História Scared of Happy - Camren Fanfic - Capítulo 11

“A sexualidade faz parte da personalidade de cada um, é uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. Sexualidade não é sinônimo de coito (relação sexual) e não se limita à ocorrência ou não de orgasmo. Sexualidade é muito mais que isso, é a energia que motiva a encontrar o amor, contato e intimidade e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas, e como estas tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, portanto a saúde física e mental. Se saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada um direito humano básico.” (WHO TECHNICAL REPORTS SERIES, 1975)

(Lauren Jauregui P.O.V)

Quando estamos confusos emocionalmente, nossa mente se desloca em várias direções ao mesmo tempo e intensifica nossas avaliações.

É um momento no qual nossos pensamentos e sentimentos tornaram-se ineficazes, não sabemos mais qual direção seguir.

Após adormecer, vou em despertando aos poucos. E percebo que Camila continuava aqui comigo acariciando meus cabelos, assim como quando adormeci.

― Camz, dormi muito tempo?

― Nem tanto, milagre você não ter babado nas minhas pernas – dou uma risada cínica. E me levanto me movendo para ficar ao seu lado encostada na grande árvore que nos fornecia a sombra.

(…)

Após um bom tempo jogando conversa fora eu e Camila juntamos todas as nossas coisas e seguimos para o carro. Eu estava fixa no trânsito enquanto ela estava coma cabeça encostada no vidro da janela viajando em seus pensamentos ou simplesmente navegando em um mundo desconhecido por mim e por ela.

Isso é tão confuso e tão estranho, num instante eu e ela somos apenas melhores amigas e no outro som uma espécie de ficantes ou algo assim. Só que eu estou me apaixonando. Sim, talvez eu já estivesse, ou não! Mas eu quero que tudo isso foda-se! Quero quebrar todas as regras, quero sentir a adrenalina percorrer o meu corpo. Quero tê-la de todas as formas, quero me sentir em êxtase todos os dias assim como me sinto quando estou com ela.

Eu quero pertencer a ela, quero mergulhar de cabeça nessa “aventura”, quero poder provar do fruto proibido e ainda sim olhar para ela e vê que não me enjoei.

Desde o instante em que nos conhecemos criamos uma grande conexão. Não uma conexão intelectual ou algo do tipo. Mas sim uma conexão totalmente espiritual..

Somos como almas perdidas que vagam pelo mundo, se reencontrando em cada próxima encarnação.

Gosto de olhar nos olhos dela e sentir o quanto intenso os castanhos dela pode ser. Como os castanhos de seus olhos são bem mais profundos do que todo azul do mar.

E era naqueles olhos que eu queria me perder, porém tinha uma força maior me impedindo de prosseguir.

O famoso medo. A famosa confusão aliada a vontade de querer descobri o que eu sou, e tudo que falta para realmente me abrir e permitir que esse sentimento tome conta de todo o meu ser.

E durante todo o trajeto de volta foi assim, o silêncio predominava e as vozes em nossas cabeças falavam sem parar.

(…)

Assim que adentramos minha casa, fomos direto para a cozinha. E encaminhei de guardar as cestas com as toalhas na dispensa, enquanto Camila ficou por guardar o restante da comida.

Estava fechando o armário da dispensa quando escuto risadas vindo da cozinha.

Era Taylor e Camila, ambas riam muito de algo que estava no celular da minha irmã. Todos em minha família sempre se deram bem com a Camz, todos a tinha como parte da família.

E novamente os pensamentos em assombram e me fazem perguntas de como seria se eu e Camila tivéssemos um relacionamento, como seria para os meus pais? Eles me aceitariam? Eles amariam a Camila como minha namorada? E para todas as perguntas as dúvidas.

Nunca foi falado sobre homossexualidade dentro da minha família. Tudo que sei sobre e todo o respeito que eu adquiri, foi totalmente fora de casa.

Saio dos meus pensamentos intenso e entro na cozinha. Ambas me olham e voltam a rir, era tão bom vê-las juntas… poxa como é complicado toda essa situação.

(…)

Camila havia idio embora, a mesma alegou que sua mãe estava brava pela ausência da latina. Eu apenas a levei em casa e na hora de me despedir, dei apenas um beijo em sua bochecha, vi que ela ficou sem entender. Não quero alimentar uma falsa esperença de que as coisas vão 100% dar certo. Eu quero ir com calma até entender as coisas que se passam em minha cabeça.

Após voltar para casa, deito em minha cama e ainda era possível sentir o cheiro dela. Não quero machucar a Camila, só quero me entender primeiro para seguir os próximos passos.

Já estava quase anoitecendo então resolvi conversar um pouco com o Troy e saber como estavam as coisas.

Falamos sobre várias coisas inclusive sobre o festival de talentos da nossa escola. Ele em disse o quanto animado estava e que cantaria uma música. Também falei sobre a apresentação em grupo em conjunto com as meninas e ele amou a ideia.

Após a conversa resolvi escutar música. Peguei meu fone de ouvido os coloquei, e deixei a playlist no aleatório e apertei o play.

Kiss me hard before you go

(Beije-me intensamente antes de você ir)

Summertime sadness

(Tristeza deverão)

I just wanted you to know

(Só queria que você soubesse)

That baby, you're the best

(Que baby, você é a melhor)

Só os primeiros versos fizeram com que todo o meu corpo congelasse. Aquela voz com aquela melodia lúdica, que me fazia cada pedacinho de mim se remoer um pouco mas com a tristeza composta na letra.

I got my red dress on tonight

(Eu coloquei meu vestido vermelho essa noite)

Dancing in the dark in the pale moonlight

(Dançando no escuro a luz pálida da lua)

Done my hair up real big beauty queen style

(Prendi meu cabelo bem alto no estilo rainha da beleza )

High heels off, I'm feeling alive

(Sem salto alto, eu estou me sentido viva)

E a música foi rolando até o fim, até mudar e faixa e nesse momento lágrimas persistentes saindo dos meus olhos.

Nunca fui de chorar facilmente com músicas, porém essa letra veio exatamente num momento delicado para mim. Um momento em que tudo que eu quero é beijá-la intensamente sem se preocupar com o que estará por vir.

Quem eu sou?

Essa perguntou ressoava dentro da minha cabeça sem parar. A todo momento eu em questiona qual rotulo em impor? Qual coisa nova eu devo descobrir sobre mim? O que eu ainda não sei?

Me desvencilho de todos os pensamentos, me levanto da cama e retiro os meus fones, vou até a minha escrivaninha, me sento pego um papel e uma caneta e começo a escrever:

Ainda sinto seus abraços, beijos e afagos.

Se acordo e não te vejo sinto-me em um pesadelo.

Não importa de que jeito e nem como surgiu esse sentimento.

 

Não consegui mais escrever, foi então que abri a gaveta e entre umas folhas soltas uma me chamou a atenção. Como título tinha: Amor de Vidas Passadas

Para se entender com maior profundidade a origem do amor é necessário contextualizá-lo dentro da teoria da palingenesia, ou reencarnação. Um amor não nasce de simples semelhanças de modos de ser e de interesses comuns, ele é o resultado de um longo processo de dezenas ou mesmo centenas de vidas passadas em que duas almas conviveram juntas. Nestas experiências conjuntas, ambas foram passando por circunstâncias juntos, enfrentando desafios, superando obstáculos, atravessando todas as dificuldades, e envolveram-se em laços afetivos e amorosos um com o outro, brotando daí uma profunda identificação e um sentimento verdadeiro.

Os laços do amor real são tão fortes, que apenas experiências milenares podem despertar em nós um amor que é quase divino, que nasce do infinito e que se manifesta no ser humano como a expressão do sentimento mais puro que o homem da face da Terra pode ter acesso: o amor incondicional.

Quando duas almas muito próximas, e que se amam muito, se reencontram, querem viver juntas, mas ambas são do mesmo sexo. Eles podem viver como bons amigos, ou podem desejar, se o apego for grande, viverem juntas como companheiros. Se forem dois homens, podem ceder aos desejos sexuais e iniciarem uma relação que vai além da amizade, passando a viver como amantes; se forem duas mulheres, podem fazer o mesmo e até casarem. O mais interessante é que, mesmo sem existir um histórico de homossexualidade, essas almas podem decidir estreitar os laços dentro de um contexto amoroso e sexual. Já vi casos como esse, e as pessoas envolvidas me garantiram que nunca tiveram desejos homossexuais, e o que sentiam uma pela outra só servia para essa pessoa em específico, e para nenhuma outra.

Por exemplo, uma das meninas gosta de outra menina e quer ficar com ela, mas nunca havia se relacionado com outras mulheres e garante não sentir qualquer tipo de desejo sexual por outras mulheres, somente por aquela que se torna sua companheira. Esse é um caso típico de apego a condição anterior em vidas passadas.

Talvez seja isso que eu sinta por ela? Apenas e exclusivamente por ela…