"I looked up to you
I yearned for you
When I touched you with my small finger"
Branco nunca fora a cor favorita de Taehyung. Entretanto, ironicamente, era justamente a cor que Yoongi mais apreciava.
Min Yoongi se encontrava em meio ao branco absoluto daquele quarto; as pálpebras fechadas protegendo os olhos que Taehyung tanto amava, a boca entreaberta abrigando um grande tubo que provavelmente descia até seus pulmões, o nariz coberto com um aparelho que adentrava as duas cavidades nasais e os cabelos tão vívidos emoldurando o rosto bonito e adormecido.
— Pode se aproximar. — Morte o instruiu, falando pela primeira vez após longos minutos de silêncio.
— E-Eu não sei. — Ele estava com medo, os olhos fixos na figura silenciosa que descansava na cama.
Taehyung não conseguia controlar seus pensamentos, o rosto pálido de Yoongi atraindo a sua atenção. Quando Morte dissera que o moreno estava em coma, pensara em uma pessoa dormindo naturalmente e sem sinais de que acordaria, mas aquele hyung possuía tantos aparelhos e tubos adentrando as suas cavidades que desestabilizou todas as células do corpo do Kim.
Estava em choque, recusava-se a acreditar no que estava diante dos seus olhos.
— Taehyung, você não tem muito tempo. — Ela disse novamente, acordando-o. — Vá ou vamos, faça sua decisão.
Ele quase estapeou a própria face. Decidir entre se aproximar da pessoa que mais amou – e, consequentemente, enfrentar o fato de que fora sua culpa o que aconteceu com Yoongi – ou abandoná-lo naquele quarto, sozinho, foi definitivamente a pior decisão que Taehyung tomara em vida; ou, nesse caso em específico, em morte.
Quando finalmente conseguiu controlar as próprias pernas, Taehyung se dirigiu até o adormecido e silencioso Yoongi. Sentia as lágrimas manchando a sua visão e as mãos trêmulas ansiando em tocá-lo, porém o som angustiante do seu coração batendo tomava toda a sua atenção.
Morte apenas observou quando ele enfim se permitiu chorar. Ela respirou fundo e se sentou em uma cadeira esquecida no canto do quarto, acompanhando um devastado Taehyung implorar pelo perdão do outro. Aquela situação era de dar pena, porém infelizmente ela não poderia fazer nada a respeito.
Taehyung havia morrido, ele precisava se desconectar do corpo para poder encontrar a paz.
Isso significava que ele deveria se despedir definitivamente de Yoongi, seu melhor amigo e único amor.
— Eu sinto muito hyung! — Ele se encontrava perdido entre lágrimas e soluços, a dor partindo-o em dois. — A culpa foi toda minha, se eu não tivesse iniciado aquela briga nós não estaríamos aqui. Me perdoe! — Taehyung debruçava o corpo sobre o do amigo, abraçando-o de maneira desajeitada e molhando os fios negros de seu cabelo com suas lágrimas.
Os aparelhos que acompanhavam os batimentos de Yoongi não apresentaram mudanças.
Taehyung ficara de pé novamente, os dedos trêmulos correndo pelo rosto pálido e sem vida de Yoongi, tocando a sua pele como se o moreno fosse o mais delicado de todos os quadros.
— Você vai acordar e vai ser muito feliz, hyung. — Ele soluçava, fungando frequentemente. — Vai se apaixonar novamente e ser muito amado, talvez até mais do que era quando estávamos juntos. Espero que tenha sempre alguém para conversar e rir, não seja tão mal-humorado, tudo bem? — A risada dele terminava em tossidas, os olhos inchados fitando o rosto bonito de Yoongi e os dedos acariciando a pele. — Algum dia vamos nos ver novamente, até lá seja feliz. Por mim e por você, promete? Você me promete Yoonie? — Taehyung se interrompeu para limpar as lágrimas. — Eu te amo.
O selinho delicado que trocaram faria Morte chorar, mas ela era um ser desprovido de emoções e reações humanas, então apenas apertou os lábios e lembrou-se de iniciar mais uma briga com o Destino. O maldito não possuía decência, separando duas pessoas tão tragicamente.
Taehyung molhava o rosto de Yoongi com suas lágrimas enquanto os lábios tocaram apenas o lábio superior de seu hyung, afinal o tubo não o permitia a aproximação desejada. Deixara ali um selo extremamente delicado e recheado de sentimentos, o coração ameaçando saltar para fora do peito, batendo acelerado e desesperado.
— Adeus.
E aquela foi a última vez que Taehyung viu Yoongi.
Ele acariciou os cabelos escuros do amado, tocou sua pele e chorou como uma criança perdida. Segurou a mão pálida e pequena de seu hyung e cruzou os dedos, sentindo a frieza da sua pele chocar-se com todo o calor que Yoongi oferecia.
Percebeu, pela primeira vez, que realmente estava morto.
— Adeus. — Repetiu, soltando sua mão e encontrando-se com a Morte na porta do quarto.
Não houve nenhuma troca de palavras enquanto os dois seres caminhavam para fora do hospital, nem mesmo quando Taehyung visualizou os pais de Yoongi dormindo desconfortáveis nas cadeiras da recepção. Ele não disse uma única frase, apenas comprimiu os lábios e partiu, deixando o hospital, um Yoongi adormecido profundamente, seus pais, os amigos, as lembranças, a vida para trás.
Taehyung aceitou o seu destino.
Ironicamente, enquanto Taehyung afastava-se de Yoongi, os aparelhos que acompanhavam seus batimentos cardíacos começaram a denunciar mudanças. O barulho chamou a atenção de um enfermeiro, que rapidamente correra até o doutor responsável pelo paciente. Os dedos pálidos esboçaram leves movimentos, semelhantes àqueles que realizamos quando queremos alcançar algo.
Yoongi tentava alcançar Taehyung, mas era tarde demais.
"So don’t ever let go of my hand
I won’t let you go ever again either
My birth and the end of my life
You will be there to watch over it all"
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