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História Secret Love Songs {book of one-shots} - As canções que você fez pra mim


Escrita por: hesjagger

Capítulo 1 - As canções que você fez pra mim


Fanfic / Fanfiction Secret Love Songs {book of one-shots} - As canções que você fez pra mim

Sinopse: Em um pequeno bar um jovem canta seu amor perdido todos os dias, externando o que suas lágrimas querem dizer todas as vezes em que caem.

                          
                                      
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 Mais uma noite fria em uma cidade qualquer inglesa, em mais um bar qualquer, onde um belo rapaz esguio de olhos verdes cantava sua alma fora, nos versos de uma música de sua autoria sobre o antigo esplendor de um amor já tão distante, e ainda tão vívido, em um pequeno palco com baixa iluminação, não cantando pra ninguém em particular, mas só pra colocar tudo o que sentia para fora, de uma forma diferente das lágrimas suas que já se esgotaram.

   Enquanto cantava todas as imagens de um período tão puro, o mais bonito da sua vida, giravam em sua mente

"Uma chuva fraca de verão batia no parapeito da janela, do quarto do adolescente de olhos verdes, onde ele sentado em sua poltrona lendo um livro, sentia o peso dos olhos azuis do namorado, sobre si, enquanto este estava deitado na cama do outro, com seu pequeno caderno enquanto escrevia sabe Deus o que.

- Sinto seu olhar sobre mim, doce. - disse levemente, com um sorriso do rosto, fingindo que estava lendo ainda o livro.

- Eu sei que sim amor, você sempre sabe de tudo e seu sorriso aí me diz que você não está mais lendo seu livro.

- O que tanto escreve? Pensei que ficaria comigo nessa manhã chuvosa, abraçadinhos. - digo com um biquinho e o rosto com uma expressão de falsa tristeza.

Eu realmente não me importava de não estarmos grudados, para mim já bastava somente sua presença, no mesmo ambiente que o meu, não me importava se trocaríamos olhares  e toques ou não, somente sua presença me bastava.

- Oh tadinho do meu curly, tão carente, e sabia que eu escrevo sobre você, sobre seus lindos e grandes olhos verdes, em como seu sorriso pode iluminar o mundo inteiro, em como seu corpo e sua alma é meu paraíso pessoal.

 Ele diz se aproximando de mim aos poucos, com um biquinho nos lábios, seu andar sensual que sempre me hipnotiza e se senta no meu colo.
  Eu me sinto tão sortudo, ele era a pessoa mais preciosa do mundo e por uma graça divina, via algo bom em mim que eu mesmo não via."


" - Eu sempre gostei de escrever você sabe, seja uma simples mensagem em um cartão, uma resenha de um filme, livro ou cd que eu goste, mas depois que eu conheci o Harry, absolutamente tudo o que eu escrevo é sobre ele.

Ouço Louis falar com um amigo da escola, que o elogiou sobre os lindos poemas e canções que ele escreve. A melhor coisa, o melhor presente que eu poderia ganhar na vida, era o coração e as canções que Louis escrevia, e dizia que eram inspiradas em mim.

Mal sabia ele que, a simples existência dele era a inspiração, a razão da minha própria existência."


" - Olha você não tem nenhum motivo para se sentir ameaçado meu amor, eu sou seu deste que nossos olhos se encontraram pela primeira vez, por favor não deixe suas inseguranças te diminuírem diante a imensidão da pessoa que você é, e nem do amor que eu sinto por você.

- Me desculpe Hazzy, eu sei o quanto isso pode ser chato, eu eu, você é a minha âncora, a minha casa e quem me mais forte, eu não sei o que seria, como seria se eu não tivesse você.

- Louis, eu sempre vou amar você, sempre, não importa se você estiver comigo ou não, eu não consigo me imaginar não te amando, mesmo na sua ausência.

- Nas minhas canções, poemas, e no meu coração, você sempre vai estar Harry."


 Mesmo com o tempo tendo passado, a dor de lembrar tantas coisas boas, ainda corrói por dentro, tanto o amor como a dor, vai estar sempre ali latente.

  Após o fim de mais uma das suas pequenas apresentações, naquele bar que poderia muito bem ser confundido com a sua casa, já que estava por ali todos os dias, o cacheado foi até o balcão.

- Sua voz está melhor a cada noite Harry, você poderia se tornar profissional nisso. - diz Liam, o barman que está ali todos os dias para o ouvir cantar, chorar e principalmente se comover com o que um amor perdido pode fazer a um homem, que poderia ter o mundo todo pra si.

Mas ele não sabia, não entendia, que o mundo de Harry, se chamava Louis.

- Obrigado Li, mas você sabe mal posso lidar com algo que aconteceu a tanto tempo, imagina me tornar profissional em algo, mas obrigado.

Liam nada diz, apenas deposita na sua frente, uma dose de whisky, que ele sabe que vai ser a primeira de muitas da noite. O cacheado olha o copo a sua frente, como se nada no mundo mais lhe importasse, o pegando com o maior cuidado com suas grandes mãos cheia de anéis e ingere o líquido amargo com uma estranha suavidade, adquirida através de anos com o mesmo hábito, ritual. E foi atingido por mais uma lembrança.

" - Você sabe que as coisas não são tão simples assim, não somos mais adolescentes Harry, as coisas estão mudando cada vez mais rápido, não temos controle das coisas.

- Podemos não ter controle Louis, mas temos escolhas.

- Você não entende, eu não posso, não da, minha família está me sufocando cada vez mais, não podemos mais continuar nos escondemos, não temos mais 16 anos.

- Eu sei meu amor, mas continuamos  juntos até aqui, e podemos ir mais longe, juntos como fomos feitos pra ser, só precisamos continuar tentando e não deixar ninguém, nos fazer desistir de nos.

- Harry"


  Esta fora sua última conversa com Louis, pouco depois veio a notícia devastadora e surpreendente de que Louis, não só tinha mudado pra França, mas como estava noivo de uma garota, uma garota escolhida por seus pais para continuar a sua descendência de pessoas influentes, soberbas e vazias. E essa foi a última notícia que teve do amado.

 Louis havia desistido deles, isso não tinha volta, por mais que quisesse implorar ao amado que não desistisse do seu amor, seu orgulho, e mais ainda seu amor próprio não o permitia. Ele não se rastejaria atrás de uma pessoa, que escolheu o abandonar, sem olhar pra trás, sem a menor explicação, uma pessoa que passou anos fazendo e escrevendo juras de amor, mas não teve coragem de lutar por um amor, que dizia ser tudo para si. Isso ele não perdoaria, por mais que o amasse e sempre amaria.

  Não se desiste do verdadeiro amor, por mais difícil que as coisas devem ser,  por mais que o mundo atrapalhasse e tentasse não permitir, se tem uma coisa que não se desiste na vida, isso é o amor, e isso era o que Harry fielmente acreditava.

Liam o tira desse campo perigoso com uma pergunta, que o mesmo não aguentava mais guardar para si, queria realmente entender o que o cacheado quis dizer quando cantou certo trecho de uma das músicas de sua autoria.

- Urr Harry, você cantou uma música nova hoje, e ela mexeu muito comigo, principalmente um trecho " pois sem você meu mundo é diferente, minha alegria é triste"

 Liam não sabia, mas esse trecho era um dos mais dolorosos para Harry, essa música foi a mais dolorosa que já escreveu, dentre várias as outras que vem escrevendo durante todos esses longos 6 anos sem Louis.

Harry riu suave com o copo quase vazio, nas mãos, diante a pergunta de Liam, e por ele ter se sentido tocado justo por esse trecho.

- Minha irmã Gemma, está grávida e radiante, minha irmã está mais bonita e feliz do nunca, e quando ela contou a família que esta grávida, foi uma comoção enorme e geral, eu sempre amei crianças e saber que ela esta grávida, foi a melhor notícia que eu recebi em um longo tempo e quando estávamos só nos dois ela me disse

" - Eu acredito que você está verdadeiramente feliz por mim, little bro, a última vez que vi você sorrindo tão verdadeiramente, foi quando olhava para Louis a anos atrás, antes daquele babaca fazer o que fez, mas Haz seus olhos continuaram tão tristes, como são desde que ele se foi, seu sorriso estava ali, mas o seus olhos, eles não estão mais brilhantes."

.... e naquela noite, naquela casa com tantas lembranças de todos os tipos, escrevi essa música, e me dei conta que sem ele, a minha alegria é triste.

Ouvindo aquilo os olhos de Liam marejaram, e ele abaixou a cabeça pra Harry não ver, e ele realmente não viu, estava olhando fixamente olhando os anéis da sua mão, enquanto girava o copo agora vazio em sua mão. Liam se perguntava como Harry conseguia viver aquilo, só de se imaginar no seu lugar, tinha certeza que não aguentaria, e se perguntava como Harry aguentava.

Harry não aguentava, mas ele tinha suas músicas, sua família que mesmo em outra cidade sempre conversava, tinha seu bom e velho copo de whisky nos finais de suas noites, tinha em Liam um bom ouvinte, mas não tinha o mais importante, ele não tinha Louis e não acreditava mais que um dia o teria.

Era até engraçado que, as músicas e poemas que Louis escrevia pra ele durante o relacionamento, era tudo o que tinha durado, e que agora era ele quem escrevia para um amor, que sabia que não teria mais, se sequer que algum dia existiu para o outro.

  Com um copo agora cheio nas mãos, e com o nível de álcool cada vez mais alto, Harry se deixou levar para algumas das suas lembranças favoritas com Louis.

" Era tarde da noite, quando ouviu batidas na janela do seu quarto, tinha sono leve e sabia que era Louis   ali fora, era o que seu amado fazia quando as coisas estavam difíceis em casa, e precisa de abrigo nos braços largos e quentes do namorado. Harry se levantou meio tonto de sono, mas ver a imagem de Louis, encolhido é com o rosto todo vermelho e inchado, devido ao choro, do outro lado da janela, e foi mais rápido ao seu encontro totalmente desperto.

Pegou o pequeno no colo, assim que abriu a janela, e o levou até a sua cama quentinha, e continuou com ele em seu colo, enquanto o de olhos azuis chorava, e ele murmurava palavras doces em seu ouvido, esperando o menino se acalmar.

- Pa-pai continua insistindo pra eu me comportar como um homem, e arrumar uma namorada, como ele tinha com a minha idade, eu não aguento mais isso Hazzy, não aguento mais me esconder, mas tenho tanto medo...


- Shh amor, agora está tudo bem, você sabe que não tenha de errado em ser diferente, vamos continuar tentando ok? nos vamos conseguir

 Agarrado ao namorado que escondia do mundo, Louis adormeceu, e depois de o colocar em uma posição mais confortável e tirar seus sapatos, Harry o colocou deitado sobre seu peito, e o abraçou.


 Naquela noite, o cacheado prometeu a si mesmo, que faria de tudo para lutar por eles, enfrentaria tudo e todos, para seu Louis não chorar mais."

" - Eu te amo mais do que seria possível mensurar um amor, mais do que seja possível uma pessoa amar outra, mais do que todas as palavras bonitas poderiam dizer, não há palavras em nossa língua, nem em qualquer outra para descrever o quanto eu te amo, Harry, você é tudo aquilo que a mim, que eu nunca pensei em encontrar, não há Louis, sem Harry, você é o que eu tenho de melhor.

Era o aniversário de 16 anos de Harry, e além de ganhar um gatinho do seu amado, ganhou um cartão escrito por ele, e que no final tinha a declaração mais bonita que já recebeu até então."

Na casa dos pais de Harry, ainda estava o gatinho, Dusty que ganhou de Louis, assim como tudo o que guardou do outro, e não conseguia deixar perto de si, sem ser um lembrete doloroso do seu passado."

   Harry conseguiu se formar em literatura inglesa, nem ele sabe como, senão fosse Niall e Gemma ao seu lado, ainda estaria na casa dos pais, chorando por Louis ter partido seu coração.

   Atualmente morando em Holmes Chapel, como uma forma de tentar recomeçar sua vida, sem esbarrar com lembranças de Louis por todos os lados em Doncaster, de dia trabalhava no jornal local dali, escrevendo as notícias da pequena cidade, e gostava do que fazia, não tomava todo seu tempo, dava pra sobreviver, e de noite estava ali, cantando suas músicas e com um público que aumentava cada vez mais, mas ele não reparava nisso, ali ele conseguia desabafar.

  Enquanto Harry terminava seu segundo copo rapidamente, e se despedia de Liam, e logo após caminhava em direção a saída do bar, para ir para sua pequena casa, que ficava a uma quadra dali, passando por vários adolescentes que estavam nas ruas dali, como em todas as noites de sexta-feira já que não tinha muito o que fazer na pequena cidade.

 Ele não sabia mas no momento em que chegou em casa, Louis acabava de desembarcar em Doncaster determinado a consertar o que fez a 6 anos atrás.

  Desde aquela noite, se passou uma semana em que Harry não cantava no pequeno bar, ele havia descoberto o netflix e prometeu a si mesmo, que só depois de terminar as três séries que estava acompanhando, voltaria a cantar no bar, suas noites se resumiam a netflix, taças preguiçosas de um vinho barato e alguma coisa que ele tinha cozinhado quando chegou em casa.

                                           *********

  Durante o mesmo período em Doncaster, Louis encarava as duas mulheres Styles, que apesar de o tratarem com educação, demonstravam claramente que preferiam ele bem longe de seu bebê gigante.

- Eu sei o que eu fiz, não há um único dia que eu não pense nisso, toda vez que me deito pra dormir, toda vez que eu acordo, me arrependo cada dia mais, eu não queria desagradar meu pai, queria que ele me amasse, então aceitei ir embora e me casar, nunca me senti amado pelo meu pai, e eu sei que isso não justifica o que eu fiz, Harry me disse que eu tinha como escolher, lutar por nos, e eu escolhi agradar meu pai e o deixar.
Eu pensei que conseguiria me casar e o esquecer, adiei o máximo que pude o casamento, meu pai fez pressão, me casei, mas na noite de núpcias, não consegui consumar o casamento, me senti tão sujo, me senti traindo Harry, mesmo sabendo que fui que o abandonei, Eleanor teve um ataque histérico, me disse coisas horríveis, de como eu era fraco e coisas piores, eu simplesmente surtei e tive um ataque de raiva, quebrei o quarto inteiro, nada ficou intacto, eu e Eleanor fomos parar no hospital, me deram um sossega leão e a ela um calmante, no outro dia seguinte sua família exigiu o divórcio, não permitiriam que sua filha ficasse casada com um louco desequilibrado, como disseram e pouco importava a amizade das famílias.
Meu pai tentou não deixar isso acontecer, eu já tinha assinado, e ele não sabia, tentou me fazer falar com os pais dela, falando que iria me tratar, eu me recusei, brigamos de forma feia, eu bati o pé e não fiz o que ele queria, paramos de nos falar, isso foi a 3 anos.
Minha mãe também se cansou e se divorciou, e bem, meus últimos três anos eu passei de consulta em consulta com um psiquiatra e um psicólogo, devido a depressão que tive depois disso tudo, e só agora, ambos me autorizaram a voltar e terminaram o tratamento, eu estou melhor, mas ainda não é suficiente, nunca será sem o Harry.

As duas ouviram o relato visivelmente chocadas e tristes com a realidade dos dois rapazes, por mais que não achassem o que ele fez certo, o amor que aqueles dois jovens tinham, era a coisa mais bonita e intensa que tinham presenciados. Com Louis tendo chorado durante toda a sua fala.

Depois de dar um tapa no rosto de Louis, que ele sabia que merecia, de Gemma, ela o abraçou e sussurrou em seu ouvido:

- Ele está em Holmes Chapel, agora vá lá atrás dele seu maldito idiota, e eu juro pra você se o machucar de novo, perder as bolas vai ser a coisa mais leve que vai acontecer com você.

Dito isso a Louis, uma Gemma muito grávida foi a cozinha, murmurando o quanto queria ameixas em conserva. Anne se aproximou dele chorando,

- É bom ter você de volta querido, vejo que agora sabe que não se deve desistir de quem ama, meu menino ficou tão mal com sua partida, e se apegou a bebida, senão fosse Gemma e Niall nem tinha se formado, mas agora ele está se reerguendo

- Oh Deus, eu sinto muito, eu não sabia, durante os últimos três anos não procurei saber nada sobre o mundo e as pessoas ao meu redor, e só agora estou saindo da minha toca

- Nunca é tarde para consertar os erros Louis, mas é tarde pra se lamentar do que poderia ter sido, sabe Harry canta praticamente todos os dias músicas que ele escreve, em um bar, ele não para de escrevê-las desde que você se foi.

   E depois de um longo tempo, Louis sorriu formando ruguinhas ao lados dos seus cristalinos olhos azuis, ele passou a adolescência escrevendo sobre o cacheado, e agora sabe que ele, também escrevia sobre si.

                                           *******

  Depois de chegar mais cedo do trabalho, e de terminar finalmente a terceira temporada de Orange is the new Black, um Harry revoltado com a season finale vai até seu bar habitual, tentar compensar os copos de whisky que perdeu esses dias todos, assistindo aquela bendita série, pra aliviar sua frustração.

- Maldita Pipper, maldita série

Murmurando tais palavras enquanto jogava seu longo cabelo pra trás, exalando frustração, enquanto cruzava a porta do bar, não prestando a maior atenção a sua volta.

Louis estava ali sentado em um canto mais escuro do bar, e sua respiração engatou ao ver Harry entrando no local, mais alto do que se lembrava, e com o cabelo até os ombros, e tremendamente bonito, o tempo só o melhorava, sua beleza chegava a ser insultante.

Harry fez seu caminho de sempre no bar, passando pelo balcão e cumprimentando Liam com um aceno e um sorrisinho no rosto, que deixou sua covinha em evidência, e mesmo não estando em seu melhor estado de espírito, era inevitável que por onde ele passasse, tudo se iluminasse e atraísse a atenção para si.

- Ora senão é nosso cantor favorito dando as caras, meu movimento caiu sem suas apresentações jovem Harold. - disse Nick espalhafatoso como sempre, falando alto e gesticulando as duas mãos ao cumprimentar o cacheado, com um breve abraço.

- Você está exagerando Nick.

- Sou obrigado a concordar com a passivona Harry, enquanto eu estava no balcão com Liam, várias pessoas perguntavam sobre o moço bonito que canta as músicas tristes, nas noites que você não veio.

Corado, Harry da seu sorriso de covinhas, que o da a aparência de 16 anos novamente.

- Ah eu nem sei o que dizer, pensei que nem davam bola pro que eu cantava, só vocês e Liam

- Bobagem Harold, sabe que pode subir no palco e cantar quando quiser, o violão está no mesmo lugar, do lado do piano.

 Nick era o dono daquele bar, filho do prefeito da cidade, tinha o local pra se encontrar com os amigos, e saber o que se passa na cidade, ele não trabalhava, mas adorava a vida noturna, por isso abriu o pequeno bar, com a inseparável amiga Cara, por estar entediado demais com a pequena cidade.

  Desde que chegou a cidade Harry, fez amizade com Nick, que o levou logo para o seu bar, achava que ele precisava de um espaço para externar tudo o que estava dentro dele, de forma positiva, chorar é bom, mas não da para chorar pra sempre, há outros modos de colocar toda a dor que está sentindo pra fora.

 Com Nick e Cara, o cacheado conseguia se soltar e falar das mais diversas coisas, ouvindo as desventuras de cada um deles, e terminava em risadas, não tinha como não rir das loucuras feitas pelos dois amigos.

  Depois de passar umas duas horas conversando com os dois, rindo, bebendo e comendo umas batatinhas fritas, Harry se encaminha ao palco já bem conhecido.

  Naquele palco pequeno, com um piano pequeno, e um violão antigo de Nick, no canto, Harry se entregava aquilo que o atormentava a anos, colocava em forma de canções tudo o que sentia, tudo o que sentiu, e não teve a chance de dizer a Louis, aquilo também queria que ele ouvisse, e não queria que ouvisse, Louis não merecia o que o cacheado ainda sentia por ele, era isso que Harry achava, quem ama não abandona.


   Mas ele não conseguia deixar de sentir, Louis está gravado em todas as partes do seu corpo, em forma de tatuagens que contam a história dos dois, na sua alma, e o mais grave, gravado a fogo no seu coração, uma chama acessa incessante e flamejante dentro de si.

  No fundo do bar, sozinho tomando uma soda, está Louis observando cada passo do amado, atento em todos os seus detalhes, estava tão diferente daquele garoto com cachos grossos e brilhantes olhos verdes que conheceu, continuava belo, talvez mais do que nunca, mas era distante, mesmo rindo e conversando com o que parecia amigos, tinha perdido o seu brilho, não só do olhar mas antes ele irradiava uma luz tão forte ao redor de si, e que agora parecia apagada.

 Se Louis pudesse se afogar em culpa dentro da lata de soda, com certeza já o teria feito, há 6 anos ele não consegue se deitar na cama e dormir bem, isso quando consegue dormir, e cada minuto que passa estar no mesmo ambiente de Harry, e não com ele, o sufoca, e o medo de falar com ele, o medo da sua reação só aumenta, mas ele não desistiria de novo, ele já estava ali, só precisava fazer o que pretendia.

  Não tinha bolado um plano, só queria contar o que o levou a fazer o que fez, ele só queria falar, mas sabia que não era merecedor nem de ser ouvido, ele foi covarde ao deixar a certeza de um amor, para agradar alguém que nunca se esforçou pra amá-lo.

   Uma movimentação no palco a sua frente, tirou o de olhos azuis de seus devaneios.

- Espero que o Harry cante a música, que cantou na última vez que se apresentou, é uma das mais bonitas que já ouvi.

Uma voz de mulher desconhecida murmurou, próximo dele, e uns cinco minutos após disso, o som de um violão começou a soar no ambiente, as pessoas pararam suas conversas altas e a iluminação foi diminuída, Louis não tinha coragem de olhar em direção ao palco, desviou o olhar do copo que segurava, para o próprio colo.

 Quantas vezes, não foi ele que tocou alguma música para Harry, no quarto deste ou em alguma canto isolado da escola?

 Uma voz rouca começou a ser ouvida por todos, e a sinceridade com que cantava todas as palavras da música era espantosa, Louis nunca ouviu alguém cantar com tanta emoção como Harry estava fazendo naquele momento.

"Hoje eu ouço as canções que você fez pra mim
Não sei porque razão tudo mudou assim
Ficaram as canções e você não ficou."
...
"Esqueceu de tanta coisa que um dia me falou
Tanta coisa que somente entre nós dois ficou
Eu acho que você já nem se lembra mais"

 Só com o começo da música, Louis ficou tonto, deixou o copo em cima da mesa, e apoiou as mãos em dois lados da mesa, aquilo doeu mais do que as todas as brigas que se meteu nos últimos anos pra extravasar sua raiva, mais do que os efeitos que alguns remédios que teve que tomar causou a seu corpo.

  Ele não ficou, mas ele se lembra de cada momento que viveu com Harry, cada sorriso compartilhado, abraços, beijos e sonhos, ele só não sabe explicar porque deixou tudo ficar assim, mas ele se lembrava de tudo que escreveu pensando unicamente em Harry, em cada palavra, em cada verso.

"Era uma noite com uma chuva forte e constante, caindo pela cidade, com direito a raios e trovões, Louis sempre teve medo de dias assim, ainda mais quando ficava sozinho em casa, a família foi viajar e ele ficou, dizendo que precisava estudar, quando o que ele precisava era Harry consigo.

  Este que no momento estava esparramado no grande tapete felpudo da sala de estar, da casa dos Tomlinson, com Louis deitado sobre o seu peito.

- Sabe, eu sempre sonhei em ter uma casa, com um jardim cheio de rosas, tulipas e margaridas, uma casa minha onde pudesse fazer isso, mamãe acha que não se deve misturar tipos diferentes de flores em um mesmo jardim. - Harry diz, depois minutos de um silêncio confortável, onde passava as pontas dos dedos esguios nas costas de Louis, depois de um trovão forte que assustou o menor.

- Quando tivermos nossa casa, você poderá fazer o que quiser com nosso jardim sweetheart, imagina nosso próprio lugar, nossas próprias regras, só nos vivemos na forma que bem entendemos.


- Por tanto que não deixe nossa casa como você deixa seu quarto, eu quero isso pequeno, mais do que qualquer coisa, mesmo você sendo tão bagunceiro.

- Ei, eu não sou tão bagunceiro assim. - Louis diz fingindo indignação, mas logo se cala, ao ver a cara do namorado. - Okay, sou um pouquinho, mas não importa como esteja a casa, importa que vamos estar juntos e sem ninguém pra nos dizer o que fazer.


Harry inicia um beijo lento e apaixonado, pouco importava mesmo a sua volta, portanto que estejam sempre assim, juntos.

 Duas noites depois, escreveu sua canção até então favorita, Home."


" - Amor?

- Sim boo, estou aqui

- Bem, eu fiz algo pra você, para todas as vezes, que eu não puder estar com você

- Lou


- Eu gravei as músicas que escrevi pra você, para quando você sentir minha falta, me ouvir cantando o quanto eu te amo."

 Respirando fundo, após se lembrar do que o levou a escrever a sua melhor canção, segundo ele próprio, Louis começa a se dirigir ao palco, com lágrimas silenciosas caindo sob seu belo rosto, nem percebendo as pessoas o olhando enquanto caminha até lá.

 Ele não deixaria mais ninguém, o fazer parar no caminho até Harry.

  Harry tem o costume de cantar de olhos fechados, é a sua forma de se encontrar com seus próprios sentimentos refletidos em cada música, ele não percebe um olhar particularmente imensamente azul e conhecido sobre ele, enquanto canta a música.

"Quantas vezes você disse que me amava tanto
Tantas vezes eu enxuguei o seu pranto
E agora eu choro só sem ter você aqui."

 Quando ele canta o último verso da canção, seus olhos se abrem, e primeiramente ele não reconhece a pessoa que está mais próxima ao palco, porque passa o olho por todo o local, mas quando as palmas misturadas com um barulho de um choro fatalmente conhecido, chega a sua percepção, ele foca seus grandes e intensos olhos verdes na pessoa a sua frente que deixa as lágrimas caírem livres pelo seu rosto.

 Ali está ele, Louis, um pouco mais alto do que se lembrava, com as maçãs do rosto mais sobressaltadas, sobre sua barba por fazer bem rala, vestido com um suéter maior que o próprio corpo delicado e delineado, uma calça justa e seus inconfundíveis vans preto, parecendo mais velho mas ainda mais vulnerável do que era a anos atrás.

  O mundo de Harry para, analisando cada detalhe da sua pessoa que esperou nunca mais encontrar em sua vida, seria idiotice demais da parte dele, achar Louis como está agora, o homem mais lindo já criado? Se lembrava que ele era belo, mas não desse modo, beirando a perfeição divina.

   De forma automática, o cacheado se levantou e colocou o violão em seu devido lugar, só assim desviando do olhar assustado e afiado de Louis, e começou a sair pela pequena entrada do palco, e assim que saiu, seus olhos se encontraram os azuis cristalinos de Louis novamente, e caminhou até ele.

   Louis foi em sua direção para diminuir a distância entre eles, e andava com uma confiança e segurança, que não sabe se algum dia teve, e quando eles estavam relativamente próximos entre si, ambos pararam e analisaram melhor um ao outro.

  Naquele momento não existia o palco, as pessoas, o bar, só havia Louis e Harry se vendo depois de longos e tortuosos anos.

  O reencontro do verde no azul, muitas palavras deveriam ser ditas, ou até mesmo gritadas, mas naquele momento, eles só conseguiam tentar decorar cada rastro da presença do outro.

  O olhar de Louis pousou na âncora desenhada no pulso esquerdo de Harry, que estava a mostrada já que a camisa social preta transparente que vestia, e ele levantou a manga do seu suéter no braço direito, com o olhar de Harry em cima da sua ação, e mostrou assim a corda que tinha feito ali.

 Harry engoliu alto ao ver aquela tatuagem no braço de Louis, e por mais que algo na sua mente grite para ele fugir para bem longe daquele que o deixou, e outra que coloque Louis na parede e peça uma explicação decente e informações de onde ele andou por tanto tempo, os olhos de azuis tão cristalinos como o mar caribenho que está gritando tanta dor, como ele sabe que carrega em seu próprio olhar, ele fica, analisando rapidamente as mãos pequenas e delicadas do pequeno e não encontra nenhuma aliança de qualquer tipo ali, somente pequenos arranhões.

  O de cachos suspira em alívio, sente vontade de chorar mais ainda não faz, e sabe que isso vai acontecer em algum momento.

- Você está tão bonito Hazzy, sei que tenho muito o que te dizer, e vou dizer, e por favor me deixe falar, eu não esqueci, eu te disse que você sempre estaria no meu coração e isso não foi mentira.

 Aquela voz que só ouvia em gravações antigas cantando, tão melodiosa como sempre foi, tão próxima de si, quase o fez cair, sua voz favorita no mundo inteiro e só conseguiu dizer

- Louis

 A voz rouca e ainda assim aveludada e devagar chamando seu nome, causou um arrepio em todo seu corpo que não passou despercebido pelo outro.

- Não se desiste do amor Harry, aprendi isso tarde demais mas aprendi, e como eu disse em uma canção de anos atrás, você é o meu lar.

 Harry fechou os olhos com a fala do outro, uma luta travada em seu interior, Louis foi egoísta e impiedoso ao deixá-lo, se foi sem ao menos um adeus, um motivo, mas naqueles lindos olhos azuis não negava o que seu dono queria, pelo contrário brilhavam em sinceridade, o que ele faria agora? Não pensava que um dia Louis voltasse, ainda mais que o achasse logo ali.

 Sempre acreditou em destino, e mais, sempre acreditou no seu amor por Louis, já chegou a duvidar do amar do outro sim, e não foram poucas vezes, mas vê-lo tão vulnerável e sincero diante de si, com uma determinação que não estava ali a anos atrás vez Harry tomar uma decisão, ele arriscaria, afinal o que tinha a perder?

 Ele ouviria Louis, havia tantas perguntas que estão entaladas a tanto tempo na sua garganta, e ali está a chance de ter respostas para elas, e para muito mais, para tudo aquilo que deveria ter sido dito e não foi, quando o outro simplesmente foi embora pra fazer a vontade do pai.

 Assim que Harry abriu os olhos, Louis já sabia que Harry o ouviria, não sabia quanto ao resto, nem Harry sabia, mas o cacheado estava disposto a ouvir o que ele tinha a dizer.

- Quero te dizer o que me fez ir embora sem te dizer, a escolher agradar alguém que não se importava comigo invés de lutar por nos, não tem justificativa, mas você merece saber, eu te deixei no escuro e depois acabei engolido por uma escuridão maior ainda.

 Harry ficou surpreso com a determinação das palavras de Louis, ele sempre tinha sido muito passivo a todas as situações e todas pessoas, sua última frase no entanto fez algo dentro dele quebrar, algo em Louis esteve tão mal, quanto ele esteve durante esses 6 anos.

  Procurou pensar em algo que não o fizesse acreditar no que Louis falava, se amaldiçoou por não achar, conhecia Louis, mas este na sua frente tinha a sinceridade do antigo, com uma determinação ferrenha que antes não estava ali.

   Harry sabia que naquele momento Louis já o tinha ganhado de volta, se é que algum dia o tinha perdido, mas não deixaria que o outro soubesse tão cedo, ele o amava mais do que deveria ser imaginado  alguém amar outra pessoa, mas ele também se amava, e sofreu por ele 6 anos, nada mais justo que o outro comece consertando seus erros, contando que raio tinha passado na sua cabeça quando tomou aquela maldita decisão e o que se passou depois daquilo. Mas ele somente disse alto, porque sentia atenção de pessoas em cima dos dois.

- Liam por favor, uma dose de um bom e velho whisky para aquela mesa ali. - disse apontando a mesa em questão. - Pra uma conversa longa como essa, preciso estar acompanhado de um velho amigo.

 Fez um pedido silencioso a Louis, para segui-lo até a mesa, o mesmo foi, receoso do que aquela noite resultaria, mas não sairia daquele lugar, para ir a qualquer outro, nem se fosse ameaçado.

                                     ********

   Se passou um ano, da conversa mais difícil e sincera que ambos já tiveram em sua vida, Louis conseguiu contar tudo o que o levou a ir embora, o quanto ele se arrependeu em um segundo depois até aquele momento, contou o fiasco do seu casamento que não durou nem um dia, e Harry que ficou quieto, brincando com sua mão com o copo, com os olhos fixos sem expressão em Louis, desde o início, não aguentou e riu, não de Louis, mas da situação por um todo e teve que comentar

- Eu pensei que sempre teve certeza que era gay, como conseguiu se casar?

- Sim, eu sempre tive, mas você sabe como eu queria sempre agradar meu pai, pensei que conseguiria com o tempo, mas no altar não consegui nem beija-lá, ela usava um batom que parecia gosmento, apenas beijei sua testa na frente todos, mas na noite de núpcias eu perdi totalmente a cabeça

Harry ouviu atentamente todo o descontrole que ocorreu depois disso, se sentiu mal por ele, ninguém deveria passar por isso, não importa se a pessoa é boa ou não, ouviu como ele teve um tratamento intenso contra a depressão nos últimos 3 anos, os remédios, as sessões de terapia que pareciam eternas e finalmente o motivo de ele estar ali.

- Quando meu tratamento acabou, foi a chance de tentar pelo menos amenizar o estrago que eu fiz, foi uma escolha minha me guiar pelo outro, a procura de agradar e não pelo que eu realmente sentia e queria, eu sei que não mereço seu perdão, muito menos ter de volta o que tínhamos antes, mas eu quero que você saiba tudo isso, tudo que me aconteceu, e mais, que eu te amo mais do que eu amava a 6 anos atrás, que em nenhum minuto deixei de te amar, mesmo sendo tão estúpido e tendo quebrado seu coração, você é a melhor pessoa do mundo, Harry e mesmo você sendo como é, não pretendo ter seu perdão algum dia, eu fui contra aquilo que você mais acredita na vida, "não se desiste do verdadeiro amor", eu não posso te pedir nada, mas por favor não me tire da sua vida, eu não aguento mais viver assim, nem que me trate só como um conhecido, eu só preciso de você, não importa como.

  Aquilo tirou o ar de Harry, ele não sabia se o perdoaria algum dia, mas ele sabia que mesmo que quisesse, não conseguiria arrancar Louis fora de sua vida, não conseguiu passando 6 anos longe, imagina agora que o outro voltou, e que contou tudo aquilo.

  Louis o fez sofrer muito, mais do que é possível descrever, mas ao ouvir como foi sua vida, e ver como ele está agora, Harry sabe que ele não foi o único a sofrer. Louis sempre foi frágil, e por mais determinado e dono de si que esteja agora, está ainda mais vulnerável, por estar sendo sincero com ele mesmo e com o outro, está sem medo de se expor e do que o outro vai pensar dele, só quer que ele sabia o que ele sentiu e ainda sente.

  Louis estava esperando uma resposta de Harry, este nada disse, deu apenas um sorriso mínimo mais sincero, e os olhos verdes dele, diziam a Louis, que Harry não ia o afastar de sua vida, e somente isso.

                                         *******

  Durante um mês depois dessa conversa, eles não se viram, Harry por estar enfurnado em casa pensando no que queria da sua vida, e Louis agilizando sua mudança definitiva para aquela cidade, Harry não deu nenhuma abertura nem nada, mas nada o faria sair daquele lugar até pelo menos, eles conseguirem uma conversa agradável sem a sombra do passado sofrido deles.

   Assim que Louis se mudou para Holmes Chapel de forma definitiva, foi um reboliço na pequena cidade, as moças estavam extasiadas com o novo morador de olhos azuis cristalinos profundos, nariz de botão empinado e um corpo cheio de curvas insinuantes, e elas não eram nenhum pouco recatadas.

" Era um sábado bonito na cidade, e a igreja local fez uma grande festa, na praça principal da cidade, a uma santa padroeira, que Louis não fazia ideia de quem era e ele não se importa, era ateu, mas disso ninguém precisava saber, e ele adorava essas festas, principalmente as comidas que eram vendidas nela.

  Harry estava por ali também com a câmera profissional pendurada no pescoço, tirando fotos de todos habitantes, sempre teve paixão em tirar fotos, e como não tinha nenhum fotógrafo realmente bom ali, então não era só repórter do jornal local, como também fotógrafo dos grandes eventos ali.

  Louis estava bem ocupado com seu grande cachorro quente, pouco se importando com tudo a sua volta, tanto que não percebeu Harry bem perto dele, tirando foto das crianças e nem da moça com um sorriso provocante, se aproximando dele.

- Olá eu sou Danielle, vejo que é novo na cidade, e se quiser conhecer os atrativos de Holmes, eu estou a seu dispor. - a moça disse de supetão, do nada ao lado dele, e claramente se insinuando com suas roupas curtas.


 Era uma mulher bonita é verdade, mas Louis se segurou para não rir de toda a encenação da moça, atrativos da cidade seria ela né?, e ele tinha total certeza de sua sexualidade e mesmo senão tivesse, não gosta de vulgaridade.

- Oh obrigado, eu sou novo por aqui sim, mas vim de uma cidade com mais ou menos o mesmo tamanho daqui, e sei bem como as coisas são por aqui.


- Ah mas não seja por isso, podemos sei lá, sair qualquer dia desses nos conhecer, você é um homem bonito demais para ficar sozinho naquela casa grande sempre.

  Dessa vez Louis não conseguiu se segurar e riu, sério mesmo que ela ta querendo algo comigo? Ele pensou, sempre achou que transparecia demais ser gay, por ser delicado demais, mas pelo visto ele está engano, como esteve muitas vezes durante a vida.


- Olha, muito obrigado mesmo pela sugestão, mas estou bem como estou, acho que você quer algo de mim que é inviável, porque eu sou de fato gay

  A cara da moça foi impagável, ela não sabia onde enfiar a cara, e pra poupar ambos de mais constrangimentos, Louis voltou sua total atenção pro final de seu cachorro quente, enquanto a moça saia a francesa.

- Olha nunca imaginei você cortar uma pessoa dessa forma Louis, eu me segurei pra não rir alto


 Louis ouviu a voz rouca do seu lado esquerdo, sua voz favorita no mundo, que ele não ouvia a meses, já que quase não saia de sua nova casa.

- Não consigo mais guardar certas coisas pra mim Harry, tem coisas que não consigo aceitar, e essa foi uma delas.


 Harry sorriu orgulhoso do pequeno, sempre o pediu pra considerar ser assim, para sofrer menos e está feliz que o outro conseguiu.

- Esse novo Louis é mesmo surpreendente, até mais Loueeh

Dito isso, Harry saiu andando deixando um Louis sorrindo como besta para o nada, foi ótimo deixar o piano de calda hoje, pensou ele, seguindo depois para uma barraca de maçã do amor."


 Durante um ano de Louis em Holmes, ele passou boa parte deles sentado em seu piano compondo, não precisava se preocupar em trabalhar, sua família era uma das mais ricas de toda Europa, e como não conseguiu fazer uma faculdade devido seu grande desequilíbrio mental de uns anos atrás e também não se interessava em fazer no momento.

  Harry continuou com sua mesma rotina, que só teve um acréscimo, a necessidade de ver constantemente Louis, agora que estavam na mesma cidade, mesmo não se falando muito, muito menos se tocando o cacheado tinha uma grande necessidade de estar próximo do amado, mas não o procurava, por orgulho e pelo que se sabia na cidade, o de olhos azuis raramente saia de casa, quem fazia suas compras era a senhora Meg, que cuidava da casa grande demais pra só um morador.

   Harry se perguntava constantemente se Louis estava bem, devido ao seu histórico de depressão, e por ter ficado tempos usando remédios controlados, vá saber os efeitos de médio e longo prazo deles, ele não conseguia deixar de se preocupar, mas seu medo de se aproximar dele e ser machucado novamente por Louis, acreditava na mudança dele, mas mesmo assim não conseguia se arriscar.

   Desde a volta repentina de Louis na sua vida, Harry ouve constantemente as antigas gravações que o de olhos azuis lhe deu, agora ouvir aquela voz cantando aquelas músicas não machucava tanto, mais irradiava saudades.

  Depois de uma segunda-feira tediosa como todas as outras, Harry chega em sua casa entediado e sem vontade de sair do seu sofá tão cedo, pensado isso sua campainha toca e Harry vai atender grunhindo se perguntando quem seria a pessoa o perturbando uma hora daquela.

   Abrindo a porta, encontra uma Cara esbaforida e ofegante

- Louis está no hospital, não sabem ainda o que ele tem, mas o encontrando desacordado e ele não acorda de jeito nenhum.

 O mundo de Harry se torna muito rápido e muito denso ao ouvir aquilo, sem se preocupar com a televisão ligada ele corre até ao hospital local, e chegá-la em um tempo impressionante, se bem que Holmes era um ovo, mas ok.

Harry nunca vai se perdoar se ele perder Louis, antes de o ter perdoado e ficarem juntos como sempre quiseram, sem ninguém os atrapalhando.

 Choroso o cacheado conversa com o médico de Louis, acabaram de descobrir o que aconteceu, por meio dos exames feitos, e informações de dona Meg, de que Louis não se alimenta direito a dias e que só consegue dormir tomando remédios controlados. Bem, ele adquiriu anemia a um tempo e não sabia, e combinados com os remédios não foi uma boa ideia.

- Ele está bem, vai acordar a qualquer momento, foi um susto, mas quem sabe assim aquele mocinho passe a se alimentar melhor, aparentemente isso já aconteceu com ele antes, segundo Meg, quando ele ainda estava na França.

  Harry quase se mijou de alívio, mas ah aquele baixinho se veria com ele, Louis não tinha mais idade pra dar esse tipo de coisa, e porque aquele diabinho de olhos azuis não estava comendo? Louis que o aguarde quando acordar.

   Depois de 3 horas dormindo sentado em uma cadeira minúscula para o seu tamanho, e dormindo de boca aberta, ele tinha certeza, Harry foi acordado por uma enfermeira o informando que o mocinho Tomlinson já estava acordado, arrumando sua postura seguiu até a porta indicada pela enfermeira.

   Adentrou em um típico quarto de hospital, todo branco e com cheiro de produtos de limpeza, Louis parecia ainda menor naquela grande cama, e sem nenhum vestígio no rosto do seu tom bronzeado natural, o coração de Harry se apertou.


- Desculpe Hazzy, por terei te tirado de casa hoje, eu sou um maldito estúpido mesmo, sempre atrapalhando você, não precisa se preocupar estou bem, só preciso da minha cama.

- Você é mesmo um estúpido, vários dias mal comendo e tomando remédio pra dormir, sério isso Louis? E é mais estúpido ainda por achar que me atrapalha, porra eu pensei que nunca mais ia te ver de novo, seu idiota

Louis se encolheu e seus olhos azuis pareceram um vidro sendo quebrado em vários pedaços, com suas lágrimas não derramadas, Harry se calou e procurou se acalmar, já está na hora de se resolver com Louis, e de ele ouvir tudo o que o outro ainda não falou.

- Olha Louis, você tem que parar de se diminuir tanto e de não pensar mais em você, pelo amor de Deus você desistiu de tudo por causa dos outros, pra agradar, por pensar demais no que os outros pensam de você, eu só queria que você se amasse como eu te amo, que você se valorizasse como eu te valorizo, quando foi embora inconsolável não chega perto do que eu senti, por um longo tempo, o meu mundo parou e desmoronou ao meu redor, eu não entendia o que estava acontecendo, parecia que eu estava vivendo um pesadelo, e que por mais que eu queria acordar, eu não conseguia, foi assim por 6 anos, eu via as pessoas que eu conhecia construindo uma vida e felizes, e eu estava em uma eterna miséria sem você, comecei a escrever, porque eu não aguentava mais chorar por uma pessoa que eu não acreditava mais que veria uma dia.
E você voltou quando eu já tinha perdido todas as esperanças, quando estava conformado a viver sozinho pelo resto da minha vida, porque você foi e sempre será o único pra mim, por mais que eu tente me envolver com outra pessoa, ninguém nunca me fará sentir o que você me faz sentir, ninguém nunca me interessará como você me interessa, eu sou metade de um coração sem você, não existe um Harry, sem um Louis e agora pare de ser tão estúpido e me deixe te amar, como eu queria a anos trás e você me deixou, esse susto me fez ver que o passado não importa, quando eu tenho a chance e ter o futuro que sempre sonhei com você.


  Os dois já choravam no final do discurso do cacheado, a última barreira do muro que ele ergueu pra se proteger de Louis, ruiu no momento em que soube que o pequeno estava no hospital desacordado e sem ninguém saber o que ele tinha.

   O passado era doloroso, a dor do abandono não seria facilmente esquecida, mas era impossível ignorar todas as chances que o destino deu para finalmente serem felizes, que a vida é terrivelmente frágil para se prender a algo que já se passou e não tem como mudar, quando o amor deles é maior do que qualquer dessas coisas.

 Harry chorou como um bebê ao abraçar Louis depois de longos anos, e como ele sentiu falta daquele contato, daquele calor, daquela segurança e amor que só o contato com ele, transmitia, e pela primeira vez em muito tempo, não chorou de tristeza, raiva, ou saudade, mas de felicidade por estar de volta ao seu lar.

E no momento em que partiram o abraço, o verde e o azul se encontram, e juntos reacenderam o brilho deles, que estava a muito apagado.

                                         *******

 6 meses depois

  A luz de mais uma manhã, entrou intrometida no quarto amplo e de estilo vitoriano, através da fina cortina branca da janela do quarto.

Louis, esqueceu de novo de fechar a janela, foi a primeira coisa que Harry pensou ao acordar, e logo um largo sorriso se alastrou em seu rosto, mal podia acreditar que agora essa era sua realidade.

 Ao virar de lado na cama fofinha e espaçosa, encontrou seu planeta todo dormindo profundamente colado em um dos seus braços, como um anjo com sua expressão mais serena, depois de mais uma das suas noites apaixonadas com o amado.

Louis é o homem mais lindo do mundo, disso Harry tem cada vez mais certeza, a cada dia que passa ao lado dele.

 Se levantou meio dolorido, e sentindo uma ardência em suas costas, agraciadas pelas pequenas unhas de Louis, corou e sorriu mais ainda, e foi silenciosamente até a cozinha, somente com sua cueca boxer.

  Ainda não estava acostumado com toda a grandiosidade daquela casa, mas fazer o que, aquela casa era ainda mais bonita do que qualquer uma que ele já imaginou vivendo com Louis.

   E enquanto preparava o café da manhã, naquele domingo bonito de manhã, pensava que a vida não era bonita o tempo todo, e que nem tudo era sempre colorido, mas ás vezes para merecer e viver verdadeiramente, era preciso viver um tempo em preto e branco, para que quando as cores viessem fossem ainda mais intensas e vivas.

  Com o bule com a água do chá já fervida, Harry olha para o belo jardim  a sua frente, pela grande janela da cozinha, atrás do fogão e perde o fôlego,

 Cada vez que o olhava, ele parecia cada vez mais colorido com a mais diversa cores e tipos diferentes de flores, mas não é de se estranhar afinal, Louis faz questão de trazer para casa toda semana um tipo diferente de flor, apenas para ver o sorriso de covinhas de Harry.

  Pequenas mãozinhas em seu abdômen o despertam, antes de queimar as panquecas que estava fazendo.

- Pensando em quem, para estar assim tão distraído e rindo a toa, olhando pro nada, baby boy. - diz um Louis com a voz manhosa ainda sonolento.

- Estou vendo e sorrindo boo bear, por todas as cores em nossa vida, já parou pra pensar nisso?

- Todos os dias, não tem um dia em que eu não agradeça por ter você, te ter mais do que já tive um dia.

 Virando de frente para seu garoto, Harry o tomou firme pela cintura e o beijou, sentindo o gosto da pasta de menta do outro, misturada com o gosto de hortelã da sua pasta de dente, da qual era viciado, e sentindo a língua macia do outro enrolada a sua um pouco mais áspera, e fazendo uma dança apaixonada e erótica, que só elas conseguiam fazer, e ao pensar nisso,  o cacheado gemeu, porque anos podem se passar, mas a sensação de beijar Louis sempre será única e especial, lhe arrancando suspiros como se ainda fosse um adolescente dando seu primeiro beijo, com o garoto bonitão e popular da escola.

  E eles ficaram ali se beijando, suspirando nos braço um do outro, até que o cheio forte da panqueca queimada começou a exalar pela cozinha, e eles se separaram as gargalhadas e Harry correndo pra desligar o fogo e jogar na pia, Louis chorava de rir, mas não era só sobre aquilo, mas sim por causa de como as coisas estavam sendo para os dois, cada vez mais juntos, não perfeitos, mas juntos.

  O amor que os unia sempre os tornaria homens, confiantes e determinados mas com a alma de meninos, a mesma que tiveram desde que seus caminhos se cruzaram e nunca mais se separaram.

   O passado é imutável, o presente eles que o faziam todos os dias, com dias bons e ruins, e o futuro era desconhecido e a cada dia que passava, se parecia mais promissor.

   Porque aquelas canções eram sinceras, um faz o outro feliz e forte, que eles são perfeitos um para o outro, que a verdadeira casa é quando estão juntos, e por mais quer vida tenha voltas que podem ser violentas e os machucarem, a mesma vida sempre irá os levar para o braço um do outro, porque é assim que as forças superiores do universo determinaram.

             
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Notas Finais


N.A./ hey, tinha esse projeto de usar músicas dos mais diversos estilos, para contar one-shots Larry mais pra frente, mas ouvi essa música e a história toda se montou na minha cabeça, espero que gostem, cada capítulo vai ser uma música diferente, desculpe possíveis erros

All the love


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