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História Secret Journey - O Tabuleiro


Escrita por: Tinacris

Notas do Autor


Só avisando que não desisti da fic, aguardem mais atualizações.

Capítulo 4 - O Tabuleiro


Fanfic / Fanfiction Secret Journey - O Tabuleiro

 

Era chegado o dia de enfrentar o sótão. Jisoo teve vontade de perguntar à tia sobre o jogo embaixo da cama, mas achou melhor dar um tempo antes de fazer isso. Ainda não era o momento certo para falar em fantasmas. Ela havia acabado de chegar e a última coisa que queria era ser desacreditada também em seu novo lar. Tomou café normalmente e conversaram sobre a chuva e seus efeitos. Uma ponte havia desabado na entrada da cidade e um poste caído no meio da estrada, bem na saída. Dois obstáculos para quem chegava ou saía. Naquela manhã, o clima continuava frio, mas a chuva havia parado e um sol fraquinho teimava em aparecer de vez em quando. Quando ela terminou de comer se sentiu revigorada.

- Então, tia Sora, onde está o material de limpeza? Estou louca para começar a explorar aquele sótão.

A avó sorriu.

- Que disposição, minha neta! Parece ter dormido bem essa noite.

- Dormi sim, vovó. Como uma pedra.

Não era totalmente verdade. Antes de conseguir “dormir como uma pedra”, ela teve pesadelos e acabou encontrando aquele jogo sinistro. Mas ia omitir essa parte, pois depois um sono abençoado tomou conta dela, que conseguiu dormir profundamente.

Tia Sora levantou-se sorrindo e foi até a despensa, de onde pegou o material de limpeza dentro de uma caixa.

- Aqui tem algumas coisas que servem para espanar. Lá em cima já tem algumas vassouras. Acho que não vai precisar de nada além disso.

- Não tem goteiras no sótão? – Ela perguntou casualmente.

Tia Sora pensou um pouco e resolveu pegar um balde e panos na despensa.

- Não acho que tenha goteiras, mas a chuva de ontem foi muito forte e inesperada. Leve isso por via das dúvidas.

Munida de suas ferramentas de trabalho, ela se encheu de coragem e subiu as escadas. Lá embaixo, Bilbo começou a latir.

 

Kei e Jiae não sabiam o que fazer para evitar aquele momento. Nem ficar muito perto da garota elas podiam, apenas observavam de longe. Quando Seo Jisoo começou a subir a escada, elas ficaram lá embaixo, sem ação. O cachorro acordou e começou a latir. Kei suspirou.

- O que você tentou fazer ontem à noite? – Jiae perguntou.

- Do que está falando?

- Estou falando da hora em que saiu do quarto, quando pensou que eu estava dormindo.

Kei sorriu.

- Eu jamais pensaria isso, Jiae. Nós nunca dormimos.

- É verdade, mas podemos entrar num estado letárgico para repor as energias.

- Não senti necessidade de fazer isso ontem. Eu apenas estava inquieta e resolvi andar um pouco.

Jiae a encarou.

- Por que está mentindo?

O cachorrinho continuava latindo para o pé da escada e já começava a irritar as pessoas que tomavam café.

- Vamos para o quarto e eu te conto.

Jiae a seguiu, incerta sobre se deveriam realmente deixar Baby Soul sozinha. Quando entraram no quarto, o cachorrinho, que as havia seguido, ficou farejando do lado de fora, mas sem latir. Kei sentou na cama e cruzou as mãos sobre os joelhos.

- Fui ao quarto dela ontem. Invadi seus sonhos.

- Kei... – Jiae ia começar a repreendê-la.

- Eu sei, fui imprudente, mas eu precisava saber.

- E o que descobriu?

- Nada além do fato de que a mente dela está anotando todos os fatos e recebendo mensagens.

- Que mensagens?

Kei ficou calada e Jiae cruzou os braços.

- Kei, que mensagens?

- Usei a imagem de Baby Soul para enviar uma mensagem de socorro.

Aquilo fez Jiae desabar em uma cadeira próxima, sem fala.

- Aconteceu alguma coisa depois disso? – Ela perguntou quando conseguiu ter a voz de volta.

Kei balançou a cabeça de forma quase imperceptível.

- O quê? – Jiae insistiu.

- Ela achou um tabuleiro oui-já embaixo da cama.

Houve um silêncio pesado entre elas. Então Jiae sussurrou.

- Kei, você tem ideia do que isso significa?

Kei sabia e se arrependia por isso.

 

Após dar uma passada rápida por seu quarto, Jisoo abriu a porta do sótão e uma lufada de ar frio veio sobre ela. O lugar não era escuro por causa das janelas, mas ainda assim parecia opressivo. Era um sótão grande, largo, empoeirado e cheio de caixas como qualquer outro sótão, foi o que ela passou a dizer a si mesma. O problema é que a atmosfera ali dizia o contrário. Para começar, ela não sentia que estava sozinha. Mas a presença que ela sentia, não parecia querer lhe fazer algum mal. Ela estava seguindo o princípio de que não estava louca e de que realmente vira alguém na janela. Queria descobrir quem era. Ainda que tivesse que entrar em contato com um fantasma. Encarar o medo de frente era o único modo de conseguir entrar ali depois de tudo o que havia acontecido no dia anterior. Ela buscou abrir todas as cortinas e janelas. O sotão ficou mais claro. Ela pegou uma vassoura ao lado da porta e começou a varrer. O lugar tinha que ficar limpo.

 

Baby Soul estava agachada em cima de uma velha cômoda, encolhida o máximo para não ser percebida, lutando contra a força magnética que a puxava para o mundo físico. Quando a garota começou a varrer o sotão, ela pensou o quanto ia conseguir aguentar sem dar um sinal de sua presença. Uma borboleta começou a bater no vidro da janela à sua frente, mas, dessa vez, ela não podia ajudar. Isso lhe trouxe recordações. Ela também não pôde ajudar aquelas que confiaram nela. Por isso estavam ali, presas. Ansiavam tanto pela liberdade quanto aquela borboleta. Subitamente, a garota começou a falar.

- Olha, eu sei que você está aqui. Sei muito bem o que vi quando cheguei e sei que minha mente está bastante lúcida para que não seja loucura de minha parte. Tenho visto outras coisas também e queria entender o que está acontecendo. Sonhei com você essa noite. No sonho, você me pedia ajuda. Bem, eu estou aqui. Por que não aparece para mim? Prometo que não vou sair correndo.

Baby Soul estava surpresa demais para se mexer. Tentava processar o que estava ouvindo. A garota falou em sonho e em pedido de ajuda. Um nome lhe veio à mente. Kei. Ela sentiu o coração disparar e se suas emoções se descontrolassem agora, tudo estaria perdido e ela não teria como evitar a materialização. Mas o que Kei estava pensando quando fez aquilo? Ela sabia o quanto era perigoso. Pôs as mãos nos ouvidos para não escutar, mas não adiantou muito. A acústica no sotão era muito boa.

- Eu vim aqui hoje decidida a entrar em contato com você. Não quero um novo dia cheio de surpresas. Pensei em fazermos contato da forma mais simples, tipo eu chamando e você aparecendo e se apresentando. Isso seria possível? Se for difícil para você, trouxe algo que talvez ajude. Alguém deixou para mim ontem à noite, embaixo da minha cama. Acho que foi um sinal.

A curiosidade fez Baby Soul olhar em direção da garota. Ela caminhou até uma caixa e tirou algo de dentro. Era um pedaço de madeira dobrável. Ela teve um mal pressentimento a respeito e se pôs em alerta. A garota o levou para o centro do sotão e desdobrou a madeira revelando o tabuleiro oui-já, o jogo dos espíritos. Baby Soul, naquela hora, esqueceu a prudência e saltou de onde estava, derrubando alguns objetos pelo caminho e gritando:

- Pare!

E a garota parou.

 

Jisoo mal podia acreditar. A primeira coisa que ouviu foi o som de objetos caindo no lado mais entulhado do sotão, depois o som de passos, aí veio a voz e uma imagem começou a se formar diante dela. O coração de Jisoo disparou. Ela não sabia se de medo ou de espanto. A garota era tão jovem quanto ela, um pouco mais baixa e parecia bastante assustada, olhando para o jogo em sua mão.

- Por favor, largue isso... eu estou aqui. Não vai precisar dele.

Jisoo resolveu atender ao pedido dela e largou o jogo.

- Por que isso te assusta?

- Porque foi isso que começou tudo. Se você usar, ele vai saber.

A garota agora estava totalmente materializada diante dela. Não era como um fantasma que se pudesse notar apenas pela forma ou pelo vulto, mas era uma pessoa real, uma garota como ela. Uma garota que estava terrivelmente assustada e parecia derrotada, perdida.

- Quem é você, menina do sotão?

- Meu nome é Baby Soul.

Jisoo se aproximou lentamente e estendeu o braço. A garota fantasma deixou que ela aproximasse a mão e a tocasse. Jisoo achou que sentiria algum tipo de eletricidade passar pelo seu corpo, mas o que sentiu foi um corpo real. Baby Soul não era apenas um espectro.

- O que é você? Nunca ouvi falar de um fantasma que se materializasse assim.

- Por favor, você já me viu, não me faça perguntas.

- Mas eu tenho muitas!

- Se eu responder suas perguntas, vou colocar as outras em risco novamente, e isso eu não posso fazer.

- Então há outras?

Baby Soul apenas assentiu, mas não respondeu nada.

- Olhe, no meu sonho eu vi você pedindo ajuda. Eu estou aqui, quero ajudar.

De repente, o jogo que estava no chão começou a tremer. A seta se moveu em direções aleatórias, sem parar. Baby Soul deu um passo para trás com as mãos na boca, sufocando um grito. Jisoo também deu um pulo ao ver que não era a garota que estava fazendo aquilo.

- Quem está fazendo isso? – Jisoo perguntou.

- Ele sabe...

Baby Soul olhou suplicante para ela.

- O porão! Tem que ajudar Jin. Só você pode fazer isso agora, eu não posso sair do sotão.

- Quem é Jin?

- Quer ajudar? Quer conhecer a história? Vá agora para o porão e salve-a.

- Ela é um fantasma? Como acha que eu...

- Você me tocou! Você pode nos tocar! E você pode dar força a ela. A sua energia faz isso conosco. Vai logo!

Jisoo tentou entender as palavras de Baby Soul, mas não havia tempo para isso.

- Eu vou, mas quero explicações depois.

- Eu responderei a todas as suas perguntas, prometo.

Jisoo assentiu e saiu correndo em direção ao porão.

 

Jin escutou o relato de Kei e, assim como Jiae, ela sabia muito bem o que poderia acontecer. Mas não tinha como repreender a amiga, já que todas elas buscavam desesperadamente uma maneira de se libertarem daquela prisão. De repente, uma prateleira foi abaixo, fazendo-as dar um pulo de onde estavam, sentadas no chão em volta da pequena vela. Elas viram uma a uma, as prateleiras serem empurradas e jogadas para o chão.

- O que está acontecendo, Jin? – Jiae perguntou.

Os olhos de Jin estavam fixos na parede de tijolos de onde começava a surgir uma fumaça negra. Ela ofegou e sem tirar os olhos da fumaça que crescia e avançava, falou.

- Jiae, Kei, saiam daqui!

- Não vamos deixar você sozinha – disse Kei. – Fui eu que comecei isso.

- Não importa mais quem começou, Kei. Saiam logo daqui!

Jin tinha o poder de expulsar qualquer uma delas do seu domínio, e aquele lugar ainda era o seu domínio. Jiae e Kei sentiram uma barreira de vento empurrá-las escada acima. Elas se seguraram nos corrimões da escada. Não queriam deixar Jin sozinha.

A fumaça avançou sobre Jin que tentou pegar a vela que ainda queimava no chão, mas a fumaça a alcançou antes. Jin sentiu-se sufocar ao mesmo tempo que era arrastada para o buraco que se abria na parede de tijolos. Ela tentava se libertar e alcançar a vela, mas não conseguia. Seria o fim?

 

Lá embaixo, os avós e a tia estavam assustados com os barulhos que vinham do porão. Parecia o som de coisas caindo. Não parecia o som de ratos ou gatos. Bilbo rosnava em direção à porta entreaberta que levava lá para baixo. Jisoo passou pelos parentes assustados e disse com firmeza:

- Esperem aqui! Eu cuido disso!

- O que quer dizer? Não sabe o que tem lá embaixo. Jisoo! – Tia Sora gritou, mas foi inútil.

Jisoo passou pela porta e já na escada viu as duas garotas agarradas ao corrimão. As duas olharam para ela espantadas. Jisoo logo viu que algo muito sério estava acontecendo ali.

- Quem é Jin? – Ela perguntou.

- Está lá embaixo, coberta pela fumaça – falou Kei. – Sua energia pode ajudá-la.

Jisoo ponderou aquelas palavras.

- É, já me disseram isso.

Jisoo então pulou os degraus e mergulhou no meio da fumaça. Viu a garota que sufocava e lutava enquanto era arrastada em direção a um buraco na parede de tijolos. Jisoo mergulhou e estendeu a mão para ela. Jin a olhou assustada.

- Segure a minha mão! Agora!

Imediatamente Jin obedeceu. Quando suas mãos se tocaram, a fumaça se dissipou, mas não sumiu de todo. Jin sentou-se arfando e apontando para a vela.

- Preciso...da vela...

Jisoo pegou a vela e passou-a para ela. Jin a agarrou e estendeu em direção da fumaça que foi diminuindo em direção ao buraco. Até que sumiu totalmente, sugada para dentro do buraco que acabou se fechando como se nunca houvesse estado lá. Jin caiu de joelhos, exausta e encarou Jisoo.

- Obrigada.

Jisoo virou-se e viu as outras duas garotas descendo a escada e se aproximando. Ela encarou as três garotas fantasmas que a olhavam com espanto.

- Quantos fantasmas existem nessa casa, afinal? E o que foi que acabou de acontecer aqui?

 

 

 

 

 


Notas Finais


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