Três meses haviam passado desde o encontro de Amanda com James em Londres, e ela tentava a todo o custo seguir em frente, mas não era fácil. Principalmente porque o nome dele estava em todo o lado. Apesar de ele se encontrar em estúdio a gravar o novo álbum, os convites para aparecer em programas de televisão e rádio sucediam-se e ele continuava a ser nomeado em várias categorias nas entregas de prémios de música.
- Finalmente consigo jantar contigo! – disse Rick, irmão de Amanda.
- Como estás? – perguntou ela abraçando-o.
- Bem, irmãzinha. E tu?
- Está tudo bem. Apenas cansada. Cheguei esta tarde de Chicago.
- Que concerto foste cobrir desta vez?
- Maroon 5. – disse ela com um sorriso.
- E como correu? Como são os gajos?
- Correu bem, eles são porreiros.
- Se algum artista alguma vez te tratar mal, avisa-me.
- E tu fazes o quê? – questionou ela a rir.
- Contracto alguém para os matar. – Rick respondeu também a rir.
- Não te preocupes. Regra geral a malta é porreira. E quando eles não o são, eu faço questão de o mencionar no artigo sobre o concerto. – disse ela fazendo-lhe uma careta.
Rick e Amanda deram continuação ao seu jantar, falando sobre uma série de assuntos; alguns importantes, outros nem tanto. Ela estava feliz por jantar com o seu irmão. Há muito tempo que não o via, e embora falasse com ele regularmente, nada igualava o passar tempo com ele.
- Ainda não te disse, mas vou abrir o meu próprio consultório.
- A sério? Quando?
- Daqui por uns dois meses deve estar tudo pronto. Depois farei uma pequena festa de inauguração e quero-te lá!
- Claro que vou. Até porque quero o tipo de pessoas que vão ao psicólogo. – Amanda disse a rir.
- Pessoas como tu e eu. – Rick disse fazendo-lhe uma careta. – Além do mais não saberás quem é meu paciente. Mas mudando de assunto… Já existe algum rapaz interessante na tua vida e que eu deva conhecer? Não te esqueças que primeiro tem de passar pela minha aprovação.
- Isso querias tu! – Amanda disse a rir. – E não, não há ninguém que devas conhecer.
- Mesmo?
- Mesmo.
- Estás a esconder-me alguma coisa… lembra-te que te conheço bem, irmãzinha.
- Não há ninguém.
- Mas há alguém…
Amanda sorriu e calou-se. O irmão realmente conhecia-a demasiado bem.
- O que se passa? – perguntou ele mais seriamente.
- Não interessa.
- Claro que interessa. Conta-me.
Amanda sabia que o irmão não ia desistir por isso contou-lhe sobre James.
- Bom… - Rick disse bebendo um gole do seu vinho. – Isso está complicado. Embora seja difícil saber sem o conhecer parece-me que ele também gosta de ti. Por outro lado, ele sendo musico conseguiria facilmente mudar-se para Los Angeles. Não tem propriamente uma profissão que o prenda a uma cidade ou país.
- Mas eu nunca lhe iria pedir isso.
- Eu sei que não. Estou apenas a comentar. Há algo que o prenda a Londres?
- Bom… ele tem a família dele, que mora perto de Londres.
- E ele prefere estar junto da família? Não pensa no futuro dele?
- Não sei. Nunca lhe perguntei isso. Apenas sei que com tanta distância, uma relação nunca resultaria.
- Concordo contigo. E tu, pensaste em mudar-te para Londres?
- Não… - disse ela com um sorriso triste.
- Bom, não é por seres minha irmã, mas o teu emprego está aqui. Mas também acho que conseguirias algo lá.
- Estás assim tão ansioso para te veres livre de mim? – Amanda perguntou com um sorriso.
- Não queria ser tão directo. – disse Rick a rir. – Sabes que estou a brincar, mas quero que sejas feliz. E se lá serias feliz com ele… acho que deves pensar nisso. Caso contrário, acho mesmo que tens de seguir em frente com a tua vida.
******
“Amanda Clark consultório 8” ouviu-se no som do hospital. Ela levantou-se e caminhou pelo corredor até encontrar o consultório.
- Boa noite. – disse ela entrando.
- Boa noite. Sente-se por favor. O que a trás cá? – perguntou a médica olhando-a.
- Há quatro dias que estou com uma dor enorme no meu pulso direito, que se estende para o braço e não entendo porquê.
- Magoou-se a praticar desporto, ou fez alguma entorse?
- Não, nada.
- Vamos então fazer um raio-x para tentarmos perceber o que se passa.
A médica reencaminhou Amanda para a sala de raio-x e ao fim de quase uma hora voltou a chamá-la. Quando ela entrou no consultório viu que junto da médica que a atendera anteriormente, estava um outro médico. Alto, moreno, olhos verdes, e com um sorriso fantástico.
- Sente-se por favor. – disse ele apontando para uma cadeira.
- Está tudo bem? – ela perguntou preocupada. – Passa-se algo com o meu pulso?
- Amanda, eu pedi ao Dr. Dylan que se juntasse a nós porque ele é ortopedista e conseguirá perceber melhor o que se passa com o seu pulso.
- Mas é algo grave?
- Amanda você tem uma lesão no pulso.
- Uma lesão? Mas eu nunca me magoei no pulso.
- Joga tênis? – perguntou ele.
- Não.
- Voleyball?
- Não. O único desporto que faço é ir ao ginásio.
- Posso perguntar qual a sua profissão?
- Sou jornalista. – disse ela sem entender a pergunta.
- Devo então concluir que passa muitas horas ao computador?
- Sim, bastantes.
- Está explicado. – disse ele com um sorriso. – A Amanda sofre de Síndrome do Tunel do Carpo.
Amanda ficou a olhá-lo sem fazer ideia do que se tratava.
- Eu explico. – disse ele com um sorriso ao perceber que ela não fazia ideia de que ele falava. – Essa dor deve-se ao uso repetido e muitas vezes errado do rato do computador. Neste momento tem uma inflamação, que vamos tratar com antibióticos, mas a Amanda vai ter de corrigir a posição em que usa o rato e vai ter de diminuir o número de horas que passa ao computador, caso contrário as dores vão voltar e serão mais fortes e poderão nunca desaparecer.
- Mas eu não posso diminuir o número de horas… é o meu trabalho!
- Entendo. Mas a verdade é que vocês jornalistas adoram levar trabalho para casa. Pare de o fazer. Limite o seu trabalho ao tempo que passa na redação.
A conversa continuou e quando Amanda deu por si estava já no corredor a conversar com ele. Antes de se afastar ela perguntou se ele sabia onde ela podia encontrar Sylvie, a sua irmã.
- A Sylvie Clark é tua irmã? – perguntou ele.
- Sim. – Amanda disse com um sorriso.
- Não sabia que ela tinha uma irmã. E ainda por cima tão bonita.
- Obrigada. – disse Amanda com um sorriso.
Dylan acompanhou Amanda até junto de Sylvie, a após a troca de algumas palavras, ele deixou-as a sós.
*****
- Tu a telefonares-me? – Amanda perguntou a rir. – Morreu alguém?
- Não. – Sylvie respondeu. – Queria perguntar-te se posso dar o teu número de telemóvel ao Dylan.
- Dylan?
- Sim. O médico que te atendeu á uns dias atrás, aqui no hospital.
- Ah! Sim… acho que podes dar.
- Achas ou tens a certeza? – Sylvie perguntou. – Ele não pára de falar de ti. E ele é muito concorrido. Noventa e nove porcento das mulheres aqui no hospital davam tudo por uma oportunidade.
- Sim, podes dar. – Amanda disse, sem se sentir minimamente importada com a informação que a irmã acabara de lhe dar.
- Ok. Tenho de voltar ao trabalho. Depois falamos. Bjs
Nesse mesmo dia Dylan telefonou a Amanda convidando-a para jantar. Ela aceitou e no dia seguinte eles jantaram juntos. Amanda gostou imenso da companhia dele e acabou mesmo por se sentir atraída por ele. Ele era bonito, inteligente, educado, e não havia nada para não gostar.
Os encontros entre os dois foram acontecendo e daí até eles iniciarem uma relação não passou muito tempo. Rapidamente eles estavam prestes a festejar seis meses juntos.
- Queria fazer algo especial para festejarmos os seis meses que namoramos. – disse Dylan uma noite.
- Algo especial? – perguntou Amanda.
- Sim. Que tal irmos até Veneza?
- Veneza?
- Sim! Vamos lá passar uma semana. Eu tenho férias para gozar portanto posso ir, e aposto que o teu patrão também te dá esses dias.
- Vou tentar.
*****
- Ainda bem que viemos! – disse Amanda entusiasmada. – Veneza é uma cidade linda.
- Logo vamos jantar ao Bauer de Pisis.
- Deveria ficar impressionada? – perguntou ela rindo.
- Mais ou menos. É um dos melhores restaurantes de Veneza, e a parte exterior permite jantar com uma vista fantástica para o canal. – disse ele. – Reservei um mesa para nós.
- No exterior? – perguntou ela de novo a rir.
- Sim. Mas não estou a entender o porquê de estares a rir. - disse Dylan um pouco aborrecido.
- Estava apenas a brincar contigo. Já devias saber que não ligo nada a essas coisas.
- Mas eu ligo. Tenho dinheiro e gosto das coisas boas da vida.
- Ok. Tudo bem. – disse Amanda encolhendo os ombros. – Para mim é igual jantar lá ou numa pizzaria. Não ligo nada de nada a essas coisas de ser caro e ser preciso fazer reservas para conseguir uma mesa.
Chegada a hora de se arranjar, Amanda optou por um vestido justo em tom cinza e com a parte dos ombros em preto, e uns saltos altos pretos, Completou o look com uns brincos de diamante que Dylan lhe havia oferecido e com um anel em prata em forma de flor.
Embora não se importasse nada com o facto de o restaurante ser um dos melhores de Veneza, ela tinha de admitir que as vistas eram realmente magníficas. Assim que haviam saído da gôndola em que se deslocaram, subiram uns degraus e estavam na parte exterior do restaurante. O local era realmente bonito, e a comida era fantástica. Assim que terminaram a sobremesa, Dylan agarrou nas mão de Amanda com ternura.
- Estás a gostar? – perguntou ele.
- Sim, claro. O restaurante é fantástico, e as vistas são lindas.
- Sabes que te amo?
- Claro que sei. – ela disse com um sorriso.
- Desde de que te conheci que a minha vida ganhou um novo sentido, e neste momento já não consigo imaginar estar sem ti.
Dylan ajoelhou-se e Amanda ficou atrapalhada.
- O que estás a fazer? – disse ela envergonhada pois todas as pessoas nas outras mesas estavam a olhar. – Levanta-te por favor.
- Aceitas casar comigo? – perguntou ele abrindo uma pequena caixa com um anel de noivado no interior.
Amanda ficou incrédula a olhar para o diamante dentro daquela pequena caixa. O anel era lindo, mas ela não estava nada preparada para responder aquela pergunta. Talvez porque não estivesse á espera que aquele pedido fosse feito. Durante cerca de um minuto a ficou a olhar para Dylan sem saber o que dizer. Ela gostava dele, mas o seu coração continuava a pertencer a James. Mas a vida tinha de seguir em frente…
- Sim, aceito. – ela disse com um sorriso.
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