História Secret Love Song - Capítulo um

As promoções do novo álbum haviam acabado. Tínhamos um mês e meio de férias, até o próximo comeback. Estávamos todos em casa, menos Mark e Youngjae, que passeavam com Coco. Jaebum e Jackson estavam descansando, Jinyoung lia algo na varanda do apartamento, e eu estava na sala, encarando a TV, que estava desligada.

O tédio que me dominava era tanto, que fez querer dormir. Então levantei do sofá e segui até o quarto que dividia com o maknae. Ao chegar lá, assim que abri a porta, ele estava saindo do banheiro, usando apenas uma bermuda, de início ele não notou minha presença ali, mas quando me viu, sorriu minimamente. Por um momento, meus olhos saíram de seu rosto e eu passei a encarar o tronco nú de Yugyeom. Não que eu já não estivesse acostumado a vê-lo daquele jeito, afinal éramos colegas de quarto, mas naquele instante, senti algo diferente. Apenas sorri forçadamente e saí dali, provavelmente o deixando confuso. Voltei para a sala, mas ao passar em frente ao quarto de Jackson e Jaebum, ouvi uns gemidos meio abafados. Fiz cara de nojo, afinal, quem transa às três e quinze da tarde?

Voltei para a sala no momento em que Youngjae, Coco e Mark entravam em casa. O coreano me encarou, e disse:

— Nossa, Bambam! Seu rosto parece estar pegando fogo! Aconteceu algo? – apenas fiz que não com a cabeça e segui para a cozinha, afim de beber uma água bem gelada.

Enquanto bebia o líquido, a imagem do abdômen descoberto de Yugyeom me veio à mente. Droga. Senti uma pontada dentro de mim, e quase gritei. Eu estava ficando duro ao pensar no corpo do maknae.

Tentei me recompôr, e passei a pensar em coisas aleatórias, para tirar aquela imagem da cabeça.

Jinyoung entrou na cozinha rindo ao lado de um Jackson com uma cara de acabei-de-transar. Soltei um riso baixo, pois era o único naquele lugar que sabia do relacionamento do chinês e do líder. Lancei meu melhor olhar de "eu sei o que vocês fizeram" e saí dali, indo até a sala, onde os outros quatro estavam, assistindo O Diabo Veste Prada. Eu amava aquele filme! Sentei no colo de alguém, sem ver quem era, e passei a prestar atenção nas cenas. Jackson e Jinyoung voltaram, e logo todos nós estávamos entretidos.

Em certo momento, a pessoa abaixo de mim disse:

— Bammie, você poderia se ajeitar? – olhei por cima do ombro, e notei Yugyeom me encarando de um jeito... Diferente.

Mesmo não entendo, já que aquela posição parecia não ser incômoda para nenhum de nós, fiz o que me foi pedido. Por um momento, achei ter ouvido um pequeno suspiro sair da boca do mais novo, mas com certeza era algo da minha cabeça.

O filme acabou e logo nós ficamos sem ter o que fazer, apenas olhando para a cara um do outro. E eu ainda estava no colo de Yugyeom. Não que fosse um incômodo, aliás, eu até que estava gostando.

Após o jantar, fomos dormir. Uma forte chuva começou a cair, e eu odiava tempestades. Às duas da manhã, a maltida ainda não havia parado, e eu me tremia de medo, como uma garotinha.

Ouvi a voz arrastada pelo sono de Yugyeom dizer:

— Bambam, você 'tá com medo? – a pergunta era retórica. Ele sabia que eu tinha medo de tempestades. — Quer deitar aqui?

Sua frase me pegou desprevenido. Já havíamos dividido a cama, era algo comum entre nós. Então por que eu estava nervoso?

Não disse nada, apenas fui até ele, deitando ao lado, me cobrindo com o cobertor, consequentemente, grudando meu corpo ao dele já que a cama era de solteiro.

Passado certo tempo, senti a respiração pesada do garoto em minha nuca, e suas mãos adentraram minha camisa, pousando em minha cintura, apertando levemente o local. Segurei-me para não suspirar.

Ele depositou um beijo em meu ombro, e eu mordi meu lábio inferior, contendo outro suspiro. Eu gostei de tê-lo tão próximo daquele jeito.

O que estava acontecendo? O que ele estava fazendo comigo?

Seus movimentos pararam. Consegui pegar no sono.

Na manhã seguinte, acordei e não senti o corpo do maknae próximo ao meu. Com certeza já havia levantado.

Tomei um banho, ainda com as imagens da noite passada em minha mente. O calor do corpo dele, o toque, o beijo em meu ombro. Tudo. Eu precisava esquecer aquilo. O que eu estava sentindo não era normal. Saí do banheiro e troquei de roupa, indo para a sala em seguida, encontrando todos distribuindo as atividades. Jinyoung iria arrumar o apartamento, Jaebum e Youngjae iriam cuidar da cozinha, Mark e Jackson lavariam as roupas e Yugyeom e eu faríamos as compras... Com Coco. A ideia me parecia absurda! Como eu agiria perto dele após tudo o que aconteceu na noite passada?

O que mais me intrigava era o fato de que Yugyeom agia como se nada tivesse acontecido. Será que ele pensava que eu não sabia? Era bem provável.

Seguimos para o supermercado com a lista feita por Jaebum em mãos. Nada foi dito no caminho, Coco ia no colo do maior, olhando para todo o canto. Às vezes eu brincava mas era como se aquela cadela me odiasse.

Chegamos em nosso destino, e fomos logo procurar tudo o que nos foi pedido. Yugyeom não falava mais que o necessário, e isso, sinceramente, me incomodava, já que comigo ele sempre falante.

— Aconteceu algo? – perguntei enquanto ele procurava os legumes que tínhamos que levar. O mais novo não disse nada, apenas negou com a cabeça. Quase bati nele por isso. — Aconteceu sim! Diga logo, eu 'tô ficando preocupado com você!

— Não aconteceu nada, porra! – ele gritou e uma senhora que passava por perto o olhou torto. Quase tirei a máscara que cobria o seu rosto para bater na cara dele com ela.

O silêncio entre nós após esse pequeno surto do Kim foi inevitável. Uma parte de mim se sentiu triste pelo tom que ele usou, enquanto outra queria mandá-lo para a puta que pariu.

Chegamos no apartamento com as compras e eu larguei tudo no chão ao lado de Coco e fui para o quarto, trancando a porta do mesmo. Eu estava chorando. E eu nem sabia o por quê daquelas maltdias e desnecessárias lágrimas. Eu quis gritar, mas não o fiz.

O que estava acontecendo comigo? O que tinha de errado em mim?

Uma ideia passou em minha cabeça, mas eu logo tratei de afastá-la. Aquilo não podia estar acontecendo.

Ouvi leves batidas na porta, e a voz suave de Youngjae pedindo para entrar. Me levantei da cama e abri a mesma. O coreano não disse nada. Nem mesmo perguntou o por quê de tudo aquilo, apenas entrou, trancou a porta, se sentou no chão me puxando para sentar ao seu lado. E eu voltei a chorar.

Sem nem fazer ideia do motivo.

Ora, o que eu estava fazendo?!

Não havia motivo para aquelas lágrimas! Eu nem sabia porque chorava! Levantei do chão e voltei para a sala, com Youngjae confuso atrás de mim.

O almoço foi calmo, a comida estava ótima e os outros contavam sobre seu dia. Claro, Yugyeom e eu não falávamos nada, afinal, nossa manhã não tinha sido a mais empolgante do ano.

Quando tudo terminou, Mark e Youngjae ficaram para lavar a louça, e resto seguiu para a sala. Sentamos no sofá e começamos a conversar. Yugyeom estava ao meu lado, mas não me dirigia a palavra. Ah, vai se foder. Nem parece que passou a mão em mim algumas horas atrás.

Ah, Kim Yugyeom não sabia o que o aguardava à noite.