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História Schwarzwald - Floresta Negra - Capítulo 5


Escrita por: littlesenhorita

Notas do Autor


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Capítulo 5 - Capítulo 5


Era mais de meio dia, e o vilarejo estava agitado.

Na minha frente, Changkyun tentava recuperar o fôlego, seus ombros subiam e desciam rapidamente.

Estávamos escondidos no fundo de um beco formado entre duas lojas. A escuridão nos tornava invisíveis diante da multidão que passava, e eu estava abaixada na frente de Changkyun, tentando acalmar sua respiração acelerada, passando minhas mãos pelas costas dele.

Eu olhava para as pessoas passando, com medo de que nos vissem. Seria uma cena um tanto quanto esquisita, vista por um terceiro que não saberia um décimo do que se passava.

Meus pensamentos corriam a milhão, e minha preocupação com os outros era imensa. Eles estavam bem? Teriam sido machucados? Venceram?

O bando intruso tinha dois lobisomens a mais que eles, três contando com Marcus, e Changkyun não havia lutado com eles. Eu comecei a pensar no pior, e minhas mãos estremeceram sob a pele suada do lobisomem à minha frente.

Ele esticou as costas, passando uma mão pelo rosto, enquanto com a outra, segurou meu pulso.

― Não se preocupe. Eles estão bem.

― Tinham quatro a mais Changkyun! E os meninos eram em seis apenas, você fugiu comigo.

― Nós somos um bando forte, Elisa. Como você acha que nós conseguimos manter nosso território até hoje? – Changkyun abriu os olhos, e piscou para mim.

Eu não sabia se poderia me dar ao luxo de acreditar nele.

― Agora vamos, precisamos sair daqui. Esse lugar fede. – Ele levantou, ainda segurando meu pulso.

― Para onde vamos?

― Nós temos amigos no vilarejo. Eles vão nos ajudar, não se preocupe.

Caminhamos para fora do beco, e nos misturamos na multidão. Tentei parecer o mais normal possível, enquanto caminhava descalça, molhada e vestida com roupas masculinas ao lado de um rapaz sujo de terra e molhado também, de pijama.

Algumas das pessoas nos olharam torto, mas a maioria estava ocupada demais conversando e se dirigindo para seus compromissos.

Saímos do centro, e adentramos uma das principais ruas do pequeno vilarejo, descendo rapidamente pelas pedras retangulares, correndo entre pequenas barracas brancas, desviando das pessoas que passeavam calmamente.

Haviam várias casinhas, a maioria antigas e de pedra, outras mais modernas, mas todas com cores diferentes. Algumas plantas subiam pelas paredes de pedra, na altura das plaquinhas rústicas de madeira que ilustravam nomes de lojas, pequenas pousadas, bares, restaurantes.

Saímos da rua, virando a direita, numa viela estreita. Descemos rapidamente, e eu só conseguia pensar em como Changkyun ainda conseguia correr tão rápido depois de atravessar a floresta inteira.

A viela terminava em outra rua, menos agitada. Ao contrário da outra, nessa rua carros eram permitidos, e tivemos que desviar de alguns que percorriam o local.

Entramos em outra viela, e então Changkyun parou repentinamente na frente de uma casa, a porta de madeira.

― Chegamos.

Eu dobrei as costas, apoiando a mão livre num dos joelhos, na tentativa de recuperar o fôlego. Changkyun bateu na porta, e uma senhora de meia idade apareceu.

― Precisamos de ajuda, por favor, Mabelle.

A senhora esticou o pescoço na rua, olhou para um lado, e para o outro.

― Não nos seguiram, eu me certifiquei disso.

― Ótimo. Entrem.

A porta se abriu e Changkyun me puxou para dentro dela.

Meus olhos estranharam a diferença de iluminação, e minha visão demorou a ajustar ao novo ambiente. Não consegui identificar muito do local onde estava, somente que era uma pequena cozinha.

― O que aconteceu? Vieram atrás dela?

― Sim. Bom, mais ou menos. Marcus aproveitou a presença dela para invadir nosso território.

Mabelle caminhava de um lado para o outro, enquanto pegava alguns objetos nos armários da cozinha. Ela conversava com Changkyun, e pelo que entendi, ela sabia o que eles eram.

― Os outros ficaram?

― Estão lutando. Shownu me deixou com ela, caso acontecesse alguma coisa.

― Bom.

Mabelle se aproximou de Changkyun, e colocou as mãos no rosto dele. Foi então que eu percebi a semelhança entre eles. Os mesmos olhos, o mesmo formato dos lábios, mesma cor de cabelo.

Eles se abraçaram, e Mabelle suspirou. Changkyun soltou meu pulso para passar as duas mãos pelas costas da mulher, num gesto de conforto.

― Estava com medo de que te fizessem algo.

― Eu estou bem. Mas acho que os outros vão precisar de cuidados.

Eu olhava surpresa para os dois, tentando entender tudo. Depois de ter o contato suficiente com o jovem, Mabelle olhou na minha direção.

― Você está bem?

― Estou, obrigada. Changkyun é bem rápido. – Minha voz soou mais forte do que eu esperava. Estava finalmente me acostumando a toda a loucura da situação.

― Isso é ótimo. Agora, vocês dois precisam de um banho. – Mabelle nos levou para a mesa no fundo da cozinha. – Esperem aqui, vou pegar algumas roupas e toalhas para os dois.

Ficamos sozinhos na pequena cozinha, enquanto Mabelle fazia barulho pela casa, abrindo e fechando mais armários.

― Sua mãe? – Eu perguntei, falando baixo.

― Não, minha tia. – Ele respondeu, olhando na direção em que Mabelle havia sumido.

Tia? Mas eles são tão parecidos...

Eu resolvi não fazer mais perguntas, e deixar Changkyun descansar.

Mabelle me entregou algumas roupas dela própria, limpas, e uma toalha felpuda, rosa. Agradeci, e deixei os dois a sós.

Antes de fechar a porta do banheiro escutei Mabelle falar com Changkyun mais uma vez.

― Vou precisar de ajuda para preparar os remédios, Changkyun. Os meninos vão precisar, provavelmente estão feridos.

Meu coração apertou no peito, e eu agarrei a muda de roupa nas mãos.

***

Meu banho foi rápido, assim como o de Changkyun. Minutos depois estávamos na cozinha ajudando Mabelle. Vários frascos estavam dispostos na mesa, e a casa cheirava a ervas.

― Você melhorou do envenenamento? – Ela perguntou, sem desviar os olhos do pote em que amassava algumas plantas.

― Sim, obrigada. Os meninos foram muito gentis.

Como ela sabe?

Mabelle continuou o que estava fazendo, sem me perguntar mais nada. O silêncio pairava entre nós, enquanto as horas se passavam. Notei a iluminação natural da cozinha diminuir, enquanto o sol se punha fora da casa.

Changkyun, ao lado da tia, de vez em quando, caminhava até a janela que ficava em cima da pia, e olhava rapidamente pelo canto da cortina. Eu sentia a apreensão no ar, e torcia para que os meninos chegassem rápido, mesmo que feridos.

Já estava anoitecendo, e o aperto em meu peito aumentava. O que tinha acontecido afinal? Eles haviam ganhado a luta, expulsando Marcus?

Eu precisava vê-los, urgentemente.

Sentia que se eu não falasse algo, acabaria sucumbindo diante de toda aquela apreensão, então decidi cortar o silêncio.

― Desculpe, mas... Marcus, quem é ele? – Mabelle me olhou, e Changkyun também, – Ontem à noite eu escutei uma conversa dos meninos. Eles citaram Marcus como uma provável ameaça, e hoje ocorreu a invasão. Eu não sei muita coisa, e gostaria de compreender o que está acontecendo, por favor... fui eu que causei isso tudo?

― Como você... – Changkyun disse surpreso, enquanto Mabelle finalmente largou o pote, colocando as mãos em meus ombros.

Ela me olhou compreensivamente, e me conduziu até uma das cadeiras da cozinha.

― Marcus é o antigo Alpha dos rapazes. – Eu sentei, enquanto nao desgrudava os olhos dela, – E o que aconteceu não é sua culpa. Marcus só usou você como desculpa para invadir o território deles. Uma fêmea num bando lobisomem atrai outros bandos para disputas territoriais. Mas essas disputas têm regras, e o que Marcus fez hoje, é contra elas.

― Regras?

― Normalmente quando um bando quer uma disputa, eles convocam o Alpha que domina o território, fora das fronteiras, num local seguro para uma conversa. Se o Alpha não convencer o bando a ir embora, nós lutamos. Marcus invadiu nossos limites, sem uma convocação, e ainda ameaçou você. Isso é contra as regras. – Changkyun disse, enquanto esfregava as têmporas.

― Mas eu não sou realmente a fêmea deles... – Olhei para Mabelle, numa tentativa de me explicar.

― Sim, entre os rapazes do bando, isso pode ser verdade. Mas os outros lobisomens que veem vocês de fora, não sabem disso.

― O que Marcus quer realmente é nos subjugar. Ele quer controle sobre nós mais uma vez, e sua presença foi uma boa desculpa para ele vir atrás de nós novamente. – Changkyun se aproximou lentamente da janela mais uma vez, afastando a cortina alguns centímetros.

― Muito provavelmente aqueles lobisomens jovens que invadiram o território não fazem ideia das verdadeiras intenções de Marcus. – Mabelle completou.

― Eles estão ao lado dele somente por causa da adrenalina do combate, pensando em tomar uma fêmea de outro bando para si. – Changkyun ainda olhava para a rua, concentrado.

― Tomar o quê?! – Eu me assustei.

― Quando um bando conquista um território de outro bando, eles subjugam os lobisomens vencidos, e tomam a fêmea para si.

― Isso soa mais como escravidão. – Eu disse, nervosa com o que acabava de escutar.

É como se uma mulher fosse um troféu!

Mabelle notou minha indignação e, se aproximando, tentou me acalmar.

― Lobisomens possuem alguns costumes antigos, querida. Isso pode parecer revoltante para uma moça jovem, mas o mundo no qual você está agora, funciona assim. É a lei do mais forte.

Eu ia soltar um palavrão em resposta, minha raiva por toda aquela situação tentando explodir, quando de repente Changkyun saiu da janela, disparando em direção à rua.

― Changkyun! Volte aqui! – Mabelle gritou, correndo atrás dele.

Eu não pensei duas vezes, e segui os dois. Meus pés encontraram os paralelepípedos ásperos novamente, machucando a pele, e eu não pensava em outra coisa a não ser em alcançar Changkyun, que corria rua abaixo.

Alguns metros à frente, havia uma viela muito pequena, onde Changkyun entrou. Mabelle o seguiu, e, antes dela sumir entre as casas coloridas, eu vi o olhar assustado em seu rosto.



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