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História Schwarzwald - Floresta Negra - Capítulo 3


Escrita por: littlesenhorita

Notas do Autor


Capítulo 3! ♥
Estamos quase na metade da história! Logo mais teremos ação de verdade!

Capítulo 3 - Capítulo 3


O banho quente ajudou meu corpo a relaxar mais, e o jantar leve de frutas foi o suficiente para satisfazer uma fome que eu não sabia que sentia.

Os meninos me deram uma roupa nova limpa, diferente da camiseta cinza que vestia.

O conjunto de moletom e a camiseta preta eram do Jooheon, o único dos meninos que usava roupas mais confortáveis e largas. A blusa ficava gigante em mim, mas era muito confortável, enquanto a cintura era de fácil ajuste, pois o calção tinha barbantes costurados que me permitiam regular ao tamanho do meu corpo.

Todos eles prometeram que comprariam roupas adequadas para mim no dia seguinte, quando voltassem para o vilarejo. Eu agradeci e aceitei as roupas limpas e extragrandes da mão do Jooheon, que estava vermelho como um pimentão.

Eu imaginei que ter uma garota em casa era novidade para todos eles. Alguns lidavam com a minha presença de forma mais natural, como Kihyun, Minhyuk e Hyungwon, enquanto Wonho era totalmente exagerado, e os outros, Jooheon, Shownu e Changkyun, eram mais acanhados e quietos. Mas todos eram muito gentis, e faziam de tudo para que eu ficasse à vontade.

Imaginei que até se acostumarem com a minha presença, tudo seria novidade para eles, e claro, para mim também. Estar no meio de lobisomens era algo que nunca imaginei que aconteceria comigo.

Um dos quartos me foi cedido, o mesmo no qual havia acordado mais cedo, que pertencia ao Kihyun. A casa era grande, e os meninos tinham quartos espaçosos, segundo ele.

Foi combinado também que eles revezariam noites de sono na sala, a fim de vigiar a casa e eu, que ficava no único quarto térreo.

Deitada na cama, eu me remexia de um lado para o outro, tentando descansar a mente, como eles tinham me recomendado. Mas os acontecimentos recentes não me deixavam fechar os olhos, e eu não consegui pegar no sono.

Sentei na cama, e cruzei as pernas, sentindo tecido fofo do moletom. Numa cadeira no fundo do quarto, minha roupa da noite anterior estava dobrada. Acendi a luz do abajur ao meu lado, e andei pelo quarto, os pés tocando o tapete no chão.

Era bem arrumado, limpo e organizado. Ao lado da cama, que era encostada na parede, um criado mudo pequeno e simples abrigava o abajur, e algumas prateleiras ao lado com cosméticos e perfumes. O guarda roupa ficava na parede oposta da cama, e era bem simples também, com portas brancas de correr. Na parede da cama, uma janela retangular ficava escondida atrás de cortinas pesadas e marrons.

Eu corria a ponta dos dedos pelas prateleiras, quando notei pelo vão da porta fechada, uma claridade leve e alaranjada.

Coloquei o ouvido na porta, e me concentrei em escutar o que se passava fora do quarto.

― ... não acho que isso irá fazer alguma diferença...

As vozes estavam abafadas, e eu não entendia muita coisa.

― ... vai. Estamos com uma garota, e...

― ... outros bandos podem sentir...

Decidi sair do quarto, e tentar escutar a conversa deles do corredor.

Abri a porta da forma mais silenciosa que pude, e evitei fazer qualquer barulho, ao caminhar até a entrada da sala, e me esconder no corredor escuro.

― Ele não vai vir. Não pode. Seria contra as regras. – Shownu dizia, enquanto gesticulava com uma mão e com a outra livre, passava os dedos pelos cabelos negros. Ele estava sentado no sofá, as penas separadas, de costas para o corredor. A pele morena acentuada sob a luz fraca das luminárias laranjas ligadas na estante.

― Ele vai, Shownu. Muito provavelmente. O orgulho dele foi ferido quando perdeu para nós, e essa é a oportunidade perfeita. – Wonho estava ao seu lado, a expressão séria, a mesma que ele usou para acalmar minha respiração.

Ele tinha a mesma postura que Shownu, as penas separadas, os cotovelos em cima dos joelhos. Vestia um short preto, o que me fez notar uma pequena frase sob a pele branca, numa das coxas dele. Olhei para minha mão esquerda, a mesma que tinha cravado as unhas na mesma coxa, e senti um arrepio na espinha.

― Ele é arrogante e mau. Vai usar a primeira oportunidade para tentar nos subjugar de novo, e uma fêmea no bando é uma boa desculpa. ― Kihyun se levantou do lugar, e eu me afastei da entrada da sala, adentrando mais o corredor.

Se eles me vissem ali, iriam parar imediatamente. Os meninos não pareciam querer que eu soubesse daquele assunto, pois estavam reunidos na sala, sem eu saber. Não comentaram nada parecido enquanto conversamos durante a tarde, então eu presumi ser um assunto mais delicado. Ah, eu ia escutar aquela conversa, ah se ia.

Com cautela, voltei para a entrada da sala, e Kihyun estava de costas para o corredor, as duas mãos enterradas no cabelo castanho.

― Temos que pensar em algo. Logo vão notar a presença da Elisa, e outros bandos podem se aproximar para tentar nos subjugar. – Hyungwon estava sentado no mesmo local que eu sentei antes, no sofá de frente para a grande televisão. As pernas cruzadas, e o cabelo levemente bagunçado. Alguém devia ter acordado ele, e ele parecia não ter gostado muito.

― Bom, uma hora ou outra a presença de uma garota com a gente vai ter impacto. Ela sendo nossa fêmea de verdade ou não, para outros lobisomens isso não importa. – Changkyun estava sério também, sentado ao lado de Hyungwon.

― O que a gente faz? Se ela ficar, outros lobisomens podem vir atrás, inclusive ele. Se ela for embora, os drowls matam ela... – Jooheon passava a mão pelo cabelo também. As sobrancelhas estavam juntas, a preocupação marcando seu tom de voz baixo.

― Nós precisamos decidir o que fazer, logo... – Minhyuk estava sentado no chão, ao lado de Jooheon.

Um momento de silêncio pairou entre os rapazes. Sentei no chão gelado, e abracei as penas dobradas até o peito, escutando as batidas aceleradas do meu próprio coração.

Oh, merda. A coisa é muito pior...

Eu não sabia de nada, não conhecia nada sobre lobisomens, mas já havia assistido documentários o suficiente no Discovery Channel para entender o que estava acontecendo.

Talvez os costumes de lobisomens não eram muito diferentes dos de lobos de verdade, ou leões. Machos provavelmente andavam à procura de territórios para dominar e fêmeas para procriar.

Embates por domínio de territórios deviam acontecer entre lobisomens também.

Senti meu coração acelerar, enquanto os meninos ainda se mantinham em silêncio. Eu torcia para que eles escolhessem me manter ali. Por mais problemas que eu poderia causar, se fosse colocada para fora daquela casa, eu iria morrer.

Por favor...

Senti o medo apertar minha garganta, e estourar em lágrimas quentes nos meus olhos. Apertei forte o moletom, as juntas dos meus dedos ficaram brancas.

Não era possível. Eles foram tão gentis, salvaram minha vida. Eles não iriam...

― Nós fizemos uma escolha quando tiramos ela da floresta. – Shownu levantou do sofá, os braços fortes cruzados, a voz séria e grave. – Elisa vai ficar. Se outros lobisomens ameaçarem um confronto para subjugar, nós lutamos. Vencemos outros antes. E se Marcus quiser outro embate, ele vai ter, e dessa vez, eu vou matar ele.

Quando terminou de falar, todos os meninos olhavam para ele. Shownu era do tipo que pouco se expressava, mas que tinha uma grande força de liderança. Os meninos concordaram, se levantaram de seus lugares e começaram a se dirigir para os seus respectivos quartos.

Sabendo que eles passariam pelo corredor, levantei o mais rápido que pude, e entrei no quarto, em silêncio, fechando a porta atrás de mim.

Escutei os passos fortes deles no corredor, e deslizei pela madeira, até sentar no chão.

Meu coração ainda acelerava, mas provavelmente não era de medo. Aquelas eram as pessoas mais nobres que eu havia conhecido. Eu havia causado todo o tipo de problemas para eles, por causa de uma idiotice minha, e mesmo assim, eles escolheram me proteger.

As lágrimas escorreram pelas minhas bochechas, e eu cobri o rosto com as mangas grossas do moletom.



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