História Scape - Happy pill

Ele era meu psiquiatra, o cara que me conhecia melhor que eu mesma, o responsável por amenizar minha dor e restaurar minha sanidade, eu sou louca e ele ama loucura. Eu quis um medicamento mas ele veio junto a receita, quantas doses daquele amor seria necessário para curar um corpo vazio?

4 vezes ao dia em cada pausa para pensar, 4 vezes que fosse possível fugir daquela sala intoxicada com a dor dos outros, 4 doses de prazer, de afeto e carinho. Eu era louca e ele instigava minha loucura com sua reação ímpar com meu corpo até virar uma substância só. Ele era diferente de tudo que eu conhecia, ele tirava o resto de sanidade que eu tinha, com aqueles olhos castanhos, aquela pele tao branca quanto seu jaleco e os olhos pretos, sua voz rouca sussurando em meu ouvido, sua boca incrivelmente rosa mapeando meu corpo lenta e delicadamente como se fosse algo precioso, ele me deixava louca, me fazia esquecer de mim mesma e dos problemas la fora e a sanidade que eu citara no início se iam junto aos pensamentos ruins que me atormentavam. Quando terminava, ele se deitava ao meu lado em silêncio ofegando baixinho e eu apenas observava sua expressão de prazer e serenidade, era quase uma expressão de alívio por fugir por uma noite do tormento do consultório, do tormento dos outros que acabavam sendo agregados a si próprio, tão machucado quanto eu, seus olhos se encheram de lágrimas sem motivo aparente e ele apenas os fechou e me abraçou forte antes de pegar no sono. No fim, não era apenas eu que precisava ter seu interior curado.