História Scars Of Talent - Chapter Fourteen

Mark se alongava ao lado da barra, em mais um dia de exercícios. Olhou para Yugyeom e ficou envergonhado ao perceber que o mesmo já o encarava. Continuou com os exercícios conforme o professor os ditava, prestando sempre atenção a cada mínimo movimento.

Ele queria mostrar que tinha potencial.

Por um momento, Mark encarou o homem que se exercitava na frente dele. Era, no mínimo, 15 centímetros maior que ele. Forte. Tinha músculos. Era como o Tuan jamais seria.

Mas aqueles pensamentos se dissiparam por completo quando o professor se aproximou dele. O mediu por completo, o que fazia o bailarino querer pedir pra ele parar, mas não o fez, porque o sorriso no rosto do homem o impediu.

-Agora eu sei porque o senhor Jaebum insistiu tanto no Lago dos Cisnes... – disse, ainda sorrindo.

Jaebum havia escolhido o espetáculo? Por que o professor disse aquilo? Será que Jaebum sabia que ele teria mais facilidade por ser mais delicado que outros meninos em geral? Será que ele havia pedido para o professor trocar os gêneros dos papeis?

Milhares de questionamentos preencheram a mente de Mark, que apenas encarou o professor sem entender. Ele buscava respostas. Respostas que sabia que jamais obteria, tendo em vista que era tímido demais e jamais perguntaria tal coisa ao chefe. Ele já havia sido benevolente o suficiente cedendo a sala para que ensaiasse, não abusaria da simpatia que acreditava que o mais velho tinha por si.

O professor continuava a observá-lo enquanto ditava os passos. O rosto de Mark já estava rubro, mas ele nada podia fazer senão continuar a fazer o que lhe era imposto. Os exercícios na ponta dos pés sempre doíam mais, mas precisava manter-se naquela posição. O professor se aproximou de Mark, colocando uma mão na base da coluna dele e empurrando seu ombro com a outra, para ajustar a postura do mesmo.

-Você é perfeito pro papel, Mark Tuan. É uma joia pronta pra ser lapidada. - disse baixo, perto o suficiente para que apenas ele ouvisse.

Mark tinha medo. Medo de que tudo não passasse de uma brincadeira de mau gosto do professor. Queria muito passar naquele teste e daria tudo de si para que isso acontecesse. Mas ao mesmo tempo achava injusto ter esse tipo de vantagem sobre os outros que participariam.

Mas ele não reclamaria.

Depois que a aula acabou, o Tuan se assustou ao sentir um toque sobre seu ombro, mas respirou aliviado ao perceber que era apenas o pianista coreano de sorriso bonito.

-Então... você vai participar do teste, não é? - perguntou o maior, com um pequeno sorriso.

-Vou sim - o bailarino encolheu os ombros, envergonhado. Não esperava que Yugyeom fosse falar com ele.

-Tenho certeza que você vai passar. Já tem alguma música em mente? - ele continuava a sorrir e Mark queria parar de reparar na beleza daquele sorriso.

-Acha mesmo? - o Kim achava Mark extremamente fofo, principalmente quando ele falava. - Tenho uma música preparada, mas pouca gente conhece.

-Entendo... - o pianista parecia realmente feliz. - Estarei torcendo por você, Mark. Já te vi dançar e achei incrível.

-Onde me viu dançar? - a curiosidade ultrapassou a timidez do pequeno Tuan, o que fez o coreano rir.

-Eu vi o espetáculo no Natal. Você estava incrível. - antes que pudesse fazer qualquer coisa, as bochechas de Mark já estavam rubras, denunciando a vergonha que o mesmo sentia.

-Obrigado, eu... tenho que ir. - o menor saiu apressadamente, sem mesmo dar a Yugyeom a chance de se despedir dele. O maior sabia que aquilo havia sido feito por vergonha e não pôde deixar de rir.

Mark andava rapidamente até a sala de ensaios, não queria perder tempo. Pensava em terminar a coreografia ainda naquele dia e aperfeiçoá-la durante o resto do tempo. Pôs a música para tocar e logo se imergiu na melodia, esquecendo completamente de tudo que o atormentava do lado de fora daquele lugar. Era apenas ele com ele mesmo, fazendo o que mais amava fazer em sua forma plena e simples.

Ao final do dia, se sentiu zonzo. Pensou ser apenas um mal estar, então ficou parado por alguns minutos e bebeu água, uma das poucas coisas que ele ingeria nos últimos tempos. Ao olhar para a frente, viu Jaebum o encarando sério.

-Está tudo bem, Mark? - o bailarino assentiu para ele. - Eu estou te achando diferente... mais, digamos... como eu posso dizer isso? - o Im parecia se enrolar com as palavras, tentando encontrar uma maneira suave de dizer o que pensava.

-Pode falar, senhor Jaebum. - o menor o incentivava.

-Você já pensou em fazer uma dieta? - aquilo atingiu o Tuan como um soco no rosto.

Jaebum o achava gordo.

-E-eu... eu já faço, senhor... - disse Mark, ainda desolado. Queria chorar, mas passaria a imagem de que estava tudo bem. Não preocuparia seu chefe.

-Estou falando isso pro seu bem, não interprete mal, meu querido. - o menor arregalou os olhos pelo apelido recém dado. - Isso só vai fazer bem a você.

-Mas o senhor realmente me acha gordo? – os olhos opacos de Mark quase comoveram a Jaebum, mas ele não desistiria do que queria.

-Eu não diria que está gordo, mas precisa emagrecer mais. Seu corpo alcançará todo o potencial que ele possui e você atingirá a perfeição. – o sorriso que o moreno deu a Mark lhe parecia sincero, então não hesitou em acreditar naquilo que o outro dizia.

A palavra perfeição foi como um gatilho para ele.

-Eu... posso ser perfeito? – o rapaz dizia, apático.

-Claro que pode. –o mais velho ainda sorria. – Eu te chamei pra trabalhar comigo porque quero te fazer perfeito, quero te mostrar que com seu esforço e as minhas instruções, você alcança o que quiser, Mark.

-O que eu quiser? – sua mente foi imediatamente à sua mãe. Queria dar uma vida melhor a ela longe daquele monstro que morava com eles.

-O que você quiser. – confirmou o maior, vendo que alcançara o objetivo de persuadí-lo. – Grave minhas palavras. Você vai voar alto, pequeno Mark.

Jaebum beijou a testa de Mark e saiu após isso. Lágrimas silenciosas caíam do rosto do Tuan, surpreso e imensamente triste. Correu de volta à sala, se jogando contra a parede e deixou o corpo cair ao chão.

Dessa vez, Mark estava sozinho.