História Scared Of Happy - Cinco.

- Camila, calma... - Ally tentou amenizar a situação, já que ninguém precisava que elas tivessem uma briga daquela em público. 

Camila queria sentar no chão e chorar. Ali mesmo, com um monte de gente indo e vindo, ela só queria chorar e desabafar toda a sua mágoa que parecia aumentar ao passo que Lauren se aproximava. 

Dinah queria bater na cara de Lauren até o cérebro dela voltar para o lugar e ela arrumar algum juízo. A latina parecia tão feliz a algumas horas atrás que dava ao entender que elas tinham mesmo se resolvido - que Lauren iria se esforçar para mudar daqui em diante. Que ela nunca mais iria ver o olhar de pura decepção de Camila olhando para Lauren como se ela fosse quebrar ao meio na frente de toda aquela gente a qualquer minuto. 

Normani quis subir para o quarto e morrer lá dentro. Ela ainda estava chateada com Lauren - todas estavam - mas se pelo menos ela estivesse de bem com Camila, as coisas sempre melhoravam com o tempo. Mas não, parecia que Lauren e aquela porra de melhor amiga estavam vindo e trazendo o apocalipse consigo. Ally estava certa ontem como nunca esteve em toda a sua vida e a explosão da pequena parecia útil aqui, agora. Mas ela já parecia mais calma e não tinha cara de que ia fazer outra coisa que não fosse mandar todo o mundo se acalmar quando a gritaria começasse. 

Camila estava quebrada. Depois dos momentos de paz que aquela tarde lhe proporcionou, de ela finalmente achar que as coisas iriam começar a mudar, Lauren simplesmente cagou tudo da pior forma possível. 

Pra que ela apareceu naquela porra de janela então? Pra que aquela gracinha de "onde mais eu iria" quando alguém bateu na porta e ela estava nua em sua cama? Pra que essa merda toda se no final ela iria voltar a fazer o que sempre fez? 

Camila estava cansada de esperar que Lauren mudasse magicamente, mas ninguém podia culpá-la por ainda ter esperanças. Lauren não precisava vir de braços dados com Lucy, assim como não precisava ficar de braços dados com ela. Se ela apenas mostrasse algum respeito na frente da pessoa que ela chamava de namorada, em nome de Jesus, era tudo o que Camila queria. Lauren não precisava ficar agarrada com ninguém. Se ela ficasse na dela naquela porcaria de jantar e deixasse pelo menos a latina sentar ao seu lado, pronto, era tudo o que Camila queria. 

E não era tão difícil assim, era? 

A menina limpou as lágrimas que escorreram sem permissão. 

- Camila... - Lauren disse soltando Lucy e indo em sua direção. 

- Foda-se, Lauren. Foda-se. - Foi tudo o que a latina disse antes de ser escoltada pelos seguranças para dentro da van.

Lauren se sentiu uma ameba, mas o que ela podia fazer se o incomodo que sentiu ao ver seus fãs falando sobre elas mais cedo foi maior do que pensou?! Camila podia entender essa parte dela, poderia ser compreensiva e não exigir o que queria assim, do nada. Fechou a cara vendo o quão infantil Camila estava sendo, agarrou o braço de Lucy e foi até a van, que por sorte estava no estacionamento privados. As meninas já estavam espalhadas cada uma em seu mundo, Camila provavelmente estava trás, não queria e não ia tentar conversar, era uma escolha dela entender a situação ou não, Lauren simplesmente não podia fazer mais nada.

- Não vejo a hora de ir embora. - Lucy murmurou colocando os cintos fazendo a amiga revirar os olhos.

- Se não quiser ir é só descer. - Respondeu de forma rude cruzando os braços e arrumando os óculos. 

- Só cala a sua boca, pelo amor de Deus, antes que eu faça isso com o meu punho. - A voz da mulher estava irritada o suficiente pra Lauren se calar.

Pior aniversário de todos. 

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Camila arrumou o boné e o óculos se olhando rapidamente no banheiro e suspirou, fazendo o máximo para ser discreta, estava cercada de fãs com olhos biônicos e que, talvez, tinham acesso até ao sistema de câmeras do hotel. Se aproximou de dois seguranças e olhou rapidamente em seu celular como falar a frase que queria. 

- Me dá licença. - Limpou a garganta e ganhou a atenção de ambos. - Para onde fica o bar? - Falou devagar para se fazer entender, o mais alto lhe ofereceu um pequeno sorriso e falou algo muito rápido com o outro ao seu lado, que apenas assentiu. 

- Eu lhe acompanho. - Demorou alguns segundos para entender, mas quando o fez sorriu com a gentileza do homem. Não andaram muito e teve que mostrar sua identificação como maior de idade e então estava dentro de um local decorado de preto e luzes de neon. 

- Obrigada. - Sorriu para os homens. 

- Meu nome é Marcos, qualquer problema é só chamar. - Deu meia volta a deixando sozinha naquele lugar mais ou menos cheio, a música era calma e estava baixa para que as pessoas pudessem conversar. Caminhou até o balcão olhando inutilmente o menu. 

- Posso lhe ajudar? - Sua cabeça deu um nó, então o bartender entendeu que ela não falava português, repetindo a mesma coisa em um perfeito inglês.

- Obrigada por isso. - Respondeu com um sorriso. - Eu quero alguma coisa muito, mas muito forte. - O menino sorriu e pegou uma garrafa de tequila colocando sobre o balcão, mas parou confuso quando Camila gargalhou. - Eu sou cubana, tequila pra mim é tipo água. - As sobrancelhas do mesmo se ergueram ele assentiu.

- Então vamos ver o que eu tenho aqui. - Saiu para pegou outra bebida, mas não sem antes piscar charmosamente deixando-a com o rosto corado.

Lauren desceu da van agradecendo por estarem sozinhas, sua cabeça explodia e mais gritaria não ajudaria em nada, foram guiadas por uma mulher que falava um inglês bem ruim e mal se fazia entender. Ally na frente apenas sorria como se tivesse entendendo tudo, aquilo era típico da pequena. Normani segurou a mão de Dinah e elas entraram conversando, a sala reservada era maravilhosa e tinha um bar próprio. Mas Lauren não estava preocupada com aquilo, a porta da van já estava fechada e sua namorada não estava do lado de fora. Começou a olhar para trás, tinha certeza que ela tinha entrado na van. 

- Espera, cadê Camila? - Disse alto o suficiente para que chamasse atenção até de algumas pessoas que jantavam no lugar. Normani disfarçou voltando a conversar com Dinah. Mas essa não perdeu tempo, se virou para a amiga e disse relativamente baixo. 

- A namorada é sua, quem deveria saber era você. - E então Lauren percebeu que ela não tinha vindo e a raiva que sentia triplicou.

Era seu aniversário e ela não tinha direito de fazer isso. 

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- Eu to ótima. - Camila respondeu mais do que bêbada, quando o garçom lhe perguntou se a menina passava bem. - Que horas são? 

- É quase uma hora da manhã. - Respondeu se perguntando se em algum mundo paralelo ele teria chance de pegar naquela bunda maravilhosa. Considerando o enorme segurança que estava parado na porta do bar desde que a latina entrou e a quantidade de álcool que ela tinha tomado, a resposta era não. Ele provavelmente ficaria sem o braço todo se tentasse encostar nela. 

Que vida de merda. 

Camila organizou seus pensamentos no meio do álcool que parecia derreter suas moléculas celulares e sim, ela deveria ir. Demoraria a dormir devido ao porre que tinha tomado e amanhã elas teriam show, o que só piorava pelo fato dela provavelmente acordar com uma ressaca dos infernos. 

Ergueu a mão de forma débil, esperando que o segurança entendesse que ela queria levantar dali e não conseguia. A despesa iria toda para a conta delas no hotel e Camila ficou feliz por não precisar digitar senha alguma de cartão - ela provavelmente estava bêbada demais para acertar os números e não confiaria a senha a um estranho. 

Se é que ela se lembrava da maldita senha. 

Segurou no braço do homem e foi caminhando, trocando as pernas para sair da área VIP do bar. Quase se esqueceu de que ela era uma pessoa pública e que provavelmente fãs a viram entrar no bar e ficaram ali do lado de fora esperando ela sair. Acenou de forma débil para as pessoas e tentou sorrir. Disse algo em português enquanto o segurança a levava para o elevador. Mesmo se ela tivesse disposição para tirar foto com alguém a essa altura do campeonato, os fãs sairiam correndo quando sentissem o seu bafo de álcool. 

O homem que praticamente a carregou até a porta do seu quarto de hotel ainda teve que ter o trabalho de a ajudar a passar o cartão na porta para que ela se abrisse e Camila se perguntou se ele também não podia escovar seus dentes e a colocar para dormir - já de banho tomado e de pijama. Como a ideia parecia absurda demais para ser verbalizada, ela apenas jogou o cartão em qualquer canto do quarto e tirou os óculos e o boné, se virando na direção de sua cama. Ela se sentia suja, mas não conseguiria tomar um banho sozinha. Também não sabia se seria capaz de ligar pra algumas das meninas virem ajudá-la, o jeito era dormir como estava e amanhã dar um jeito em si mesma. 

Cambaleou tentando desesperadamente alcançar a cama, mas tudo o que ela encontrou foi um bar de braços que a seguraram quando ela terminou de perder o equilíbrio ao tropeçar em sua própria mala. Ergueu o olhar receosa e encontrou um par de olhos verdes furiosos. 

Vasculhou sua mente confusa, lembrando que ela estava brava com Lauren, só não sabia porque. Sua boca se abriu e balbuciou algo sobre precisar de ajuda. 

Foi ignorada. 

Quando Lauren finalmente falou, Camila duvidou que já tivesse ouvido sua voz tão brava em toda a sua vida, ainda que ela estivesse bêbada demais para lembrar no dia seguinte. 

- Onde caralhos você estava?

Demorou alguns segundos para entender o que a outra falava e então riu.

- Onde eu estava? - A risada continuava em sua garganta. - Relaxa, Michelle. - Tentou se soltar, mas Lauren a segurou mais forte tentando encarar os olhos perdidos da menina. 

- Me responde. - Chocalhou lentamente Camila, mas o suficiente para que perdesse o equilíbrio novamente e caísse por cima da namorada, que por sorte a segurou. - Como acha que eu...-

- Eu estava bem... Mas bem longe de você. - Disse um pouco alto e quanto tentava inutilmente se soltar. - Não há porque se preocupar, ninguém vai falar "oh a namoradinha da Lauren foi passar o aniversário dela com ela" e sim, a outra, a namoradinha que você escolheu. Não eu. - Lauren bufou de raiva com aquele maldito assunto e com as mãozadas que já tinha levado enquanto a outra procurava apoio. 

- Foi meu aniversário, como acha que eu me senti quando cheguei e vi que você não tinha ido?! Você é minha namorada! - E então tudo ficou em silêncio, a latina conseguiu magicamente se manter em pé encarando os olhos verdes faiscando de raiva. 

- Oh, isso é sério. - Sussurrou. - Eu sou o que? - Camila sentiu a mão tremendo de tanto ódio. Quem era Lauren pra achar que poderia cobrar algo dela? - Eu não quero mais ouvir sua voz. Sai do meu quarto. - Apontou na direção que imaginava ser a porta, mas Lauren a segurou. 

- Você foi beber sabe Deus com quem quando era pra estar comigo, no meu aniversário. - Camila lhe empurrou e então viu que a porta estava a sua frente. Reuniu toda força que tinha e empurrou os ombros de Lauren, que deu um gritinho assustado quando quase caiu, mas não foi rápida o suficiente pra desviar ou se preparar pra mais um empurrão. Quando viu já estava no saguão. As outras meninas que saiam do elevador conversando estacaram no mesmo lugar quando vira a cena.

- Eu disse pra sair. E sim, Lauren Jauregui, eu estava com a porra da minha bunda sentada no banco do bar experimentando cada dose do que um garoto incrível estava me dando e não, Lauren Jauregui, eu não fui comemorar a porra do seu aniversário sabe por quê? Porque eu estou cansada de você e todas as suas merdas, cansada de nunca poder me aproximar... - Sentiu lágrimas escorrerem por seus olhos, as palavras saiam mais embolada ainda por causa do choro. - Eu cansei de tudo isso, esse seu mundo maldito no qual fiz questão de entrar, não me venha cobrar presença em um lugar onde eu não possa estar no meu lugar de verdade, que deveria ser ao seu lado. Se você tá com raiva, espero que exploda com ela, eu não ligo. - Sabia que não tinha caído por estar escorada na porta, respirou fundo antes de se virar pra entrar e então sentiu uma mão no seu pulso. 

 -Você ai...-

- Eu já disse pra não encostar em mim. - E em um surto, o corpo magro da latina voou para cima da namorada, acertava deus ombros, braços e barriga, mas sabia que a intenção era acertar sua cara, aquela maldita cara linda. Dinah correu para tentar segurar Camila antes que se machucasse e levou uma cotovelada na boca do estômago. Xingou mil demônios, mas segurou a cintura da menina e a puxou, logo recebendo ajuda dos seguranças. O pior não eram os tapas, era que ela batia e gritava. - Você que procure outra diversão sua....sua... - E ficou fraca novamente caindo no choro. - Eu cansei dessa merda, eu cansei de me esconder, cansei de não poder ter um relacionamento feliz e cansei mais ainda de tentar tê-lo com você. - Foi a última coisa que disse antes que Dinah a colocasse pra dentro e batesse a porta de seu quarto. 

Lauren ainda tinha a boca aberta olhando naquela direção, sentia o rosto arder não sabia se era raiva pela atitude de Camila ou por acusa de alguns pequenos tapas que consequentemente acertaram seu rosto. Respirou fundo apertando os punhos e caminhou em direção ao quarto da namorada, mas uma mão puxando seu braço fortemente a parou. 

- Chega. - Era Ally e a pequena tinha um tom de voz tão sério que chegava a dar calafrios. – Deixe-a em paz Lauren, se não vai amá-la, deixe-a ir. Estou cansada por ela disso tudo, Camila merece alguém que não a esconda, eu segure sua mão quando tiver vontade e não quem raramente a olha por medo de alguém ver. Ela merece todo o amor que alguém possa dar porque ela tem todo o amor do mundo para dar de volta, você quebrou essa menina. - Ally parecia outro ser humano com o rosto completamente vermelho e o dedo apontando pra companheira de banda, sempre com Normani ao seu lado. - Está me ouvindo? Por tantos anos tudo que você deveria fazer era amá-la e você a quebrou de tantas maneiras que deve ser praticamente impossível colocar todas as peças no lugar, seu problema não é com a porra da sua sexualidade, sua merda é com ela, mas deixa eu te contar... - Se aproximou ameaçadoramente. - Você a perdeu por absolutamente nada, pois todos sabem que Lucy só está aqui para você ter algo para bater de frente com seus fãs. - Lucy sabia que a intenção de Ally não era ofender, mas não pode deixar de se sentir rebaixada e humilhada. Apenas entrou no quarto para pegar sua mala que já estava pronta. - A situação é vergonhosa para você em todos os modos, uma porque você está nadando contra a correnteza e outra porque machucou todas pessoas que se importavam com você. Todas. – Ally saiu sem esperar resposta, acompanhada por Normani.

Lauren entrou em seu quarto querendo morrer a um nível que ela nunca quis antes - e ela já quis morrer muitas vezes. Olhou para o lado e Lucy estava pegando a sua mala. 

- Lucy, eu... 

- Cala a boca, Lauren. Só cala a boca. Se um dia você resolver se lembrar que eu sou sua amiga e não uma boneca que você carrega para lá e para cá para esconder o seu namoro, sabe onde me encontrar. - Ela saiu arrastando a mala pelo quarto, girando a maçaneta da porta. 

- Me deixa... 

- Não há nada do que você possa dizer ou fazer que vá mudar alguma coisa, então fica na sua que é melhor. - Lucy saiu do quarto e bateu a porta com um tanto de força, indo na direção do quarto de Camila. Apesar de tudo, ela tinha que se despedir da menina. 

Isso se ela não estivesse dormindo ou em coma alcóolico. 

- Olha só, Lauren, se for pra você... - Dinah se espantou quando percebeu que era Lucy. - Ah, oi. Desculpa. 

- Tudo bem, relaxa. Eu só... Eu estou indo embora e queria me despedir. 

- Oh, venha cá. - Dinah abriu os enormes braços para a morena, algo que a fez ficar espantada. - Eu sinto muito por tudo isso, de verdade. Não posso imaginar como você se sente agora. - Lucy negou com a cabeça. 

- Tudo bem, eu to... Acostumada. - Disse com a voz um pouco embargada, engolindo o choro. Já havia choro o suficiente no meio daquela merda toda. 

- Ei, pode entrar, vem, ela tá aqui. - Dinah falou abrindo mais a porta para Lucy passar, se referindo a Camila. 

- Oi. - Lucy disse baixinho para uma Camila encolhida na cama, chorando silenciosamente. 

- Lucy? - Ela disse secando as lágrimas e se ajeitando melhor para encarar a mulher. - Como você tá? 

- Não importa. - Ela deu de ombros. - Eu vim me despedir. Estou indo embora. 

- Merda. Me dá um abraço. - Camila esticou os braços e Lucy a abraçou. 

- Vai ficar tudo bem, sim? - Murmurou, querendo ter a certeza disso. - Descansa um pouco. 

- Eu... Eu vou tentar. Me avisa quando chegar. - Lucy assentiu. 

- Pode deixar. Qualquer coisa me liga. 

- Obrigada. - Elas se afastaram e Lucy pegou a sua mala, dando um sorriso compreensivo antes de se despedir de Dinah mais uma vez e sair pela porta. 

- Dinah. - Camila disse com a voz firme do outro lado do quarto. 

A loira caminhou até ela, se sentando na beirada da cama. 

- Me ajuda a ir até o quarto da Lauren. 

- Jamais. Eu não posso acreditar que você vai fazer isso, Camila. Não depois de tudo o que ela te fez. Eu não vou te ajudar a ir a porra de quarto nenhum. - Levantou-se irritada, mas quase caiu quando ouviu a resposta de Camila. 

- Eu vou terminar com ela, Dinah.