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História Schwarzwald - Floresta Negra - Capítulo 4


Escrita por: littlesenhorita

Capítulo 4 - Capítulo 4


Eu devo ter dormido uma hora, no máximo. Não consegui pregar os olhos em sono por nada.

Decidi levantar assim que vi a luz do sol nascer pela janela do quarto. Presumi que os meninos iriam dormir até tarde, então vesti minha camiseta que estava dobrada sobre a cadeira, tirando a extragrande de Jooheon, permanecendo só com o calção do moletom.

Abri a porta gentilmente, e caminhei até a sala, para ver quem dormia no sofá.

Wonho estava esticado, o cobertor escondendo somente uma das pernas, enquanto o resto do corpo estava descoberto. Ele abraçava um dos travesseiros da sala, enterrando o rosto no canto do sofá.

Observei a cena me deliciando internamente, enquanto os ombros dele se moviam com a respiração baixa. Sorri comigo mesma, achando engraçado como ele ficava muito mais bonito quando agia naturalmente, do que quando tentava parecer sedutor.

Virei as costas, e caminhei até o banheiro para lavar o rosto e ajeitar o cabelo. Depois me dirigi até a cozinha, e comecei a preparar o café, enquanto separava pães e frutas para os rapazes.

Estava de costas para a entrada, tentando alcançar as canecas no armário, na ponta dos pés, quando um braço forte surgiu ao meu lado.

― Cuidado, assim você vai escorregar e derrubar tudo. – Wonho disse perto do meu ouvido, enquanto apoiava a mão livre nas minhas costas.

Eu olhei na direção dele e um sorriso pequeno estampava seus lábios. Wonho pegou as canecas e colocou sob a pia, voltando a olhar para mim novamente após colocar a última delas na minha frente.

Fiquei encarando os olhos negros dele, lembrando da pequena frase na coxa, até tomar consciência da posição em que estávamos. Me desvencilhei da mão dele, e virei para o lado, para ver se o café estava pronto.

― Você chorou? – Ele perguntou. – Seus olhos estão vermelhos.

Merda de lobisomem, porque vocês percebem tudo?

Evitei olhar para ele novamente, e continuei o que estava fazendo. Senti Wonho se aproximar de mim, quando passos ecoaram na entrada da cozinha, e Kihyun surgiu.

― Bom dia.

Wonho disfarçou e pegou um dos pães que estavam num saco de papel, perto de mim.

― Bom dia. – Respondi, e saí de perto dele.

Coloquei café em duas canecas, e dei para os meninos. Algum tempo depois Minhyuk apareceu na cozinha, sorrindo e nos cumprimentando, de forma bem alegre.

Agradeci ele ter aparecido, pois os dois rapazes estavam em silêncio na cozinha, Kihyun me ajudando a preparar o resto do café da manhã, e Wonho sentado na mesa, olhando para nós dois. Se eu passasse mais alguns minutos em silêncio perto dos dois, não iria me controlar e acabar exigindo outra conversa esclarecedora do bando.

Havia uma escada ao lado do banheiro no corredor, de frente para a entrada da cozinha, que levava ao segundo andar da casa, onde ficavam os quartos dos meninos. Aos poucos, todos foram descendo por ela, surgindo na cozinha e tornando a casa mais agitada.

Logo a cozinha estava cheia de vozes e risadas, os meninos conversando e tomando café da manhã. Eu estava encostada na pia, ao lado de Kihyun, com uma caneca de café grande nas mãos, observando eles.

Notei a falta do Alpha, e perguntei para ele o porquê Shownu não estava lá.

― Ele foi fazer uma corrida pela floresta, exercício matinal de rotina dele. Wonho normalmente faz junto com ele, mas dessa vez ele deve ter dormido demais.

Agradeci a resposta, e me dirigi até a mesa. Sentei ao lado de Hyungwon, que vestia um moletom grande, o capuz sob o rosto. Ele ainda estava bem sonolento, então o cutuquei com um sorriso, e ofereci uma caneca de café para ele.

Hyungwon sorriu para mim de volta, e pegou a caneca.

― Vocês foram da última vez, e eu fiquei com o Kihyun! – Minhyuk disse, parecendo um pouco revoltado, o que era fofo demais.

Levei as pernas até o peito, e tomei um gole de café, observando os meninos decidirem quem iria comigo até o vilarejo.

Notei que Wonho se aproximou de mim, discretamente, enquanto todos os outros estavam distraídos com alguma coisa. Olhei para o lado da pia da cozinha, e vi que Kihyun terminava de preparar seu próprio café da manhã, pois tinha servido todos os outros antes. Olhei novamente para Hyungwon e ele começava a sonhar ao lado da caneca de café que eu tinha dado para ele.

Wonho sentou na outra cadeira livre ao meu lado, cruzou os braços, e se inclinou de lado na minha direção, a voz baixa o suficiente para somente nós dois escutarmos, enquanto os outros levantavam o tom da discussão.

― Você não respondeu minha pergunta. Você chorou, porque?

― Eu não chorei.

― Chorou. Seus olhos estão vermelhos ainda.

― Não estão, Wonho.

― Os outros podem não ter percebido, mas eu sim. Olhei seu rosto de perto, e os olhos estavam inchados e vermelhos.

Tomei mais um gole de café, evitando olhar para ele.

Argh, insistente!

― Eu tive um pesadelo, foi isso.

Wonho olhou na minha direção, e eu finalmente o encarei. Os olhos escuros me sondavam, sérios. Ficamos nos olhando por alguns segundos, e todos os outros meninos notariam nosso gesto, se não fosse pelo estrondo repentino na sala.

O barulho ecoou pela casa toda, e eu pulei de susto na cadeira, derramando café no chão.

Os meninos pararam de discutir na mesma hora, e olharam em uníssono na direção do corredor. Todos eles tomaram posições de alerta, e inclusive Hyungwon, que acordou imediatamente, ao meu lado.

― Hyungwon, Changkyun, fiquem com ela na cozinha. Os outros, comigo. – Kihyun assumiu sua posição de Beta rapidamente, e os meninos obedeceram.

Wonho levantou ao meu lado, colocando uma mão no meu ombro.

― Fique aqui, e não saia de perto deles.

Assenti com a cabeça, em silêncio, o coração acelerado no peito. Hyungwon também levantou, e Changkyun caminhou até mim, atravessando a coxinha, os olhos grudados no corredor, ambos em alerta.

Eu não tinha planos de me mexer, e aliás, eu nem sabia se conseguiria caso fosse preciso.

Ouvi vozes exaltadas na sala, uma porta se fechando, e os meninos correram de volta para a cozinha, os passos pesados pela casa. Shownu estava na frente, o rosto sério e pingando suor.

Ele está aqui! Antes do que pensávamos!

― Como?! – Changkyun disse, ao meu lado. Olhei para o rapaz mais novo que eu, e vi que ele tinha a postura rígida, como se estivesse prestes a atacar alguém a qualquer momento.

Shownu apoiou as mãos na mesa, na minha frente, enquanto tentava recuperar o fôlego.

― Há marcas de garras cruzadas nos troncos das árvores pela floresta, algumas perto demais dos nossos limites. – A respiração de Shownu estava pesada, ele não conseguia falar muito bem, seus ombros subiam e desciam rapidamente.

― Mas ele não pode cruzar os limites, não sozinho! – Jooheon disse, se aproximando do Alpha, os olhos arregalados em surpresa.

― Ele não está sozinho. Um bando jovem está com ele, são dois a mais que nós, três contando com ele.

Eu paralisei na cadeira.

De repente, todos eles ficaram em silêncio e olharam novamente para o corredor, como se estivessem escutado alguma coisa, mas não havia barulho nenhum, nada.

― O que foi? – Eu perguntei, ainda mais assustada.

Shownu olhou para os meninos e disse:

― Vamos. Changkyun, você fica com ela na casa.

O Alpha virou as costas e começou a caminhar para a sala novamente. Os meninos seguiram, em silencio.

Foi quando eu ouvi.

Rosnados e uivos soaram em meus ouvidos, e eu sabia o que era. Levantei da cadeira, e segui os meninos. Changkyun se colocou na minha frente, um braço na minha direção entrelaçando minha cintura, protetor.

Cada passo era uma facada no meu corpo, e eu conseguia senti-los claramente, a ameaça pairando no ar. Atrás dos ombros de Changkyun vi os meninos de pé na sala, posicionados e atentos, olhando para fora da parede de vidro na direção das árvores.

Agarrei o braço de Changkyun, o medo subindo pela minha espinha como uma serpente gelada rastejando pelo corpo.

Do outro lado do vidro, no gramado, eles surgiram.

Os lobos eram enormes, mais altos que um humano normal. As patas afundavam na grama lentamente, rosnados graves ecoando em sinal de ameaça. Eles mostravam os dentes, encarando os meninos, desafiando para que saíssem.

Em segundos o bando estava espalhado em frente à casa, se movendo de um lado para o outro, rosnando e grunhindo. Aquela era uma provocação, uma ameaça clara ao território deles.

― Changkyun, o que... – Senti o mais novo apertar minha cintura, e eu calei imediatamente.

Alguns dos lobisomens fora da casa rosnaram alto, levantando as patas da frente, o focinho farejando o ar. Eles estavam me procurando.

Os sete se mexeram imediatamente, Changkyun me trazendo para trás, e os outros avançando na sala. Wonho fez menção de sair da casa, os punhos cerrados, mas Shownu o impediu colocando uma mão em seu ombro.

Eu observei a cena com medo, meu coração disparado no peito. Onde aquilo iria parar? Alguns dos intrusos começaram a se aproximar demais da casa, e eu escutei Jooheon e Kihyun gritarem algo para o Alpha, mas ele continuou imóvel, encarando os outros.

― Esperem.

O comando era simples e claro, mas incompreensível. Outro bando ameaçava invadir a casa, e Shownu não movia um músculo para impedir. Os meninos começavam a ficar agitados, a tensão crescendo cada vez mais.

Foi quando ele surgiu.

Um homem alto e forte apareceu por entre as árvores, e assobiou, chamando os lobos para perto.

Ele parecia ser de meia idade, o cabelo levemente grisalho, penteado para trás. Ele reuniu os lobisomens ao seu lado, e olhou para os sete rapazes dentro da casa, sorrindo.

Um arrepio estremeceu meu corpo, e eu quis gritar ao encontrar o olhar do homem. Aquele não era um sorriso comum, aquilo era um sorriso de um psicopata. Notei que uma cicatriz atravessava o rosto dele, o que tornava tudo mais ameaçador ainda.

Shownu foi o primeiro a sair.

Meu Deus, não!

Eu tentei me desvencilhar do braço de Changkyun para impedir que Shownu saísse da segurança da casa, mas o lobisomem era forte, e ele me manteve atrás de si.

Aos poucos, os meninos foram saindo, acompanhando o Alpha. Changkyun me trouxe até o meio da sala, e eu vi os rapazes se posicionarem numa fileira na frente do vidro, todos com posturas diferentes, defensivas.

Escutei pequenos rosnados saírem da garganta de Changkyun, quando o homem gritou do outro lado do gramado.

― Olá, meninos!

A tensão entre os rapazes e o outro bando era palpável, eu sentia que a qualquer momento um deles atacaria o bando intruso. Mas todos olhavam para o Alpha, esperando um comando, uma ordem. Eles não fariam qualquer coisa sem o aval de Shownu.

― Vá embora Marcus. – A voz de Shownu era grave e forte.

― Acabei de chegar, rapaz. Não nos vemos a tempos, não vai me convidar para entrar?

Alguns dos lobisomens rosnaram e uivaram quando Marcus falou. Ele caminhou para mais perto da casa, ordenando que os outros ficassem atrás dele.

Shownu desceu da pequena varanda, os meninos o seguindo silenciosamente, ainda enfileirados, um do lado do outro, se movendo como um só corpo.

Marcus parou a alguns metros de Shownu, e ele falou alto o suficiente para que eu pudesse entender.

― Acho bom evitarmos confrontos desnecessários. Você abre passagem, meus meninos não matam vocês.

― Estão no nosso território, quebrando as regras de disputa. Você e seu bando vão das as costas e ir embora, Marcus. Eu não vou repetir.

Shownu se manteve firme, e então Marcus se aproximou lentamente, o rosto deformado a centímetros do rapaz.

― Eu não vou embora, menino. Quero provar um pedaço da fêmea que vocês estão escondendo atrás do vidro.

Esse foi o estopim.

Os meninos se transformaram na mesma hora. Shownu era o mais alto de todos, com os pelos negros; Kihyun era menor que o Alpha, mas ainda imponente, seus pelos uma mistura de creme com marrom; Wonho tinha o porte parecido com o do Alpha, e era cinza e branco; Jooheon era forte, os pelos completamente marrons; Minhyuk era totalmente branco, o único de pelos claros entre os meninos, e Hyungwon era uma mistura de cinza e preto. Todos rosnaram e uivaram, enquanto Marcus se afastava, dando passagem para seu bando intruso atacar.

Eu vi os lobos avançarem, garras e dentes se chocando, uma confusão de rosnados e grunhidos.

Changkyun agarrou meu braço e correu na direção da porta da frente da casa. Meu coração acelerava no peito, a adrenalina injetando todo o meu corpo. Escutei o som de vidro quebrando, e olhei para trás.

Um lobo negro, diferente de Shownu, no meio da sala nos olhava enquanto atravessávamos a porta de madeira.

Assim que pisamos fora da casa, eu ouvi um uivo alto e soube o que significava. O lobo negro avisava que fugíamos, e eu entrei em desespero.

Changkyun gritou um comando para mim, e se transformou rapidamente. Eu olhei o lobo gigante abaixado na minha frente, corri até ele e agarrei firme o pelo marrom claro, subindo em suas costas. Nesse momento, o lobo negro surgiu através da porta, avançando em nós.

Porém, o mais novo do bando era rápido e desviou do ataque, disparando imediatamente em direção às árvores. Escorreguei sob suas costas, e ele pulou para que eu pudesse me ajeitar novamente. Agarrei firme no lobo, enterrando minhas unhas no pelo.

Alcançamos a floresta em segundos enquanto o outro lobisomem nos perseguia. Eu podia escutar a respiração acelerada de Changkyun, o barulho de suas patas encontrando a terra.

Olhei para trás, e o lobo negro se aproximava, os dentes caninos afiados na minha direção. Gritei para Changkyun, e ele acelerou, adentrando ainda mais floresta.

Changkyun desviava das árvores com presteza, pulando as raízes maiores e troncos podres caídos. Do alto das árvores eu pude notar pequenos olhos vermelhos nos observando passar, os mesmos que eu havia visto na noite em que eles me salvaram.

Corremos por mais alguns minutos, até o lobo negro que nos perseguia começar a ficar distante. Changkyun avançava por entre as árvores, mudando repentinamente de direção. Logo estávamos correndo na beira de um rio.

De um lado, as águas cristalinas corriam rapidamente, e do outro, os drowls nos observavam do alto das árvores. Estremeci de medo, apertando minhas pernas em volta de Changkyun.

Ele olhou para o lado e entrou no rio, avançando para a outra margem.

Minha pele arrepiou ao tocar a água fria, a correnteza do rio forçando o lobisomem a ir mais devagar.

― Vamos Changkyun, mais rápido! – Passei as mãos pelo pescoço dele, incentivando-o a colocar mais força nas pernas, para atravessarmos o rio mais rapidamente.

Changkyun respondeu ao meu estímulo, e conseguimos atravessar o rio sem demora, voltando a adentrar a floresta na outra margem. Assim que avançamos alguns metros para dentro das árvores, o lobo negro surgiu na outra margem do rio, farejando o ar. Ele não nos notou, e perdeu nosso rastro.

A água corrente do rio havia apagado nosso cheiro, e conseguimos despistar o lobo que nos caçava. Olhei para a copa das árvores, e os drowls sumiram também, recuando para longe.

Respirei aliviada, e enterrei o rosto no pelo marrom, me concentrando na respiração de Changkyun, enquanto ele avançava pela floresta.



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