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História Scared Of Happy - Epílogo - Felicidade


Escrita por: bmt5hh e camilacinica

Capítulo 20 - Epílogo - Felicidade


- Amor, você precisa se arrumar. O vestido...- Camila se virou na direção da porta desfocando alguns minutos do que tinha em mãos. A outra parou de falar quando viu uma das caixas abertas a sua frente. - Eu não queria te incomodar. - Adentrou o cômodo repleto de caixas, coisas de seu escritório e algumas coisas de Camila. - Eu sei que está tudo uma bagunça e nos queremos arrumar tudo... - Sorriu vendo a forma adorável com que sua esposa mexia na armação dos óculos enquanto falava.

 

- Eu só precisava pegar uma coisa.

 

- Eu sei, mas você é a madrinha. - Sentiu uma mão se apoiar na base de suas costas e um rosto sobre seu ombro lhe beijando delicadamente a bochecha. - A maquiadora deve estar te esperando.

 

- Eu sei, é só que... - A latina parou de falar voltando a atenção para algumas fotos entre seus dedos. - Eu achei essa caixa.

 

- Eu amo essa foto. - A outra pegou entre os dedos a imagem de Camila com um chapéu de banana enquanto fazia uma cara fofa e tinhas as bochechas sujas de chantilly. - Ela é linda.

 

- Eu estou toda suja, ainda odeio Dinah por isso.

 

- Foi no aniversário dela, não foi?

 

- Sim. - Camila suspirou arqueando as sobrancelhas.

 

Aquelas lembravam pareciam tão velhas e longe de seu presente. Eram em momentos como aquele em que parava para pensar em como o tempo corria. Olhava para trás e via como tudo havia começado, ontem estavam juntas descobrindo a vida e, agora, prestes a se vestir para ir prestigiar Ally em seu casamento com Antony.

 

- O que foi? - A mulher se sentou por trás de Camila passando suas pernas pela sua cintura e então seus braços, beijando sua nuca antes de pegar outra foto. - Está com uma carinha...

 

- Só estou pensando em como o tempo passa e nos nem percebemos. - Riu vendo uma foto mais recente, da última tour que havia feito. Era no Brasil e estava jogada sobre seus dançarinos após uma pequena queda no palco no meio da apresentação. - Me lembro desse dia, eu não conseguia parar de rir e logo a arena toda estava rindo comigo. - A outra riu assentindo.

 

- Me lembro. Vocês até recomeçaram a música.

 

O silêncio banhou o cômodo quando uma sequência de fotos começou. Era algumas fotos de quando ainda namorava Lauren, todas as polaroides tinham uma legenda diferente e com um significado.

 

- Eu acho essa muito bonita. - Camila virou o rosto olhando dentro dos olhos claros e deu um pequeno sorriso voltando a olhar pra foto em que ela apontava.

 

Lauren havia tirado logo após uma daquelas tardes em que haviam ficado presas no quarto depois de um longo período estressante. Era o quarto da morena, mas apenas Camila aparecia, as costas completamente expostas com os longos fios de seus cabelos bagunçados por ali e por seus ombros e o comecinho de sua bunda aparecendo, onde o lençol branco que cobria a parte da frente não alcançava, enquanto se apoiava na enorme janela do quarto de Lauren para olhar o tempo ensolarado que fazia em Miami naquela tarde. - Luna... - Escutou o sussurro da outra enquanto passava o dedo sobre a legenda com uma pequena lua desenhada ao lado da palavra.

 

- Nossa, eu acho que era quase um neném nessa. - Disse desviando a atenção e pegando uma foto onde ela deveria ter não mais do que quinze anos, sentada no banquinho de maquiagem dos bastidores do TXF.

 

- Aw, meu deus, olha só pra essas bochechas! - Exclamou pegando a Polaroid e aproximando do rosto. - Eu nunca tinha visto.

 

- Poderia continuar sem ver. - Camila murmurou envergonhada enquanto a outra se rasgava em elogios dizendo o quão fofa era quando fora mais nova. Era quase patético que ela ainda se derretesse com seus elogios tanto tempo depois, mas sim, ela se sentia como da primeira vez que a mulher tinha lhe elogiado.

 

- Você é linda. - Sua esposa lhe apertou mais a cintura e virou o rosto para si, lhe beijando os lábios de forma suave. - Queria ter te conhecido nessa época. - Confidenciou, fazendo carinho no rosto perfeitamente delineado com traços latinos.

 

Camila deu um sorriso sentindo o seu coração disparar ao ver suas íris claras tão de perto, ela se sentia tão amada em momentos como esse que parecia que seu coração iria explodir.

 

- Digo o mesmo. - Murmurou tão baixo como se estivessem contando segredos uma a outra. Virou-se para a amada, enlaçando seu pescoço com os braços. - Queria ter sido sua por todo esse tempo. - A outra lhe deu o seu sorriso preferido, tão grande que o nariz chegava a franzir. - Eu te amo tanto, Melissa... - Sussurrou com as testas grudadas.

 

- Eu te amo ainda mais, Camila. - Segurou suas bochechas trazendo seu rosto mais para perto e tomando seus lábios em um beijo lento, mas que não deixava de ser intenso. A latina sentiu seu corpo sendo empurrado para trás e soltou uma risadinha baixa deitando entre as caixas trazendo a mulher junto. - Não acho que temos tempo para isso agora. - Sussurrou sorrindo distribuindo alguns beijos por seu rosto fazendo Camila rir.

 

- Infelizmente. - Acariciou suas costas enquanto sentia o cheiro gostoso de seu perfume quando a mulher lhe abraçou. - Mas mais tarde...

 

- Mais tarde soa bem pra mim. - E um instante Melissa se levantou fazendo um esforço para levar a esposa junto.

 

- Só vou guardar essas coisas e já vou.

 

- Não! Deixe isso, vamos ter que tirar da caixa de qualquer forma, vamos... Dinah já te ligou trocentas vezes. - A latina sentiu dois braços passando por sua cintura e um corpo colado a suas costas enquanto a projetava para fora do cômodo.

 

Seguiram pelo grande corredor até o quarto de casal, mas Camila parou no meio do caminho e encarou um porta retrato grande ao lado de outros menores com fotos de família, amigos e delas. Melissa sorriu apoiando em seu ombro, sabia que aquela era a foto preferida da esposa e não que se importava de ficar horas e horas observando.

 

- Parece que foi ontem, não é? - Camila sussurrou acariciando os braços ao seu redor.

 

A foto havia sido tirada alguns meses atrás no exato momento em que tinham dito sim no altar. Camila nunca havia se sentido tão feliz e plena como naquele dia, naquele exato momento em que percebeu que estava casada com uma mulher linda, extraordinária, gentil, que amava e que a amava de volta. Era como se todos os momentos bons e ruins de sua vida tivessem guiado para que ela estivesse ali, naquele instante, encarando quem aprendeu a amar, a depositar todo seu carinho, respeito e admiração.

 

- Obrigad... Amor! - A loira parou de falar saindo de trás da esposa e se posicionando a sua frente ao escutar o fungando e não demorou a ver lágrimas escorrendo por seu rosto. - O que foi? - Camila negou.

 

- Casamentos me deixam emocionada. - Arqueou a sobrancelha. - E meus hormônios, eu...O tempo passa muito rápido. - A latina escondeu o rosto no pescoço da esposa que acariciava seus cabelos.

 

- Meu Deus, amor. - Camila deveria estar entrando naquela época do mês, por isso não disse nada, apenas deixou que extravasasse toda emoção no seu ombro. Ou pelo menos até Dinah ligar em um estado de nervos grande, gritando em todos os tons e línguas que ela sabia que já estava atrasada para a maquiagem.

 

Pegaram os vestidos, as bolsas e seguiram para a maquiagem no local onde todas estavam. Melissa dirigia em silencio enquanto Camila, perdida em pensamentos, encarava o lado de fora da janela por onde a cidade passava rapidamente e pensou em como sua vida havia mudado nos últimos anos.

 

Não de uma forma ruim, de jeito nenhum. Ela se sentia tão completa, tão realizada ultimamente que simplesmente não havia espaço para qualquer tipo de tristeza. Claro que ninguém é feliz o tempo todo, mas no final do dia, quando ela deitava a cabeça no travesseiro ao lado de sua bela esposa, tinha a certeza de que não tinha do que reclamar na vida.

 

Virou o rosto e analisou Melissa dirigir como se nunca houvesse feito aquilo antes. Talvez fossem seus hormônios aflorados, Camila sempre teve uma tpm um tanto quanto intensa e depois dos seus trinta anos isso só se agravou. Quando o carro parou em um sinal, a loira finalmente percebeu que estava sendo observada e passou a mão nos cabelos com um sorriso meio tímido.

 

- O que foi?

 

- Você é linda, eu sou apaixonada por cada detalhe seu. - Respondeu sorrindo na mesma intensidade, se apaixonando ainda mais quando as bochechas dela ficaram vermelhas.

 

- Camila! - Ralhou com um sorriso. - Não me deixa com vergonha, pelo amor de Deus, eu tô dirigindo.

 

- O que tem a ver?

 

- Se eu morrer no volante de vergonha, o carro bate e quem sabe quantas outras vidas vão ser tiradas também! - Disse brincalhona, dando partida no carro.

 

- Drama queen. - Murmurou com um sorriso ao vê-la retirar a mão do volante por um segundo para ajeitar os óculos de grau no rosto. Não parou de observá-la.

 

- Meu Deus, você quer parar de me deixar envergonhada? - Indagou tirando os olhos da rua por um momento para olhar para Camila.

 

- Não! - A latina exclamou. - Você chegou de viagem ontem, eu ainda estou com saudades. - Se esticou no banco e continuou falando, enquanto distribuía beijos no ombro de sua mulher. - E você nem me deu atenção...

 

- Você estava dormindo, amor, eu não ia te acordar só pra... - Camila foi interrompida.

 

- "Só" não, seria um ato de consumação para erradicar toda e qualquer saudade que eu estivesse sentindo de você durante essas semanas. - A latina continuou com os beijos.

 

- Aposto que você ia me xingar se eu te acordasse.

 

- E alguma hora na minha vida eu já neguei fogo? Só depois de morta. - Melissa ergueu os ombros, sem resposta.

 

- Eu acho que disso eu não posso discordar.

 

Ambas riram e Camila finalmente sossegou em seu banco, apenas acariciando a mão da mulher que pousou em sua coxa, como de costume desde que namoravam.

 

- Eu não te contei, mas quando sai para jantar com os representantes encontrei uma fã sua. - A latina arqueou a sobrancelha enquanto a outra ria. - Me disse que estava de olho, disse exatamente assim Camila está em Los Angeles, mas nos estamos por todos os lugares. - Não conseguiram conter as gargalhadas. - Eles são umas figuras.

 

Camila sempre foi apaixonada pelo respeito que Melissa tinha com seus fãs e vice versa, com o relacionamento que seu fandom tinha com sua esposa. Nunca no mundo achou que seria fácil assumir um relacionamento naquele meio e depois de tantas coisas.

 

No começo realmente foi um pouco difícil, mas toda crítica aos poucos foi sendo desconstruída pela gentileza, educação e carinho que Melissa tratava cada um deles. E em pouco tempo, a loira tinha se tornado quase um mascote para os seus fãs, era nítido a gratidão com que a tratavam quando viam a latina feliz e sendo tratada e respeitada como sempre mereceu. É claro que nem tudo é um mar de rosas, mas isso foi outra coisa que tinha aprendido. Nunca agradaria a todos, portanto deveria ficar em que agradava e fazer o seu melhor.

 

Ela estava feliz com Melissa, e isso era o que importava.

 

Pensando nisso, desbloqueou seu celular e bateu uma foto de suas mãos juntas em sua coxa, logo postando em sua rede social com a simples legenda de um coração. Adorava fazer esse tipo de coisa, compartilhar sua felicidade e mostrar o quanto amava e era amada.

 

Não demoraram muito para chegar à enorme casa em um bairro mais afastado de Los Angeles, o casamento aconteceria ao ar livre e o dia estava lindo. Melissa pegou os dois vestidos e Camila suas bolsas, entrelaçaram seus dedos e entraram na propriedade, como ainda era cedo somente algumas pessoas estavam por ali, junto a equipe que terminava de ajeitar tudo.

 

- Camila! - A latina virou o rosto na direção da porta e viu uma Normani correndo em sua direção afobada enquanto carregava o pequeno Ben. - Que bom que chegou, Ally está surtando e eu não sei mais o que fazer. Dinah me deixou sozinha, falou que se ela perguntar mais uma vez se ele vem bate na cara dela.

 

- Mani, fica calma. - Sorriu pegando o afilhado que esticava o braço em sua direção.

 

- Okay. - Respirou fundo. - Oi Mel, desculpa. - Se abraçaram e a loira riu lhe entregando o vestido de Camila.

 

- Tudo bem, eu entendo como é isso. - Se virou para o menino que sempre se entretida com o colar que Camila usava e bateu palma chamando a atenção. – Ei, campeão, por que não vamos olhar os patos e deixamos a mamãe e a tia Mila ajudarem tia Ally? - Camila e Normani riram com a afobação do menino em pular para o colo de Melissa, que puxou Camila para um rápido selinho antes de se despedirem.

 

A latina andou vagarosamente enquanto observava a esposa interagindo com o afilhado de maneira tão natural que sentiu seu peito florescer com um sentimento bom, o que não passou despercebido pela amiga.

 

- Ela é boa com crianças, né? - Indagou observando.

 

- Ela é ótima. - Suspirou.

 

- Vocês... já conversaram sobre isso? - Camila voltou o olhar para a amiga por um momento.

 

- Isso o que? Filhos? – Assentiu um pouco animada. – Bom...Essa definitivamente vem sendo um assunto em questão. - Normani sorriu vendo como a amiga estava animada.

 

- Isso é ótimo, Mila, quer dizer, você sempre amou crianças e quis ter as suas próprias, desde que era bem novinha. - Camila concordou. - Mal posso esperar pra ver aquela sua casa nova cheia de pirralhinhos.

 

- Eu muito menos. - Suspirou, finalmente tirando o olhar da esposa. - Eu me sinto realizada nesse momento da minha vida, mas com certeza vou ser mais ainda quando tiver meus filhos.

 

Normani concordou e elas entraram na casa, indo em direção a uma Ally falando sem parar sentada na cadeira enquanto três pessoas a maquiavam ou tentavam.

 

- Camila! Finalmente, você está atrasada para a maquiagem, criatura, senta aí! - Disse quase que de uma vez só, indicando o banco ao seu lado para a latina. - Normani, já ligou pra ele?

 

- Ally, seu noivo não vai faltar o próprio casamento, fique calma. - A baixinha negou com a cabeça.

 

- Eu não sei, ele é muito esquecido e...

 

- Matt me mandou uma foto dizendo que ele também está se arrumando, relaxe e deixe que terminem a sua maquiagem. - Ally iria voltar a encostar-se à cadeira, mas seu celular vibrou. Ela começou a gravar um áudio quase que imediatamente.

 

- É só você dar seu nome na porta, para de gracinha! Você está atrasadíssima, quando chegar aqui eu vou arrebentar isso que você chama de cara. - Disse largando o telefone em cima da mesa a sua frente.

 

- Nossa, pra que toda essa agressividade, Ally? - Camila perguntou, rindo.

 

- Porque ela me prometeu que não ia se atrasar! - Exclamou, exasperada. - Apesar de que, em se tratando de Lauren, eu não podia esperar que ela chegasse na hora.

 

Camila congelou onde estava com a menção do nome de sua ex. Não que elas nunca tivessem se encontrado depois de tudo o que aconteceu, até porque, ainda ficaram uns meses no mesmo grupo, mas a latina estava tão machucada que mal podia suportar a sua presença.

 

Se reencontraram menos de dois anos depois dela deixar o Fifth Harmony, quando o mesmo também estava perto de seu fim. Lauren foi a primeira a lhe cumprimentar, de forma educada e hesitante, como se tivesse medo de despertar tudo aquilo novamente. Camila ainda ficou balançada com a sua presença, mas nada comparado a tudo o que ela havia sentido na época em que a merda toda aconteceu e naquele momento ela percebeu que sim, era perfeitamente possível seguir em frente e foi exatamente isso que ela fez.

 

Não demorou para que conhecesse Melissa em um avião, quatro meses depois e que sua vida mudasse completamente a partir daquilo. Ela era como um terremoto calmo, que abalou as suas estruturas sem quebrá-la de dentro para fora.

 

Viu Lauren muitas outras vezes ao longo desses anos, mas ela e Melissa ainda não haviam se conhecido. Mel era um doce de pessoa, incapaz de machucar uma mosca, mas perfeitamente capaz de arrebentar Lauren pelo que ela havia feito com a esposa, no passado. Ela não era perfeita e era óbvio que tinha seus desentendimentos com a latina, mas com certeza não passou todos esses anos machucando e decepcionando Camila repetidamente, como Lauren fez.

 

- Oi? - Lauren adentrou o cômodo quase que correndo.

 

- Puta que pariu! - Camila exclamou em alto e bom som deixando algumas maquiagens caírem no chão. Estava tão longe em seus pensamentos que se assustou quando Lauren discretamente abriu a porta como um touro e gritou dentro do quarto. - Que susto! - Sussurrou com a mão no peito ao perceber os pares de olhos sobre sua pessoa.

 

- Achei que não viria. - Ally disse voltando a se sentar para a maquiadora fazer seu trabalho. Camila se virou fechando os olhos e normalizando sua respiração. Lauren não esperou uma grande recepção por parte da latina, que manteve suas reservas nos últimos anos, era sempre a mesma coisa.

 

- Mas é claro que eu viria, Ally, só tive um imprevisto! - Colocou o vestido sobre a enorme cama de casal e retirou o blazer azul marinho que usava.

 

- E esse imprevisto tem nome e endereço? - Normani alfinetou a morena rindo enquanto o cabeleireiro cuidava de seus cachos. A hispânica riu desabotoando a calça e retirando os sapatos de salto.

 

- Claro, se chama engarrafamento e o endereço é essa cidade caótica. - Todos naquele quarto sabiam que era uma mentira, mas não tinham nada com aquilo. - Onde está Ben?

 

Camila se levantou assim que sua maquiagem ficou pronta e pegou seu vestido para trocar-se no banheiro. Pelo canto do olho pode ver Lauren somente de calcinha e sutiã se trocando ali mesmo. Era apaixonada por Melissa, mas não era cega e não podia negar que o tempo havia feito muito, mas muito bem a hispânica.

 

Seguiu para o banheiro escutando a conversa abafada no quarto e sentindo um pouco mais aliviada. Era uma situação um pouco ruim, mas sempre se sentia um pouco sufocada com a presença de Lauren. Não que fosse desagradável ou qualquer coisa do tipo, mas mesmo depois de tanto tempo, a hispânica adorava provocar algumas situações complexas demais, ela nunca dava um ponto sem nó, nada que saia daquela boca era por acidente ou de forma impensada, ela sabia exatamente o que dizer, quando e por quê.

 

Talvez por esse motivou passou a evita-la ainda mais depois que se casou, sabia que a mesma não vivia em uma bolha e por mais que não conhecesse Melissa pessoalmente, sabia quem ela era e a mesma coisa ao contrário. Mel era paciente e sensata, mas todos tinham um limite e Camila tinha medo desse limite ser ultrapassado com Lauren causando uma situação ainda mais desconfortável para todos, não por sua culpa, mas conhecia a hispânica.

 

- Mila, eu preciso me trocar. - Escutou a voz de Dinah seguido de algumas batidas na porta. Suspirou arrumando a alça do vestido antes de abrir a mesma e encontrar a polinésia apenas com seu espartilho e cinta liga.

 

- Meu Deus... Está de parabéns, hein, Jinah Dane. - Descontraiu dando um tapa em sua perna vendo a jogar os cabelos loiros pelos ombros.

 

- Eu odeio esse apelido, mas vou descontar só porque disse que eu estou gostosa! - Piscou dando um tapa em sua bunda e entrando no banheiro.

 

Riu, mas no instante seguinte quis arrombar a porta e entrar no banheiro junto a Dinah. O quarto estava quase vazio, somente Lauren estava sentada com as pernas cruzadas na cadeira da maquiadora a encarando pelo reflexo do espelho.

 

- Oi. - Disse sem. mover um músculo, apenas acompanhando seus olhos. - Você está linda.

 

- Obrigada! - Passou a mão pelo vestido um pouco sem graça. - Você também.

 

- Obrigada! - Lauren mexeu nos cabelos. - Como você está? - Camila queria uma desculpa para sair dali, mas sabia que não iria conseguir nenhuma sem parecer indelicada ou até mesmo infantil por não querer ficar perto da ex.

 

- Estou bem, e você? - Lauren deu um pequeno sorriso.

 

- Também.

 

Camila suspirou, sua cabeça viajava em memórias e seu corpo ameaçava reabrir feridas que já haviam sido fechadas há muito tempo. Ela tentava guardar somente os bons momentos, mas sabia que eles tinham sido em muito menor quantidade do que os ruins e eles a sufocavam naquele momento. Apesar da presença da outra mexer sim com Camila, ela duvidava que fosse de um jeito bom.

 

Ela era nova demais para ter sido machucada daquela forma e de maneira quase irreversível, mas estava tão dependente do relacionamento que elas tinham que não entendeu até amadurecer e conhecer outra forma de amor, aquela que não machucava.

 

Lauren tomou a decisão certa em terminar com ela e Camila demorou mais tempo do que deveria para entender isso, mas agora era tudo perfeitamente claro em sua mente.

 

- Cadê a noiva? - A voz suave de sua esposa invadiu o cômodo e Camila se virou para ver a mulher com um sorriso e Ben nos braços.

 

- Foi colocar o vestido. - Camila respondeu e Melissa lhe olhou.

 

- Você está deslumbrante, meu amor. - Disse se aproximando e lhe beijando brevemente a bochecha, sem notar a presença de Lauren ali.

 

- Obrigada, amor. Mel, essa é Lauren.

 

- Oh! - Camila mordeu o lábio inferior nervosa, pode percebeu na feição da esposa como ela não estava preparada para aquilo naquele momento, do outro lado, o sorriso presunçoso de Lauren demonstrava totalmente o contrario. - Olá.

 

- Prazer. - Se aproximou e estendeu sua mão, Melissa vincou levemente as sobrancelhas, mas sorriu ajeitando Ben ao lado de seu corpo e apertando a mão da outra. A latina coçou a testa se preparando para o que viria, conhecia muito bem as duas e aquilo não parecia a melhor das situações.

 

- Então você é a famosa Lauren. - Melissa disse tentando ser educada, mas no segundo seguinte se sentiu idiota. Lauren Jauregui era famosa, literalmente.

 

- Sou sim. - Sorriu analisando cada parte daquela mulher com intensidade, a latina percebeu como Melissa tinha ficado sem graça e se sentiu idiota por achar que aquilo funcionária. - E você é a famosa...- A loira arqueou as sobrancelhas e Camila negou.

 

- Ei, Ben, que tal roubamos docinhos da tia Ally?! - Camila disse ficando na frente dos dois e bloqueando a visão de Lauren. - Okay, vamos!

 

- Espera. - Melissa disse com um sorriso doce, beijou seus lábios suavemente e olhou para Lauren, que sequer tentou esconder o desgosto em lhe conhecer. - Foi um prazer conhecê-la! - Lauren fez um careta quando os três saindo de seu campo de visão e fecharam a porta.

 

- Foi um prazer conhecê-la. - Murmurou antes de se jogar na cadeira e colocar a mão sobre o rosto. Seu peito subia e descia rapidamente, aquilo tinha sido pior do que poderia imaginar. Se estar na presença de Camila já era doloroso demais, na apresenta das duas chegava a ficar insuportável.

 

- Oh, aí está você? Está pronta? - Dinah entrou e Lauren só quis se esconder do mundo naquele quarto. Já estava se sentindo mal por ter passado a noite em claro com sua garrafa de Jack Daniels se preparando para aquilo, um pouco pior por não estar conseguindo se sentir feliz por Ally, que parecia radiante e ainda pior porque não tinha resolvido nada. - Lauren?

 

- Estou indo! - Se levantou procurando as sandálias e calçando.

 

- Okay, o que foi?

 

- Camila... - Apenas deixou o nome no ar, era suficiente para que Dinah deixasse seus ombros caírem.

 

- Você falou com ela?

 

- Com ela e com a "Mel". - Pronunciou o apelido com deboche.

 

- Lauren, eu sinto muito... - Murmurou e a mulher assentiu, dando de ombros.

 

- Aconteceria mais cedo ou mais tarde.

 

Lauren se sentia a maior idiota existente. Sabia que poderia ser ela e Camila se não fosse uma completa imbecil em todos os sentidos da palavra. Olhou pela janela de onde estava e pode ver, no quintal, que Camila e Melissa brincavam com Ben, riam e pareciam a família perfeita.

Melissa não tinha medo de abraçá-la e beijá-la quando quer que lhe desse na telha, independente de quem estava perto. Ela terminou com Camila e pediu que ela seguisse em frente, ela queria que a mulher fosse feliz e parecia que ela era.

 

Com outra pessoa.

 

Lauren não romantizava nada que lhes aconteceu - e nem poderia. Ela machucou Camila de várias formas e sabia que não tinha desculpas o suficiente que compensasse tudo o que ela fez com a latina. A pior parte de tudo aquilo era que o medo que ela sentia era muito real na época e ainda gelava a sua espinha a simples lembrança do que sentia.

 

A hispânica passou por anos de tratamento para que conseguisse melhorar, mas já não importava, pois já tinha perdido o que de mais precioso ela já teve, o amor de Camila da forma mais pura e incondicional que qualquer outra pessoa no mundo já lhe ofereceu.

 

- Eu já disse que você está linda? - Melissa repetiu.

 

- Sim, amor. Obrigada. Você também está, mas não está nem um pouco arrumada. - Disse olhando sua esposa, que ainda usava blusa social, calça jeans e seus mocassins.

 

- É que eu estava cuidando da criança! Me arrumo em vinte minutos, prometo. - Disse bicando seus lábios.

 

Elas estavam de volta à casa, em um da quartos, Ben estava com a família de Normani e Melissa podia se arrumar para o casamento.

 

- Não demora. - Respondeu lhe dando um abraço sem muita intenção de soltar.

 

- Amor, o que foi? - Perguntou perto de seu ouvido.

 

- Nada.

 

- Ei, não precisa fingir que está bem, sim? - Sussurrou. - Você sabe que pode falar comigo.

 

- É só... - Camila suspirou se sentando e tendo a esposa a sua frente, segurando sua mão delicadamente. - Ainda é estranho, sabe? Às vezes eu me pergunto se isso um dia vai passar, dez anos já se foram e toda vez que encaro aqueles olhos verdes é como se todas as minhas feridas me lembrassem que ainda existem. - A loira assentiu se aproximando e tomando seu rosto em mãos. - Acima de tudo, Lauren costumava ser minha melhor amiga e isso acho que me machuca ainda mais. É como se a ponte que tivéssemos, mesmo antes de começarmos a namorar, tivesse sido completamente destruída e sem condições de ser reconstruída. - Camila sempre gostou da liberdade que a outra lhe dava para falar sobre aquele assunto, não precisava ter reservas para compartilhar seus sentimentos com a esposa sobre a ex. - É um pouco triste.

 

- Sabe de uma coisa? - Melissa disse arrumando os óculos. - Eu vejo a mesma coisa nos olhos dela, se tirarmos a parte que ela ainda te olha como se fosse seu mundo, eu vejo o quanto ela está machucada com tudo isso...E eu sei que já faz muito tempo, mas todos nós temos o nosso próprio tempo. As vezes ela age dessa forma na defensiva para se proteger. Vocês duas são tão martirizadas nesse assunto, tentaram tanto...As vezes, vocês deveriam parar de tentar ajeitar as coisas. - A latina abaixou os olhos. - Eu sei...que uma parte sua sempre remeterá a ela, assim como algo nela fará o mesmo com você e eu não me importo, contando que isso não lhe machuque e, por um lado, não a machuque. - Colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e levantou seu rosto beijando seus lábios suavemente. - Vamos deixar o tempo resolver isso, de verdade. - Camila sorriu se sentindo a garota mais sortuda do mundo por tê-la ao seu lado. - Me de um sorriso. - Cutucou sua barriga e não aguentou, gargalhou antes de abraçá-la.

 

- Obrigada por ser tão incrível! - Melissa corou violentamente arrumando os óculos. - Eu te amo.

 

- Eu também te amo.

 

Não demoraram a estarem prontas e a descerem de mãos dadas para o início da cerimônia. O jardim estava lindo, todo decorado com flores e adornos brancos. O lugar transmitia uma paz adorável, sendo o cenário perfeito para o casamento da baixinha.

 

Ficaram no canto destinado às madrinhas, vendo os convidados se arrumando nas cadeiras brancas que estavam dispostas no jardim. Lauren não demorou a aparecer e ficou do lado de Dinah, acompanhada de uma bela moça que Camila não reconhecia, mantendo a mão em sua cintura durante quase toda a cerimônia. A latina não se incomodou, de verdade. Esperava que Lauren estivesse feliz como ela estava com Melissa.

 

A cerimônia foi linda. Camila chorou durante quase todo o processo, seus hormônios pareciam loucos dentro de si e ela estava tão feliz pela amiga que poderia explodir ali mesmo. Chorava também porque lembrava do quão bonito foi o seu próprio com a mulher que se postava do seu lado naquele momento.

 

Ally e Antony exigiram o máximo de privacidade possível, as pessoas mal desconfiavam que o casamento era hoje, o que resultou em uma grande festa muito descontraída por saberem que não estavam sendo observados, afinal, haviam vários famosos na festa e seria desconfortável a presença da mídia ali. Além do que, a cerimônia era para selar o amor entre duas pessoas e não ser um circo para que as revistas de fofoca pudessem comentar durante a semana.

 

Melissa se viu sozinha em dado momento, Camila estava conversando algo pessoal com Normani e ela estava dando espaço para a esposa. Foi abordada por uma Lauren claramente um pouco alcoolizada, segurando um copo de champanhe em uma das mãos.

 

- Eu quero falar com você. - Disse se aproximando da loira, que assentiu.

 

- Sim?

 

- Se você machucar ela, eu te mato. - Melissa soltou uma risada debochada. Tomou um gole de sua própria bebida voltando o olhar na direção do enorme lago que tinha na propriedade.

 

- Não se preocupe, eu não tenho a intenção, mas se isso acontecer não será nem um terço do que você fez com ela. - Lauren piscou lentamente olha do dentro dos olhos azuis.

 

- Você acha que conhece a nossa história para falar assim comigo? Você acha...

 

- Eu não preciso conhecer você pra saber o que você causou a minha esposa, basta olhar nos olhos dela pra ver que ela mal consegue suportar estar no mesmo espaço que você. - Lauren trincou a mandíbula controlando seus nervos. - Escute Lauren...- Terminou de tomar sua bebida e colocou na bandeja de um garçom que passava na hora. Cruzou os braços e se aproximou, por mais que os olhos em uma tonalidade verde escura fossem intimidantes, conseguia ver o quão machucada a morena ainda estava. - Eu entendo como isso deve ter sido difícil para você, eu passei por algumas coisas quando era mais nova, eu sei como é sentir medo e como isso apenas nos destrói...

 

- Não me venha dizer que entende ou que...

 

- Você disse que queria conversar comigo e sei que é esperta o suficiente pra saber que uma conversa implica em duas pessoas falando, portanto, me escute. - Lauren estava perplexa. - Eu não desgosto de você e mesmo depois de tantos anos, tantas coisas, vejo o quanto esse sentimento que ficou entre vocês ainda machuca Camila, vocês eram melhores amigas e eu sei que ela sente falta disso e é explícito que você também. - Sorriu fraquinho. - Não me incomoda se está pensando nisso.

 

- Você é tão boa. - Disse com ironia tomando o resto de sua tava e pegando outro logo em seguida.

 

- E você é tão amargurada e, não é com ela, é com você. - Dessa vez a hispânica tinha ficado completamente sem palavras. Odiou a loira naquele momento, pois estava coberta de razão. - Você é linda, uma mulher maravilhosa. Já li um de seus livros, não posso negar, é incrível, suas musicas são boas...O fato é, você tem tanta coisa a oferecer para o mundo, tem tanta coisa dentro de você sendo impedida de sair, de se mostrar, por culpa das coisas que aconteceram. Mas olha... - Melissa se aproximou ainda mais tomando uma atitude mais ousada e tocando o ombro da morena que já não tinha um olhar ostensivo, mais pareciam marejados. - O que passou, passou. Camila está melhor a cada dia e você deveria tentar fazer o mesmo, pois mais uma vez está perdendo algo importante pra você por medo. - Lauren se odiou naquele momento quando sentiu uma lágrima quase escorrendo. Desviou o olhar para o lago sentindo o gosto amargo na boca. - Sua vida, novas oportunidades e a amizade de vocês duas.

 

Ela apenas assentiu, trincando os dentes e se segurando para não chorar. Suspirou encarando a loira a sua frente, que, ao contrário de si, parecia extremamente madura e não por causa da idade, mas sim por não possuir qualquer traço de deboche ou desprezo na fala anterior. Era preciso ter muito autocontrole para tentar ter uma conversa civilizada com a ex de sua esposa que quase destruiu a vida dela e ainda assim tentar lhe encaminhar para um bom lugar de estado de espírito.

 

- Como foi? - Lauren perguntou, subitamente. Melissa ergueu as sobrancelhas, não estava entendendo do que de tratava. - Quando vocês se conheceram... Como ela estava? Como ela se sentia? - Ela levantou os ombros, formulando uma resposta.

 

- Bom, ela estava muito fechada sobre seus sentimentos...tentou me afastar diversas vezes, dizendo que não era boa para relacionamentos e que iria me machucar.

 

- Ela se culpava. - Lauren completou a sentença, se sentindo um enorme pedaço de merda decorando o jardim do casamento de sua amiga.

 

             - Sim, ela se culpava por tudo o que aconteceu e achava que nunca poderia estar num relacionamento de novo. Eu só fiquei por perto, fui sincera sobre os meus sentimentos e esperei que ela se sentisse confortável para expor os dela. - Melissa ofereceu um sorriso solidário para os olhos verdes que pareciam que iam transbordar a qualquer momento. - Eu não quero que você se sinta mal, quero que tenha esperança de que as coisas podem melhorar para você, Lauren.

 

- Eu entendo agora porque ela parece amar tanto você. - Murmurou desviando o olhar, caso contrário desabaria ali, na frente da esposa do amor de sua vida e não tinha certeza se estaria pronta para isso.

 

Melissa deu um sorriso olhando Camila ao longe, agora rodeada por Dinah, Ally e suas irmãs. Ela sabia que a amava de volta na mesma intensidade, mas aquela era uma informação que talvez a morena não precisasse no momento.

 

- Hey... - Sorriu cutucando seu braço com um sorriso, Lauren vincou levemente as sobrancelhas. - É a primeira coisa legal que me diz. - A morena revirou os olhos reprimindo o sorriso que sentiu vontade dar.

 

- Ah, por favor, não pense que eu lhe darei um abraço ou coisa parecida. - E simplesmente saiu deixando a loira risonha para trás e caminhando em qualquer direção que pudesse ficar um minuto sozinha e reorganizar os pensamentos.

 

Melissa parecia a porra de uma pessoa maravilhosa, isso era impossível negar. Ela poderia ter jogado da cara de Lauren que estava com Camila, que não a fazia sofrer, que era muito melhor que ela, no entanto, a única coisa que de foi tentar ser uma pessoa boa e lhe dar conselhos para que seguisse sua vida.

 

Em certo momento Lauren de perguntou porque ela tinha que realmente ser tão boa, se não podia simplesmente seguir o protocolo, odiá-la e fazer seu cérebro ter alguma coisa para reclamar nela ou coisa do tipo. Mas tudo que conseguia pensar era como Camila parecia estar com aquela pessoa incrível, que a amava tanto a ponto de deixar seus sentimentos de lado até que ela estivesse pronta para mostrar os seus.

 

Sua atenção foi capturada pela latina do outro lado do jardim. Caminhava deslumbrantemente com um sorriso aberto em direção à esposa, que estava pronta para lhe receber com um abraço e um beijo rápido. Tentou desviar o olhar, mas a felicidade de Camila lhe atraia e ela parecia à pessoa mais feliz do mundo enquanto gesticulava durante sua falava da forma que sempre fazia quando estava nervosa com alguma coisa sou muito exasperada para falar. Não conseguiu evitar o sorriso que escapou dos lábios.

 

- Espero que esse sorriso seja para mim! - Ally apareceu em sua frente chamando completamente sua atenção. Lauren piscou devagar raciocinando e, por fim, assentiu.

 

- Claro que é! Está tão linda! - Se abraçaram.

 

- Obrigada por ter vindo. - A menor disse parecendo aliviada. - Eu não poderia ter feito sem vocês ao meu lado.

 

- E claro que poderia. - Sorriu segurando seus ombros. - Todas nós sabemos que você se casaria com Antony de qualquer forma, vocês merecem e eu desejo toda a felicidade do mundo pra vocês.

 

- Ah, não me faça chorar novamente, sua idiota. - Se abraçaram de maneira mais demorada. - E eu te desejo a mesma coisa, Laur. Toda a felicidade do mundo porque nós sabemos o quanto você merece isso. - Beijou sua bochecha recebendo um sorriso corado em resposta. Não quis falar mais nada sobre aquele assunto, pois não queria dar motivos para Lauren tentar afasta-la. - Bom, vim lhe fazer um convite. Quando toda essa gente for embora, ficaremos só nós, a família sabe? E eu gostaria que você ficasse e passasse a noite conosco. - A hispânica sorriu acariciando o rosto da amiga, uma das pessoas que mais lhe ajudaram quando tudo aconteceu.

 

Apenas assentiu beijando sua bochecha.

 

- Tudo bem.

 

 

- Mel, pega água pra mim? - Camila pediu, sentada em uma cadeira, já lá para o final da festa de casamento.

 

- Por que eu?

 

- Porque você tá em pé! - Explicou como se justificasse tudo com aquela pequena frase e a outra se viu sem opções, voltando com um copo cheio do conteúdo. - Obrigada, você é um anjinho.

 

- Sei. - Disse se sentando ao lado da mais nova. Camila deitou a cabeça em seu ombro desnudo e lhe deu beijos no mesmo.

 

- Vamos pra casa? - Melissa uniu as sobrancelhas. - Precisamos tratar daquele assunto mal resolvido de mais cedo... - Murmurou antes de dar uma pequena mordida na pele branca.

 

- Hm, por acaso estamos falando do que eu estou pensando? - Virou-se para a outra com um sorriso sapeca.

 

- Depende... - Se esticou para dar um beijo em seu pescoço. - Se você estiver pensando em qualquer coisa do verbo foder, com certeza está certa. - Melissa chegou a perder a respiração com a frase é o beijo demorado que recebeu em seu ponto de pulso. Riu levando a mão à coxa de Camila discretamente e deitando o rosto sobre o seu com os olhos fechados para poder aproveitar e deixar um pouco mais discreto o que a latina fazia com a boca.

 

- Amor... - Sussurrou apertando os dedos na pele macia e percebendo como a outra apertou as coxas.

 

- Oi... - Sussurrou levantando um pouco a cabeça para alcançar sua boca.

 

- Eu prometi... A Ally que ficaríamos por aqui. - Camila suspirou mordendo seus lábios e puxando para si. - Sabe... Nós podemos fazer... as duas coisas. - Melissa subiu ainda mais a mão parando quase em cima da virilha de Camila, onde apertou fazendo a latina gemer em sua boca bem baixinho.

 

- Como? - Sussurrou levando uma mão pra nuca da loira e a outra para o seu pulso, que ameaçava sair de onde estava. Melissa riu e continuou pressionando o local, subindo até um pouquinho mais. Estavam mais afastadas e apenas alguns mais íntimos ainda estavam por ali.

 

- Tem um banheiro próximo à cozinha que não estão usando... - Camila engoliu em seco dessa vez com a carícia que recebia por cima do pano. - Eu bebi um pouco demais e estou um pouco tonta, acha que pode me levar até lá para passar uma água no rosto?

 

A latina assentiu com dificuldade, sentindo, com tristeza, a esposa retirar a mão do meio das suas pernas para que elas pudessem se levantar. Caminharam rapidamente até dentro da casa, alcançando rapidamente a cozinha. Cumprimentaram alguns serviçais que continuavam trabalhando ali e passaram pelo cômodo, achando o banheiro indicado por Melissa.

 

Era um recinto pequeno, só havia espaço para o vaso sanitário e a pia. Deduziram que era de uso do pessoal da cozinha, mas isso não era o que realmente importava para elas naquele momento. Só rezaram para que ninguém precisasse usar.

 

- Você está linda com esse vestido. - Melissa murmurou, virando a esposa de costas para si. Começou a beijar sua nuca e ombro, provocando arrepios involuntários na mais nova, que esfregava as coxas enquanto aproveitava as cariciais que recebia. - Mas eu quis tirá-lo no segundo em que o vi.

 

A latina sorriu buscando seu quadril, fazendo questão de esfregar aquela enorme bunda nele. Escutou alguns gemidos baixos vindo da mulher atrás dela, em seu ouvido e começou a fazer o mesmo.

 

Camila não perdeu tempo, subiu o pano de seu vestido até que sua calcinha estivesse exposta, buscou a mão a mulher em sua cintura e puxou colocando dessa vez diretamente no meio de suas pernas. Quase caiu com a tremida que sua perna deu, o corpo perdeu completamente a força e a loira sorriu lhe segurando com o braço ao redor de sua cintura.

 

- Se apoia na parede. - Camila escutou levando as suas mãos a mesma e empinando o máximo que conseguia sua bunda enquanto os dedos da mulher faziam um trabalho incrível sobre o pano.

 

Melissa sabia como Camila gostava, sorriu beijando suas costas depois de desde a alça do vestido e retirou rapidamente a mão de seu centro para então procurar a barra da calcinha e colocar a mão realmente ali dentro, ocasionando um grito na mulher, que certamente não esperava por aquilo.

 

A latina sentiu seu clitóris sendo massageado e a ponta de seu indicador dando sinal que lhe penetraria logo, estava tão molhada que tinha medo de a qualquer momento começar a escorrer em sua perna.

 

- Por favor... - Sussurrou.

 

- O que? - Se fez de desentendida subindo um pouco mais o vestido, dessa vez para encontrar sua bunda e esfregar seu centro ali depois de lhe dar um tapa. Segurou a cintura de Camila e jogou a cabeça para trás respirando findo.

 

- Me fode, Melissa, anda.

 

A latina fechou os punhos quando sentiu os dedos de sua mulher entrando dentro de si vagarosamente, ela engoliu os gemidos e começou a tremer mais do que antes, sentindo o prazer se espalhar pelo seu corpo.

 

Apoiou a testa nos azulejos, deixando pequenos sons escaparem de sua boca conforme as estocadas que a loira lhe dava aplacavam o turbilhão de sensações que ela tinha correndo dentro de si. Trincou os dentes buscando fazer menos barulho, enquanto os movimentos de Melissa aumentavam a velocidade. Camila sentia o suor escorrer de sua testa e os gemidos de prazer de sua esposa ecoarem atrás dela, sentindo perfeitamente sua intimidade úmida coberta pelo pano fino de sua calcinha se movendo contra a sua bunda.

 

A latina mordeu o lábio para não fazer tanto barulho e apertou os olhos quando seu corpo começou a estremecer em um orgasmo intenso. A pior parte daquela posição era que ela raramente tinha onde se apoiar depois, sorte a dela que o banheiro era pequeno e não foi difícil alcançar a pia. Trouxe a esposa junto consigo, que estava abraçada em sua cintura, também tinha gozado.

 

Camila virou-se de frente e abraçou Melissa pelos ombros, que estava ofegante e escondeu o rosto em seu pescoço. Ambas estavam trêmulas e a latina ainda aproveitava os últimos resquícios de prazer que atravessavam seu corpo, sentindo sua mulher começar a lhe dar beijos delicados no pescoço e ombros. Forçou-se a abrir os olhos quando percebeu que ela levantou a cabeça, suas bochechas coradas pelo esforço eram a coisa mais adorável que já tinha visto na vida.

 

- Eu não entendo... - Sussurrou passando os dedos pelos fios loiros bagunçados e caídos por seu rosto.

 

- O que? - Melissa vincou as sobrancelhas bicando preguiçosamente seus lábios.

 

- Como você consegue ir de um ser extremamente quente e sexy para uma criaturinha tão linda e fofa como agora. - Tocou seu nariz e apertou as bochechas ainda mais coradas, desviando os olhos para qualquer lugar que não fosse seu rosto. Mesmo depois de anos, sabia que a esposa ainda se sentia acanhada quando era elogiada assim. Quando isso acontecia, a fazia lembrar-se de quando se conheceram.

 

Camila estava voltando para Miami depois de alguns compromissos cumpridos por boa parte do país, precisava de um tempo para descansar e era aniversário de Alejandro, onde prometeu estar presente. No entanto, mesmo sendo dia de voltar para casa tudo parecia mais difícil de viver, o que era incomum em dias como aquele.

 

Primeiro, quando chegou ao aeroporto descobriu que sua agente não tinha feito sua reserva e todos os voos para Miami pareciam magicamente cheios naquele horário, tendo que passar mais de três horas sentada esperando o próximo horário. Seu estômago roncava de fome, mas uma crise nervosa que tinha tido há dois dias não lhe permitia comer nada mais que uma salada, o que não era fácil encontrar em um aeroporto. Pensou em comprar um café, mas estava determinantemente proibida.

 

Alguns fãs haviam descoberto sobre sua estadia extraordinária no aeroporto e apareceram causando uma pequena confusão, não que eles fossem a parte ruim de tudo isso, mas os seguranças a puxando como se fosse uma das muitas malas de carrinhos que circulavam por aquele lugar era. E para melhorar, pouco antes de embarcar, alguém ocupado demais para pedir desculpas passou com a rodinha da mala sobre seu pé.

 

Quando finalmente sentou na poltrona, fechou os olhos torcendo para que só estivesse em casa o mais rápido possível. Mas nem tudo são e flores, e Camila sabia que nada é tão ruim que não possa piorar.

 

A pessoa sentada ao seu lado não parava quieta. Batucava no encosto de braço, mexia as pernas, conferia o cinto, abria e fechava a mesinha da poltrona, virava e revirava o ar condicionado e quando finalmente achou que teria sossego, a pessoa descobriu o botão de reclinar o banco.

 

Retirou os fones e os óculos com um pouco de raiva pronta para segurar a pessoa para o ombro e sacudi-la até que dormisse ou ficasse quieta. Mas no instante que se virou, todos os pensamentos sumiram de sua mente e as palavras de sua boca. A loira enfiou pela quinta vez o dedo no cinto para conferir se estava devidamente segura logo esticando a mão para abrir novamente a mesinha, quando se sentiu observada.

 

Revirou a mão e cruzou os braços com medo de estar incomodando, mesmo sabendo que a culpa não era sua de odiar aviões. Mesmo assim continuou se sentindo encarada, suspirou fundo antes de se virar para a esquerda e sussurra:

 

- Eu sinto muito. - Disse olhando para baixo, sabia que seu rosto estava em brasas. - Eu só...- Arrumou os óculos olhando ao redor sem bem antes conferir de que a atenção era sua. - Eu só não entendo como algo desse tamanho plana no ar com tanta segurança como dizem. - E então finalmente tomou coragem para encara o passageiro ao eu lado.

 

Ela conhecia aquela mulher da televisão, do YouTube e de quaisquer outro lugar onde famosos aparecessem. Estava incomodando a viagem de ninguém menos, ninguém mais do que Camila Cabello, uma das maiores estrelas pop da atualidade. Ficou ainda mais envergonhada, só queria sumir.

 

Camila acabou dando um sorriso gentil, toda a irritação sumiu ao ver os olhos claros por trás dos óculos e as bochechas coradas, provavelmente de constrangimento.

 

- Medo de voar, hm? - Ela assentiu timidamente. Raramente viajava de avião sozinha, mas às vezes não tinha muita opção. - Achei que a Supergirl não tivesse medo de nada. - Ela acabou sorrindo por ser reconhecida, jamais imaginaria que Camila Cabello assistisse aquela série da CW.

 

- Ela bem que queria, mas... - Ergueu os ombros, sem conseguir justificar seu medo.

 

- Tá tudo bem. Dizem que é o meio de transporte mais seguro do mundo.

 

- Só não entendo porque colocariam esse título em algo que nem está preso ao chão. Não faz sentido. - A latina lhe ofereceu um sorriso gentil.

 

- É normal ter medo, não precisa ficar envergonhada. - Estendeu a mão como se não fosse uma das pessoas mais conhecidas daquele país. - Sou Camila. - A loira apertou a sua mão, se sentindo patética por estar suando tanto nas palmas.

 

- Melissa. - Ajeitou os óculos assim que acabou de cumprimenta-la, pensando que a mulher deveria querer lencinhos para secar aquele suor nojento de sua mão.

 

- Então, o que a Supergirl faz quando não está salvando o mundo? - E assim passaram o voo inteiro, Camila não conseguia simplesmente fechar os olhos por mais sono que estivesse sentindo, encarar aqueles olhos azuis parecia ser sua coisa preferida no momento.

 

Melissa se sentiu acanhada com tanta atenção, principalmente de quem. Não era fanática na artista, mas era humanamente impossível não conhecê-la e não gostar de suas musicas e de como era uma artista completa. Já tinha ouvido histórias de como Camila era uma das artistas mais pé no chão de toda a indústria, achava que parte do que diziam, sua humildade, modéstia, carisma fossem história, mas naquele momento só conseguia ver o quão incrível ela era e agora sim entendia porque era idolatrada por todos da mídia.

 

- Então é assim que eles fazem todos aqueles efeitos especiais? - Camila realmente parecia interessada em saber o que falava e em mantê-la entretida. - Incrível! Agora, eu tenho que confessar... Graças a Deus o Mon-el foi embora.

 

- Eu ainda fico chocada em como a aceitação dele foi negativa. - Riu arrumando os óculos. - Digo, quando vi o roteiro soube que não agradaria todo mundo, mas foi geral. Adoro o Chris, mas também fiquei feliz que o Mone-el foi embora. Qual é, é a série da Kara, ela é a heroína.

 

- Concordo plenamente. - Riram. - Mas então...- Camila arqueou uma sobrancelha se aproximando deixando a mulher um pouco nervosa. - Lena Luthor, huh?! - Melissa não aguentou e gargalhou um pouco alto, rapidamente tampando sua boca preocupada em ter atrapalhado alguém. A latina sentiu o coração derreter com ela cena, que parecia a mais linda do mundo.

 

- Então Supercorp é o seu otp, como eles dizem.

 

- Meu e o de todos, Kara está apaixonada por ela é vice versa, só não sabem ainda.

 

- Ah, é? - Arqueou uma sobrancelha. - Como sabe? - Camila riu.

 

- É engraçado, mas eu ainda acredito aquela história do gaydar. - Camila era assumidamente gay. Depois de anos se reprimindo, foi sozinha ler uma carta aberta no dia do Orgulho Gay, depois de muito ser eleita como um ícone por suas musicas que se tratavam de igualdade, surpreendeu todos, menos seus fãs, ao dizer as palavras no final de sua carta e o quanto se orgulhava disso. - Mas e você?

 

- Eu o que?

 

- Também está apaixonada por Lena Luthor? - Melissa riu.

 

- Não, quer dizer, Katie McGrath é linda, mas não.

 

- Entendo. - Camila disse assentindo.

 

- Não me entenda mal! Eu me considero... Livre. Pra amar quem eu quiser. Mas não a Katie, ela é como minha irmã.

 

Camila ergueu as sobrancelhas, subitamente surpresa. Ela realmente só conhecia Melissa da série e não fazia ideia de seus gostos pessoais. Quer dizer, era interessante conhecer alguém que tinha a mente aberta como ela, eram pessoas assim que iriam mudar a perspectiva preconceituosa do mundo. Pelo menos era no que a latina gostava de acreditar.

 

Depois daquele voo e apesar de sentir vontade, não pegou nenhum contato de Melissa. Claro que ela podia simplesmente procurar a loira no Twitter e lhe enviar uma dm, mas não tinha motivo e ela realmente não estava procurando envolver-se com esse tipo de coisa no momento.

 

Depois de seu término conturbado com Lauren, Camila apenas fechou-se completamente para qualquer coisa que indicasse estar em um relacionamento romântico com outra pessoa e evitava até mesmo ficadas sem compromisso.

 

Não lhe fazia bem estar com outra pessoa sabendo que ela podia destruir tudo, embora tivesse a certeza de que a culpa não havia sido só dela. Ela sempre achou que tivesse que ter tentado mais ajudar Lauren, mais do que brigar com ela constantemente e ficar puta com as suas atitudes. Sua ex tinha medo e, depois de terminar, ela percebeu que medo era um sentimento que ela não podia evitar. Ela morria de medo de estar em um relacionamento, então queria simplesmente se desculpar por ter brigado tanto com Lauren durante longos quatro anos.

 

A verdade era que ela ainda não havia chego na parte de perceber o quão tóxico aquilo tudo foi. Ela só queria voltar no tempo e impedir que Lauren terminasse o que elas tinham, não por ela. Camila estava bem, sua ruína foi o término e ela não conseguiu ter um ponto de vista diferente daquilo tudo por um longo tempo. Ela nunca percebeu o quão machucada esteve porque não queria culpar a mulher que ela amava, na época, por todas aquelas feridas abertas.

 

No entanto, quando finalmente amadureceu e deu uma boa olhada em como passou a sua adolescência chorando porque Lauren tinha medo de expor o relacionamento delas, percebeu que estava terrivelmente enganada e ficou agradecida por ter aberto os olhos e finalmente viver.

 

Era maravilhoso estar em casa depois de um longo tempo, as coisas estavam um pouco caóticas, mas nada que deu quarto não abafasse e ela não conseguisse dormir boa parte da tarde para estar de pé a noite para a festa beneficente que a empresa de seu pai estava fazendo junto ao aniversário do homem.

 

Era um evento e só de pensar em como estaria lotado de fotógrafos, pessoas importantes, investidores, alguns artistas se sentia cansada e pensando seriamente se iria.

No final das contas tinha ideia de que não poderia faltar, simplesmente se arrumou da maneira mais discreta que podia para uma ocasião como aquela. A noite não estaria em um evento como Camila Cabello e sim como Karla Camila, a filha do aniversariante.

 

Cumprimentou alguns amigos pois era uma festa mais formal e sua família não estava ali, passou a maior parte do tempo fugindo das câmeras e ao lado de Sofia, que trocava mensagem de textos o tempo inteiro com os amigos, desejando estar tão longe quanto eles.

 

- Kaki... - Levantou o olhar para a irmã depois de comer um pouco do que foi servido. - Tem uma moça que não para de te olhar. - A latina arqueou uma sobrancelha se esquecendo de puxar o resto do macarrão que estava em sua boca. - Pelo amor de Deus, Camila! - Sofia apontou pra sua boca e a fez perceber o macarrão pela metade.

 

- Quem?

 

- Aí meu Deus, ela está vindo. - Se levantou deixando a irmã sozinha. - Ela é bonita e vem com uma taça, não seja você, por favor. - Beijou sua bochecha sumindo entre os convidados deixando Camila confusa na mesa.

 

- Oi. - Arregalou os olhos olhando para frente vendo os mesmo olhos azuis de mais cedo, o cabelo estava solto e dividido ao meio, a maquiagem mais carregada e o vestido vermelho deixava a mulher completamente diferente, mas igualmente linda.

 

- Melissa. - Se levantou com um impulso dando um sorriso. - Você está aqui.

 

- Espero que seja eu e não a Bizarro. - Riu suavemente da própria piada e abraçou Camila rapidamente pelos ombros.

 

- Nesse caso, eu também espero. - Camila deu um sorriso maior ainda ao poder encarar seus olhos sem as lentes dos óculos na frente deles. - Então, o que lhe traz aqui?

 

- Um táxi. - A latina não aguentou e se obrigou a rir novamente. - Estou brincando. Eu gosto de ajudar essas causas, quer dizer, eu acho que nós, que temos alguma visibilidade na mídia, devíamos fazer o possível para que esses problemas fossem mais ouvidos na sociedade. - Camila concordou.

 

- Com certeza. Queria que todos pensassem assim, tem gente que comparece a esses eventos só pra ter fama de bonzinho, mas, na real, não estão nem aí.

 

- Não entendo como as pessoas podem ser tão egoístas. - Respondeu dando um gole em sua taça.

 

- Seres humanos são complicados, não? - Indagou pegando um aperitivo quando um garçom passou perto. Desistindo de comer o delicioso macarrão a sua frente, não tinha maturidade pra tal coisa quando estava perto de outra pessoa. - A falta de compaixão está só piorando. Não que eu seja a melhor pessoa do mundo, mas... - Ergueu os ombros, não sabendo como completar a sentença. – Dou o meu melhor.

 

- Talvez você esteja no top 10.

 

- Eu estou! Mas é o do iTunes... - Disse mais baixa ficando vermelha com o sorriso da loira.

 

- Também e isso é demais, mas você está no top 10 dos meus artistas preferidos e eu tenho um sistema muito rígido para seleciona-los. - Camila arqueou uma sobrancelha voltando a encarar a loira. - Eu vejo o quanto você trabalha em questões sociais, as suas inúmeras viagens para a África, América latina e outros países que precisam de ajuda. Gostaria que os shows beneficentes que você fez ano passo, principalmente o da Syria tivessem a mesma visibilidade do que fez em Madri. - Camila sorriu se lembrando dos eventos e de como Melissa parecia realmente fofa com aquela feição indignada no rosto, segurou sua mão dando um leve aperto.

 

- Não fique triste ou frustrada. - Riu baixinho. - Caridade nós não precisamos mostrar que estamos fazendo, só precisamos fazê-la. Nós tivemos um bom resultado, a mídia não se satisfaz quando saímos dos núcleos, de onde a atenção está e que as pessoas colocam mais importância por isso não mostra. Mas meu objetivo não era agrada-los, há muito tempo não é... - A loira estava encantada com a forma que Camila falava e mantida o carinho em sua mão. - Eu sei que fiz a diferença, quem precisou de mim teve minha ajuda e isso é suficiente.

 

- Você acabou de ocupar o primeiro lugar da minha lista. - Moveu a não para retribuir o carinho e voltou a encara os olhos castanhos, que brilharam ainda mais. Não puderam conversar mais por muito tempo, Camila precisava cumprimentar outras pessoas e então se despediu de Melissa ainda que não tivesse vontade para tal, indo encontrar outros conhecidos na festa. Ela se sentia balançada, mas tinha toda a certeza de que não podia abrir seu coração de novo.

 

Mas Camila sabia que isso estava para além de seu controle.

 

 

Lauren estava sentada próximo ao lago, podia escutar as gargalhadas e conversas aleatórias que vinham da mesa única e enorme mesa de convidados ainda ocupada por Ally, e Antony, alguns familiares e suas amigas.

 

Queria poder participar, mas sabia que não estava sendo uma boa companhia naquela noite em especial. Os acontecimentos do dia haviam mexido com seu psicológico de uma forma conturbada demais até para sua pessoa, se sentia à vontade na campainha de uma taça de pro-seco e a garrafa ao lado.

 

Queria esquecer, mas sua mente fazia questão de ficar repetindo as cenas em que Camila aprecia, e como um karma, Melissa estava em quase todas. Sentia um peso enorme no peito e ao mesmo tempo um vazio, não sabia o que sentir e isso atrapalhava seus pensamentos.

 

- Quer saber o que eu acho? - Levou um susto quase caindo o banco quando viu Ally ao seu lado, parada com um pedaço de bolo estendido em sua direção. Pensou em negar, mas era de morango e não conseguiria.

 

Agradeceu pegando o mesmo e dando espaço para que a pequena se sentasse. Seu vestido de festa tinha sido substituído por um mais simples e florido, uma leve coroa de flores enfeitava sua cabeça a deixando ainda mais linda.

 

- Obrigada. - Agradeceu. - Mas o que você pensa?

 

- Você não ama Camila, há um bom tempo. - O bolo parou no meio da sua garganta com a fala da outra e por pouco não engasgou. O que ela estava falando?

 

- Ally...

 

- Não estou falando que não sente nada por ela, a ama assim como nós, amizade, irmandade, não sei... Mas amor, aquele primeiro amor... Não acho que ainda sinta. - Lauren olhou para trás um pouco desnorteada com o assunto, Antony brincando com alguns cachos de Normani junto a Ben e Dinah ao seu lado, lhe olhando atentamente.

 

- Por que está dizendo isso? - Estava nervosa.

 

- Escute Laur... É a primeira vez que a vê dessa forma, a esposa de Melissa, não deve ser fácil, eu entendo. - Ally disse com cautela segurando sua mão e encarando dentro de seus olhos. - Vocês tiveram uma história, até certo ponto, bonita e acho que o término te prende lá trás até hoje. - A hispânica sequer conseguia se mexer. - Você olha pra ela hoje e vê o quanto ela é feliz e volta lá atrás imaginando o que você poderia ter feito pra fazê-la feliz hoje, você se sente culpada... É como se sentisse a obrigação de fazê-la feliz pelo que fez antes. - Lauren sentia a porra de um soco sendo acertado em na sua cara. – Você passou dez anos se segurando em algo que não é mais real, em um sentimento de culpa... Veja, ela é feliz. Você a fez feliz em algum momento, as coisas não foram como tinha que ser pelo seu ponto de vista, paciência, nem tudo acontece como nós queremos. Aposto que se voltarmos a um tempo atrás, nem ela gostaria que tivesse sido dessa forma, mas se quer um conselho... Acho que deveria repensar nesse sentimento...

 

- Não se repensa um sentimento porque ele é um sentimento e não um pensamento, Ally.

 

- Santa ignorância. - A pequena revirou os olhos. - Você entendeu o que eu quis dizer.

 

- Entendi, mas não acho que seja dessa forma.

 

- Laur, já faz dez anos. - Ally disse como se falasse com uma criança de cinco anos. - Dez anos que você simplesmente não quer deixar isso ir embora... O que passou, passou, você não precisa se torturar no presente por causa do que aconteceu no passado, você precisa focar em si mesma e entender que ela seguiu em frente, então você também deveria. Ela está feliz com alguém, então talvez você devesse provar a si mesma que consegue fazer alguém feliz. É como se fosse sua redenção. Você fala de tudo que a fez passar, mas sabíamos que você sofria também, nada é uma via de uma mão só. A vida está aí para ser vivida e você não pode passar o resto dela tentando saber o que deveria ter acontecido... Você precisa levantar a cabeça para o que ainda está por acontecer, você, mais do que ninguém, merece ser feliz. Merece.

 

 

 

- Amor? Tá me ouvindo? - Melissa perguntou delicadamente, segurando seu rosto. Camila deu um sorriso.

 

- Sim. Me desculpe. - Beijou seus lábios suavemente. - Estava lembrando de quando nos conhecemos.

 

- Aquele avião.... até hoje eu tenho medo. - Murmurou, rindo e ajudando a esposa a descer de onde estava sentada.

 

- Sei bem que você tem. - Suspirou. - Vamos voltar? - Pediu, entrelaçando seus dedos enquanto iam para o quarto que Ally havia destinado para as duas.

 

- Vamos sim, acho que só precisamos de um banho antes. - Disse rindo de forma tímida.

 

- O quarto é uma suíte? - Camila perguntou franzindo as sobrancelhas.

 

- Sim.

 

- Então por que acabamos de transar no banheiro dos serviçais?

 

- Porque você não podia esperar. - Ergueu os ombros.

 

- Vai se foder, Melissa. Você devia agradecer por ser casada com um mulherão da porra que nem eu que tem um apetite sexual tão intenso. – Se sentou para retirar as sandálias enquanto Melissa foi para o banheiro e colocou a banheira para encher.

 

Por um segundo se deitou na cama e fechou os olhos, toda animação do dia, a ansiedade pelo casamento, o nervosismo pelo encontro explosivo que poderia acontecer entre Melissa e Lauren a mantiveram distraída de um novo tópico de sua vida. Tópico esse que precisaria ser dividido com a esposa.

 

- Vem mulherão da porra com apetite sexual intenso, a banheira está cheia. – Escutou sua voz e se levantou. Caminhou até a mala pegando um pequeno embrulho na cor branca e carregando junto a si para o banheiro.

 

Quando entrou não conteve o suspiro vendo a loira já dentro da mesma com os olhos fechados e os longos cabelos presos em um coque mal feito, a meia luz do ambiente deixava a cena ainda mais linda. Sentiu uma súbita vontade de chorar, parecia que todos os instantes da sua vida passavam como um filme por sua cabeça.

 

Aquele não era seu final feliz, era seu merecido começo.

 

- Senta-te conmigo. – Melissa disse em um espanhol arranhado quando viu a esposa a observando. Observou Camila retirar lentamente o vestido e suas roupas intimas, deixando aquele corpo perfeito e cheio de curvas a mostra. Vincou as sobrancelhas quando o mesmo embrulho, deixado sobre a pia, a acompanhou ate a banheira. – O que é?

 

Camila continuou em silêncio enquanto sentava entre as pernas da esposa e se acomodava em seu peito, sentiu mão passando por sua cintura e seu rosto se encaixando perfeitamente em seu ombro.

 

- Obrigada por ser meu começo, Mel. – Sussurrou virando levemente a cabeça para encarar os olhos azuis. – Obrigada por ser tudo que um dia eu não me achei boa o suficiente para ter, obrigada por me amar e me mostrar como esse sentimento pode ser bom o tempo inteiro, como pode ser gentil e como pode ser bondoso. – Levou a mão desocupada até a bochecha da esposa e acariciou lentamente. – Obrigada por me ensinar novamente como amar e como é ser amada.

 

- Amor... Isso é mérito seu, no máximo eu dei uma ajudinha. – Riu baixinho beijando sua bochecha. – Você foi feita para o amor e eu sou muito sortuda de poder recebê-lo de você.

 

- Eu tenho algo para você. – Tirou uma pequena caixa do embrulho e estendeu em sua direção. Melissa enxugou suas mãos e pegou a mesma, aproveitando para beijar o ombro de Camila.

 

- Obrigada. O que é?

 

- Apenas abra. – Camila sorriu levando a mão ate sua coxa e acariciando o local enquanto observada em silencio a caixinha branca ser aberta.

 

Melissa tirou uma camada de papel que estava sobre o presente e assim que o fez, quase deixou a caixinha cair dentro da banheira sobre a água.

 

- Camila! – A latina tinha os olhos marejados e mordia o lábio inferior tentando se controlar. Sentiu suas mãos em seu rosto e então os olhos azuis arregalados entraram no seu campo de visão. – Amor... – Apenas foi capas de assentir antes de deixar o choro emocionado tomar conta de seu corpo. – Meu Deus. – Melissa sentia o coração batendo forte dentro do peito, não sabia para onde direcionava sua atenção, para Camila derramando lagrimas grossas ou para o pequeno par de sapatinhos na cor vermelha e azul com o símbolo da House of El delicadamente pintado ali.

 

- Deu certo, amor. – Camila sussurrou passando a mão pelo rosto limpando uma lagrima solitária que escoria dos olhos azuis. – Nós vamos ser mamães.

 

A loira não conseguiu conter toda emoção dentro de si caindo no choro e abraçando o pescoço de Camila, que riu entre lagrimas acariciando seus cabelos.

 

- Eu te amo, Camila. Eu já amo tanto nosso bebê... – Sussurrou colocando os sapatinhos ao lado da banheira e levando a mão ate sua barriga, espalmando-a ali.

 

- Nós também te amamos, meu amor. – Deixou que a esposa chorasse tudo que quisesse em seu ombro, entendia que aquele momento para ela. Melissa também era louca para ser mãe e se tornar mãe junto ao amor de sua vida era a melhor coisa do mundo.

 

Ficaram naquela mesma posição por mais alguns minutos, até Camila receber uma mensagem de Dinah perguntando se ela voltaria, pois Ally queria conversar com todos. Sair da banheira foi difícil, Melissa parecia mais manhosa que o normal e tudo que queria era poder ficar curtindo aquele momento com a mesma na confortável cama de casal, mas era o dia de Ally.

 

- Posso contar pra eles? – Os olhos azuis estavam brilhando como duas lanternas, embora estivessem avermelhados pelo choro constante. – Eu estou tão feliz, por favor. – Por um segundo hesitou pensando em como Lauren se sentiria sobre aquela novidade, não queria causar nenhum desconforto, mas descartou no segundo seguinte. Seu filho não era um desconforto assim como a felicidade de sua esposa.

 

- Tudo bem, mas vamos deixar Ally falar e depois contamos okay? – Melissa assentiu rapidamente selando seus lábios.

 

Antes de descerem, Camila viu a morena pegar os sapatinhos e guardá-los delicadamente dentro da caixinha antes de saírem do quarto.

 

- Eu estou apaixonada neles. – Sorriu entrelaçando suas mãos com a da esposa, ainda sem saber como conter o sorriso, fazendo o coração da latina derreter como seria quando seu filho nascesse.

 

Quando chegaram, Ally quase pulou de sua cadeira caminhando energeticamente ate as duas e as puxando pelos pulos ate a mesa, parecia explodir a qualquer momento de tanta ansiedade de tanta ansiedade.

 

- Bom, eu queria agradecer a vocês por estarem aqui comigo nessa noite assim como estiveram por tanto tempo, mais uma etapa que passaram ao meu lado e eu sou muito grata por isso e a vocês. – Todos sabiam que ela não demoraria a começar a chorar, prevendo isso, Antony segurou sua mão lhe lançando um sorriso acolhedor. – Tem uma coisa que eu gostaria de compartilhar... – Respirou fundo pegando uma pequena carta que estava sobre a mesa e estendeu na direção do marido. – O casamento é nosso, mas eu gostaria de lhe dar um presente também. – Melissa escutou um fungado e nem precisou olhar para saber que era a esposa. Agora entendia por que Camila estava uma grande piscina de hormônios e qualquer coisa a deixava emocionada. Abraçou sua cintura pousando a mão sobre sua barriga com uma carícia leve.

 

- Daqui a pouco Ben se forma e esse beijo ainda não acabou. – Normani disse com o filho adormecido no colo fazendo todos rirem e o casal de separarem.

 

- Não precisava, você é o meu presente. – Piscou antes de começar a abrir a mesma, Ally quase pulava ao seu lado de animação. – Quando acabar, irei peg... – Todos ficaram em silencio quando o rosto de Antony perdeu totalmente a cor e seus grandes olhos verdes se arregalaram. Foi nesse momento em que Ally começou a chorar copiosamente. – Meu Deus.

 

- Gente, o que... – Dinah começou a dizer, mas foi interrompida por um grito do homem.

 

- Eu vou ser pai! – Camila arregalou os olhos e encarou a esposa. – Eu vou ser pai, olhem... Eu vou... – A latina se levantou pegando o pequeno papel que ele tinha jogado na mesa antes de abraçar a esposa e beijá-la.

 

Metade da mesa se levantou para comemorar com o casal e a outra metade se amontoou ao redor de Camila para olhar a pequena ultrassonografia indicando um pequeno pontinho com e algumas outras informações que somente Antony, como médico, entenderia.

 

- Eu não acredito que estamos nos tornando Mommy Harmony. – Dinah disse emocionada passando o dedo pela foto. A latina não conseguiu se segurar e deixou as lágrimas caírem novamente, mal poderia esperar para ver seu próprio bebê daquela forma.

 

- O tempo passou muito rápido. – Dessa vez quem disse foi Lauren, parecendo verdadeiramente emocionada da mesma forma que foi quando Normani contou que Ben estava a caminho. Aos poucos todos cumprimentaram o casal, Melissa e Camila demoraram mais tempo pois só sabiam chorar nos ombros dos amigos, uma cena um tanto quanto inusitada.

 

- Mais três e já dá pra formar outro grupo. – Normani brincou enquanto limpava os resquícios de lagrimas.

 

- Deus me livre. – Lauren murmurou. – Eu amo vocês, mas se meus filhos vierem com essa ideia eu já deixo de castigo. Controle suas crias, Dinah, elas serão as mais perigosas.

 

- Se depender da Mila, o segundo nome da criança será go solo. – Ninguém, nem mesmo Lauren, conseguiu segurar a risada com a fala de Ally. Melissa se mexeu ansiosa na cadeira e depois de receber um sorriso de Camila, respondeu.

 

- Não sabemos o nome, mas ainda temos sete meses para descobrir. – Diferente de alguns minutos atrás, a mesa inteira ficou parcialmente em silencio, somente se escutava as tossidas desesperadas de Lauren que tinha engasgado com o vinho.

 

- Mila, você... – Ally começou a falar e tapou a boca quando a latina assentiu com os olhos marejados. – Oh meu Deus! – Deu a volta na mesa se jogando contra as duas, que voltaram a chorar emocionadas, logo Normani e Dinah se juntaram.

 

Camila nunca se sentiu tão feliz e completa como naquele momento, tinha tudo que queria, tudo que sempre pediu e trabalhou para ter. Era feliz, casada com uma mulher incrível, tinha as melhores amigas do mundo, uma família maravilhosa e iria ser mãe. Aquele momento valia mais do que qualquer barreira que já tinha ultrapassado em sua vida, valia ouro. Então percebeu que era assim que se sentia quando todas as coisas ruins deixavam sua vida, esse era o significado de plenitude.

 

Em determinado momento percebeu que Lauren já não estava mais presente na mesa, se sentiu triste por não compartilhar aquele momento com a melhor amiga que costumava encontrar na hispânica, porém, aquilo já estava fora do alcance de suas mãos. Lauren tinha que seguir, que entender como ela fez e tudo que pode fazer foi torcer para que um dia pudesse voltar aquela pessoa que conhecia há anos, enquanto isso, viveria feliz e satisfeita com as pessoas que tinham em sua vida e que estavam para chegar para somar coisas boas.

 

Depois daquele dia as coisas tomaram rumos completamente distintos, Lauren passou quase uma semana pensando e repensando nas palavras de Ally, nas novidades, acontecimentos e encaixando na situação ao todo e realmente, algumas coisas precisariam mudar se ela quisesse seguir em frente. Não havia mais o famoso “tempo para superar”, aquele assunto já havia consumido dez anos de sua vida.

 

E foi pensando assim que terminou sua tour, lançou um filme no qual havia trabalhado como diretora e atriz, lançou algumas músicas e fez uma pausa na carreira. É claro que isso causou um buzz enorme, recebeu milhares de mensagens, perguntas, pedidos de explicações, mas já esperava por isso.

 

Para os fãs e colegas de trabalho apenas postou uma carta aberta em seu perfil no twitter, não dava muitas explicações ou entrava em detalhes sobre sua decisão, mas depois de quase vinte anos naquela vida, ela precisava de um tempo para si. Para a família, comunicou apenas que faria uma viagem sem data de voltar, mas que entraria em contato.

 

E antes de embarcar em uma aeronave com destino a Ásia, deixou um singelo tweet escrito “Preciso de um tempo para me reconhecer e nada melhor que passar um tempo comigo mesma. Até logo.”

 

Camila estava em casa esperando Melissa chegar para jantarem quando viu o nome de Lauren circulando por uma hashtag  em todo site, como nada lhe escapava aos olhos, leu a carta e se emocionou. Sentiu-se feliz pela hispânica, ela realmente parecia se libertando de coisas que a seguraram por anos, merecia aquilo e torcia para que desse tudo certo.

 

Viu que suas amigas tinham lhe respondido com mensagens de apoio e pensou bastante no que fazer e então, pela primeira vez em anos, lhe respondeu com um simples “Espero que encontre o que procure nessa jornada. Muita positividade.” Não esperou uma resposta e quando Melissa chegou, passaram a noite se amando e fazendo planos para quando os pequenos, nem tão pequenos mais, Brian e Kara estivessem em seus braços. Era como se Camila também estivesse sendo liberta naquela decisão e naquele momento.

 

Depois de anos, aquela historia finalmente teve um fim.



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