História Se você acreditar - Treinamento e muitos planos

(Soluço)

            Já havia se passado um mês desde que chegamos a Nova York, estávamos cada vez mais adaptados aquela grande cidade e suas inúmeras tecnologias, eu sinceramente, não sei como voltaria a viver em Berck depois de ver como a vida neste futuro tão distante do meu era fácil e interessante. Todos os dias tomávamos café da manhã juntos, e então seguíamos um plano de treinamento estabelecido por nós mesmo. Antes do almoço leitura, depois do Almoço treinamento de poderes e armas, depois jantar e nos divertir, o que se resumia na maioria das vezes em jogos de vídeo game ou tabuleiro em que a Merida e o Jack acabavam sempre discutindo quem era o melhor, assistir alguns filmes, que eu particularmente adorava ou cantar no karaokê, que era a atividade favorita da Rapunzel. Estávamos evitando sair de casa para não chamarmos a atenção e acabarmos por levando o Breu até nós, saímos só quando era realmente necessário. Nosso treinamento estava começando a surtir efeito, sentíamos que estávamos ficando mais fortes a cada dia, aprendíamos coisas novas que podíamos fazer, só estava sendo difícil para mim sair para voar com o Banguela e isto estava deixando ele cada vez de mais mau humor mas não tínhamos muita escolha, ele não podia ser visto pelas pessoas, mas eu sim e as pessoas iam achar um pouco estranho um adolescente voando pelos céus de Nova York, mas mesmo assim as vezes saiamos a noite para dar uma voada rápida e torcíamos para que ninguém visse. Eu e a Merida estávamos distantes desde que chegamos a Nova York, também não havia espaço para algum tempo só nós dois, era só treinamento, treinamento... E eu estava morrendo de saudade dela! Trocávamos alguns olhares no decorrer do dia, mas eu precisava de mais! Então havia pensado em um plano, só precisaria da ajudo do Jack, mas com certeza ele iria topar, por que  eu não era burro, já havia percebido que havia algo entre ele e a Rapunzel a muito tempo, e assim como nós, eles também não haviam tido muito tempo a sós. Falei com ele e ele topou na hora, então depois do nosso longo dia de treinamento começamos a colocar o plano em prática.

            —Ei, alguém viu onde deixei o macarrão? não estou encontrando... —Rapunzel perguntou da cozinha.

            —Acho que acabou ontem. —Falei sério.

            —Não é possível... eu tinha certeza que ainda tinha macarrão... —Rapunzel falou pensativa.

            —Tudo bem, vamos fazer outra coisa para o jantar. —Merida falou.

            —Eu queria muito comer macarrão hoje...tem certeza que não tem mais? —Jack falou.

            —Não está em lugar nenhum! —Rapunzel perguntou acenando para os armários.

            —É só fazer outra coisa gente, qual o problema de comer outra coisa... —Merida falou mas a interrompi.

            —Eu também estava com muita vontade de comer macarrão! Acho que não consigo dormir se não comer. —Falei segurando o riso e tentando soar sério e desesperado.

            —Concordo com o Soluço, precisamos de macarrão. —Jack concordou sério.

            —O que há com vocês hoje e essa fissura por macarrão repentina? —Merida falou começando a se irritar.

            —Tudo bem gente... vamos comprar macarrão, deve haver algum lugar aberto ainda... —Rapunzel falou, o plano esta indo exatamente para onde eu queria.

            —Não Rapunzel, que frescura é essa! vamos comer outra coisa, sair agora para comprar macarrão só por que eles resolveram que hoje é o dia do macarrão não tem cabimento e... —Merida falava irritada, eu já havia previsto isso.

            —Merida. No dia que vocês quiseram desesperadamente comer chocolate, nós fomos atrás de chocolate para você, meia noite! Nós só estamos com vontade de comer macarrão. —Falei, torcendo para não levar uma flechada na testa.

            —Eles tem razão Merida, não custa nada, vamos lá comprar macarrão. —Rapunzel falou pegando a Merida pelo braço, que ainda estava meio contrariada mas não falou nada.

            —Não precisa ir vocês duas assim, vai ser mais rápido se eu for voando, está de noite e escuro, ninguém vai perceber... mas não faço idéia de qual macarrão comprar, vamos comigo Rapunzel? —Jack perguntou.     

            —Por mim tudo bem. —Rapunzel concordou.

            —Então está tudo certo, teremos macarrão! —Falei animado por o plano ter dado certo, agora era só colocar a segunda parte em prática.

             Assim que o Jack e a Rapunzel saíram eu perguntei se a Merida não queria ver um filme até eles voltarem. E ali estávamos no sofá, um ao lado do outro, sozinhos como a muito tempo não ficávamos, as luzes apagadas  e ela nem me olhava.

            —Merida... —Comecei.

            —Hum? —Ela falou sem me olhar, os olhos fixos no filme.

            —Está gostando tanto assim desse filme? —Perguntei confuso, era um filme horrível para falar a verdade onde umas pessoas estranhas ficavam cantando sobre ir para a floresta, não era possível ela estar realmente gostando daquilo.

            —Sim, é muito bom. —Ela respondeu ainda sem me olhar.

            Já estava quase no fim do filme, o Jack e a Rapunzel ainda não tinham voltado e a Merida ainda prestava atenção no filme. Quando o filme finalmente acabou nós fomos até a cozinha pegar uns salgadinhos, estávamos morrendo de fome.

            —Eles estão demorando muito isso não é normal. —Ela falou preocupada.

            —Ah, aqueles dois devem estar aproveitando o passeio só isso. —Falei tentando desviar o assunto.

            —É, acho que você tem razão. As vezes sinto falta de quando ficávamos naquele castelo no meio do nada, pelo menos estávamos ao ar livre. —Ela falou.

            —Eu também sinto falta, o Banguela sente muita falta de voar. —Falei e olhamos juntos para o banguela que dormia profundamente ao lado do pascal no tapete da sala.

            —Tadinho... deve estar sendo difícil mesmo para ele. —Ela falou, revelando aquele lado meigo dela que só se mostrava em raríssimas ocasiões.

            —Sim está mesmo... —Concordei.

            —Tive uma ideia para passarmos o tempo. —Ela falou.

            —E qual seria? —Perguntei curioso.

            —Vamos jogar Poker, quem perder bebe um copo de Uísque.  —Ela falou me desafiando, ah aquilo não ia dar certo, eu podia sentir... mas não conseguia resistir quando  ela me olhava com aquele olhar desafiador.

            —Ok. Não vou perder mesmo. —Concordei, brincando é claro. NUNCA havia jogado Poker na vida.

            Antes de começarmos ela me explicou as regras, consegui entender bem a moral do jogo, então jogamos uma para treino, em que ela ganhou facilmente, mas agora eu havia entendido o jogo. Ela buscou a garrafa de Uísque e colocou em cima da mesa, então começamos a jogar de verdade. Cinco doses depois ela já estava alterada. Eu havia ganhado todas até agora e ela estava ficando um pouco braba comigo, acho que foi sorte de principiante.

            —Soluço Spantosicus Strondus! Você é um trapaceiro! Não tem como ter aprendido a jogar agora e ganhar todas assim! Eu jogo isso desde os meus cinco anos com o meu pai, e sempre ganhei! —Ela gritava comigo.

            —Sorte de principiante só isso! E como sabe todo meu nome? —Perguntei rindo daquilo, não me lembro de ter contado para ela.

            —Sei muitas coisas sobre você... —Ela falou numa voz sexy que fez com que eu me arrepiasse.

            —Ta bom, já chega. Vamos parar por aqui e vamos dormir, aqueles dois não vão voltar hoje... devem ter ido para algum outro lugar namorar. —Falei, a Merida estava claramente alterada e minha noite a sós não havia saído como o planejado, para mim já era o suficiente.

            —AH NÃO QUERO! —Ela falou fazendo beicinho.

            —Vamos Merida você não está nada bem, o melhor é ir dormir agora. —Falei.

            —Você é um frouxo Soluço Spantosicus Strondus! —Ela falou gritando. Aquilo mexeu comigo, não respondi por mim, a segurei pela cintura e a prensei na parede mais próxima.

            —Quem é frouxo? —Perguntei baixinho no ouvido dela, ainda a segurando firmemente em meus braços e senti ela estremecer. Me afastei um pouco e a olhei nos olhos, ela estava corada e me olhava fixamente, não consegui mais me segurar quando mergulhei naqueles olhos azuis, a beijei como nunca antes havia beijado, e ela correspondeu tão intensamente quanto. Aquela situação não parecia certa, ela estava meio bêbada e fazia muito tempo que não conversávamos sobre nossa relação, mas naquele momento nada parecia ter importância, eu a tinha em meus braços e era só nisso que eu conseguia pensar. A peguei no colo e ela entrelaçou as pernas na minha cintura, ainda nos beijando fui em direção a meu quarto, quando entramos a deitei na minha cama e ela me puxou para ela no mesmo instante, estávamos prestes a dar um passo muito importante, e sabia que algumas coisas ainda estavam pendentes na nossa relação, mas a atração que sentíamos falou mais forte naquela noite, me levantei da cama, tranquei a porta e voltei para os braços dela.

            —Tem certeza disso? —Perguntei baixinho.

            —Eu te amo Soluço... —Ela respondeu e voltou a me beijar.

            Naquela noite, nossas almas se comunicaram e pudemos sentir nossos corpos virarem um só. Nosso laço jamais seria separado agora, éramos um. O destino nos uniu, e ficaríamos para sempre assim,  independente do que acontecesse daqui para a frente ou do que havia acontecido no passado,não precisávamos de mais nenhuma explicação, eu era dela e ela era minha. E isso nunca mudaria.