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História Scandales Victorienne - :: Capítulo 6 -


Escrita por: MaiBearfout

Capítulo 6 - :: Capítulo 6 -


Fanfic / Fanfiction Scandales Victorienne - :: Capítulo 6 -


     A mão de Sakura permanecia colada ao rosto do rapaz, mas nada parecia incomodá-la mais naquele instante do que a falta de reação do mesmo, permanecendo os dois parados, ainda ao chão, por um tempo que ela considerou longo o bastante, até que ele finalmente se levantasse, dando espaço para que a rosada se pusesse de pé. Como uma gata arisca, ela se afastou do rapaz em um pulo, sentindo seu coração palpitar de forma estranha e acelerada, enquanto ainda podia sentir o calor do corpo do mesmo sobre os seu. Observando pela primeira vez as pessoas ao redor, com seus olhares surpresos e cochichos maldosos, ela sentiu-se ainda mais nervosa e constrangida, até que seus olhos se direcionaram novamente para a figura do rapaz a sua frente, massageando a área golpeada do rosto. O olhar dele ainda permanecia cravado ao dela.

- É assim que você costuma agradecer quem acabou de salvar a sua vida?

 Os murmurinhos se tornaram maiores e debochosos de forma que Sakura não preferiu outra coisa a não ser escapar correndo daquele local, sem se dar ao trabalho de dizer mais nada ou olhar para trás. Sasuke ainda estava imóvel, observando a garota atravessar em disparada para o outro lado da rua, sem ao menos lhe dar o mérito de quaisquer agradecimento. As pessoas pouco a pouco se dispersavam do local e ele suspirou fundo, tentando ainda raciocinar sobre o ocorrido, mas ao virar-se de volta para a carruagem, deparou-se com a figura de Karin parada logo atrás dele, observando-o com certa dureza.

- Eu havia pedido a sua ajuda para descer a carruagem, mas pelo visto você estava mais ocupado com... outras coisas... 

O olhar da ruiva sobre ele trazia um certo ar esnobe de quem pouco se agradara com o ocorrido, ao qual é claro ela tentava mascarar por trás dos bons modos, mas Sasuke preferiu ignorar toda a situação.

- Perdoe-me. Vamos seguir com o passeio combinado. Tenho muito o que conhecer neste local.

O Uchiha tomou a frente em passos acelerados, pondo-se ao lado de Kakashi, que parecia ter assistido toda a cena á uma certa distância. Karin, por sua vez, ainda permanecia parada no mesmo lugar, esquecida pelo rapaz que continuava caminhando, ou pior, ignorada. Ela virou o rosto por cima do ombro, avistando o local que Sasuke e aquela impertinente garota haviam caído, e uma ligeira desconfiança pairou sobre sua mente atenta, trazendo pensamentos que a irritavam. De jeito algum ela iria permitir que alguma mulher se aproximasse de Sasuke, mesmo que fosse aquela lamentável garota esquisita. Não que a considerasse uma ameaça, nada poderia se igualar a Lady Karin Uzumaki, mas pela questão da situação, talvez devesse permanecer mais atenta. A voz de Rin soou por trás da carruagem e Karin virou-se ainda irritada para atender seu chamado. Sasuke não havia parado para esperá-la e isso requeria sua pressa. Quanto ao rapaz, ela tinha muito o que trabalhar sobre ele. 

xxx... 

Assim que alcançou uma distância segura, Sakura finalmente parou para recuperar o fôlego, apoiando as mãos sobre os joelhos e respirando fundo na medida em que o ar tornava-se regulável, até que ouviu uma voz familiar lhe chamar do outro lado da rua. Levantando os olhos verdes ainda assustados, ela avistou a bela donzela loira acenando na sua direção, parada na calçada adiante. A vista arrancou um sorriso amplo da rosada, que finalmente recompôs sua compostura, atravessando a rua para receber a amiga e irmã. 

- Sakura!  - Gritou Ino para a rosada, abraçando-a com delicadeza mas de forma calorosa, ao qual fora retribuída pela amiga.

- Ino, a quanto tempo!

- Verdade. Já faz tanto tempo que não nos falamos. Temos muito o que conversar. Vamos seguindo, não podemos perder mais tempo!

As duas seguiram para uma casa de chá na região leste do centro. Não era de fato a maior das lojas, mas era reservado o bastante para que as duas conversassem. Escolheram a mesa próxima a calçada, de onde avistariam o movimento da cidade enquanto discutiam as novidades de cada uma, que sem dúvidas eram muitas.

Depois de atendidas, optaram por bolo de amoras e chá verde para acompanhar a conversa, o preferido de Ino, enquanto a mesma contava sobre os detalhes de seu casamento. Desde o último verão, havia ficado noiva do filho do visconde, o que sem dúvidas era um ótimo casamento para sua família, e apesar de se tratar de uma união arranjada, Sakura não se lembrava de vê-la reclamar do noivado em nenhum momento nas cartas que receberap. Pelo contrário. Ino sempre esteve radiante e feliz com a escolha, e aquilo parecia lhe fazer bem. 

  Durante toda a manhã, Ino contou sobre sua festa de noivado que ocorrera na casa do Visconde, fora do território de Greenleaf, assim como contou ter sido bem recebida pela família do rapaz. Pelo visto, ela o achava incrível e encantador, mas pelo que Sakura pode ver da vez em que ele esteve no centro, era que se tratava de um rapaz esquisito e sem graça. Fazer o quê? Ino sem dúvidas estava perdidamente apaixonada por ele, e eles só haviam se visto três vezes antes do noivado. Aquilo era sem dúvidas algo que Sakura não podia entender. Como estar tão entusiasmada a casar-se com um homem sem ao menos conhecê-lo? Aquilo era, sem dúvidas, o pior dos castigos que Sakura a todo custo tentava evitar. Por muito tempo pretendeu jamais casar-se, mas se ocorresse, desejava que fosse por nada mais além de amor. E foi isso que ela desejou em silêncio por bastante tempo no inicio de sua juventude, até perceber que não existiam homens em Greenleaf que fossem capazes de despertar seu interesse romântico. Já que não podia escolher, evitou ser escolhida, e usar de sua personalidade difícil foi a única arma que tinha para manter os possíveis pretendentes afastados. Desse modo, não demorou muito para que fosse intitulada como "A donzela Hostil", e até então ela nunca havia reclamado da imagem que os homens criaram ao seu respeito, pelo contrário, era até mesmo engraçado, mas o destino também sempre reservara de um humor estranho. Agora ela não parecia se divertir tanto assim com sua reputação.

 Enquanto Ino continuava a falar de seu encantado mundo, Sakura se distanciou em seus pensamentos, virando o rosto para a rua e observando o fluxo de pessoas e cavalos a passarem. Aquilo a fez se lembrar do ocorrido na praça central, próximo ao chafariz, vindo a imagem daquele homem estranho tão próximo de si. As lembranças de seus olhos negros invadiram a mente de Sakura de forma involuntária, e ela pôde sentir nitidamente o calor e o peso do corpo dele novamente sobre o seu, o que lhe arrancou um profundo suspiro, ao qual não passou despercebido diante dos olhos da Yamanaka.

- Sakura, você está bem?

 Sakura virou-se para Ino de forma assustada, avistando sua expressão confusa, o que a deixou envergonhada por um instante. Está certo que ela havia estado em perigo mas quem aquele homem pensava que era, agarrando-lhe daquela forma? E por que diabos ela saiu correndo daquele jeito? Em outra ocasião, simplesmente havia lhe dito poucas e boas ou até mesmo o acertado com mais força, mas dessa vez sua reação não era nada justificável. Pelo contrário, não havia justificativas. Tudo o que desejava agora era esquecer aqueles olhos escuros a olhando tão de perto. Pensar na cena ainda fazia seu coração acelerar.

- Me desculpe, Ino. Eu estou bem. Sei que está empolgada com seu noivado, mas é que... tenho tido alguns problemas...

- Problemas? Que tipo de problemas? - perguntou a loira, adotando uma expressão preocupada enquanto fitava a amiga com ainda mais atenção. 

 Sakura suspirou, puxando de dentro do espartilho um pequeno papel de carta dobrado ao qual entregou para Ino, que a olhou confusa e receosa antes de apanhar a carta. Desdobrando o papel, a loira pairou os olhos sobre as letras elegantemente desenhadas, até que seus orbes azuis se arregalaram diante do último parágrafo.

- Por Deus, Sakura! Esses números são absurdos!

- É, eu sei... e esses são os números que definem a dívida da Madame para a coroa.

- Isso quer dizer... - dizia a loira abaixando o papel enquanto seus olhos encontravam os olhos de Sakura novamente, profundamente consternada. 

- Sim... Estamos falidas e a Madame corre o risco de perder a casa. Se isto acontecer, estaremos no olho da rua.

- Sakura, eu... se eu pudesse pagar a dívida... talvez eu possa falar com Sai.

- De jeito algum, Ino! Nem mesmo o visconde teria esse dinheiro, e mesmo se tivesse, jamais eu iria permitir uma coisa dessas.

- E o que pretende fazer, então?? 

Sakura suspirou profundamente, apoiando o cotovelo sobre a mesa e o rosto sobre a mão, olhando para sua xícara de chá ainda cheia.

- Tsunade esteve tentando me arranjar um casamento, mas eu estava ocupada demais com o meu egoísmo. Afastei todos os possíveis pretendentes e agora... não consigo pensar em outro jeito de arranjar esse dinheiro se não for me casando com alguém rico o bastante.

- Bem, e por este valor, devo ressaltar que precisa ser muito, mas muito rico. Você tem algum possível candidato assim em mente? 

Um longo silêncio se fez entre as duas enquanto Sakura pensava na resposta, mas nada lhe sobrou além do constrangimento.

- Bem...é...

- Bom dia, senhoritas!

A voz do homem ao lado da mesa tomou as duas em um repentino susto, quase as fazendo saltar de suas cadeiras. O homem de certa idade tinha longos cabelos grisalhos amarrados abaixo da nuca e estava elegantemente vestido com seu casaco cinza escuro, tal como o colete que usava, camisa branca e uma gravata com detalhes em fios vermelhos. 

- Me perdoem a inconveniência - dizia ele em meio a uma baixa risada - na verdade, pretendo ser muito breve.

- Do que devemos sua honrável presença, senhor Jiraya? - dizia Ino em meio a um olhar fuzilante e um sorriso forçado.

- Na verdade, só estou aqui para cumprir com meu desgastante papel de entregar os convites para a festa de boas vindas ao Marquês Uzumaki. - dizia o homem mantendo um pomposo envelope estendido as duas jovens, do qual Ino agarrara de imediato.

- Uma festa para o Marquês? Quando? - Dizia ela abrindo o envelope e desembrulhando o convite, passando os olhos aceleradamente sobre as letras decoradas.

- Será neste fim de semana. 

- Uma festa de boas vindas para Naruto quando ele está aqui já a uma semana? Isso é no mínimo estranho... -  dizia Sakura arqueando uma das sobrancelhas e direcionando o olhar para Jiraya, que coçou a garganta, procurando desfazer-se da desconfiança.

- Bem... ele tinha assuntos para tratar, mas agora possui tempo livre para receber convidados.

- Imagino que o herdeiro do Marquês seja realmente ocupado... - dizia agora Ino com certa malícia, encarando o homem ao seu lado, o que fez Jiraya engolir em seco.

- Ele me deu recomendações para que nenhuma de vocês faltem. Inclusive você, senhorita Sakura. Bem, já que o convite está entregue, peço educadamente que me deem licença, pois estou de retirada. Tenham uma ótima manhã, miladys. 

 Depois de reverencia-las de forma exageradamente cortez, Jiraya seguiu seu percurso, volta e meia virando o pescoço para avistar as jovens criadas a trabalharem nas calçadas dos estabelecimentos. Pelo visto ele não havia mudado muito durante o tempo em que esteve fora de Greenleaf. 

- Sakura, viu só isso? Uma festa para a nobreza! 

- E daí?

- Como assim "e daí"? Não seja lerda! Isso é tudo de que você precisa e isso é mais do que perfeito! E viu como o Marquês requisitou em especial a sua presença? Sakura, isso é P-E-R-F-E-I-T-O!!!

    Ino parecia prestes a explodir de tanta euforia em seu assento, cuja tamanha empolgação Sakura não conseguia compreender, o que a fez ficar olhando para a loira com uma expressão confusa.

- Sakura, por favor! Será que não entende? É tão visível!

- Do que está falando? 

- Você e Naruto eram extremamente próximos na infância, e agora ele está aqui na cidade! Há boatos de que ele se tornou um homem belíssimo, por mais que eu ainda duvide, mas mesmo assim, ele é o único herdeiro do Marquês. Um casamento entre vocês é a solução que precisa!

- De jeito algum, Ino! Naruto pode ter mudado, mas não há motivos para haver uma união entre nós. Nós crescemos juntos... como irmãos...

- E daí? Vocês não são irmãos, e pelo que me lembro, Naruto sempre foi apaixonado por você na infância. Até dizia escancaradamente que se casaria com você quando crescessem. 

- Isso mesmo, na INFÂNCIA. Isso faz mais de oito anos ATRÁS, antes dele partir. Eramos crianças, com paixões de crianças, e nada além disso. 

Sakura se escorou irritada na cadeira, cruzando os braços abaixo dos seios enquanto mantinha sua expressão dura no rosto.

- Sakura, como você mesma disse, você não está em condições de escolher. E o que você pretende? Passar o resto da vida casada com um estranho vivendo uma vida infeliz, ou tentar arriscar ao lado de quem você conhece muito bem?

  Ino parecia decidida diante de sua ideia, mantendo aquele velho sorrisinho triunfante nos lábios, o que deixava Sakura ainda mais irritada. Pensar naquilo lhe fervia os miolos, mas ela não aguentava mais aquela situação. De qualquer modo, Ino estava terrivelmente certa.

- Eu não faço ideia de como me aproximar...

- Pode começar procurando ele e agora! 

    Se levantando de forma determinada, Ino já apanhava seu refinado guarda sol ao canto, sem se dar ao trabalho de saber mais da opinião de Sakura sobre o assunto. Tudo o que desejava agora era agir.

- Espera, Ino! Como você sabe onde vamos encontrá-lo?

- No Pump Room, é claro! Naruto é um nobre, esqueceu? Lá será o melhor lugar para iniciarmos nossa busca. Agora, levante-se!

xxx...

  Depois do longo percurso traçado, finalmente o lorde Uchiha chegara ao enorme salão central de encontros da famosa Greenleaf, o Pump Room. Desde que pudera se lembrar, Greenleaf sofrera apenas delicadas mudanças, tais em seus prédios mais refinados e no número de lojas que agora era maior para receber toda a demanda de fregueses luxuosos, mas os encantadores parques e jardins permaneciam os mesmos, assim como ainda eram bem cuidados, o que Sasuke considerou ser a melhor parte do passeio. Já diante da sua chegada no lustroso salão, ele não sentia a menor pressa de ter chegado ao local, ao contrário de Karin. 

Sasuke permaneceu em silêncio durante quase todo o dia, o que não passou despercebido por Kakashi, que aproveitou-se do primeiro momento a sós para questioná-lo, assim que as damas haviam se ausentado para irem ao toalete.

- Sei que deve estar detestando o passeio, mas ao menos poderia fingir interesse de vez em quando.

- Você sabe que não é o passeio em si quem detesto. - respondeu o Uchiha, ainda um pouco alheio a conversa.

- Talvez se estivesse na companhia da donzela arisca, você estaria mais inclinado a aproveitar o momento.

  Sasuke virou o rosto para observar a expressão debochada no rosto de Kakashi, o que não era tão comum de se ver, tratando-se do velho mordomo.

-  Você e suas deduções infundadas. Gostaria de saber se onde tirou tal ideia. 

- O nome dela é Haruno Sakura e é a protegida da Madame Senju. Nem de longe seria a donzela com o qual estaria habituado a lhe dar, pois Sakura é bem diferente das moças entediantes daqui, como você mesmo pôde ver.

- Por que está me dizendo isso?

- Porque pensei que estivesse interessado, mas que por um motivo ou outro se recusara a perguntar. -  continuou Kakashi de forma debochosa, ainda que mantivesse sua atenção voltada para a própria xícara de chá, ao qual bebericava. - Só estou facilitando as coisas. Mas se quer um conselho? Sugiro que não toque no assunto perto de sua pretendente, ou ela pode se irritar. 

- Pretendente? Caso se refira a Karin ela não é minha pretendente. - respondeu Sasuke, já levemente irritado pelo rumo ao qual a conversa estava tomando. 

- Mas não é assim que ela vê a situação. Muito pelo contrário. Na cabeça dela, vocês já são noivos.

- Na cabeça dela deve se passar muitas coisas, poucas ou até mesmo quase nenhuma que me interesse. - concluiu o rapaz, já pouco se preocupando se sua resposta parecia áspera demais ou não. Kakashi conseguia irrita-lo muito bem, quando assim desejava, e talvez sua resposa pusesse um ponto final naquela conversa tão impertinente.

- Sendo assim... - suspirou Kakashi, procurando não transparecer seu visível divertimento para não enfezar ainda mais o jovem patrão. 

  O homem de cabelos grisalhos levou a xícara de chá à boca, deliciando-se de seu favorito chá preto com duas pedras de açúcar, disposto a já dar o assunto por encerrado, porém Sasuke ainda o fitava, desta vez com certa curiosidade em seus olhos. 

- Mas por que disse para não tocar no assunto perto de Karin? O que a deixaria irritada? 

  Kakashi deixou a xícara sobre a mesa e secou o canto dos lábios com um lenço, procurando conter a risada.

- De acordo com o que ouvi dizer, Sakura ameaçou esbofeteá-la aqui ainda ontem, por conta de um incidente com um leitão, se não me engano. Foi um escândalo muito grande, mas admito que gostaria de ter visto este desfecho. Infelizmente, nada passou de ameaça formada no calor do momento. Isso é o que me disseram.

 Sasuke conteve um baixo e discreto riso, ainda encarando a expressão de Kakashi a frente.

- Todo esse desdenho pela Lady Uzumaki se deve pela desagradável intromissão dela diante dos seus avanços em relação a senhorita Rin? Você deveria ser o primeiro a apoiar uma união entre eu e Karin.

- Ela não facilitaria de jeito algum, independente de ser a nova senhora Uchiha ou não. Arrisco a dizer que encrenca ria ainda mais, sempre que possível. Não vou negar que seria bom ter a bela presença da senhorita Rin todos os dias, mas o que mais temo é pelo seu futuro.

- E por que diz isso? - pergunto o Uchiha, atento as expressões de Kakashi, que agora parecia muito mais séria. 

- Lady Karin desfruta de uma arrogância inigualável, tudo por conta de uma herança que nem ao menos possui. Imagine só se fosse a futura duquesa? Se sentiria intocável.

      Sasuke se manteve em silêncio por um breve instante, pensativo.

- E se eu não tiver outra escolha? 

- Não ter? Improvável, se tratando do futuro duque. O que não faltará são pretendentes, porém poucas que sejam realmente dignas de serem escolhidas. 

- O que pretende que eu faça, então? Dê um baile para todas as donzelas em busca da minha futura esposa? Não temos tempo pra isso.

- Confesso que não é uma má ideia, diante do eventual problema que irá se meter caso escolha Karin como sua pretendente.

- Bem... Minha mãe acha que ela é a pessoa certa, apesar dos pesares. Não vou questionar contra isso. Ainda tenho na mente o peso da perda de meu pai, não vou ficar procurando noivas de forma aleatória por ai. Tudo o que tenho que fazer é tomar posse de meu título e então não terei mais com o que me preocupar.
- Muito pelo contrário, meu jovem. Depois disso você não terá um problema a menos, e sim dois problemas a mais. O que pretende fazer depois de se tornar o Duque?

    O silêncio pairou novamente sobre a mesa dos dois e Sasuke engoliu seco diante do questionamento. Tudo ficava ainda mais complicado a cada passo que dava. Ele então levantou-se, afastando a cadeira.

- Vou dar uma volta. Se Karin chegar, diga que não sabe pra onde eu fui e que ela não precisa me procurar, pois logo retornarei. 

- Como quiser, milorde.

  Sasuke seguiu em direção ao jardim do grandioso Pump, observando a graciosa natureza do local, tal como o canto acolhedor dos pássaros, porém, as palavras de Kakashi ainda martelavam em sua mente, fazendo-o pensar que não poderia arriscar tanto. Talvez tudo o que precisasse era conferir se ele estava certo. Contornando o jardim, Sasuke esgueirou-se entre os ornamentados arbustos que circulavam o prédio, seguindo para a próxima entrada.

... 

- Desculpe-me, senhorita... Sei que está frustrada e com todo o direito, mas não posso negar a entrada de ninguém aqui, muito menos da protegida da madame Senju." 

- Ora, mesmo depois do que aquela hostil me fez? Ela me ameaçou diante de todos e você não irá fazer nada???

- Perdoe-me, senhorita, mas não posso... 

Assumindo uma expressão ameaçadora o bastante, Karin se aproximou do baixo e robusto homem de bigodes enrolados, diante de sua tentativa  de intimidar o gerente do Pump Room.

- Escute aqui! Quando eu for a próxima duquesa, farei questão de acabar com o seu cargo, destruir sua figura medíocre e cuidar para que não consiga emprego nem mesmo como limpador de chaminé, já que esse seu corpo rechonchudo na caberia nem se elas fossem da largura de um bueiro. Então trate de manter aquela garota ridícula longe deste lugar que serve para as pessoas decentes! Você me entendeu?? 

  O homem mantinha o pescoço encolhido dentro dos próprios ombros, engolindo seco diante da ameaça, não lhe restando outra alternativa a não ser acatar tais ordens. 

- Farei o possível, senhorita.

- S-Senhorita Karin... é melhor irmos indo...

     A voz de Rin soou tímida e tensa por trás de Karin, que finalmente afastou-se do pobre homem, deixando o saguão. 

- Vamos indo, Rin. Já que deixei Sasuke esperando. Pelo menos agora temos certeza de que não seremos incomodadas por nenhuma presença desagradável. 

     Rin engoliu seco, ainda tensa pelo ocorrido, mas de forma alguma argumentaria contra Karin, tratando de segui-la pelo salão. Assim que as duas se afastaram, o gerente do Pump soltou um longo e cansado suspiro, surpreendendo-se ao perceber a figura que se aproximava.

xxx...

    Quando Karin e Rin retornaram para a mesa, de imediato a ruiva sentiu falta da presença do Uchiha, já pondo-se alarmada. 

- Onde está Sasuke?? - perguntou ela a Kakashi, ao qual permanecia sentado sem muito se preocupar com a presença da ruiva. 

- Bem, ele precisou se ausentar e disse para não incomodá-lo. Logo ele estará de volta. -  respondeu ele calmamente, ainda ocupado com o próprio chá. 

- Bobagem! Como ele se ausenta sem nos avisar? Vou procurá-lo no jardim.

 Antes que Karin se afastasse, Kakashi a agarrou pelo pulso de forma firme, a detendo, o que a fez olhar espantada para o homem de expressão séria a sua frente.

- Ele disse para não incomodá-lo, e eu não desobedeceria se fosse você.

xxx...

- Como assim ela não pode entrar? Ela está comigo! Eu sou filha do comerciante Yamanaka e exijo que minha amiga seja bem recebida!! - dizia Ino incrédula e visivelmente irritada por tamanho desaforo, ao ser barrada na frente do Pump Room. 

- Lamento, senhorita, mas milady Sakura protagonizou uma desagradável cena ainda ontem. Isso vai contra os regulamentos do local e por isso não posso permitir que ela entre novamente. 

- Isso é um absurdo!! - exclamou a loira agora em um berro. 

- Ino, tudo bem... Eu entendo o posicionamento dele. - dizia Sakura observando a expressão tensa do homem robusto. - Olha, não precisa disso. Eu já estou me retirando.

- Mas Sakura!! Não pode ser assim! Isso é um absurdo!! Vou pedir para o meu noivo notificar pessoalmente a rainha!! 

    Sakura levantou ligeiramente os braços para acalmar a amiga que estava cada vez mais exaltada, enquanto recuava em passos leves.

- Ino, nãos queeo causar mais confusão. Já está tarde também, eu já vou indo embora.

  Assim que virou-se, Sakura esbarrou na figura alta atrás de si, reconhecendo aqueles cabelos loiros e rebeldes de imediato. Os olhos azuis e alegres a encaravam de volta.

- Sakura! O que está acontecendo aqui?

- N-Naruto...? Bem, não é nada. Eu já estou de saída. 

- Sakura acabou de ter sua entrada vetada no Pump Room! - Dizia Ino a plenos pulmões, irritadissima. 

- Como assim? - Questionava Naruto, endurecendo o semblante - Eles vão se ver comigo!

- Esqueça, Naruto. Eu entendo e também não faço questão. Não quero mais problemas por minha causa. - indagou a rosada agora em busca de acalmar também ao rapaz. 

- Sendo assim, vamos para outro lugar, Sakura?? - dizia o loiro envolvendo a cintura de Sakura de forma delicada enquanto a conduzia pela trilha que levava aos jardins locais. Sakura virou o rosto para observar Ino, um tanto relutante para segui-lo, mas Ino fazia amplos sinais com as mãos para que ela continuasse. Desse jeito, não havia outra escolha.

... 

     Sasuke já havia deixado os limites do jardim do Pump Room assim que avistou Karin conversar com o gerente. Ele tentara se aproximar do homem para questiona-lo, mas a garota de cabelos rosados havia chegado antes, tal como sua amiga, o que o deteve por um momento. Diante da discussão que se formava, associava a situação, juntando as peças com as palavras de Kakashi na conversa anterior. Ele estava certo sobre Karin ser a pior escolha possível para ser sua esposa. Depois de flagrar tal deplorável comportamento mesquinho, ela não poderia ser se quer uma opção de agora em diante. Preparando-se para interferir naquela nova discussão que se formava, ele já estava a meio passo para fora dos arbustos quando um rapaz de cabelos loiros se aproximou e dominou a situação, levando em seguida Sakura para longe dali. De certa forma, aquilo nada lhe interessaria, mas não conseguia entender o motivo da intervenção do rapaz e o que ele desejava a levando para longe. Sasuke se viu inclinado em seguir os dois, tomando todo o cuidado para não ser avistado durante o percurso. 

... 


    Após seguirem por alguns metros por dentro do jardim, distanciando-se das demais presenças, pararam assim que alcançaram um delicado banco de madeira, próximo a um enorme carvalho, onde os dois se sentaram. Naruto estava gracioso aquela manhã, apesar dos cabelos repicados a caírem sobre o rosto. Sentado ao lado de Sakura, ele mantinha sua atenção focada nela.

- Sinto muito pelo acontecido.

- Não tem problema, já disse. Eu nem gosto daquele covil. Afinal, tenho que lhe agradecer. Me ajudar nas desagradáveis situações em que me meto naquele lugar está quase se tornando um hábito pra você.

- Ora, não é nada, você sabe disso... - dizia o loiro em meio ao riso. - Você é sempre tão diferente. Qualquer outra moça já estaria pensando em meter a corda no pescoço, caso isso lhes acontecesse. Frequentar o Pump é quase uma questão de honra para as demais. 

- É, acho que isso não me torna uma moça, afinal.

  Outra risada baixa se formou, dessa vez entre os dois, até que seus olhares se cruzaram novamente. 

- Você é realmente diferente, Sakura. Por isso eu andei pensando... e chegue a conclusão de que... o que vou lhe pedir agora, jamais poderia pedir a ninguém. Nenhuma outra estaria a altura.

"- C-Como assim...Naruto...?"  - As palavras de Naruto eram absorvidas por Sakura de forma terrivelmente surpresa, o que fazia com que seu coração acelerasse descompassado em seu peito, batendo tão alto que ela temia que Naruto pudesse ouvir. Sem dúvidas tal situação a deixaria ainda mais sem jeito. 

    Tocando a mão miúda de Sakura que repousava em seu delicado colo, Naruto a envolveu com as dele, engolindo-a entre  suas mãos grandes e quentes, o que fez Sakura corar instantaneamente. O olhar de Naruto estava fixo nos olhos assustados da moça. Aquele olhar azul brilhante capaz de amansar até mesmo a pior das feras, enquanto seus lábios rosados e carnudos mantinham-se entreabertos, como se estivesse prestes a dizer algo que havia ficado entalado em sua garganta. Um minuto breve de silêncio se formou entre os dois durante todo aquele momento constrangedor que se seguia, o que fez Sakura corar ainda mais, aflita demais para esperar por mais um segundo sequer. De repente, ela estava envolvida demais por todo aquele ar atraente que emanava do rapaz, para que pudesse ter controle de seus próprios pensamentos desenfreados. 

Do outro lado do carvalho, por trás da ampla vegetação, Sasuke se via preso a encará-los, julgando o momento desagradável e tolo, mas que de um jeito ou de outro ele não conseguia se livrar e simplesmente ir embora. Ele também acompanhava tudo de forma atenta. 

- Sakura, me perdoe por ser assim tão repentino, mas eu preciso contar a você... e precisa ser agora. Por isso eu apenas lhe peço...

- Diga logo de uma vez... - dizia Sakura sentindo a tensão percorrer seu estômago, corroendo-a por dentro com tanta ansiedade. 

- Certo, sendo assim... Haruno Sakura... Você deseja se tornar a minha madrinha de casamento?



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