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História Second Chance - Durante: Beijo


Escrita por: starburst

Notas do Autor


se preparem

Capítulo 9 - Durante: Beijo


Fanfic / Fanfiction Second Chance - Durante: Beijo

"Like there’s no tomorrow
Like there’s no next time"

— Eu achei o filme horrível.

Kim Taehyung caminhava ao lado de seu melhor amigo pelos corredores do shopping bem iluminado, utilizando óculos redondos de grau e bebericando o seu já no fim refrigerante. O ar-condicionado do shopping deixava seu rosto gélido e a ponta do seu nariz avermelhada, uma imagem extremamente adorável aos olhos de Min Yoongi, que apenas observava seus traços faciais com os olhinhos preguiçosos.

— Não foi tão ruim, Tae. — Ele sorria, os cabelos negros bagunçados e as mangas do casaco escondendo suas mãos pálidas. — O final decepcionou, concordo, mas-

— Hyung. — Taehyung parara de andar. — Foi o pior final que eu já vi! — Ele arregalara os olhos de maneira engraçada, fazendo Yoongi rir e seus olhos se fecharem em dois amáveis risquinhos.

— Tudo bem, tudo bem, foi mesmo horrível. — Os dois voltaram a caminhar e o mais novo finalmente achara uma lixeira, jogando seu copo vazio ali e correndo para alcançar seu hyung novamente. — Ela morre no final, ainda não acredito que gastei dinheiro com esse filme.

Enquanto Yoongi ria do próprio azar – afinal sempre que pagava os ingressos dos dois o filme era ruim –, Taehyung encarava os próprios sapatos e sentia uma fisgada familiar no peito. O verbo morrer ainda provocava aquela conhecida sensação de desespero em seu cérebro, sempre lembrando-o de como ele caíra em um abismo quando perdera Yoongi e, principalmente, relembrando o risco real de que tudo acontecesse novamente. Ele engoliu em seco e voltou os olhos ao seu hyung, o medo de perdê-lo sufocava e ardia sua garganta.

Sentia vontade de chorar.

— H-Hyung? — O baixinho o fitou. — Vamos comer alguma coisa?

— Claro Taehyungie.

Odiando-se por não conseguir disfarçar o incômodo em sua garganta, Taehyung ficara calado durante todo o trajeto até a praça de alimentação do shopping. Yoongi falava pelos dois, criticando a decisão do diretor de matar a protagonista no final do filme, afinal, para o futuro psicólogo, a ideia de provocar a esperança dos telespectadores e depois frustrá-la era cruel e desnecessária. Sinceramente, o moreno havia se identificado com a personagem principal e seus dilemas envolvendo o frustrado primeiro amor não correspondido, logo, quando ela morrera, sentira-se chateado e até mesmo com raiva.

Por que a garota não conseguira ao menos enxergar que aquele fora o primeiro amor da sua vida? Fora inevitável não pensar em si mesmo e em suas tentativas falhas de amar qualquer pessoa que não recebesse o nome de Kim Taehyung. Suspirou, lambendo o lábio inferior e correndo os olhos pelo melhor amigo.

— Você deveria ser mais educado com o seu hyung. — Brincou, as sobrancelhas arqueadas. — Ainda consegue fingir que está me ouvindo?

— Desculpa hyung. — Os olhos perdidos de Taehyung focaram na imagem descontraída do baixinho. Gravava cada detalhe do seu rosto bonito quando finalmente chegaram até a área de alimentação, compartilhando uma mesa com apenas duas confortáveis cadeiras.

Vivenciar a experiência absurda de voltar no tempo estava deteriorando o humor e a mente de Taehyung. Ele sentia-se cansado e derrotado, completamente impotente diante da sua total incapacidade de pensar em uma teoria resistente — ou ao menos em uma maneira de impedir que tudo acontecesse novamente. Yoongi aparentava uma indiferença invejável, distraído com o próprio celular e frequentemente mordendo o lábio inferior.

Taehyung não admitia, mas desejava possuir a ignorância do melhor amigo. As coisas que ele escondia dentro de si estavam torturando-o lentamente.

— Jimin e Jeonggukie estão vindo. — Ele parecia estar irritado, uma expressão engraçada tomava conta do seu rosto. — Se eles acham que eu vou pagar qualquer coisa vão se decepcionar.

O mais novo riu, finalmente sentindo o peso sair delicadamente dos seus ombros. Ajeitou a postura e colocou os cotovelos em cima da mesa, apoiando o queixo nas mãos unidas.

— Hyung. — Yoongi o olhou, entediado. — Você vai pagar a minha comida, não vai? — Piscava os olhos adoráveis para o seu querido Min, que conteve a vontade de apertá-lo e revirou os olhos para disfarçar como o seu coração era submisso quando se tratava de Kim Taehyung.

— Eu sempre pago. — Voltou os olhos ao celular, não acreditava na capacidade que o outro tinha de possuí-lo nas mãos e ainda assim fazer seu coração acelerar com apenas algumas piscadas de olhos.

— Então qual o problema em pagar p-

— Você é meu melhor amigo, eu faria de tudo por você. — As bochechas brancas de Yoongi estavam avermelhadas e o sorriso sereno de Taehyung não ajudava-o. — Para de sorrir, seu convencido.

— Aigo, você é fofo. — Avançou no espaço que os separava e bagunçou os fios negros do baixinho, que soltou um pequeno sorriso antes de voltar a sua atenção ao celular. — E está me trocando pelo Twitter.

— Está com ciúmes de uma rede social?

— Não. — E, em seguida, Taehyung roubara o celular do seu hyung e o escondera dentro do bolso do seu moletom azul-marinho, o sorriso quadriculado enfeitando o seu rosto.

Yoongi respirou fundo, controlava-se para não dar um tapa na cabeça do seu dongsaeng, odiando como ele ficava bonito com aquele sorriso idiota no rosto e como o seu coração acelerava apenas em olhar para o rosto dele. Ele era apaixonado por uma criança? Soltou o ar pelo nariz e imitou a posição de Taehyung, os olhos bem abertos e um sorriso espero iluminando a sua expressão.

— Taetae… — Ele sorria abertamente agora, o apelido desestabilizando a pose vitoriosa de Taehyung. — As vezes eu desejo te abandonar na rua, sabia? — O adorável rosto de Yoongi não combinava com as intenções malvadas que ele possuía.

— Você não faria isso. — Aquele jogo estava tornando-se divertido.

— Por que não? — Yoongi aproximava-se, inclinando a cabeça na direção do rosto do melhor amigo.

— Porque… — Imitara-o, os narizes agora bem próximos. O adorável cheiro do shampoo do baixinho invadia as narinas de Taehyung e o perfume suave do estudante de física bagunçava toda a mente de Yoongi. — Você… — Ele ousara lamber o lábio inferior, obrigando os olhos do Min a acompanharem o movimento e causando uma preocupante desordem em seu cérebro. — Me ama. — Finalizou, sorrindo rapidamente antes de beijar carinhosamente a ponta avermelha do nariz dele.

O cachecol vermelho vívido que Yoongi utilizava parecia enfatizar ainda mais as suas bochechas coradas, a vergonha e a timidez do futuro psicólogo forçando-o a tossir algumas vezes e desviar os olhos para a pizzaria ao seu lado. Engoliu em seco, as mãos coçando para segurarem o rosto do melhor amigo e finalmente saciar sua intensa vontade de beijá-lo, todo o autocontrole do homem sendo utilizado na simples missão de manter-se inabalável diante daquele inocente contato físico.

— Abusado. — Cuspiu as palavras, o rosto queimando. Taehyung soltara uma escandalosa gargalhada, a vermelhidão de Yoongi servindo-o como uma anestesia gostosa para toda aquela preocupação sufocante.

— Não fique com vergonha hyung, o que é um beijinho no nariz perto de dormir juntos na mesma cama?

— Taehyung-

— Eu durmo abraçando você, não fique tímido agora.

Cala a boca Taehyung!

— ☽  

Após acompanharem Jimin e Jeongguk até o estacionamento no subsolo, os melhores amigos encontravam-se caminhando até a saída do shopping center. O silêncio agradável ocupava os seus ouvidos e o frio cortava as paredes do local, adentrando seus agasalhos e fazendo os finos pelos do braço do mais novo arrepiarem. A certeza de já ter vivido aquela cena assombrava a sua mente, provocando uma súbita mudança em seu humor e trazendo o depressivo Taehyung de volta.

Não se lembrava de viver um dia inteiro sem se lembrar de tudo o que passara, não conseguia comer como um ser humano normal e, em algumas noites, quanto tudo o atormentava e sua mente não descansava, Taehyung não dormia. Engoliu em seco, as portas automáticas abrindo-se diante dos seus olhos e uma tontura passageira tomando conta do seu corpo.

Ele realmente já havia vivido aquele dia.

Naquele outro universo, onde Yoongi morrera, Taehyung e seu precioso hyung haviam aproveitado o domingo para assistir a um filme (que acabara sendo horrível) e Jimin e Jeongguk juntaram-se aos dois em um agradável e divertido jantar. As estrelas já enfeitavam o céu quando os quatro se despediram — exatamente como estava acontecendo ali, naquele exato momento.

— Veja, estamos com sorte. — O ar gélido saia da boca de Yoongi como uma fumaça branca. Taehyung uniu as sobrancelhas, acompanhando seu amigo até o único táxi disponível.

Entretanto, o táxi estava sozinho. O motorista havia ido ao banheiro e deixara o automóvel solitário no pequeno estacionamento oferecido a esses profissionais, logo, Yoongi e Taehyung sentaram no banco que havia ali e aguardavam o homem voltar.

O frio intenso presenteava Min Yoongi com uma vermelhidão cômica nas bochechas, testa, nariz e lábios. Sua mente ainda processava o pequeno selar que Taehyung havia deixado na pontinha de seu nariz e, toda vez que a lembrança do ato invadia seu cérebro, o coração do moreno acelerava tão rapidamente que uma imperceptível dor se instalava em seu peito.

Olhou para Taehyung, o confuso e depressivo Kim mantendo seus olhos fixos no asfalto, então soube que não conseguiria suportar o seu desejo mais obscuro por mais uma noite. Se o mais novo o abraçasse até fechar as pálpebras e render-se ao sono mais uma vez, Yoongi não se impediria de tocar seus lábios pela primeira vez. Respirou fundo, lambendo o lábio inferior suavemente.

— Taehyung. — Sua voz estava grossa e assustara o estudante de física. — Me desculpe. — Fechou os olhos, uma delicada lágrima caminhando por seu rosto muito branco, sentia-se culpado por, pela primeira vez em anos, desejar que o melhor amigo retribuísse o seu amor.

Antes que Taehyung pudesse questionar o motivo do pedido de desculpas, as mãos pequeninas de Min Yoongi já haviam dominado o seu rosto, chamando-o indiretamente e trazendo-o em sua direção. Os olhos abertos e recheados de lágrimas fitavam o rosto do amado como se o mesmo fosse uma obra de arte valiosa, todo o amor que ele sentia pelo mais novo escorrendo em forma de lágrimas e lambendo as suas bochechas. Ele sabia que destruiria anos de amizade com aquele ato e tal sabedoria provocara o primeiro soluço de um choro desesperado.

— Me desculpa, Taetae.

E os sentimentos dentro deles explodiram em euforia quando os lábios se tocaram.

O selinho delicado provocava arrepios em todos os membros de Taehyung. Yoongi o beijava tão suavemente que ele jurava estar dentro do coração de seu hyung, os sentimentos que ele queria transmitir através do beijo gritavam e explodiam conforme os lábios gentis e trêmulos encaixavam-se aos seus. O segundo movimento também fora do mais baixo dos dois, após um sutil sorriso entre o selo ele aprofundara o beijo, movendo os lábios cheinhos e descendo as mãos até os ombros do seu amado Taetae.

A áurea tão amorosa de Yoongi derretia-se e o frio parecia não importar, o moletom azul de Taehyung sendo apertado entre os seus dedos pálidos e o seu coração sofrendo em um misto de sentimentos. Ele conseguia sentir tudo ao seu redor; a frente fria que atravessava o seu cachecol, a luz suave da lua que iluminava o estacionamento, o cheiro delicado do amado penetrando os seus poros e unindo-se ao seu, a textura confortável da peça de roupa que ele utilizava.

Entretanto, também sentia-se anestesiado. Seus sentidos estavam todos apagados e seus pensamentos silenciados. Seu foco, sua atenção e seu amor totalmente depositados naquele simples beijo, sem se importar com a total falta de reação que Taehyung oferecia.

Os dedos de Taehyung largaram a madeira do banco para segurar a cintura de seu hyung, puxando-o em um movimento só e, consequentemente, entreabrindo os lábios e permitindo que as línguas se tocassem pela primeira vez. O choque inicial fizera o coração de Yoongi acelerar absurdamente e mais um sorriso desabrochou em seus lábios, apenas para voltar a tocar-lhe a língua novamente. Não era seu primeiro beijo, mas sentia-se com tal.

Já o mais novo não conseguia sequer lembrar o seu nome. Sua mente só tinha certeza de uma coisa: Min Yoongi beijava bem. Muito bem. O baixinho beijava tão bem que aquele beijo tornara-se o melhor de toda a vida de Taehyung.

Os olhos bem fechados de Kim Taehyung não conseguiram acompanhar quando as lágrimas de Yoongi decidiram se unir ao beijo, o sabor salgado invadindo o seu paladar antes que ele percebesse que o seu hyung estava soluçando em seus lábios, o rosto molhado e as bochechas avermelhadas do futuro psicólogo entrando em seu campo de visão quando ele enfim cortou o beijo para buscar mais ar.

Os lábios estavam formigando e o coração batia extremamente rápido dentro do peito. Taehyung respirava ofegante, seus olhos bem abertos fixos em um desesperado Min Yoongi. O baixinho deixou a cabeça cair, escondia o rosto com as duas mãos e apoiava os cotovelos nas coxas. Não ousava abrir os olhos e não possuía forças para impedir que os soluços escapassem por sua garganta e lábios vermelhos.

Y-Yoongi? — A voz grossa de Taehyung empurrou mais lágrimas para fora de suas pálpebras.

Ele havia destruído a sua amizade com Taehyung. Ele perdera a pessoa mais importante da sua vida, a amizade bonita jamais voltaria a ser como antes, Yoongi acabara com tudo. As lágrimas molhavam as palmas das suas mãos e uma sensação de vazio preenchia a garganta do Min, forçando-o a tossir algumas vezes.

Taehyung não sabia o que fazer.

— D-Descul- — Yoongi engolira em seco, a voz abafada por suas mãos. — ..pe!

— Não se desculpe… Eu… — Taehyung sentia os olhos começarem a lacrimejar, sua confusão estampada nos olhos arregalados. — O que aconteceu? Por que você está chorando, hyung?

A última palavra quase acendeu a perdida esperança dentro de Yoongi. Quase. Ele se permitia chorar sem vergonha, a culpa corroendo o seu coração tão rápido como um piscar de olhos. O que faria sem seu Taehyung?

— Desculpe, vocês esperaram muito? — O taxista finalmente voltara, os cabelos escuros brilhando diante da iluminação local. Taehyung negara, empurrando as costas de um envergonhado Min Yoongi até que o menor levantasse e caminhando ao seu lado até o veículo. — Para onde vocês vão?

Yoongi limpava as lágrimas, fungando e mordendo a língua para conter seus soluços. Sentou-se no banco de trás do carro e afastou seu corpo o máximo possível de Taehyung, os olhos inchados fitando a janela aberta e as mãos apertando o tecido de sua calça jeans.

— Não vai mais falar comigo? — Taehyung falara tão baixo que o próprio Yoongi não ouvira, a música que saía do rádio preenchendo o ambiente. Ele coçou a garganta e tentou novamente, evitando tocar seu hyung. Estava com medo. — Yoongi?

— Hm? — Ele não o olhava, sequer virara a cabeça em sua direção.

— Não vai mais falar comigo? — Repetira, as sobrancelhas unidas e um pequeno bico formando-se em seu lábio inferior. O silêncio vindo do melhor amigo – ou ex melhor amigo – dificultava ainda mais sua missão de não chorar, suas lágrimas já inundando o pequeno espaço entre as pálpebras. — Hyung?

— Aqui não, Taehyung. — Yoongi também lutava para conter suas lágrimas, engolindo em seco e piscando de dois em dois segundos.

A voz suave de uma cantora internacional camuflava as fungadas frequentes que saíam do futuro psicólogo, sentia-se como uma criança esquecida em um supermercado pela mãe, seus sentimentos conflituosos lutando contra a sua razão ofuscada. Ele era um maldito por fazer seu Taehyung sofrer daquela forma, merecia receber uma rejeição dolorosa. Fechou os olhos e deitou a cabeça na janela, uma ardência começava a esquentar a sua bochecha ao lembrar-se da sensação de ter os lábios colados com os de Taehyung e um meio sorriso enfeitou seu rosto inchado por alguns segundos.

Disfarçadamente, a mão de Yoongi percorrera o banco à procura da mão do seu querido Taehyung, alcançando-a e unindo os seus dedos. O agradável calor fora o bastante para acalmar o coração desesperado do mais novo, que desviou o olhar da janela para fitar a mão pequena e pálida bem unida à sua. 

"Even if you already knew
We couldn’t stop"


Notas Finais


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obrigada por acompanharem e por cada comentário, ♥


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