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História Se essa rua fosse minha - Capitulo 1


Escrita por: beeturine

Capítulo 2 - Capitulo 1


Fanfic / Fanfiction Se essa rua fosse minha - Capitulo 1

Cuidadosamente, dobrei a última camisa de Tierri e sorri orgulhosa. Dobrei a barra da minha calça e desci as escadas de meu quarto. Era cedo, Meredith fazia o café da manha - ou só pão amanhecido de ontem e café preto-, e acenou com a cabeça quando me viu. 

[Fiz o mesmo e puxei minha bolsa que estava pendurada de trás da porta, passando-a pelo pescoço]

Fiz o mesmo e puxei minha bolsa que estava pendurada de trás da porta, passando-a pelo pescoço.

"Pode me fazer a gentileza de acordar seus irmãos?", ela falou com calma e dobrei no corredor dos quartos, como costumamos chamar, pois lá é onde há seis portas de madeira grossa e brilhante e cada uma delas é um quarto.

Bati na porta do primeiro e escutei o ronco das gêmeas. Abri a porta com calma e sacudi-as.

"Me deixe dormir!", Jessa resmungou e chutou-me no braço. Mas, logo ficou de pé e colocou uma blusa.

["Cale a boca!", Jiya falou sonolenta e revirei os olhos]

"Cale a boca!", Jiya falou sonolenta e revirei os olhos. 

Observei-a prender o cabelo em um coque e colocar um broche de um pequeno animal no blusa do pijama. 

["Levante as duas de uma vez antes que eu obrigue-as a cortar a lenha]

"Levante as duas de uma vez antes que eu obrigue-as a cortar a lenha.", falei sorridente e elas saltaram da cama. Cortar a lenha é o trabalho mais trabalhoso e chato que se tem para fazer e quase sempre sobra para mim ou Maia. Saí do quarto e elas passaram por mim como uma mancha laranja, claro que discutindo em quem pregariam peças hoje. Passei pelo quarto de Tierri e toquei de leve na porta.

"Eu sei que está sentado aí. Sabe que já tem outro dia começando.", sussurrei e o escutei respirar. Faziam-se quase duas semanas que descobri que Tierri sofre de insônia e não consegue pregar os olhos à noite, já tentei tudo o que estava ao meu alcance para ajuda-lo, mas não adianta. A porta destrancou e segui para o próximo quarto. Apenas abri e senti algo passar velozmente próximo ao meu rosto. Respirei fundo e Lea me encarava de cabeça para baixo, os olhos eram intensos e ameaçadores.

["Hora de descer daí]

"Hora de descer daí.", sorri e ela também. Alguns diziam que seu sorriso era como o de um lobo selvagem, se esticava lentamente pelo rosto até mostrar todas as presas. Passei meus braços pelos os seus e ajudei-a a descer.

"Bom dia", disse e saiu do quarto com passos silenciosos, algo bem impossível para uma casa onde as tabuas do piso rangem mais que uma cadeira de balanço. Suspirei cansada e finalmente, o ultimo quarto. Apenas aproximei a mão da madeira quando escutei um "entra". Entrei e Maia sorriu para mim. Sempre a considerei a mais normal dos Wetchers, com um sorriso encantador e nenhuma mania esquisita ou jeito peculiar. Era apenas a Maia.

["Você sempre levanta cedo]

"Você sempre levanta cedo. Qual o seu problema?", ela resmungou enquanto penteava os cabelos e abria a porta do guarda-roupa com o pé. "Hoje é um dia especial. Certo?"

"Não sei o que quer dizer.", respondi apesar de saber exatamente o que era queria dizer. Hoje inicia meu ultimo ano na escola e assim que terminar, partirei para longe dessa cidade ridícula e minúscula.

"Eu sei que sonhou com isso a vida toda. Não negue.", ela vestiu a calça jeans e passou uma blusa branca regata pela cabeça.

Dei de ombros e me encostei-me à parede do seu quarto enquanto esperava-a terminar de se arrumar.

Sair daqui. Tão perto e tão longe ao mesmo tempo.

Poderia ir para outro país, conhecer pessoas novas e coloridas de alma. E desfrutar de outros sabores, diferente do peixe com caldo ou caldo com peixe que servem por aqui. Um lugar onde sempre há pessoas novas para se conhecer em vez das mesmas.

Mas no momento, estou me afogando nessa imensidão que é ser sozinha. Em uma casa que é cheia de gente, onde o silencio reside, eu estou a choramingar por aí, implorando pela chance de mudar meu destino.

Estava exausta de ver a alegria de Meredith e seus cinco filhos, de estudar, de tudo. Estou exausta de tudo.

O cheiro de café fica forte e Maia me puxa pelo braço, e escapo dos meus devaneios.

Paramos na cozinha e ela beija cada uma das cabeças ruivas na mesa e beija a bochecha da mãe. Mexo os pés, desconfortável. Meredith abriu um sorriso para a filha mais velha e quando notou que eu estava presente na sala, ele sumiu tão rápido quanto veio.

Nunca entendi a mulher ruiva que comanda essa casa. Por que ela me odeia? O que eu fiz? Pelo amor de Deus, ela tem cinco filhos ruivos saudáveis e bonitos, uma casa e de quebra, uma quase escrava que seria eu. Qual é o problema dela?

A buzina do ônibus soou do lado de fora e sabíamos que era a deixa de Maia.

"Bem, tchau.", ela cantarolou e saiu correndo da casa, deixando a porta aberta. Observei-a cumprimentar uns amigos e até receber um beijo rápido de um rapaz. Meredith desaprovava qualquer tipo de relação amorosa nessa casa. Era por isso que sua filha mais velha tinha em outras casas.

"Eu já vou. Não volto para o almoço, nem para a janta.", falei e quando escapuli de qualquer comentário de Meredith, o vento frio era quase agradável. Tudo naquela casa era abafado: o ar, o vento, o frio, o amor e a alegria.

Enquanto que o ônibus de Maia a levava para a melhor escola particular da cidade na estrada da direita, eu seguia a da esquerda, que ninguém gostava de passar por ser um dos caminhos mais esburacados e escuros. Claro que quando o descobri, temia muito passar, contudo, com o passar dos anos, acreditei que aquela rua era minha. Havia sido feita para mim. Meredith nunca reclamou, na verdade, ela nunca reparou em mim. Me jogou na escola publica mais miserável e permite que eu viva com ela.

Tirei o moletom da cintura e vesti. Estava mais frio do que o normal hoje. Tempestade de neve, talvez?

Bem, eu demoraria uns dez minutos no mínimo para chegar na escola, então aproveitei para fazer meus xingamentos matinais às varias pessoas que contribuíram para a desgraça que está minha vida.

"Primeiramente, a você mamãe, por ter sido tão egoísta ao ponto de abandonar eu, meu pai e meu irmão que levava no ventre. Ah, papai, seu filha da puta imprestável! Não aguentou a solidão e casou com uma vagabunda ruiva que na época tinha uma bunda imensa e deu-lhe cinco filhos ruivos e bonitos, diferente da menina que teve com a problemática suicida. Aliás, abandonou-a também, pedindo o divorcio e voando para longe de nós. Agora a sua primeira filha acabou recebendo todas as desgraças da família e...", um som estranho me fez silenciar. Parei exatamente onde estava, assustada e com o coração batendo forte me obriguei a olhar discretamente para os lados. Apenas eu passava por aquela rua. Minha rua.

Uma sombra grande e negra passou pelo meu lado direito e segurando um grito comecei a correr. Poderia ser apenas paranoia minha ou algo bem real, mas meu corpo queria muito correr. Eu já estava veloz demais, pulando pelos buracos e constantemente olhando para trás. Não demorou muito para eu chegar ofegante e suada na escola. Parei e respirei profundamente, com as mãos apoiadas nos joelhos. Pelo Cristo, o que foi isso?

"Olá Alessia."

Ergui o olhar e forcei um sorriso para Kasumi que franziu as sobrancelhas.

["Jesus, o que aconteceu? Desfaça essa careta, pelo bem de seu rosto]

"Jesus, o que aconteceu? Desfaça essa careta, pelo bem de seu rosto."

"Nossa, obrigada Kasumi.", resmunguei e com a respiração controlada, fiquei de pé. A japonesa sorriu e eu fiz o mesmo. Ela era muito baixa e diferente de muitos dos japoneses que estudavam conosco. Seu cabelo era pintado de platinado e curto, ela gostava de falar todas as línguas possíveis ao em vez do japonês que muitos deles usavam.

"Sabe o que eu acho?", ela falou enquanto passava o moletom cinza por cima da blusa curta, que era outra coisa que os japoneses da escola não gostavam. O corredor estava mais branco do que o normal e o cheio de desinfetante barato não duraria três horas. As luzes brancas piscavam como um hospital macabro e todos os alunos se destacavam de uma maneira. Os armários já foram vermelhos em algum século passado, mas agora não passavam de pedaços de metal alternando entre ferrugem e tinta descascada. As portas eram cinza como o céu tempestuoso e sentia que aquela escola era uma representação de como minha vida era. Lembrei que Kasumi falava comigo e virei-me para ela, fingindo prestar atenção no que ela reclamava dessa vez. "Esse vai ser nosso ano. Você, com toda essa cabeça enorme que tem, vai fazer nós duas passarmos e eu, vou procurar umas festas para curtirmos com o pessoal africano. O que acha?"

"Acho que não curto festas.", comentei e ela me olhou boquiaberta. Ela também era muito escandalosa.

"Você não curte ou é aquela megera da Meredith que te proíbe?", é, era a megera. "Você não pode deixar ela te controlar, Alessia. Ela não tem sua guarda, não é sua mãe... Não é nada sua!"

Uns japoneses olharam para a gente e Kasumi xingou em japonês.

"Seja o que for, é o meu ultimo ano. Depois vou embora. Largar ela e viver minha vida. Não sou mais criança. Acho que podíamos até fazer uma nova amiga esse ano."

"Eu odeio todos dessa escola. Se pudesse mataria todos com a katana que possuo em casa. E aprisionaria suas almas desgostosas nela.", Kasumi disse de modo sombrio que me lembrou muito Lea.

"Já existe uma heroína da dc comics com esse dom. E depois, fico impressionada com sua capacidade de fazer amizades.", comentei enquanto abria meu armário e puxava o horário que enfiam em cada armário. Kasumi fez o mesmo com o seu que era bem ao lado do meu e fez uma careta.

"Física no primeiro horário. Que divertido.", ela resmungou.

"Bem, eu tenho historia. E depois, literatura inglesa seguida de japonesa.", dei de ombros e peguei os livros. A campainha soou altíssima e fiz uma careta.

"Olhe se não são a Sumi-Com-Sua-Virgindade e Aledia.", um garoto passou pela a gente e gritou, depois gargalhou alto antes de Kasumi avançar em sua direção e dá-lhe uma rasteira, o garoto ofegou surpreso e ela empurrou seu rosto contra o chão frio e cruzar seu braço na costa.

"O que foi Edgar River? Não escutei o que disse! Repete!", ela gritou e vários alunos pararam para olhar a cena.

"Porra, Kasumi. No primeiro dia, não.", sussurrei e corri na direção de minha amiga. "Larga ele. Larga de uma vez."

Ela ficou de pé e praguejou em alemão. "Vejo você depois, McWing.", ela falou e saiu correndo pelo corredor, tornando-se apenas um pequeno vulto.

Balancei a cabeça e fui até a sala 3B, entrei e como o professor ainda não havia chegado, me acomodei na cadeira no fundo da sala e próxima a janela.

Kasumi é impossível. Como virei amiga dela mesmo?

Bem, lembro-me de uma garotinha de cabelos longos e negros, ela olhou para mim enquanto passava com os pais pelo corredor. Acenei educadamente e um sorriso travesso surgiu em seu rosto. Quando seus pais saíram, bem, foi o caos. Ela causava desordem na escola e todos queriam que a expulsasse. Kasumi vivia rodeada de amigos e pensei o quanto ela não era nada do que eu esperava. Até Edgar me prender no banheiro masculino e tentar me forçar a beijá-lo.

"Edgar! Pare! Por favor!", gritei e sua mão tapou minha boca.

"Fique quietinha... Prometo que não machuco.", ele sussurrou perto de minha orelha e logo depois o vi caído no chão, todo o ar que ele ocupava parecia finalmente livre. Respirei aliviada e vi uma figura do meu lado. A mão fechada em punho e o semblante de uma lutadora. Seus olhos desviaram para mim e encaramos Edgar. Talvez tenha sido nesse dia que a rixa dos dois começou. E nossa amizade também.

"Kasumi Hiro", ela falou.

"Alessia McWing", respondi e saímos do banheiro juntas.

Depois disso, do boato que Edgar apanhou de uma menina e de que éramos lésbicas, descobri que a novata era muito interessante.

"Senhorita McWing?"

Pisquei e olhei para Sr. Boring na frente da sala. Sim, o nome do meu professor de história é "tédio" em inglês. Deu para ter uma ideia da minha situação, né? Abri um sorriso para mostrar que estava atenta.

"Bom dia, galerinha! Como estamos? Já aplaudiram o Sol hoje?", o professor movimentou toda a sua gordura suada pela sala e batia palmas de um modo tosco. "Vamos, aplaudam o Sol!".

De ciências humanas e totalmente pirado. Ele começou a tagarelar alguma coisa sobre o Egito e implorei por uns dois segundos que o maldito Sol explodisse.

O vento frio açoitou meus cabelos e balancei os pés enquanto esperava por Kasumi na arquibancada. Eu sabia que deveria estar fazendo algo nem um pouco importante, mas eu não me importava de espera-la apenas para escutar seus comentários sobre o jogo que estava acontecendo, ou algo sobre a aula, ou o que ela estava fazendo enquanto eu a esperava... Era assim todos os dias e era a única rotina que eu gostava.

Apertei minhas mãos frias contra o tecido do moletom e observei o jogo sem prestar muita atenção. Meninos corriam. Se xingavam. Gritavam. Alguém caía e os outros riam.

"Bu!"

Gritei alto e vi várias pessoas olharem para mim. Senti o rosto ficar vermelho e alguém tomou meu lado esquerdo do banco enquanto outro fazia o mesmo com o direito.

"Demorei muito?"

Kasumi passou a mão pelo cabelo curto e tinha o nariz vermelho. Estava ficando resfriada.

"Essa é Adelayde. Nome diferente, né?", ela sorriu para a garota do meu lado que me encarava fixamente.

"Oi. Alessia.", falei esticando a mão.

"Adelayde.", ela apertou minha mão e gostei do modo que a mão dela parecia brilhante quando perto da minha.

Na verdade, Adelayde parecia brilhar de todo jeito para mim. Os cabelos crespos e negros sacudiam contra a força do vento, emoldurando o rosto da cor de chocolate que emitia um brilho diferente de qualquer coisa que eu já tenha visto. Nessa cidade, achei o maior brilho que podemos ver além dos Wenders, dos postes e das estrelas. Notei que remexia os bolsos, nervosa.

[Notei que remexia os bolsos, nervosa]

"Ela é novata. Tem muito novato. Inclusive minha irmã.", Kasumi resmungou e virei-me bruscamente para ela.

"Chou vai estudar aqui?!", gritei e minha amiga explodiu em risadas.

"Graças a Deus que não!"

Adelayde olhou para a gente sem entender e dei um sorriso simpático.

"Veja bem, Chou Hiro...",

"Olha a bola!"

Alguém gritou e só vi aquela esfera vermelha vindo em minha direção. Não havia tempo de abaixar ou me jogar para qualquer outro lado. Fechei os olhos e esperei pelo impacto. Deus, e se eu quebrar o nariz? Vou ficar com ele quebrado! Tenho certeza que Meredith jamais pagaria uma cirurgia para mim.

Mas o impacto não veio.

Arrisquei abrir um olho e vi uma mão a poucos centímetros do meu nariz.

"Cuidado seu pé torto."

Um garoto que obviamente era novato me encarou e deu um tapa na bola lançando-a de volta para o jogo.

"É... hum... Você está bem?", ele perguntou meio envergonhado e pisquei.

"Claro. Hum... È... Estou bem. Obrigada". Agradeci e ele deu um sorriso simpático enquanto saía pulando os bancos da arquibancada. Ele olhou para trás duas vezes e sorria cada vez mais.

"Adelayde. Me diga que viu o que eu vi.", Kasumi guinchou e me virei para ela. "Ah, McWing! Por que aquela bola não veio em minha direção e..."

"Ei! Cala a boca daí da arquibancada!", um dos meninos gritou e Kasumi fez uma careta.

"Pobre alma.", Adelayde sussurrou.

"Pobre mesmo.", concordei enquanto a víamos descer velozmente os bancos e disparar contra o campo, onde tomou a bola do time adversário e começou a driblar todos os jogadores, fazia-lhes graça e brincava.

"Ela é muito boa!"

"Ah, pode ter certeza que ela é.", concordei.

"Aprendam rapazes!", Kasumi gritou e levantou a bola para o peito, de onde passou pela cabeça e fez um movimento giratório no ar onde parecia que estava deitada e bateu na bola com o pé. Ela caiu no chão e todos ficaram em silencio até alguém gritar.

Foi Adelayde.

Kasumi ficou de pé e observou sua bola no canto direito do gol enquanto o goleiro estava esparramado no lado esquerdo. Ela começou a gritar e partir para cima de um garoto. Provavelmente aquele que a mandou calar a boca.

Olhei para Adelayde do meu lado e ambas estávamos sorrindo. Corremos para as escadas e descemos em direção do campo.

"Não me interessa!"

"Ai, como você é insuportável!"

"Ah, de novo não!", bufei ao ver Kasumi e Edgar discutindo novamente. Ela batia em seu peito e diferente de qualquer coisa que eu fosse tentar, ele se mexia. Seus dedos colocavam um cigarro na boca quando uma mecha de cabelo loiro caiu em seu olho e os dois pararam. Kasumi ficou encarando a tal mecha e vi seus dedos tremerem. Sufoquei uma risada irônica. Quem diria! Ela quer ajeitar a mecha!

[Quem diria! Ela quer ajeitar a mecha!]

"Já acabaram? Porque o intervalo já.", um garoto novo falou e corou quando todos olharam para ele.

Ah, droga. Física.

"Ah, porra! Quimica!", Kasumi berrou do meu lado e Adelayde riu. "Vamos lá meninas! Esse vai ser o pior ano das nossas vidas!"

Ela passou os braços pelos nossos pescoços e saímos rindo até a entrada da escola onde Kashimira-Sama aguardava.

"Primeiro dia. Duas visitas ao diretor. Bati meu recorde.", a japonesa que nos abraçava sussurrou.

Ela deixou-nos para trás e seguiu a coordenadora com passos saltitantes.

Bem, já foi um dia. Faltam 364 agora.

"Realmente! Detenção com o Edgar?", Kasumi gritava enquanto íamos para sua casa.

Ela morava na outra rua, perto da escola e bem distante da minha casa. Meredith não se importava se eu passava um dia, uma semana ou dois meses na casa dela. E se dependesse de mim, viveria com minha amiga. Mas tenho meio irmãos para ajudar e a companhia de Maia, que querendo ou não, é mais confiável que Kasumi. Não se pode confiar nada nela, pois quando fica porre, Deus, é um caos.

"Chegou tarde.", Chou esperava por nós na porta da enorme mansão. A irmã mais velha também tinha o cabelo curto como o da mais nova, embora não seja tingido. "Boa noite Alessia-Chan".

[Kasumi ergueu o dedo médio para ela e eu acenei educadamente]

Kasumi ergueu o dedo médio para ela e eu acenei educadamente.

"Nee-chan. Quando vai criar responsabilidades? É uma jovem imatura e...", Chou fechou a porta e começou a discutir com a irmã mais nova na sala.

Na sala que era do tamanho da minha casa.

Os Hiro's eram estupidamente ricos, mas não eram esnobes como Edgar River. A mansão deles era tão grande que nos oitos anos que estudei com Kasumi nunca cheguei a explorá-la completamente. Sentei timidamente no sofá de veludo e observei-as gritar uma com a outra, ora em japonês ora em inglês.

"Cala a boca Chou! A vida é minha! Não é sua! Não vai estragar a minha como fez com a sua!", Kasumi explodiu e Chou piscou e bambeou como se tivesse levado um murro. Minha amiga apertou os lábios e correu para as escadas.

Ela nunca havia a chamado de Chou. E nunca tinha apelado tanto.

A irmã mais velha correu para a área da piscina e escutei-a chorar. Deveria ir consolar minha amiga, mas sei que ela ficaria falando em japonês furiosamente e ficaria ainda mais brava porque eu não sei falar a língua. Levantei do sofá com muito esforço e bati na única porta de um corredor próximo a cozinha.

"Noriko! É a Alessia!", falei e a porta foi destrancada. Entrei e encontrei o mais novo dos Hiro sentando-se no chão de barriga para baixo e lendo um livro.

"O que os bons ventos a trazem aqui Alessia-chan?", ele perguntou sem olhar para mim. Deitei do lado dele e suspirei.

["Nee-san e Nee-chan brigaram]

"Nee-san e Nee-chan brigaram. Parece que Kasumi pegou pesado dessa vez", respondi e ele olhou para mim. Já me conformei que japonês só cresce e não muda nada mas ele? Ah, Nori estava ficando charmoso, com um corte adequado para o cabelo e escutei que ele anda malhando.

"As duas estão ficando piores.", ele respondeu e suas bochechas inflamaram quando notei seus olhos desviarem para meus lábios.

"Jura?", sussurrei e encostei minha boca em seu braço, dando um beijinho antes de me aconchegar por ali.

Nori era muito bobo quando Kasumi o apresentou. Vivia seguindo-me como um cão segue seu dono. Nunca o vi como namorado ou até ficante. Talvez ele ainda me veja assim, contudo, ele parece mais ser um irmão.

"Alessia, você está tão desesperada assim?"

Levantei a cabeça e Kasumi entrou no quarto e sentou próximo de mim. Nori parecia um tomate e sorri divertida.

"Vem cá, vamos dar um mega abraço!", eu disse e os dois me olharam como se eu fosse doida. "Ah, vamos logo!"

Puxei Nori contra meu peito e Kasumi lançou-se sobre a gente e rimos até a barriga doer.

 

 

"Acredita em Deus, McWing?", Kasumi me perguntou enquanto pegava mais um pedaço de pizza.

Estávamos deitadas na área criada por ele no telhado (seu quarto é no sótão) onde jogamos um monte de travesseiros e lençóis, colocamos dois bules cheios de água quente, vários saquinhos de todo tipo de chá, duas caixas de pizza e uma bolsa térmica com sorvete, nutella e vodka. Olhávamos para o céu estrelado e o cheiro de queijo, lençóis velhos e chá verde serpenteava por nós junto com o cheiro do próprio vento. Já era tarde, tínhamos aula no outro dia, mas naquele momento, éramos apenas duas adolescentes pensando em coisas absurdas e tentando esquecer-se da vida.

Beberiquei meu chá (que por sinal estava na minha caneca especial que os Hiro me deram no primeiro natal que passei com eles).

"Acho que sim. Ele deve está lá. Ocupado com muitas guerras contra o inferno para nos proteger de nós mesmos.", disse e tomei um longo gole.

Kasumi se inclinou sobre minhas pernas e pegou a vodka que segurei por instinto fazendo-a olhar para mim.

"Amanhã ainda é terça."

"Eu sei.", ela respondeu e destampou a bebida, tomando um gole pequeno. "Acho que Deus tá pouco se fodendo para a gente. Nem os anjos. Anjos vivem entre nós porque vivem caindo. Não interessa, ninguém é totalmente puro ou perfeito. Isso nos torna humanos ou demônios?", seu rosto estava contorcido em uma careta.

"Talvez, anjos que caíram não se tornaram demônios. Talvez só estivessem se tornando humanos.", comentei e peguei o ultimo pedaço de pizza. "Quando eu era mais nova, vi uma luzz branca no céu negro. Ia cair uma chuva e aquela luz ali, atravessando. Nunca soube o que era. Mas em minha cabeça, era Deus. Eu sei. Muita viagem."

"Não. É bom a gente conversar assim.", Kasumi tomou outro gole da vodka. "É uma noite bonita. Pintada para nós."

Olhei para o céu e terminei a pizza.

"Boa noite Hiro.", sussurrei e deitei.

Ainda estava frio.

Meus dedos estavam sujos de queijo.

Minha cabeça girava.

Minha melhor amiga estava do meu lado tomando goles e vodka enquanto cantava músicas tristonhas.

O vento sacudiu meu cabelo e fechei os olhos.

"Meio demônios, meio infantis", Kasumi falou e eu adormeci pensando em anjos caídos.

 

 


Notas Finais


Na foto, temos a Alessia ;3


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