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História Scandales Victorienne - :: Capítulo 9 -


Escrita por: MaiBearfout

Notas do Autor


Quero dedicar a postagem desse cap. a Pag. SasuSaku Love, principalmente a Lai (adm) que foi uma amora ao divulgar a a fic <3 Agradeço também a todos os comentários que tem me motivado levar a sério essa estória -QQQ Sério, sem a opinião de vocês eu já tinha largado isso aquê, então, muito obrigada!!

Também quero pedir desculpas pelo cap anterior, pois ficou beeeem cansativo, e espero no fundo que este não seja, apesar de ter saído bem grande, mas vou procurar melhorar nos próximo. Perdão se decepcionei alguém T.T

Tô adiantando a atualização prq não sei se vou poder nesse final de semana, pois essa fic ta me tomando tempo e tempo é algo raro pra mim ultimamente. Sério, tô sacrificando sono pra dar continuidade a ela -QQ Mas mais uma vez obrigada a todos que favoritam e a todos que comentam! Eu nem imaginei que conquistaria tão amáveis leitores *---*
Beijos e boa leitura a todos!

Capítulo 9 - :: Capítulo 9 -


Fanfic / Fanfiction Scandales Victorienne - :: Capítulo 9 -


   A troca de olhares foi intensa e prolongada, aguardando ser interrompida pela primeira reação de qualquer um dos dois, mas eles apenas permaneciam ali, imóveis, contemplando-se de forma mútua e absorvendo os detalhes minimamente mais discretos que poderiam encontrar um no outro.
    Com a mão ainda estendida sobre a do rapaz, Sakura desceu da carruagem de forma majestosa, espalhando as várias camadas de seu vestido vermelho rubi, ao qual lhe caía perfeitamente. As mangas pendiam nas laterais dos ombros estreitos e pálidos, mas não de forma obscena, o que lhe proporcionava uma graciosidade tamanha e até mesmo uma ponta de sensualismo. O penteado simples não parecia ser o suficiente para conter todos os fios  rosados atrás da nuca, permitindo que algumas mechas caíssem em cascatas pela lateral do rosto e pescoço, acrescentando um último, mas significativo, toque ao seu charme. Olhando-a agora com um sorriso gentil nos lábios, Sasuke só podia pensar o quanto ela estava bela naquela noite, e, se isso justificasse seu atraso, ele poderia até mesmo considerar em perdoa-la.

- Realmente pensei que não viria mais.

Sua voz saiu em um sussurro para que somente ela pudesse ouvir, ao qual desviou ligeiramente o olhar em resposta, retirando a mão de sob a dele antes mesmo que ele pudesse sucumbir ao desejo de beijar aquela delicada pele. O breve momento de ternura que se sucedera agora se dissipava, transformando-se apenas em formalidade.

- Me desculpe fazê-lo esperar. Tive um pequeno contratempo. 

Tornando a própria postura ereta, Sasuke endureceu novamente o semblante, respondendo-a com um ligeiro acenar de cabeça para indicar que tudo estava bem. O silêncio breve que se estendera foi cortado assim que uma segunda figura desceu da carruagem, prostrando-se ao lado de Sakura. A jovem de longas madeixas loiras estava tão refinada quanto a própria rosada, exuberante em seu vestido violeta com babados brancos, enquanto sua vasta cabeleira era contida por uma trança lateral. Seus olhos de um azul penetrante se espantaram assim que notou a presença do Uchiha, onde ela deixara escapar um baixo gemido surpreso.

- Ó, Deus... - pigarreou ela, puxando o cotovelo pra trás e acertando o braço de Sakura para que esta desse início as apresentações, armando enquanto isso um simpático sorriso nos lábios corados.

- Bem... - dizia Sakura fuzilando Ino com um olhar, antes que começasse realmente a apresentá-la ao Uchiha. - Senhor Duque, esta é minha amiga Lady Ino Yamanaka, filha do comerciante-

- Grande. - interrompeu Ino ainda sem desmanchar o sorriso. - Grande comerciante.

- ... O grande comerciante Yamanaka. - completava Sakura, revirando os olhos demonstrando pouco caso. - Ino, este é... bem, o Duque Uchiha.

Inclinando a cabeça em um cordial aceno, o rapaz cumprimentou a loira arfante a sua frente.

- Meu nome é Sasuke Uchiha, herdeiro do Duque de Greenleaf. Prazer em conhecê-la, senhorita.

- O prazer é todo meu, milorde! - Puxando a lateral da saia do vestido, Ino se inclinava ligeiramente, retribuindo o cumprimento de forma solene.

  Sakura arqueou as sobrancelhas impacientemente ao perceber que Ino ainda permanecia parada ali, com o mesmo sorriso bobo e flertivo nos lábios, sem se dar conta de que estava sendo incômoda. Coçando a garganta de forma audível, a Haruno finalmente conseguiu despertar a loira de seu breve transe, que reagiu em um pequeno sobressalto.

- Bem, foi um prazer imenso conhecê-lo, milorde Uchiha, mas devo ir andando. O clima aqui fora esta frio e a ultima coisa que quero é pegar um resfriado! Encontro vocês no salão.

Suspendendo as camadas do espalhafatoso vestido, a loira avançou apressadamente na direção da entrada da casa, olhando volta e meia para trás a cada duzia de passos dados, sumindo assim que atravessou a enorme porta dupla adiante. Balançando a cabeça negativamente, Sakura procurava conter o pequeno riso que ganhava forma em seus lábios, que foi imediatamente desfeito assim que percebeu o olhar sério do Uchiha sobre ela, fazendo-a ficar desconfortável.

- Você contou alguma coisa a ela?

- Não...! - respondia a moça encolhendo os ombros, como uma criança ao ser pega em uma travessura - Lady Ino só fez a gentileza de me trazer até aqui, já que estou sem lacaio. Só isso. Sei que demoramos, mas quando se trata de Ino escolher qual dos vestidos deve usar, a missão não é nada fácil. Em pensar que ela ainda me recomendou para que me arrumasse cedo... irônico, não?

- Realmente. Mas Que bom que tenha conseguido chegar. Melhor ainda é saber que não compartilhou de nossa conversa. Seria ruim se mais pessoas soubessem do que foi conversado antes.

- C-claro... realmente...

    Puxando o canto dos lábios de forma receosa diante do fato de estar mentindo, Sakura pairou o olhar sobre o vasto jardim em torno da casa, a fim de aliviar a tensão, até encontrar uma carruagem adiante parada em frente a uma segunda entrada que levava a mansão. O lacaio saltou de imediato, e, com maestria, abriu a porta e baixou a pequena escada de metal, de onde uma elegante moça foi ajudada a descer. Da distância de onde estava, Sakura não pôde ver muito, nem mesmo reconhecer tal figura, mas poderia dizer que se tratava de alguém muito refinada, em um vestido azul safira tão intenso quanto a cor escura de suas madeixas. A moça estava acompanhada de um homem alto e os dois sumiram por trás dos arbusto, adentrando a enorme residência em direção ao salão.

- Algum problema?

A voz de Sasuke soou preocupado ao lado, trazendo a atenção de Sakura novamente para si.

- Não, nenhum! Vamos entrando? Acho que já perdemos muito tempo aqui fora.

- Sim, claro - dizia o Uchiha estendendo o braço direito para indicar a passagem. - Tem uma varanda logo adiante que é mais reservada da festa. Se não se importa.

     Balançando a cabeça em uma negativa, Sakura apanhou as várias camadas de seu vestido, tomando a frente enquanto era seguida por Sasuke logo atrás. Os dois contornaram a entrada da casa até alcançarem a pequena varanda a cerca de trinta metros a frente, galgando os breves degraus pintados de branco. Havia uma porta dupla envidraçada que encontrava-se aberta, bloqueada apenas por grossas e pesadas cortinas que separavam o salão a frente da saída para o jardim. O toque musical orquestrado la dentro invadiam os ouvidos dos dois ali fora, regando o clima em uma melodia de violino agradável, o que era ótimo para quebrar o insistente silêncio que pairava entre ambos. 

Sakura curvou-se sobre o frio parapeito de gesso, observando adiante o vasto jardim iluminado por diversos postes graciosos, estrategicamente espalhados entre os arbustos. O ar frio da noite fechada lhe causava arrepios, e ela arfou tensamente, encolhendo os ombros assim que sentiu a presença de Sasuke ao seu lado. Isso fez seu coração acelerar, perguntando-se se havia feito certo em estar ali. Com muito custo, ela procurou manter a expressão mais séria que poderia fazer, voltando-se na direção do rapaz e o encarando ao fundo dos olhos, de um jeito arrogantemente ao seu modo.

- Pois então, senhor Duque. O que realmente tem a me propor, como disse? Afinal, estou aqui.

- É verdade. - dizia Sasuke limpando a garganta e circulando ao redor da moça, aproximando-se do parapeito com uma expressão obstinada em sua face. Sua voz saiu segura, o que lhe permitiu engatar numa sequência de palavras que proferia de forma nítida e cuidadosa, para que ela lhe compreendesse fácil - Pois bem, senhorita Haruno. Já que você está aqui, permita-me explicar a situação para que não corra o risco de me entender erroneamente, ou até mesmo tirar conclusões precipitadas. Como eu disse antes, nem de longe meus problemas podem ser comparados ao seu. É bastante complicado e... para iniciar... devo lhe dizer que não sou um Duque, como antes tinha propriamente dito. Mas isto ainda não é uma verdade inteira, nem meia. 

- Não é? - dizia Sakura arregalando os olhos verdes em meio a uma feição assombrada.

- Não... - respondia o rapaz encarando-a de forma profunda, contemplando seu olhar assustado. - Meu pai era o duque, mas ele faleceu muito recentemente, deixando para mim todo o peso da responsabilidade de minha família... No entanto, há um tio meu que não se conforma com a decisão e deseja reclamar seus possíveis "direitos", uma vez que eu não possuo idade o suficiente para legitimar o meu título. Por consequência de sua intromissão, o rei enviou um emissário nesta festa para se certificar de minha presença, o que é claramente um teste para saber se estou ou não apto em tomar a frente na direção dos bens de minha família.

- Nossa... Tem alguém aqui para lhe abordar sobre isso?! Minha situação realmente não é nada se comparada a sua... - Sakura agora apoiava-se ao parapeito com a ajuda de apenas um braço, mudando sua expressão facial para uma mais compadecida. - Mas eu ainda não entendi como posso lhe ajudar diante dessa história toda.

     Sasuke deixou com que um intenso suspiro lhe escapasse, mas manteve sua expressão calma e indiferente antes de respondê-la. Sua voz em resposta soou em tom firme e direto.

- Casando-se comigo.

     A mão ao qual Sakura se mantinha apoiada escorregou subitamente do parapeito, fazendo a moça pender pro lado, quase caindo. Os olhos arregalados encaravam o Uchiha como quem procura assimilar o que acaba de lhe ser dito, e, perdendo agora todo o controle que lutou em manter por dentro, ela desatou em risadas nervosas.

  Arqueando as sobrancelhas de forma confusa, o jovem Uchiha perdera a reação por um instante, permanecendo imóvel a observá-la diante de uma crise de risos intermináveis, onde as gargalhadas saiam cada vez mais do controle e se tornavam mais altas. Poderia dizer que era quase contagiante, isso se ele não estivesse sem a menor vontade de se juntar a ela naquele momento. Cobrindo a barriga com um braço e tapando a boca com a outra mão, ela lutava para se conter e recuperar o ar, mas as risadas insistiam em escapar de forma alarmante, fazendo-a se render ao esforço, o que começava a deixar Sasuke irritado.

- Desculpe, eu disse alguma coisa engraçada?

- E-engraçada? - respondia Sakura ofegando, talvez com a pouca força que conseguira reunir dentro de si, enxugando o canto dos olhos com os dedos . - Você... só pode estar brincando!

- Pareço estar?

As gargalhadas dentro de Sakura morreram repentinamente, deixando seu rosto novamente assustado e vermelho a encarar o semblante duro do Uchiha. Os lábios dela tremularam de forma nervosa, procurando dizer alguma coisa, mas as palavras lhe escapavam totalmente. Em vez de pensar em algo ao qual pudesse usar como resposta ela apenas se moveu, numa tentativa desesperada de sair do alcance do rapaz. Deixando apressadamente a varanda ela mergulhou entre as cortinas, sumindo logo atrás delas, o que deixou Sasuke evidentemente estarrecido.0

Constrangido pela situação, o jovem herdeiro permaneceu inerte por alguns segundos, onde a única coisa que seus pensamentos turbulentos conseguiam processar era o quanto fora ridículo dizendo aquelas coisas. Recuperando o fôlego, ele atravessou as cortinas disposto a ir atrás da moça, mas, ao mergulhar na claridade ofuscante do salão e observando os vários corpos se movendo a dançarem, percebeu que não havia mais a menor chance de encontrá-la. Pairando o olhar ao redor, ele endireitou a gravata e deu alguns passos novamente em direção a varanda, acreditando que uma retirada furtiva fosse o mais adequado no momento, uma vez que fora deixado de lado numa reação constrangedora, mas paralisou antes mesmo que a alcançasse a saída ao ouvir a firme voz masculina o chamar.

- Lorde Uchiha?

Sentindo um arrepio lhe cruzar a espinha de modo alarmante, Sasuke virou o rosto lentamente, observando por cima do ombro a figura atrás de si, que o encarava com uma expressão educada, o que permitiu que um bolo grosseiro se formasse em sua garganta. Para seu infortúnio, o homem ao qual evitara toda a noite agora estava ali, pronto para lhe atormentar com todos os tipos de perguntas ao qual não estava preparado para responder. Com o seu coração a palpitar rapidamente em seu peito, sentiu gelar-se ao ver aquele homem dar alguns passos em sua direção, reverenciando-o com um breve cumprimento.

- Perdão se o assustei, já que não era minha atenção. Permita-me apresentar-me. Sou Yakushi Kabuto, o representante do rei, ao qual fui enviado a esta festa em seu nome. 

- Prazer... - respondia Sasuke tremulamente, agora virando-se de forma receosa, encarando o homem de estatura mediana adiante que sorria. 

- Que bom que tivemos a oportunidade de nos falar. Eu o vi mais cedo no meio do salão e me perguntei se seria realmente o Uchiha, mas você saiu apressado antes que eu pudesse alcançá-lo. Pensei até mesmo que já estivesse partindo.

- Não... quer dizer. Não ainda. - forçava-se Sasuke para não parecer surpreso, nem desesperado para deixar aquele lugar.

- Que bom que tenha ficado. Meu rei me recomendou para que eu o procurasse, afim de lhe dar as mais sinceras condolências por seu falecido pai. 

- Ele já fez isso em carta.

- Sim, mas ele realmente acha necessário. Eu também concordo.

... 

Sakura já estava em meio ao salão, procurando Ino desesperadamente enquanto desviava dos corpos rodopiantes ao redor, no entanto, não havia sinal daquela cabeleira loira em qualquer lugar ali, o que a deixava ainda mais aflita.

- Mas onde diabos você se meteu, Ino?! - apoiando o rosto sobre as mãos frias, ela suspirou de forma profunda, procurando organizar os pensamentos, soltando os braços em seguida. - Vamos, Sakura, pense, pense! O que Ino lhe aconselharia numa hora dessas?

"...Ele é a única alma caridosa que teve piedade de você! ... Se é a única forma que você tem de não ir pra rua, deve aproveitar!"

Com as palavras de Ino ainda reverberando em sua mente, Sakura sentiu encontrar nelas a resposta que precisava, o que a permitiu determinar-se o suficiente para relevar o ocorrido. Afinal, para quem acreditava se tratar de um pedido de assassinato, a ideia de casamento não parecia assim tão absurda, mesmo que fosse surpreendente. Puxando o ar para os pulmões até enchê-los, e com a chama da determinação queimando em seu peito, ela virou-se para seguir na direção que viera, embalada ao som rítmico da melodia tocada. Desviando das inúmeras pessoas que volta e meia atravessavam o seu caminho, aventurando-se entre os penteados extravagantes e os trajes pomposos, ela conseguiu avistar a figura imóvel de Sasuke que parecia conversar com alguém, visivelmente desconfortável. Em passos rápidos, ela encurtava a distância até o rapaz, avistando agora claramente de quem era a outra presença.

... 

- Que bom que a duquesa esteja bem. Não sabe como estou feliz por isso e o quanto o rei também se alegrará com a notícia. - indagava o homem de madeixas grisalhas. Após uma ligeira pausa, sua voz escapou de forma receosa enquanto ele encarava o Uchiha com um olhar diminuto. - Mas...sem querer parecer inconveniente, você esta sozinho no baile, milorde?

" - Sim, você está sendo inconveniente!" - respondia Sasuke mentalmente enquanto permanecia em silêncio, diante de tal indagação. Era óbvio que todo aqueles rodeios estavam se direcionando a uma única pergunta, e ele teve certeza que havia o dedo de seu tio por trás dessa história após isso. Aquele Maldito. Sentindo a boca secar, Sasuke coçou a garganta, preparando-se para abrir o jogo. Não havia motivos para enrolar mais, nem escapatória. Se tivesse simplesmente ido embora quando teve a chance poderia evitar tal constrangimento, mas tinha que manter a maldita ideia de que seu infeliz plano daria certo. Seria simplesmente pedir demais.

Observando que já havia permanecido em silêncio por tempo o bastante e que o homem a sua frente aguardava respostas, liberou lentamente o ar em seus pulmões, preparando-se para respondê-lo, quando foi surpreendido por um ligeiro aperto em seu braço.

- Milorde, querido! Finalmente o encontrei!

Os olhos assustados avistaram de imediato o rosto radiante de Sakura, o que o fez estranhar tamanha expressão. O sorriso alegre em seus lábios encontrava-se escancarado, riscados de orelha a orelha, enquanto os olhos atentos pareciam indicar a Sasuke  que estava improvisando e que ele deveria entrar em seu jogo, o que não demorou para acontecer.

- Querido, onde estava? Disse que ia ao toalete mas pelo visto errou o caminho.

- Oh, céus... - exclamava o emissário com os olhos surpresos, focados em Sakura que permanecia a sorrir ingenuamente. - Esta é a moça que lhe acompanha? Por Deus, milady, prazer em conhecê-la! És encantadora!! - ele se curvava para cumprimentá-la de modo educadamente refinada, sorrindo gentilmente para ela.

- O prazer é todo meu, senhor...?

- Yakushi. Yakushi Kabuto. Sou um emissário direto do rei.

Um risinho baixo e cínico foi contido por Sakura de modo teatral, que cobria de forma delicada os lábios com a ponta dos dedos finos.

- Quanta honra em conhecê-lo, milorde.

- Digo o mesmo. Acredita que pensei realmente que milorde Uchiha viera sozinho para uma festa como essa? Mas agora, vejo que ele está perfeitamente acompanhado.

- É muita gentileza de sua parte dizer isto, milorde. - respondia Sakura, forçando o sorriso nas bochechas quase em cãibra.

- É sério. Acredite, não exagero. Aposto que o dia que avistou essa bela moça se tornou único e inesquecível, não é mesmo senhor Sasuke?

- Claro. Realmente único. - respondia o Uchiha com o mesmo sorriso forçado nos lábios.

- Imagino mesmo. Adoraria ouvir a história para levar a rainha. Ela sempre foi uma mulher muito romântica. Talvez vocês mesmo possam estar contando isso a ela algum dia, que tal?

Sasuke e Sakura se entreolhavam de forma alarmada e desconfortável diante de tamanho indagamento. Aquele homem já havia extrapolado os limites do incômodo e agora portava-se de forma inconveniente, supostamente querendo levá-los a algum ponto que os dois julgaram preciso evitar. E urgente. As palavras falhavam ao fundo da garganta de ambos, e Sakura muitas vezes só conseguia umedecer os lábios, tentando formular alguma coisa para ser dita, mas nada vinha em sua mente, até que uma salva de palmas ecoou estrondosamente no salão. 

Depois do breve segundo de aplausos, o maestro a frente gesticulava novamente os braços, dessa vez dando início a uma valsa em ritmo animado, que levou novamente uma enorme massa de nobres para o centro do salão a dançarem. Aquela era a deixa perfeita.

- Querido, ouça! É a nossa valsa! Precisamos dançá-la!

- O quê...?!

Sem que pudesse ao menos pensar a respeito, Sasuke teve seu braço agarrado por Sakura que o puxou afoita, o que permitiu que ele apenas se despedisse com um breve aceno de cabeça para o emissário, ao qual os observava completamente atônito, sendo deixado para trás.  Seguindo a moça que lhe puxava, Sasuke era arrastado pela jovem para dentro da multidão, no qual logo se envolviam, agora distantes o suficiente para que o emissário não pudesse interrompê-los.

- Você realmente sabe ser surpreendente, senhorita. - Sorria o Uchiha, parando assim que alcançavam uma distância segura. - Você acaba de me livrar de uma terrível situação. Obrigado.

- Não agradeça. - respondia a rosada, prostrando-se de frente a ele e se inclinando a fim de cumprimentá-lo, um procedimento de praxe feito antes que pudessem engatar em uma dança - Depois da minha deplorável reação, achei que fosse o melhor a fazer.

- Foi realmente uma reação infeliz, mas aceitável. - respondia ele cumprimentando-a de volta antes de lhe estender a mão destra. - De qualquer maneira, posso considerar o seu retorno como uma resposta positiva a minha proposta absurda?

Sakura se prendeu ao sorriso discreto que se formava nos lábios finos do rapaz, e, repousando sua mão sobre a dele, ela agarrou a ponta do vestido a fim de que a saia não lhe atrapalhasse, permitindo também que o rapaz enlaçasse sua cintura fina e lhe trouxesse para mais perto, em uma posição de valsa. Agora tão próximos, ela permitiu que o cheiro suave e amadeirado que emanava dele sobressaísse acima de todos os demais no salão, afundando-se agora em seus olhos negros e brilhantes.

- A proposta é realmente absurda. De qualquer forma... pode-se dizer que sim. Eu aceito.

Seguindo o ritmo melódico, os dois agora começavam a balançar-se pelo salão de forma majestosa, seguindo a cada dois passos, ao qual pareciam estar profundamente alheios a tudo ao redor. Sasuke a conduzia com maestria e delicadeza, guiando-a entre o pequeno espaço que disputavam com tantos outros no salão. Num gesto elegante, ele a rodou, tornando a puxá-la ao seu encontro com suavidade.

- Nesse caso, acho que já podemos discutir os detalhes do plano. O que desejará em troca?

- Já disse a você - respondia Sakura, estreitando os olhos e as sobrancelhas, enquanto era ligeiramente curvada para trás. - Tudo o que eu quero é que garanta a casa da senhora Tsunade, para que não possamos correr mais o risco de perdê-la.

- Certo. - dizia Sasuke, puxando-a de volta. - E o que mais?

- Bem, isso é a minha prioridade, mas já que insiste, pensarei nas outras formas que você poderá me pagar daqui em diante. 

O sorriso dela foi tentador e Sasuke sorriu de volta, mantendo-a firme enquanto continuavam a bailarem.

- E não tem mais nada que deseja?

- No momento, só perguntas. Responda-me, o que o faz pensar que um casamento é uma solução?

- Como eu disse, minha falta de idade suficiente me impede de tomar o título, no entanto, se eu me casar, essa "limitação" passa a ser revogada, já que um chefe de família desfruta de todos os seus direitos. Foi isso que me fez supor que um falso matrimônio me livraria da questão do problema. Como eu também lhe disse antes, a situação é delicada. Não poderia propor o que estou lhe propondo hoje a qualquer uma.

- Realmente, a situação é complicada. Mas o plano, apesar de ousado, é genial, se parar pra pensar. Mas... por que eu? Por que propôs isso a mim, confiando todos os seus problemas a uma estranha?

Sasuke diminuiu a velocidade dos passos enquanto o pequeno sorriso em seus lábios tornava-se grande, evoluindo para uma charmosa risada.

- As outras damas dessa sociedade estão desesperadas por status. Realmente, poderia ter sido mais simples escolher qualquer outra, mas isso me custaria metade dos bens que minha família possui, além de má fama e uma experiência ruim.

- Então quer dizer que o motivo pelo qual me escolheu é porque lhe pareço ser mais barata que as demais? Que trágico. O que te garante, afinal?

- O fato de você ser, de longe, bem mais superior e interessante do que as demais. Curiosa, também. Foi por isso.

A carranca de Sakura se transformou em um singelo sorriso introvertido, que Sasuke observava com afeição. Não importava o quanto estava acostumada em ser hostil, pois ninguém está propício a se defender de elogios.

- E quanto ao senhor arrumadinho? - Forçava ela, mudando de assunto. - Suponho que tenha pensado numa forma de promovermos nosso falso noivado, afinal.

O questionamento fez os pensamentos de Sasuke morrerem e ele murchou, parando subitamente a dança enquanto a encarava a fundo, procurando uma forma de reagir. Definitivamente, a primeira parte do plano já parecia ser tão impossível de funcionar, que ele se limitou a nem se quer planejar uma segunda parte. Isso o fez se sentir ridículo.

- Pra ser sincero... não.

- Que ótimo. Acha mesmo que vai enganar a quem arranjando uma noiva do dia pra noite? Tirando os olhares surpresos de alguns aqui, nosso envolvimento agora passa praticamente despercebido. Ninguém vai acreditar e seu tio vai suspeitar mais ainda de você.

Sasuke encolheu os ombros, pressionando os lábios finos em uma linha tênue. Pensar naquilo agora o deixou tenso, mas o momento foi cortado assim que a valsa foi interrompida pela presença do Marquês no palco improvisado, no topo de sua escadaria. Já era hora, afinal.

xxx...

  Todos os convidados se viravam para contemplar o Marquês, ao qual estava belo em seu posto ao alto. Com um sorriso triunfante e encantador nos lábios, revelando seus dentes perfeitos, ele engatava em um breve discurso.

- Senhoras e senhores. Devo agradecer cordialmente por vossas ilustres presenças esta noite, em minha propriedade. Depois de tanto tempo longe dos horizontes de Greanleaf, retornar agora e ser recebido por todos vocês é algo que me realiza. Mas não pensem que esta refinada festa foi armada pelo simples intuito de me homenagear. Quer dizer... posso até estar muito homenageado, mas não pretendo desfrutar disso sozinho. Esta noite, na presença de todos vocês, quero deixar público os meus sentimentos pela donzela mais encantadora que tive o prazer de conhecer, em minha viagem lá fora. Aproveitando a deixa, é com muita felicidade que anuncio a vocês o meu noivado com ela, milady Hyuuga Hinata!

    Uma onda de espantos e mais palmas eclodia no salão, enquanto os convidados abriam espaço para que Naruto apanhasse a moça, levando-a para o seu lado na escada. E lá estava ela, a mesma dama exuberante que Sakura havia visto descer da carruagem, assim que chegou. Tão perfeitamente bela e delicada, com seus olhos em um cinza perolado a encarar os convidados que a aplaudiam ferozes. Agora a vendo diante da luz, permitindo-se avaliar seus detalhes, Sakura percebeu que a infeliz realmente condizia com a descrição que Naruto fizera dela, dias antes no jardim do Pump. Olhando-a radiante daquela forma, Sakura percebeu que competir contra ela sempre fora algo desleal. Não que ela se importasse, afinal, Naruto havia se apaixonado por alguém ao qual Sakura julgou ser impossível de se comparar, o que seria uma noiva perfeita. Mas ela não sentia inveja, de forma alguma. Talvez decepcionada com tanta elegância, refinamento e beleza. De qualquer modo, tinha a certeza de que Ino a xingava de algum canto do salão por ousar chamar mais atenção do que ela. Pensar nisso fez Sakura rir baixinho.

xxx...

   Depois de anunciar o noivado, Naruto percorria a cada centímetro do enorme salão a cumprimentar seus convidados, que desta vez se amontoavam para conhecer a nova pretendente a marquesa, ao qual permanecia enlaçada ao braço do loiro todo o tempo. 

  Sasuke percebeu o quanto Sakura se empenhara em manter-se longe do foco do loiro, arrastando-o de forma aleatória para lá e para cá todas as vezes que o Marquês chegava um pouco perto, e, apesar dela não lhe dizer o motivo de evitá-lo, ele sabia bem. Ela estava constrangida por pensar que Naruto ira lhe propor um noivado, quando na verdade já tinha uma noiva. Observando-a muitas vezes fitar a Hyuuga de soslaio, Sasuke se perguntou se Sakura a considerava uma ameaça.

    No entanto, mesmo com todas as tentativas em evitar a aproximação do Marques, ele ainda conseguiu abordá-los, trazendo com si a ilustre presença da donzela ao seu encalço.

- Sakura!
- N-Naruto...

    A voz de Sakura saiu falha, talvez se deva pelo olhar surpreso e a expressão imensamente alegre do rapaz em vê-la. 

- Você realmente veio, fico tão feliz! Já conhece a minha noiva? Esta é Hyuuga Hinata. Querida, está é Haruno Sakura.
- É um prazer imenso conhecê-la, Lady Haruno. Naruto falou muito de você. Ele a considera como uma amada irmã!

    Pelo resto da conversa, Sakura forçou sorrisos em retribuição aos elogios do casal, o que para Sasuke evidenciava seu cinismo desde a primeira frase, mas os dois estavam tão embriagados pela sensação das felicitações que o Uchiha duvidou perceberem. Naruto também o encarava com uma expressão desconfiada e pouco a vontade, todas as vezes que se direcionava a ele na conversa, o que era estranho. Nunca tinham tido nenhum contado antes para ele pegar tão pesado nas formalidades, e Sasuke julgou que seu comportamento talvez se derivasse ao vê-lo com Sakura, tão íntimos naquela noite. " Afinal, no que ele está pensando?" - perguntava-se em voz baixa, o Uchiha.

- Pois bem, Sakura. Estou promovendo uma cavalgada amanhã, e como sei que ninguém no mundo adora mais do que você um dia de cavalgada, considere-se mais do que convidada. Hinata também participará e, você também está convidado, duque Uchiha.

  Naruto lançou um olhar de desdenho para esse último, que conteve-se para não rir de seu comportamento quase infantil, provocando-o assim que apertou o braço em torno da rosada.

- Obrigado pelo convite, Marquês, mas eu realmente n-
- Nós iremos sim, com certeza!

    A resposta súbita de Sakura tomou Sasuke em espanto, e ele sentiu que talvez não teria brechas em questioná-la, pelo menos não agora, observando o rosto novamente alegre de Naruto ao contemplar a Haruno.

- Não sabe o quanto isso me faz feliz! Quem sabe até não conversamos novamente sobre a proposta que eu a fiz de ser nossa madrinha de casamento? Você e Hinata iriam se dar muito bem.
- Ah, querido. - exclamava a jovem de forma tímida, sorrindo educadamente. - Seria realmente maravilhoso. Bem, eu não sei cavalgar de forma tão adequada quanto a senhorita. Confesso que sou realmente leiga nesse assunto, mas acredito que amanhã será um dia muito proveitoso!
- É claro que sim... - respondia Sakura, lutando para manter o sorriso amarelo.
- Estamos combinados, então! Conto com a presença de vocês amanhã as nove! Se me permitem, preciso cumprimentar mais alguns dos convidados antes que se remoam, a noite promete ainda ser muito longa. Passar bem.
- Passar bem.

  Sasuke e Sakura respondiam em coro, despedindo-se do casal que se afastava, ao qual eram abordados de imediatos por mais um grupo de nobres espalhafatosos e interesseiros. Agora sozinhos, o Uchiha finalmente encontrou o espaço que precisava para questioná-la sobre a resposta atravessada.

- Por que aceitou o convite dele? Pensei que estivesse desconfortável.
- Desconfortável? Quem lhe disse isso? - respondia ela com um elevado tom de irritação em sua voz, tirando o olhar do movimento do salão para observar o negro dos olhos de Sasuke. - Não  estou desconfortável, e se você não percebeu, essa é a chance que temos para dar seguimento ao plano.
- E como pretende fazer isso? - indagava o moreno, arqueando as sobrancelhas de modo confuso.
- Ora, essa! Eu tenho realmente que pensar em tudo por aqui?
- O primeiro passo foi meu. É mais do que justo você colaborar.
- Certo, certo. Vou pensar em alguma coisa esta noite e, amanhã quando chegarmos, eu lhe conto. No entanto, não pense que irei me esquecer disso na hora de cobrar!

  O comentário da rosada arrancava uma risada baixa do rapaz, que desviou o olhar por um segundo, avistando de relance o momento em que Sakura acariciava o próprio estômago.

- Mas primeiro, vamos comer alguma coisa! Por Deus, estou faminta e nem sei se conseguirei engolir algo com este espartilho tão apertado. De todo modo, minha cabeça é completamente infuncional quando não estou alimentada!



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