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História Scared Of Happy - Catorze.


Escrita por: bmt5hh e camilacinica

Notas do Autor


Olá pessoal. Eu ia chegar gritando, mas acho que ninguém tá no clima para isso e mesmo depois de cinco dias ainda não conseguimos digerir a notícia de que meu bichinho saiu da banda dos meus outros bichinhos. Mas está tudo bem ou se não está, vai ter de ficar. Eu não tenho muita coisa pra falar até porque ninguém liga pra autora desabafando nas notas, mas se não quiser é só não ler e vai tomar no cu. (A essa altura deixando claro que de é a Gabi aqui)
Bom, espero que não sejamos mais tombados nesse 2016 e peço a vocês que não desistam das tags ou não se esqueçam desse episódio, eles precisam saber que nós não somos tontos e nos importamos com as nossas meninas, afinal de contas, eu sei que se vocês são fãs, em algum momento alguma coisa que elas disseram ou a música delas te ajudou ou te fez se sentir melhor, então vamos nos apegar a isso para tentar fazer o melhor pelas cinco, estando Camila na banda ou não. A Camila tomou claramente o que era a melhor decisão para ela e eu não vou ficar aqui discutindo o porquê das outras terem continuado, quero apenas que elas tomem as melhores decisões para elas também. Elas merecem amor e apoio e não gente falando lixo na internet, entenderam esse caralho? Espero que sim, porra.
Fã não é só aquela pessoa que curte as músicas e foda-se, o fã se importa com a pessoa por trás daquelas câmeras porque ela é uma pessoa real assim como esta que vos escreve e você que está ai lendo do outro lado da tela.
Uma última coisa: nós, Harmonizers, somos uma FAMÍLIA. Vamos passar por isso todos juntos porque é para isso que a família serve, ok?
Espero que gostem desse capítulo e que sirva para vocês dispersarem a mente de toda essa tristeza. Mamãe ama vocês. Boa leitura.

Capítulo 14 - Catorze.


Como esperado, Camila não sentiu os braços da namorada a segurando pela noite, não escutou um boa noite e me um eu te amo e isso realmente a deixou desesperada sobre a que ponto estavam. Pelo contrário, escutava os soluços baixinhos da morena próximo a si e se segurou e não se virou, ela tinha que pensar em algumas coisas e decidir o que queria.

Nenhuma das duas conseguiu dormir naquela noite e isso fez com que as duas vissem o dia clarear e trazendo junto uma forte chuva com ventos gelados passando por uma brecha na janela. Lauren não aguentava mais aquela posição e nem ficar dentro daquele quarto, se levantou bem cedo, fez sua higiene matinal e saiu. Não iria muito longe uma vez que mal poderia chegar na recepção sem ser afogada por gritos e flashs. Se lembrou da mensagem de seu pai avisando que iria sair cedo com os amigos para turistar e suspirou aliviada quando entrou no quarto vazio, escuro e frio. Riu sozinha com a comparação que sua cabeça fazia.

Camila tomou coragem para levar algum tempo depois que escutou a porta fechar, se sentiu um ser humano horrível por ficar aliviada em estar sozinha, mas aquela situação estava sufocando-a. Depois de um banho e trocar de roupa, passou maquiagem e desceu para encontrar as meninas para o café da manhã como haviam combinado. O restaurante não estava muito cheio e pode ver as três rindo enquanto olhavam o menu, uma perda de tempo vez que não sabiam falar oi direito.

- Chegou a que vai salvar nosso café da manhã. - Dinah disse brincando, mas parou de rir e ficou séria quando a latina se sentou a mesa, cruzou os braços e continuou olhando ao redor do local. Mesmo com a maquiagem, a garota parecia abatida. - Camila! - Quando escutou seu nome pulou, de susto na cadeira.

- Deus, oi. Bom dia, meninas. - Sorriu fraco recebendo sorrisos e beijos na bochecha de Normani e Ally que estavam mais próximas, Dinah continuava a olhando de forma estranha.

- Que foi? Cadê seu daddy? - Normani perguntou rindo e sendo cutucada por Ally quando falou daddy.

- Saiu com Mike para pass... - Negou quando entendeu o que elas perguntavam, não eram Alejandro, e sim Lauren. - Eu não sei. - Disse mais baixo encarando a mesa com todo controle possível para manter as lágrimas onde elas deveriam estar, no bolo em sua garganta.

Não foi preciso mais nada para as três entenderem que alguma coisa tinha acontecido e dessa vez a coisa tinha sido bem séria. Não tocaram no nome da hispânica e nem levantam o assunto pra frente, deixaram Camila quieta e apenas ficaram de olho para ver se ela precisava de alguma coisa. A mesa só ficou realmente tensa quando Lauren foi avistada na porta com um óculos preto, boné e Nalla debaixo dos braços, caminhando lentamente até onde elas estavam.

- Bom dia. - Disse colocando Nalla no colo e se preparando para comer.

Todas as meninas responderam o "bom dia" bem baixinho, acompanhando de apelidos como "Laur" e "Lolo", suas vozes eram carregadas de tristeza e pena. Elas claramente sabiam que havia alguma coisa de errado e isso só ficou mais evidente quando Camila se levantou sem comer quase nada, pedindo desculpa e dizendo que ia começar a se arrumar pro programa. Lauren esfregou a mão na testa, não suportando as conversas baixinhas e os olhares que ela recebia.

- Laur... - Era Ally segurando sua mão. - Quer conversar?

- Eu não tenho nada pra dizer, Ally. A mesma coisa de sempre. Eu sou uma idiota. - Murmurou prendendo as lágrimas e bebericando um pouco de suco.

- Você sabe que um dia isso tem que ter um final, não sabe? Bom ou ruim... - Disse com cuidado, como se escolhesse as palavras para não magoar a amiga. Mas Lauren sabia que Ally estava certa.

- Não é tão simples.

- Nunca foi, Laur. Mas vocês não podem continuar se machucando desse jeito. O que vocês têm é tão bonito... Ou era. Você tem que fazer alguma coisa para não deixar isso se perder. E você sabe que você é a única que pode fazer algo. - Lauren assentiu. - Qualquer coisa você sabe que eu estou aqui, não sabe?

- Sei. - Respondeu com a voz embargada. - Obrigada. - Ally lhe ofereceu um sorriso reconfortante e beijou sua bochecha, voltando a sentar direito na cadeira. As meninas já estavam acabando de comer e logo Lauren estava sozinha naquela mesa, acompanhada apenas pelos armários em forma de gente que também eram conhecidos como seguranças.

Ela estava atrasada para ir se arrumar para o programa, então ela não tinha opção que não fosse entrar naquele maldito elevador e ir até o seu andar, rezando para que talvez Camila tivesse levado sua mala e suas coisas para o quarto de seu pai e estivesse se arrumando lá.

Mas Lauren não seria idiota de achar que isso havia acontecido, então se contentou em tirar os óculos e entrar no quarto depois de ter se acostumado com a claridade, que no momento parecia a pior coisa inventada.

Fechou a porta atrás de si já escutando o barulho de passos, Camila estava colocando as roupas espalhadas pelo quarto na sua mala, com o figurino que elas teriam que usar separado em cima da poltrona. Tirou o boné e jogou em qualquer canto, enfiando a mão nos bolsos da calça jeans e encostando-se na porta, querendo dizer alguma coisa, qualquer coisa que pudesse melhorar a situação.

Camila não estava ignorando a morena de propósito ou por mal, só não havia nada a ser dito. Percebeu quando ela entrou e quando parou para observá-la, mas nada fez, apenas continuou separando sua roupa e voltando a organizar dentro da mala. Suspirou indo na direção da mala azul de Lauren e abriu tirando algumas peças suas de roupa que estavam ali e colocando as outras em sua mão.

- O que você está fazendo? - A voz fraca  falhada de Lauren fez seu coração partir em milhões de pedaços, mas ela não poderia fazer nada.

- Separando nossas roupas. - Voltou para sua mala jogando tudo lá dentro.

- Isso eu vi, Camz. - Percebeu como o apelido saiu carregado de hesitação. - Mas o que isso significa?

- Que nós temos nossos quartos por um motivo, para ficarmos nele. - Não foi grossa nem fria, só foi racional em relação a situação em que estavam, se estava melhorando ou piorando tudo ela não sabia, mas que faria alguma coisa diferente, disso não tinha dúvidas.

- Isso significa alguma coisa além de mudança de quartos? - Lauren perguntou se aproximando ainda agarrada a Nalla, se não bastasse estar em pânico por ficar longe de Camila, ainda tinha o desespero que aquilo poderia significar uma atitude mais radical de sua atual (?) ou ex (?) namorada. Mal permitia que o ar chegasse em seus pulmões de tão desesperada que estava.

- Eu não estou terminando com você, Lauren. - E aquela foi a primeira vez no dia que Camila olhou em seus olhos e lhe dirigiu a palavra. - Ainda não. Significa que eu preciso do meu espaço. - Entrou no banheiro atrás de seus pertences e os juntou, não podia negar que a cada segundo a vontade de nunca sair daquele quarto penetrava mais e mais sua mente.

Isso se agravava quando pensava na imagem de sua namorada de 20 anos, confusa e agarrada a um ursinho de pelúcia. Ela parecia tão frágil e vulnerável que a imagem quebrava o coração de Camila, mas foi por isso que Camila não foi firme em suas decisões das outras vezes, justamente porque Lauren sempre parecia tão ou mais devastada que ela e com isso a latina assumiu algum tipo de papel em recolher os cacos e juntar tudo de novo, deixando seus próprios para trás.

Tomou alguns segundos para de olhar no espelho e respirar. Estava irreconhecível. Por fora parecia apenas cansada, mas por dentro não, especialmente depois que viu uma foto em seu twitter onde ela segurava uma bandeira LGBT e na legenda dizia que ela era a rainha dos gays. Sentiu medo. Um medo que não sentia há muito tempo e isso não estava certo, ela era ela. Os medos de Lauren não eram os dela, ela já tinha saído de uma escuridão que não se permitiria voltar, nem mesmo se fosse pelo amor de sua vida. Até aquele momento não tinha visto o quão tóxico aquilo estava se tornando e o tamanho daquela influência sobre si, ela era gay e não tinha medo de ninguém saber pois se amava como era e assim seria pra sempre, com ou sem Lauren.

Lauren começou a arrumar suas coisas também depois de um tempo, realizando que ela não podia ficar ali para sempre até porque elas tinham hora para fazer as coisas. Suspirou sem poder acreditar que elas estavam voltando aquele estágio, onde tinham que dormir em quartos separados porque todo o tempo que passavam juntas era sufocante demais.

Camila terminou de arrumar suas coisas e foi para o banheiro se vestir para o programa, tentando se despir de tudo de ruim que lhe habitava para que ela pudesse dar o melhor de si em público. A latina sempre fazia isso, quando o problema não era grande demais que lhe sufocasse e, apesar dela ter certeza que dormir e chorar fossem uma opção melhor, ela odiava admitir que já estava acostumada o suficiente a ter esse tipo de discussão com Lauren para deixar que isso afetasse a forma com a qual ela agiria com os fãs ou qualquer outra coisa do tipo.

A latina saiu do quarto sem dizer nada, arrastando sua mala atrás de si e Lauren sentiu como se uma mão gelada apertasse seu peito quando isso aconteceu, ela sabia que ela não estava somente saindo do seu quarto como um dia normal como qualquer outro, ela sabia que aquilo significava muito mais do que ela realmente queria.

A culpa ainda era toda dela e pior do que a dor que ela sentia, era saber que a garota que ela amava sofria também.

Lauren não demorou muito para se arrumar e sair do quarto também, encontrando as meninas, seus pais e a equipe de seguranças lá embaixo, indo todos para a van. Ela foi o caminho todo até o estúdio em silêncio, se preparando para colocar um sorriso no rosto e fingir que por dentro ela não estava completamente quebrada.

Camila se sentia o pior ser humano enquanto via Lauren encolhida na van ainda agarrada a Nalla, parecia um bebê emburrado. Se pegou sorrindo sozinha enquanto a olhava, por pior que fosse a situação ela continuava a mulher mais linda do mundo, ainda fazia seu coração bater descontroladamente com apenas um sorriso e não precisava fazer muita coisa para fazê-la se sentir bem. Mas não cederia, não mais.

- Mila? - Deu um pulo quando Normani a chamou baixinho em seu lado depois de tirar seu fone que tocava apenas uma música em repeat. - Desculpa. - A latina negou prestando atenção no que ela falava. - O que aconteceu? - Desviou do rosto da amiga em direção a janela, o sol começava a nascer, uma paisagem linda e Lauren gostaria de ter uma foto. Levantou o celular e tirou duas, não era a melhor fotógrafa, mas tinha ficado lindas. A amiga esperou pacientemente por uma resposta, que veio com muita dificuldade.

- Às vezes dói muito amar alguém. - Sussurrou com as lágrimas prestes a cair.

- Calma Mila. - Abraçou a amiga. - Só respire. - A latina sentiu um nó em sua garganta e uma pressão descomunal em seu peito, sua cabeça doía como o inferno. - Vai ficar tudo bem, bichinho. - E assim foram o resto do caminho até o estúdio, um silêncio mórbido dentro da van, cada uma dentro de seu próprio mundinho. A

A chegada ao estudo fui muito confusa, tinham muitas pessoas na porta e tiveram que esperar dentro da van para entrarem quando finalmente conseguiram passar. Normani, Ally e Dinah fizeram uma média com os fãs enquanto Camila e Lauren apenas sorriam levemente e entraram com seus seguranças caminhado lado a lado por um corredor extenso e com várias pessoas as olhando curiosas.

Lauren apertou os olhos e segurando Nalla apenas uma uma mão, discretamente procurou a mão de Camila e esbarrou propositalmente, a latina sentiu o coração parar achando que ela seguraria sua mão, até parou de andar mais rápido, mas nada aconteceu. Ficou decepcionada, mas não surpresa. Quando entraram no camarim, ficaram sozinhas por pouco tempo, logo as meninas e os pais estavam lá, conversando com as pessoas da produção. Lauren sentiu o celular vibrar e o pegou imediatamente achando que era uma mensagem, mas era só uma notificação de um novo post no Instagram de Camila. Não era uma foto dela e sim o nascer do sol, o mesmo nascer que ela queria fotografar, mas estava perdida demais em pensamentos para isso. O que chamou atenção foi a legenda "if I were you, i’d never let me go".

Suspirou olhando em sua direção e a viu focada digitando alguma coisa e completamente alheia ao que estava acontecendo na sala, abriu a galeria e escolheu uma foto aleatória e jogou para o aplicativo, colocou qualquer efeito e digitou "I just wanna feel your kiss against my lips" e sem pensar muito postou. Esse era o problema de Lauren, ela não pensava para tomar atitudes e depois ficava desesperada tentando negar evidencias, mas quando parou para analisar já tinha postado a mesma e já tinha comentários e likes, eles já tinham visto. Olhou para Camila que agora encarar estática a tela do celular.

- Você disfarça muito bem. - Dinah bateu em seu ombro de forma irônica apontando pra foto.

- Foda-se, não pedi sua opinião. - Revirou os olhos, bloqueando a tela do celular e abrindo uma garrafinha de água.

- Não pediu, mas eu vou dar. - Dinah se aproximou do ouvido da hispânica para falar. - Ao invés de você ficar mandando indiretinha escrota online, deveria e lá falar com ela.

- Não tenho nada pra falar. - Lauren murmurou como se tivesse cinco anos e Dinah deu um tapa na sua nuca murmurando um "cabeçuda da porra" antes de sair de perto da morena.

Alguém da produção do programa entrou e começou a falar algumas coisas em um inglês muito enrolado, mas que dava para entender. Lauren não prestou atenção porque percebeu que Camila tinha entrado no estágio de sorrir abertamente como se nada estivesse acontecendo e sua cabeça voltou a martelar dizendo que a culpa era toda dela.

Ally, que estava sentada do lado de Camila, se levantou e se sentou no chão do lado da tomada de carregar o celular, deixando assim o espaço ao lado da latina livre.

Lauren sabia que Camila não iria simplesmente falar com ela como se nada tivesse acontecido, porque afinal de contas tinha e não cabia a Camila se fazer de doida, como às vezes ela fazia.

A latina claramente levou um susto ao ver sua namorada se sentando ao seu lado naquele sofá, mas não disse nada para ver o que a outra fazia. Com a visão periférica ela viu Lauren abrir e fechar a boca inúmeras vezes, como se estivesse escolhendo as palavras. Por fim, ela não poderia se sente mais patética quando finalmente falou.

- Me ensina a falar alguma coisa em português. - Disse quando viu que Camila mexia no aplicativo que ela usava para aprender a falar algumas coisas.

- Que? - Camila se virou, incrédula.

- Me ensina a falar alguma coisa em português. - Lauren repetiu, fazendo a latina revirar os olhos.

- Você sabe muito bem falar "obrigado", "te amo" e "tchau", quer aprender mais o que?

- Alguma outra coisa. - A mais nova apenas pegou o celular e inclinou levemente a tela na direção de Lauren, que se esforçou para prestar atenção e não para abraçar seus ombros.

- Consegue ler isso? - A hispânica leu de uma forma péssima, ela mal entendia qual o som que cada letra deveria fazer. - Repete comigo "obrigado por nos receber".

- "Obrigado por nos receber". - Repetiu da forma mais parecida que ela conseguiu.

- Isso.

- O que é isso, afinal de contas?

- Fala antes da primeira música. Você vai estar agradecendo o programa por receber a gente.

- Tá bom. - Lauren disse repetindo as palavras na cabeça. - "Obrigado". - Disse em português para Camila, que lhe lançou um olhar indecifrável antes de voltar a mexer no celular.

Lauren se sentia com dezesseis anos quando ergueu um braço para fingir coçar a cabeça e "acidentalmente" deixou ele descansar nos ombros da latina que ela ainda tinha a sorte de chamar de namorada, não por muito tempo se as coisas continuassem como estavam.

Camila suspirou. Queria levantar e bater na cara de Lauren, dizer que sabia que ela só estava fazendo aquilo porque tinham quinhentos seguranças na porta delas que não deixariam qualquer pessoa entrar e avisariam antes de alguém entrar. Queria dizer que as coisas não eram daquele jeito, que ela não podia viver esperando alguma coisa de Lauren. Mas tudo isso ela já tinha dito, então ficou em silencio, ao resistindo ao carinho que começou a receber no ombro em que a mão de Lauren pousava.

- Trouxa. - Dinah Jane sibilou para a latina, pois havia observado a cena toda.

Camila revirou os olhos e se levantou de supetão como se tivesse alguma coisa para fazer do outro lado da sala, foi para a mesa onde tinha comidas e pegou alguma coisa enfiando na boca sem saber o que era realmente. Lauren suspirou colocando as mãos na testa e negando.

- Gente, o que seria “sapatão”? - Ally perguntou com a dificuldade imensa na pronúncia, todas elas vincaram as sobrancelhas.

- Que? - Dinah perguntou vincando as sobrancelhas, Ally apontou para a tela do celular.

- Sapatão. - Leu de novo.

- Qual o contexto? - Normani perguntou voltando para perto da mesa e tomando suco.

- Não adianta você saber o contexto se você não conhece essa palavra. - Lauren disse mal humorada do outro lado do quarto enfiada em seu próprio celular como se o mundo fosse contra ela.

- A tradução está falando que a banda é uma banda de sapatos grandes. Eles são confusos. - Camila teve uma ideia e foi de abrir a porta, chamando a menina da produção que estava se comunicando com elas, ela entrou e perguntou do que precisavam.

- O que isso quer dizer? - Ally mostrou o celular pra menina que prendeu a risada na mesma hora, vincaram as sobrancelhas quando viram como ela estava sem jeito de falar, gesticulando e pensando.

- Hum... - Ficaram em silêncio esperando a resposta e finalmente disse sem saber como amenizar a situação. - Significa lésbica, é uma expressão popular, como uma brincadeira... - Mordeu os lábios sem graças.

- Oh, não se preocupe com isso, é mais normal que parece. - Mike disse no fundo da sala rindo com os mais velhos depois de ver a cara das meninas, Camila riu repetindo aquela palavra várias vezes.

- Você pode usar essa palavra mais vezes. É bonita. - Normani cutucou a costela da menina a fazendo rir, a mulher vincou as sobrancelhas confusa. Lauren não se atrevia a olhar para cima, não entendia porque aquele assunto corria atrás dela.

- Tem gente que acha rude. - Riram.

- É ofensivo? - Dinah perguntou com as sobrancelhas ainda vincadas tentando pronunciar.

- Depende da pessoa, mas normalmente é usada como uma brincadeira. - A mulher da produção riu, mais relaxada com as reações delas.

- Sapatão. - Dinah disse alto de uma forma engraçada fazendo algumas pessoas rirem. - Adorei.

- Sapatão. - Camila pegou o sapato de Dinah jogado no chão e ergueu, arrancando risadas de todas, menos da emburradinha no canto que segurava aquele bicho de pelúcia maldito e mexia no celular como se não houvessem pessoas a volta dela.

- Olha que eu to quase virando hein. - Dinah disse, rindo e pegando o sapato de volta.

- Seria meu sonho? - Normani levantou e Ally pôs as mãos na cabeça.

- Gente pelo amor de Deus, se vocês virarem um casal eu vou ser a maior vela desse mundo.

- Ou a menor. - Dinah disse colocando a mão na cabeça da pequena, sacaneando o seu tamanho.

- Vai se foder, Dinah.

Alguém bateu na porta e Dinah jogou o sapato no chão, intenção de calçar.

- Meninas, dez minutos. - Avisou alguém da Staff delas, por sorte todas já vieram prontas.

- Aí cristo. - Camila pôs a mão na testa. - Alguém sabe sobre o que esse programa é?

- Ah, sei lá. Você que é a brasileira aqui, deveria saber. - Normani cutucou a costela da amiga.

- O fato de eu ser a única dessa banda que me esforço pra aprender umas palavrinhas e deixas as pessoas felizes não significa que eu tenha virado um guia desse país, o que seria meu sonho pois aqui é maravilhoso.

- Tão maravilhoso que só dá pra ver da janela, deve ser proibido sair. - Lauren alfinetou e Camila revirou os olhos.

- Você estava calada esse tempo todo, podia continuar antes de falar mais merda. - Respondeu seca e se virou para as amigas novamente.

- Eu li que envolve algo sobre conhecer uma fã e cantar, estou empolgada. - Ally comentou.

- Até aí não mudou nada, a gente ganha pra conhecer fã e cantar. E ganhamos pouco ainda por cima.

- Só cala a porra da boca, Lauren. - Camila estava realmente irritada agora. Lauren se incomodava com muitas coisas que os fãs faziam, mas ela não soltaria tantos comentários maldosos a menos que ela soubesse que aquilo tiraria a menor do sério e a faria dirigir a palavra a ela. Parecia que ela gostava mais de brigar ou sei lá, era difícil saber o que se passava na cabeça daquela doida. Era como uma forma nada convencional de chamar a atenção de sua namorada que está a um fio de terminar com você.

- Meninas, hora do show. - Um segurança avisou abrindo a porta e conferindo se os microfones estavam no lugar antes que elas entrassem e se posicionassem no palco.

Camila respirou fundo umas três vezes antes de voltar a por um sorriso no rosto e arrumar os cabelos, recendo um tchauzinho de seu pai que já estava indo para o palco. Olhou para ver se não estava esquecendo nada e viu Lauren ainda agarrada com o bicho de pelúcia, pediu muito para conseguir apenas virar pra frente e seguir o caminho, mas não foi possível.

- Não sabia que esse bicho fazia parte da banda. - Alfinetou enquanto olhava para frente, mas todas ali sabiam que falava com Lauren, que estava por último. Apenas suspirou e jogou-o no sofá vermelho.

- Já temos outro bicho na banda. – Murmurou, mas foi alto o suficiente pra Camila arregalar os olhos e se virar pronta pra ir pra cima da namorada, se não fosse os braços apertados de Dinah em sua cintura.

- Se você quer dizer alguma coisa, diz na minha cara. - Disse alterada, mas não gritava. Lauren riu irônica.

- Falou a menina da indireta em legenda de Instagram. - A latina trincou a mandíbula quando Normani abriu a porta para sair evitando uma grande confusão, apenas ficou em sua formação e apontou o dedo pra Lauren falando na voz mais baixa e ameaçadora que tinha.

- Hoje você não me escapa. - Dinah empurrou a amiga e caminharam em silêncio até o palco.

Lauren sentia o estômago revirar uma vez que Camila nunca tinha falado tão sério com ela quanto naquela vez. A coisa mais estranha do momento era o sorriso tranquilo que a latina carregava nos lábios. Como ela podia ser são cínica? Não tiveram mais tempo para discutirem e nem mesmo trocarem olhares, sem mantiveram o mais afastadas que a formação permitia. Depois de um momento descontraído no palco, voltaram ao camarim, agora acompanhadas de uma fã muito fofa. O clima tinha amenizado, porém, ambas se sentiam melancólicas.

- Camila... - A menina chamou com os braços abertos querendo outro abraço, o que ela prontamente aceitou. Abraço de fã era a coisa mais reconfortante depois do abraço de sua futura ex namorada. - Eu te amo do jeitinho que você é, não mude por nada e por ninguém. Você é perfeita. - Escutou aquele sussurro e na mesma hora quis chorar. Abraçou a menina ainda mais forte. - Não se esqueça que não há liberdade maior do que quando nós somos nós mesmo. Você mesma me ensinou isso

- Obrigada. - Camila disse soltando a menina. - Eu também te amo muito, sim? - Respondeu engolindo todas as lágrimas que vieram à tona.

- Meninas, vocês têm um avião para pegar. - Um segurança avisou e elas suspiraram, todas curtiram o momento com a fã e realmente não queriam que acabasse, principalmente Camila e Lauren, que previam a tempestade por vir depois desses momentos calmos que elas acabaram de viver.

Foram para o camarim se trocar e comeram por lá mesmo, não tinham muito tempo para enrolar porque o avião tinha hora. Na van a caminho do aeroporto, elas conversaram um pouco entre si, mas nada duradouro já que todas estavam cansadas e havia mais um voo para pegar. Brasília era a próxima parada, depois São Paulo e depois, quem diria, o Japão. Dinah e Ally aproveitaram o tempo para conversarem com suas famílias pelo telefone, Dinah com seus quinhentos mil irmãos e Ally com a sua mãe, de quem ela realmente sentia saudade. Normani dormiu e Camila e Lauren estavam sentadas ao lado de seus respectivos pais, alívio para todos naquela van, que não aguentariam caso elas começassem a discutir de novo. Querendo ou não, era uma situação pra lá de cansativa e as meninas já tinham seus próprios problemas para ficar se preocupando com briguinha de Camila e Lauren, coisa que só não acontecia com mais frequência a qual era necessário respirar.

Novamente, no aeroporto, não havia muita gente e as poucas pessoas estavam quietas, prova de que as coisas estavam tão na merda que até os fãs estavam percebendo. Camila pôs o maior sorriso que ela tinha no rosto, sempre sendo capaz de se consolar com o fato de ter todas aquelas pessoas que apenas lhe ofereciam amor sem nada em troca e, convenhamos, um amor que não machucava era realmente uma coisa da qual a latina precisava naquele momento.

Normalmente os pais delas aceitariam normalmente trocar de lugar para que elas sentassem juntas, mas eles já sabiam que havia algum problema, então não disseram uma palavra enquanto sentavam do lado de suas filhas com um segurança na poltrona da ponta, para prevenir qualquer coisa.

Lauren estava com medo. Medo do que iria acontecer quando elas chegassem no hotel. Camila viria falar com ela, e o que ela viu nos olhos da latina era ainda pior do que o que viu quando Camila bateu na sua porta há uns dias, decidida a terminar. Ali ela viu tristeza, mágoa. Mas nos bastidores do programa ela viu rancor, ódio e uma dor profunda, do tipo que não podia ser curada com alguns beijos e palavras bonitinhas, acompanhadas de promessas que tudo iria melhorar.

Lauren tinha medo de não poder consertar o que ela fez dessa vez.

 


Notas Finais


Bom, esse capítulo não é tão feliz como eu gostaria que fosse na situação em que estamos, mas infelizmente a fanfic já está toda escrita e não temos como mudar esse tipo de coisa. Desculpem-nos. Espero que mesmo assim vocês tenham curtido e abram o cuzinho para tomar no próximo.

Ah, e para quem está curioso em saber, não, nem eu nem a Bruna vamos parar de escrever nossas fanfics porque não há um ser tão iludido que não possa se iludir mais um pouco.

Comentem o que acharam, qualquer coisa podem vir no nosso twitter @ coicedalauren e @ camilacinica falar com a gente.

Mamãe ama muito vocês e queria dar um abraço em cada um dos meus bichinhos.

É TÃO ESTRANHO FAZER NOTAS NORMAIS I WANNA SCREAM AND SHOUT AND LET IT ALL OUT AND SCREAM AND SHOUT

NÃO SEI O RESTO DA LETRA

Vocês sabem muito bem que eu não posso encerrar um capítulo sem dizer:

BEIJOS DE LUZ NA BOCETA SECA DE TANTA TRISTEZA


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