãe, ao qual se vira tão abatida ultimamente, mas que de alguma forma parecia outra ali, adiante. Era tão graciosa que não precisava do brilho e peso de suas jóias para que tivesse sua real beleza apreciada. 

- Vamos indo, querido. - continuou, ela.
 



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