História Se você acreditar - A cidade que nunca dorme

(Merida)

            Decidimos que iríamos para uma cidade chamada Nova York como parte do plano do Jack de nos manter mais tempo longe do Breu, e assim termos tempo para nos preparar para um confronto final com ele. O Jack explicou que esta era um cidade grande, cheia de pessoas e luzes, mas a minha imaginação não havia me preparado para o que eu estava vendo agora. Já era noite quando chegamos em Nova York, sobrevoamos a cidade que era cheia de enormes construções brilhantes, prédios como o Jack nos falou, parecia que eu via as luzes mágicas em todos os lugares para onde olhava, aparentemente ninguém estava prestando atenção a um enorme dragão negro sobrevoando a cidade, todos estavam tão envolvidos caminhando de um lado para o outro de cabeça baixa vidrados em uma pequena caixa brilhante, que o Jack me explicou que eram celulares seja lá o que for isso, também por ser de noite o Banguela se misturava ao escuro do céu, tentávamos voar o mais alto possível, mas uma hora teríamos que descer e isso seria o problema, parecia não haver nenhum parte isolada nessa cidade! Havíamos decidido que todos iríamos nas costas do banguela, para tentar chamar menos a atenção, e ele já estava bem cansado, precisávamos descer logo, o Jack apontou ao longe uma vasta massa verde e o que parecia um enorme lago, ele disse algo sobre aquele ser o “Central Park” e que lá em meio as árvores poderíamos descer sem chamar a atenção, fomos direto para lá e o banguela conseguiu descer em uma pequena clareira em meio as árvores.

            —Finalmente chegamos. —Falei, exausta.

—Gente, que lugar lindo! Que cidade maravilhosa! —A Rapunzel parecia em estado de êxtase, os olhos dela brilhavam de alegria.

—Imaginei que você fosse gostar. —Jack falou, olhando com uma cara de bobo para a Rapunzel.

—Gente... o Banguela está exausto! Vamos dormir por aqui esta noite? —Soluço perguntou.

—Sim, conheço um lugar que vai ser bom por enquanto, mas temos que sair bem cedo para não correr o risco de sermos encontrados. —Jack falou.

O Jack nos guiou por entre as árvores até a entrada de uma pequena caverna, parecia inabitada, mas havia algumas pinturas estranhas nas paredes. Acomodamo-nos rapidamente e dormimos, estávamos exaustos. Na manhã seguinte acordamos bem cedo, precisaríamos encontrar uma casa para ficarmos, e não tínhamos a menor idéia de como faríamos isso.

—Não sei se mais alguém pensou nisso, mas não acham que as pessoas podem não estar acostumadas a ver um dragão caminhando ou voando pela cidade? —A Rapunzel perguntou.

—Pensei nisso também, mas não se preocupem, as pessoas só vêem aquilo em que acreditam, quando as pessoas não acreditavam em mim, elas não me viam, eu era totalmente invisível para elas, e como a bruxa explicou, as pessoas desse tempo não acreditam em nada que seja mágico, elas não vão enxergar o Banguela. —O Jack explicou, e realmente aquilo fazia sentido.

—E quanto a nós? Podem nos ver? —Perguntei.

—Acredito que sim, vamos parecer quatro adolescentes normais a vista de todos. —Ele falou.

—Mais ou menos normais... pelo que eu percebi, nossas roupas não estão de acordo com as das outras pessoas. —O Soluço comentou. E realmente, não tinha visto ninguém usando longos vestidos ou capas.

—É verdade... Podemos fazer compras! A bruxa nos deixou algum dinheiro desse mundo, e nos temos que nos misturar. E eu sei exatamente aonde podemos ir. —O Jack sorriu e nos guiou a pé pela cidade, não demorou para chegarmos a uma rua cheia de lojas com muitas roupas nas vitrines, o Jack ia nos explicando o que era cada coisa que não estávamos acostumados pelo caminho. Realmente ninguém parecia notar a presença do Banguela ao nosso lado, a Rapunzel estava cada vez mais animada, algumas crianças apontavam para ela e ficavam encantadas com os longos cabelos e perguntavam se ela era a Rapunzel, ela respondia que sim alegremente e dava um abraço nelas, algumas até pediam para tirar fotos, que era feito com um aparelho que registrava o momento, como uma pintura, só que na hora.

—Não é incrível eles saberem quem sou? —Ela falou animada.

—As crianças conhecem a sua historia, ela é bem famosa aqui. —Jack explicou.

—Isso é incrível! —Ela falou e deu alguns pulinhos, todos rimos com a alegria dela.

—Vamos nessa loja aqui Merida! —Ela apontou para uma vitrine com roupas femininas, tudo muito rosa.

—Ah, acho que essa não combina muito comigo... —Falei, mas ela já estava me puxando pelo braço loja a dentro.

—Nos encontramos no parque ao meio dia! —Ela gritou para os rapazes e foi me levando para dentro da loja.

—Merida vamos experimentar esse aqui, e esse, esse também... —Ela foi pegando várias peças de roupas das prateleiras.

—Posso ajudá-las? —Uma vendedora muito simpática nos abordou.

—Precisamos de roupas novas, algo bem moderno, sabe? Precisamos nos enturmar em Nova York! —Rapunzel falou, a vendedora sorriu e assentiu com a cabeça.

—Sim, eu entendo. São novas na cidade? —Ela perguntou.

—Sim, digamos que viemos de bem longe. —Falei.

—Bom, o que vocês gostariam de provar? —Ela falou e fomos a seguindo pelas sessões da loja, que para a minha sorte tinha uma sessão menos rosa que me agradou bastante. Depois que trocamos de roupas a vendedora nos indicou um salão de beleza, que ela disse que nos deixaria mais lindas ainda. Corei com o elogio e a Rapunzel adorou a idéia, então seguimos para lá.

—Que lindos cabelos! —O pessoal do salão se encantou com o cabelo da Rapunzel, e com o meu também por incrível que pareça. Disseram que era uma coisa rara eu ter o cabelo naturalmente vermelho.

—Vamos deixar vocês mais lindas ainda! —O pessoal do salão começou a nos arrumar animadamente, a Rapunzel explicava que não queria cortar de jeito nenhum e eu só deixei claro que não suportava prender os cabelos.

 No final, estávamos realmente maravilhosas. Meus cabelos estavam cheirosos e com os cachos bem definidos e volumosos como eu gosto, passaram maquiagem também, o que realçava meus olhos azuis. Tinha escolhido um short jeans azul escuro, uma camiseta vermelha soltinha como eu sempre sonhei usar, e os sapatos eram a melhor parte, escolhi botas do tipo coturno, como a vendedora me explicou, pretas. Escolhi meias pretas até os joelhos para complementar a roupa e uma camisa xadrez que amarrei na cintura, a vendedora havia me ajudado a escolher praticamente tudo, e a combinar tudo entre si também, além disso ela tinha me dado várias dicas de como combinar as outras roupas que comprei tudo dentro do meu “estilo” como ela mesma me falou. Minha mãe teria um ataque se visse minhas roupas agora, ri com a lembrança e logo já me bateu a saudade. A Rapunzel havia optado por um estilo mais delicado, uma saia curta, rosinha de babados, uma camisa branca com botões delicados, meia calça branca e sapatilhas cor-de-rosa com lacinhos, ela ainda parecia uma princesa. O cabelo estava arrumado com lindas tranças que iam até o em baixo, mas não chegavam a encostar no chão, entre elas havia alguns brilhos, a maquiagem estava bem leve mas destacava os enormes olhos verdes dela. Pagamos tudo e descobrimos que ainda tínhamos muito dinheiro, acho que a bruxa havia nos deixado, muito, muitoooo dinheiro mesmo. Estava quase na hora de nos encontrar com os meninos então fomos para nosso ponto de encontro. Alguns meninos que passavam por nós assobiavam o que nos deixava com um pouco de vergonha.  Quando chegamos no ponto de encontro os meninos não estavam lá ainda, então sentamos em um dos bancos para esperar. Estávamos conversando animadamente sobre como tudo era legal nessa cidade quando dois homens se aproximaram de nos.

            —As princesas estão sozinhas? —Um deles falou com uma voz estranha, dando uma piscada para a Rapunzel. O outro veio para o meu lado e se sentou passando o braço pelos meu ombros.

            —Não, estamos esperando nossos amigos. —A Rapunzel falou com a voz firme.

            —É, e tira as mãos de mim! —Falei para o que estava sentando do meu lado, já me afastando dele.

            —Mas Nova York é uma cidade muito perigosa! Vamos esperar aqui com vocês. —O mais alto falou.

            —Ou podemos ir para um lugar mais calmo, só nós quatro! Não precisam ter medo... —O outro falou já me pegando pelo braço, enquanto o outro pegava a Rapunzel pelo braço também. Me arrependi de não ter trazido meu arco, nossas bagagens haviam ficado com o Banguela.

            —Com licença, as moças estão com a gente. —Uma voz surgiu atrás de nós, quando nos viramos vimos o Jack e o Soluço, com cara de poucos amigos. Eles estavam com roupas novas também, o Jack num estilo mais descontraído como o meu, calça jeans rasgadas nas pernas, coturnos pretos, uma camiseta azul escuro e uma jaqueta de couro por cima, usava óculos escuros também. O Soluço estava com calças jeans também, tênis preto, uma camiseta de manga longa verde escura com capuz e havia cortado o cabelo também. Os homens que estavam nos segurando soltaram nossos braços na hora.

            —Oh me desculpem, achamos que elas estavam sozinhas. —Eles falaram, o maior tinha uma expressão de deboche no rosto.

            —Elas não estão, agora se nos dão licença. —Soluço falou, eu e a Rapunzel já íamos indo para o lado deles, quando o que estava com cara deboche segurou ela pelos cabelos ela gritou com o puxão.

            —Não tão rápido loirinha, achou mesmo que íamos deixar que acabassem com nossa diversão? —Ele falou com uma voz ameaçadora, então Rapunzel agiu rápido, puxou a frigideira da bolsa que estava usando e acertou bem na cara do homem, ele cambaleou para trás e caiu sentado, com isso a Rapunzel correu para o lado do Jack que a segurou.

            —Nunca mais encostem em nenhuma delas ouviram? —Agora foi o Soluço que falou, apontando para o homem que havia ficado em pé. Com aquilo saímos dali, deixado aqueles dois estranhos para trás, o Soluço havia pegado a minha mão quando corri para o lado dele e não havia soltado ainda, Jack caminhava abraçado com a Rapunzel. Nenhum de nós havia dito nada ainda.

            —Aquilo foi bem incrível Rapunzel. —Falei, piscando para ela.

            —Aquele homem nunca vai entender o que o atingiu na cabeça! —Soluço falou sorrindo.

            —Frigideiras. Quem diria! —Ela falou rindo e seu bom humor voltando aos pouco.

            —Acho que perdemos a oportunidade, mas só pra saberem, vocês estão incríveis nestas roupas! —O Jack falou e o Soluço concordava com a cabeça muito convicto . Eu e a Rapunzel coramos e agradecemos.

            —Vocês também ficaram ótimos. —Eu e a Rapunzel falamos ao mesmo tempo, todos rimos e continuamos nosso caminho através do Central Park. O Jack e o Soluço haviam nos contado que tinham encontrado um lugar para ficarmos, usaram o dinheiro que a bruxa deixou, que por sinal não era pouco, para alugar um "duplex" próximo do Central Park. Quando chegamos ao local ficamos encantadas com o local, era de longe o melhor lugar que já havíamos ficado até hoje! Tinha Janelas de vidro enormes que tinham vista para o Central Park, tinha quatro quartos com banheiro, então cada um teria o seu e ainda tinha uma sacada enorme, que o Banguela ficaria feliz em usá-la. Fomos colocar nossas coisas nos lugares muito animados, e quando finalmente terminamos de nos instalar todos sentamos na sala e o Jack pediu uma "pizza" que por sinal se tornou minha comida preferida, sério, como eu tinha vivido até agora sem comer isso? Estava tudo perfeito, como todos estavam cansados depois que comemos o sofá estava tão aconchegante que dormimos ali mesmo, nós quatro juntos um apoiado no ombro do outro. Eu só tive um pensamento antes de adormecer: eu queria que isso durasse para sempre.

            Infelizmente, neste mundo, nada dura para sempre.