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História Secret Journey - O Balanço


Escrita por: Tinacris

Notas do Autor


Nem estou demorando muito, rsrsrs

Capítulo 3 - O Balanço


Fanfic / Fanfiction Secret Journey - O Balanço

 Quando Kei entrou no quarto de brinquedos, tomou um susto. Mijoo tentava desesperadamente fazer os bonecos que se moviam a pilha pararem de se mexer. Eles haviam começado a se mover sozinhos, surpreendendo-a enquanto brincava de tentar mover a bola. O quarto ficava quase no final do corredor e vivia fechado. Ele havia pertencido aos antigos donos que deixaram ali sua coleção de brinquedos. Alguns brinquedos haviam pertencido a um circo e eram marionetes bem aterrorizantes. Mas Mijoo não ligava muito para isso, afinal de contas, já que não podia sair daquele quarto, tinha com o que se ocupar. Mas naquele final de tarde, com o cair da chuva, a confusão começou. O barulho só não atraiu a atenção de ninguém porque a chuva que caía lá fora estava forte e o seu som sobre o telhado encobria o resto.

– O que aconteceu? - Kei perguntou ao ver a amiga perseguir um macaquinho que tocava prato.

– Eles enlouqueceram, Kei! Acho que esse quarto está assombrado!

Kei suspirou e revirou os olhos, pegando uma almofada e jogando sobre o brinquedo, abafando o barulho. Mijoo observou o movimento.

– Como conseguiu pegar na almofada com tanta facilidade?

– Você também teria pego se tivesse lembrado de fazer isso.

Mijoo levantou do chão.

– Não teria, não. Seria preciso um esforço incomum.

Kei pegou a bola de borracha e a jogou no ar. Mijoo a pegou na mesma hora, por reflexo.

– Como...

– Sente-se aí, precisamos conversar.

Kei passou todas as informações para Mijoo, não escondendo nada do que havia acontecido naquele dia. Mijoo fitava a bola em sua mão de forma contemplativa.

– Estamos fortes, então?

– Não sabemos até quando.

– Acha que podemos ultrapassar os limites do selo?

Kei levantou com brusquidão.

– Não pense nisso! É cedo demais. Precisamos aguardar para ter mais certeza do que está acontecendo.

Mijoo a encarou.

– É fácil para você dizer isso. Você e Jiae têm livre acesso pela casa, passam o dia correndo pelas escadas e escorregando no corrimão, assistem TV e conseguem escutar as conversas das pessoas. Pense em nós que ficamos seladas em espaços como esse. Pense em Jin. Como acha que ela se sente trancada lá, onde tudo aconteceu?

– Em primeiro lugar, eu e Jiae não fazemos isso que acabou de dizer, mas não duvido que você fizesse se tivesse essa suposta liberdade. Em segundo lugar, pensar em vocês é algo que faço a cada minuto do dia. Acha que não quero encontrar a solução? Mas precisamos ter cuidado, Mijoo.

Em resposta, Mijoo chutou a bola para o outro lado do quarto.

– O que acha que aconteceria se tentássemos fazer isso agora?

– Ele sentiria que estamos acordadas e viria nos assombrar novamente. Ele acha que conseguiu acabar como nossas consciências, e esse é o nosso trunfo. Precisamos desse segredo para conseguir encontrar as respostas que precisamos.

– E se a resposta estiver com essa garota?

– Vamos aguardar mais um pouco para saber. Até lá, tente usar da energia que está na casa e arrume esse quarto. Ela com certeza virá até aqui.

– E quando ela fizer isso eu terei que me esconder?

– Você pode fazer isso, Mijoo? Pelo bem de todas?

Mijoo suspirou e balançou a cabeça.

– Tudo bem, vou me controlar. Se é para o bem de todas, eu farei isso.

Kei saiu e foi para o próprio quarto, que dividia com Jiae e ficava no final do corredor com a porta trancada. Mijoo sempre foi aquela que agiu com impulsividade, pensando sempre com as próprias emoções. Assim como Baby Soul, ela também se sentia culpada pelo que havia acontecido e não desprezaria uma oportunidade como aquela. Mas Mijoo também tinha consciência do perigo que corriam e não faria nada para prejudicar as outras. Isso a deixou mais tranquila. Sentou-se na cama e aguardou Jiae.

 

Jisoo virou na cama, mas não conseguiu dormir. A dor de cabeça havia melhorado, mas a casa tinha uma opressão que a estava sufocando. Era como se cada cômodo ali gritasse por atenção. Ela ouviu o som do carro da tia chegando e sua voz alta e potente lá embaixo. A chuva começou a parar e caía agora apenas um chuvisco. Levantando, ela pôs um agasalho e desceu.

– Olá, querida, conseguiu descansar? - A tia perguntou ao vê-la descendo as escadas.

– Um pouco. Acho que vou andar um pouco lá fora.

– Ainda está chovendo.

– Gosto de chuva.

Tia Sora sorriu e a deixou passar. Quando Jisoo abriu a porta, o cachorrinho a acompanhou. O nome dele era Bilbo, com certeza uma homenagem a Tolkien. Lá fora, a chuva havia deixado o ar agradável, apesar do frio que fazia. Mas estava tudo bem, Jisoo gostava do frio e, além disso, lá fora parecia não ter a mesma opressão que sentia dentro da casa. Era como se lá fora estivesse a normalidade, enquanto lá dentro, ela não saberia dizer o que havia. Brincou no jardim com Bilbo, que também estava se sentindo leve ali fora e aceitava as brincadeiras com muita alegria. Correram pelo gramado e ela atirou a bola de borracha dele por várias vezes, aguardando que ele a trouxesse de volta e reiniciando a brincadeira. Depois disso, ela resolveu caminhar pelos arredores. Ao dar a volta pela casa, ela notou a presença de uma árvore e um balanço. Mais à frente, uma pequena ponte de madeira levava a um lago. O lago parecia triste, frio e silencioso. Ela preferiu ir até o balanço. Era bastante rústico. Apenas uma tábua de madeira lixada e envernizada, traspassada por cordas de ambos os lados. Era um balanço antigo, mas parecia bastante sólido. Ela sentou e começou a balançar, pensando em como havia chegado até ali, em como a liberdade era boa, e em como a vida era preciosa. E como era bom encontrar pessoas com quem podia contar, que não a julgavam ou condenavam.

Bilbo brincava perseguindo os lagartos que tentavam se esconder pelo capim. Ela continuava a se balançar e em certo momento olhou para a árvore. No mesmo instante o seu coração disparou e ela parou bruscamente o balanço. Levantou e caminhou até o tronco. Gravado com algum tipo de navalha havia um desenho. Era a mesma carinha redonda e sorridente que vira desenhada na janela daquele quarto vazio. Havia duas letras gravadas logo abaixo: JY e uma data. 1943. Ela não sabia ao certo o que lhe causou mais medo, se o desenho ou a data bastante antiga.

Sem ter mais clima para brincar, ela chamou Bilbo e voltaram para a frente da casa. Instintivamente ela olhou para cima, para a janela do sótão. Talvez esperasse ver algo, mas não havia ninguém olhando de volta para ela. No dia seguinte ela teria que enfrentar seus medos e ficar naquele sótão sozinha. Mas não era apenas o sótão que lhe assustava, o porão era tenebroso e aquele quarto ao lado do dela agora também parecia assustador. Mas Jisoo nunca foi de desistir de um desafio. Tinha medo, mas não queria fugir. Pelo contrário, enquanto não descobrisse o que estava acontecendo, não sossegaria. Com um suspiro, ela entrou.

 

Jiae estava sentada em uma cadeira enquanto observava Sujeong caminhar de um lado para o outro da biblioteca, experimentando tocar os livros com os dedos e fazendo-os cair com vibrações de alegria. Ela havia ficado eufórica com a história que Jiae contou e quis experimentar aquilo que mais desejava fazer desde que ficara presa ali. Algumas vezes, para ler um livro, ela demorava dias apenas para conseguir abrir o volume. Ao contrário das outras, ela nunca conseguiu dominar completamente a manipulação de objetos sólidos, por isso, sempre que tentava, ficava exausta por fazer tanto esforço. Jiae suspirou.

– Ryu, se você continuar derrubando os livros, vai chamar a atenção de alguém.

Sujeong sorriu para a amiga.

– Eu sei, mas não pode me tirar esse prazer momentâneo.

Ela disse, mas já colocando os volumes de volta.

– O que você contou é incrível, Jiae! Precisamos descobrir o que essa garota é e o que ela trouxe para nos deixar assim.

Jiae olhou em volta, para todos aqueles livros nas estantes.

– Acho que você vai poder fazer isso agora, não é?

– Sim, eu vou poder procurar as respostas que precisamos. Não suporto pensar em Jin naquele porão escuro. Sei que todas estamos presas, mas o caso dela é único.

– Tente achar algo sobre o selo. Precisamos saber o que nos prende aqui e se essa energia poderia permitir que vocês andassem pela casa como eu e Kei. Precisamos nos reunir e discutir pela primeira vez sobre o que aconteceu naquela noite.

– Pode deixar, eu vou descobrir tudo. Ele cometeu um grande erro ao me prender aqui.

– Acho que ele não esperava que ficássemos com nossas consciências.

Antes que Sujeong pudesse responder, a porta foi aberta e Tia Sora entrou. As duas garotas ficaram quietas, mas sem precisar se esconder, já que a mulher não irradiava a mesma atração que a sobrinha. Ela entrou pesadamente no aposento e foi sentar na mesa junto à janela. Ela trazia nas mãos um pequeno baú que abriu com uma chave que estava pendurada em seu pescoço, como um colar. Dentro dele havia algumas fotos e cartas. Sujeong se aproximou curiosa, ignorando o rosto aflito de Jiae. A foto que Tia Sora olhava era uma foto bastante conhecida para ela, que pôs a mão à boca contendo uma exclamação. Era uma foto delas no tempo em que aquela casa funcionava como uma escola. Tirada um pouco antes de tudo acontecer. Mas o que aquela mulher poderia saber sobre a história delas? Por que ela parecia tão triste?

– Um dia eu vou descobrir o que houve nessa casa – falou a mulher para si mesma. - E vou descobrir quem são vocês. Talvez assim esse lugar se torne alegre de novo, como era no tempo dessa foto.

Uma voz chamou Tia Sora e esta se apressou a guardar tudo de volta no baú e o depositou em uma das estantes. Saiu a passos lentos e fechou a porta. Sujeong e Jiae se encararam.

O que significa isso? - Jiae perguntou. - Como ela tem essas fotos e por quê?

Muitas perguntas, Jiae.

Não pode abrir o baú?

Poderia se a chave estivesse aqui.

Acha que ela sabe algo sobre o que aconteceu?

Sujeong balançou a cabeça.

Não. Você ouviu, ela quer descobrir tanto quanto nós.

Precisamos contactar a garota - disse Jiae de repente.

Ficou louca?

Ela tem as respostas, Ryu!

Eu concordo com você, mas não farei nada antes de saber no que estamos pisando. Me dê um tempo para pesquisar e pode ser que surja algo novo.

Jiae balançou a cabeça concordando.

– Uma semana.

 

Naquela noite, Jisoo sonhou com balanços que se mexiam sozinhos, quadros que caíam das paredes, porões escuros com cheiro de velas e uma silhueta na janela olhando para ela, encarando-a como se quisesse dizer algo. Ela ainda conseguiu ver uma parte do rosto. Era uma garota, mas só estava visível o nariz e a boca. Ela mexeu os lábios e Jisoo conseguiu entender: Socorro! Ajude-nos! De repente um trovão e uma chuva forte caíam sobre a casa e a imagem da garota se desfez como o desenho da janela. Jisoo acordou no meio da noite transpirando e com o coração aos pulos. Lá fora chovia. Ela então percebeu que havia deixado que as emoções tomassem conta dela, fazendo-a ver e ouvir coisas, chamar a atenção. Um segundo clarão iluminou bastante o quarto, o suficiente para ela ver o reflexo de algo embaixo da cama. Ajoelhando-se, ela espiou e viu o que era. Um tabuleiro Oui-ja, daqueles que as pessoas usavam para se comunicar com espíritos. Ela o soltou na mesma hora. Não queria mais envolvimento com isso. Voltou a jogá-lo embaixo da cama e tentou voltar a dormir.

 

Kei permaneceu quieta onde estava, numa cadeira próxima à janela, meio escondida pela cortina. Ela não gostava de fazer o que fez, pois achava que sonhos eram coisas muito pessoais. Mas ela precisava sondar a garota, seus sentimentos conflitantes. A mensagem de socorro ficou bastante clara e atiçaria sua curiosidade. Ao contrário do que Baby Soul pensava, Kei achava que a garota poderia ser a chave para a libertação delas. Mas uma coisa a preocupou, e muito! Aquele tabuleiro. Afinal, quem o havia deixado ali? Se a garota decidisse jogá-lo, elas não teriam escolha a não ser aparecer para ela. Com um suspiro cansado, ela levantou após constatar que Jisoo dormia novamente.

No corredor, o silêncio imperava. Todos dormiam e ela e Jiae já poderiam ir para o seu quarto também. Além da porta sempre trancada, existia um quarto pequeno e cheio de coisas de garotas. Um som a fez ter certeza de que Jiae havia voltado. O quarto estava cheio de bolhas de sabão. Jiae soprava e formava bolhas que Kei se apressou em destruir. As duas ficaram brincando por um longo tempo. Mereciam isso. Amanhã seria um novo dia.

 


Notas Finais


Agradeço por terem lido.


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