História Secret garden - Capítulo 1

-Oh Mary, contrary, how does your Garden grow? - Eu cantarolava enquanto regava a árvore na minha frente. O vento soprava forte e as folhas balançavam no topo da árvore, até que enfim, caiam. Talvez chovesse. Talvez apenas ventasse. De qualquer forma eu continuaria ali. Eu não era obrigado a regar aquela planta todos os dias. Eu tenho meus motivos.

Aquela bela árvore ficava num canto bem afastado da escola. Raramente as pessoas veem aqui, o que é bom. Seria estranho encontrar um cara como eu por aqui.

Prazer, meu nome é Sans, 1° ano do ensino médio, albino e muitas vezes, de cara fechada.

Eu não gosto de falar sobre minha vida. Afinal, cada um tem a sua, não? Então para que ficar bisbilhotando a dos outros?

Depois de verificar novamente as roseiras e os botões de ouro, peguei minha mochila em um dos bancos e me dirigi para casa.

-IRMÃÃÃÃÃO! - Papyrus, meu irmão 10 meses mais novo, gritava da cozinha, provavelmente fazendo os seu tão amado espaguete. Apareci na porta da cozinha enquanto escutava Papyrus falar sobre sua nova receita.

Certamente, hoje não estou nos meus melhores dias. Hoje é 12 de abril. Data comum pra muitos, mas eu simplesmente odeio essa data. E não há nada que eu faça para esquecê-la.

O resto do dia passou como todos os outros. Ajudei meu irmão com as tarefas dele. Dormi. Lavei a Louça. Dormi. Assisti a um filme com Papyrus e dormi de novo... No sofá

Quando eu acordei, havia um papel grudado na minha testa, um bilhete:

“CARO SANS.

PARE DE SER UM SACO DE OSSOS PREGUISOÇO E LEVANTE ANTES DO ALMOÇO

EU FUI TER AULAS DE CULINÁRIA COM A UNDYNE

NYEH!- Papyrus”

Ah, é verdade. Papyrus têm aulas com a Undyne, uma menina ruiva da nossa sala, namorada da Alphys, a menina loira que é representante da classe ao lado.

Como de costume, após tomar café e fazer minha higiene, fui visitar o jardim da escola, que era aberto a visitas. Pode parecer longe, mas a realidade é que a escola é uma quadra daqui. Você acha que uma pessoa preguiçosa como eu iria andar mais que isso. Ao chegar no jardim eu ouço algumas vozes e me escondo numa moita:

-Esse lugar é bem bonito, não é Chara?

-Tá bom, que seja Frisk, eu vou indo na frente. Não volte tarde.

- Ok.

Eram duas garotas. Uma era baixa e usava um moletom azul com listras roxas e a outra uma blusa verde com apenas uma listra amarela, que era a mais alta, que havia acabado de sair. Ambas tinham cabelo curo e castanho, irmãs eu suponho. A que havia sobrado se sentou num banco, pegou fones de ouvido e começou a desenhar algo. Comecei lentamente a sair da moita, tirando as folhas do meu cabelo.

- Quem é você? – Ela se pronunciou, me assustando por eu estar distraído.

- Eu te pergunto o mesmo.

Ela tirou os fones, suspirou e deu um sorriso.

- Meu nome é Frisk – Falou estendo a mão para mim.

- Sans. – Falei retribuindo o aperto de mão. Olhei para o caderno de desenhos dela. Era a árvore central, que estava na nossa frente.

- Heh... Você desenha bem.

-Obrigada...

- Me diga... Frisk? Você é estudante daqui?

- Sou. - As respostas rápidas me levaram a conclusão que ela é muito tímida

- Hum... Sou também... – Desistindo de ter alguma interação social com ela, peguei um regador, o enchi com a agua de uma pequena fonte que havia ali, e comecei a regar as plantas. Ela ficou me encarando de forma curiosa enquanto eu realizava meu “trabalho”, com isso não pude deixar de fazer um comentário irônico:

-O que? Nunca viu um cara regando algumas plantas, sweetheart- Não pude deixar de notar que ela quase se engasgou ao ouvir as ultimas palavras.

- Você que plantou as rosas? Elas são bonitas. – Falou recolhendo seus materiais e mudando de assunto.

Eu arranquei uma da roseira e lhe entreguei

- Aqui, pode ficar com esta. Considere um presente de boas vindas à escola

-Obrigada, até outro dia! – Falou ela sem jeito caminhando jardim afora.

-Nyehehe! – Ouço uma risada baixa muito bem conhecida por mim, vinda da mesma moita que eu havia me escondido momentos atrás.

-Papy?

-Sim! E quem era aquela? – Perguntou ele curioso.

- Ah, é uma menina que encontrei aqui quando cheguei. Como soube onde eu estava?

- Simples. Você sempre vem aqui. Pensa que eu não noto? Ah, temos que ir almoçar.

- Okay.

Deixei o regador perto da fonte e comecei a seguir meu irmão rumo a um restaurante desconhecido.