História Secreto (II Temporada) - Elcastian - Parte três - O passado dos reinos de Wonderland.

27 de fevereiro de 1885 – 01h33min 

— Tem algo errado — Kagome andava de um lado para outro — Algo muito errado, e não é de hoje... acha que meus pais me escondem mais alguma coisa? Por mínima que ela seja? 

— Acredito que não — Sango estava sentada na cama, ela observava a amiga andando de um lado a outro, quase abrindo o chão com seus pés descalços — A essa altura, esconder algo seria idiotice. 

— Penso o mesmo — Sentou-se ao chão e mordeu os lábios — Ikuto dormiu mas estava em choque, eu me sinto culpada pelo que acontece a ele — Os olhos marejaram, ela não conseguia controlar — Talvez eu devesse o manter nos sonhos, enquanto ele não consegue desenvolver os poderes e... 

— Nem pensar — Sango se levantou e sentou-se em frente a ela. Ambas com suas roupas de dormir, Kagome passava a mão sobre a barriga, sentindo em seguida a mão quente de Sango sobre o seu ombro — Tente se acalmar... Como estão as coisas com você? Os poderes? 

— Aparentemente... Eu não sei dizer quando eles somem, nem quando voltam... mas ainda acho que meus pais escondem uma peça muito importante, tentei falar com mamãe depois da visão de Ikuto mas, ela simplesmente "sumiu", era como se estivesse ausente. 

Inuyasha não passaria esta noite com ela, já que teria que resolver coisas da guarda e ajudar na segurança dos arredores do castelo.  Sempre que algo assim acontecia, era solicitada a presença de Sango para que Kagome conseguisse dormir. 

Kagome mordeu os lábios e sentiu o gosto do sangue invadir sua boca, estava preocupada com coisas demais, Sango a abraçou, mostrando afeto e compreensão, ela retribuiu o abraço e fechou os olhos, queria descansar mas não iria conseguir. 

Soltou-se do abraço e levantou-se, foi em direção ao guarda-roupas e pegou um vestido qualquer, o colocou e caminhou em direção a porta, deixando Sango sem entender o que se passava. 

— Onde vai? — Começou a caminhar e ir atrás da mulher que andava rápido pelos corredores, ela precisava tirar coisas a limpo e teria de ser no momento. 

Nada ela respondeu, só continuou caminhando, ela sabia que uma hora iria chegar ao seu destino e uma grande porta a barraria, porém, ela a abriria e encararia o que quer que fosse. 

Bateu uma, duas, três vezes, até ver sua progenitora abrir a porta e lhe olhar com ternura, pedindo que ela adentrasse seu quarto. Kagome entrou e observou que seu pai não se encontrava no local, suspirou aliviada, olhou para a mais velha e então começou. 

— Mãe... tem algo para me contar? 

— Como assim, Kagome? — Sentou-se na cama e observou a filha.  

— Desculpe — Mordeu os lábios nervosamente — Eu estou confusa, com medo... Não sei explicar, eu temo pelos meus filhos. 

— Você passa exatamente o que eu passo com você, todos os dias — Levantou-se e apertou as mãos da filha — Kagome, existe algo que você não sabe, até achei que seria isso que me perguntaria... mas não foi. 

— O que? 

ANOS ANTES 

Caminhava por entre as barracas do festival, o sorriso da princesa do Reino Branco era o mais bonito de Wonderland. Todos matariam para te-la como esposa. Era linda. Seus cabelos longos e negros caiam por suas costas, sua pele era branca e seus olhos escuros como a noite. 

Sentiu a brisa e ouvia as crianças correndo aos seus arredores. Rin se divertia com tudo. A garota possuía dezoito anos na época e mesmo tão jovem, era a mais bela das moças de Wonderland.  

— Princesa — Chamou uma de suas damas de companhia, Ayame — Por favor, não saia sozinha, se o rei descobrir vai me degolar e... 

— Fique calma — Rin sorriu, ao ver os olhos verdes da amiga ardendo em preocupação — Não sumirei... Venha, vamos ver o que tem de interessante em Elcastian — De maneira rápida, a dama e a princesa estavam entretidas com brincadeiras e com as roupas e comidas da região. 

Devido a o mal que rondava a floresta e atingia os reinos de Wonderland, todos, decidiram unir forças e alianças para evitar a queda dos reinos. O rei do reino branco, pai de Rin, encontrava-se fazendo alianças com o rei de Elcastian e com o Rei do reino dos corações — também conhecido como reino de copas — Aparentemente, as alianças corriam de maneira tranquila. 

Rumores corriam dentre todos os reinos que o mal, que estava aos arredores, é que havia tirado a vida do antigo rei de copas e assim, como as tradições mais antigas, seu filho mais velho acabou por assumir seu lugar, outros no entanto, dizem que quem acabará com a vida do rei de copas foi seu próprio filho. 

Porém, no momento, quem queria alianças contra o mal que poderia acabar com todos, era o filho do rei morto, de maneira misteriosa. 

Rin não queria se envolver nas politicas de seu pai, sabia que um dia seria rainha, mas, não queria antecipar o inevitável, preferia curtir e esquecer que era princesa, ao menos um dia. E de maneira despreocupada, as garotas continuavam a caminhar por entre o festival, até que, de maneira descuidada, a princesa — Que até então, não havia sido reconhecida — esbarrou em alguém. 

— S-sinto muito — Abaixou-se para pegar o que tivesse derrubado mas, ao ver que era uma grande espada arregalou os olhos, poderia ser qualquer um, menos ele.  

— Deveriam estar no castelo — Os orbes dourados, a voz fria. Ergueu os olhos escuros e se deparou com o rosto frio. 

— Precisava arejar a cabeça — Rebateu, levantando-se sem pegar a espada — Mas vejo que não foi uma boa ideia, já que encontrei-o aqui. 

— Princesa — Ayame arregalou os olhos ao ver o jeito que ela se referia a Sesshoumaru, principe de Elcastian. A dama de companhia segurou o braço de sua senhora e então tentou apaziguar a situação — Sinto muito, estamos voltando... 

— Não estamos, não — Rin puxou o braço e se soltou — Eu não vim para o festival de Elcastian para ficar no meu quarto, observando o teto. 

— E nem deveria — Quem se pronunciava era o irmão mais novo de Sesshoumaru, um sorriso travesso era bordado em seus lábios — Quer conhecer o reino? 

— Não — Sesshoumaru e Ayame responderam por Rin ao mesmo tempo, o que fez a garota sorrir e caminhar até Inuyasha e segurar seu braço. 

— Adoraria — Sorriu, vendo o sorriso de aprovação de Inuyasha 

Sesshoumaru trincou os dentes e os seguiu, sendo acompanhado por Ayame em seu encalço. 

A tarde passará tão rápido que a princesa e os príncipes nem se deram conta. O fim do dia estava próximo, Rin e os outros encontrava-se admirando o grande rio que ficava próximo a entrada da cidade, os brilhos no céu e o som da música ainda eram altos e poderiam ser ouvidos a quilômetros de distancia. 

Inuyasha estava entretendo Ayame com uma de suas piadas, o que fazia a moça sorrir feito uma tonta e Rin a revirar seus olhos pelo tom da gargalhada de sua dama de companhia. 

— Vocês deveriam está no castelo — Sesshoumaru estava parado ao lado da garota, ainda sem mudar seu tom frio. 

— E você deveria estar em um museu — Sesshoumaru a olhou arqueando a sobrancelha — Se comporta feito um velho — Foi mais especifica. O youkai revirou os olhos e continuou a observar a paisagem, se fosse outro humano ou servo ele já teria arrancado a lingua, mas essa garota, ela era diferente. 

O silencio constrangedor entre ela e o youkai começou a lhe incomodar, então, decidiu puxar assunto. 

— Então — Começou ela — Um dia, você será rei? — Olhou-a pelo canto dos olhos e ainda de braços cruzados não respondeu — Vou entender isso como um sim, e que minha pergunta foi idiota. 

— Exato — Concordou, ainda analisando a paisagem — Vamos — Começou a caminhar, Rin estranhou, vendo que Inuyasha e Ayame continuavam a conversar e não os seguiram. 

— Onde vai? 

— Não pode se calar e me seguir? — Foi a unica pergunta que ele fez, e ela achou melhor não retrucar. 

Próximo ao rio, um pequeno bosque era encontrado, a qual, Sesshoumaru levou Rin. Deixando a garota maravilhada com todas a folhagem e ver que a luz da lua ficavam mais bonitas e graciosas. Sorriu, vendo alguns animais. 

— Que maravilhoso lugar — Sussurrou. 

— Se contar que lhe trouxe aqui — O youkai caminhava devagar — Corto sua língua — Sussurrou próximo ao ouvido da garota, a fazendo pular. 

— Hei! — Empurrou o youkai e caminhou para trás alguns passos — Se não queria dividir coisas legais, não deveria ter me trazido aqui, já que sabe que eu sou taga... 

Sentiu os lábios do grande youkai a calarem. Desde que havia chegado ao reino, os três últimos dias haviam se tornado um inferno, o grande e majestoso youkai havia a perturbado de diversas maneiras. Chegou até a achar que ele a odiava, mas, sentindo os lábios dele sobre os seus, pode sentir que era o contrário. 

Não o empurrou, não tentou impedir, levantou sua mão direita e a deixou pousar na nuca do rapaz, enquanto acariciava a mesma devagar e de maneira calma e serena o beijo continuou. Sentiu a mão do youkai pousar em sua cintura e a acariciar. Soltaram-se após um tempo e se encararam. 

— Eu... 

— Quieta — Pediu ele — Você fala demais — Fechou os olhos e selou os lábios aos dela novamente. 

O vento frio e a neve, faziam com que Rin tremesse, separam-se novamente e então, um som alto como um urro de animal foi ouvido. 

— Escutou? — Perguntou Sesshoumaru, segurando os ombros da garota. 

— Sim — Respondeu ela com medo — Acha que pode ser o mal que todos temem? 

— Não sei, mas você tem que voltar ao castelo — Pegou a garota no colo e correu com ela de volta ao castelo, para que ficasse protegida. 

ALGUNS DIAS DEPOIS

A viagem a Elcastian havia terminado, o misterioso mal havia acabado com o reino. Como ato de compaixão, o Rei Bastian — Pai de Rin — Decidiu trazer os príncipes para seu reino, serviriam de guardas para sua filha, já que o reino deles havia sido totalmente destruído após a aceitação do Rei Destian — Pai de Sesshoumaru e Inuyasha — da formação de aliança com o Rei de copas. Estava de volta a seu reino e aparentemente, seu pai havia feito alianças com certas exigencias que precisariam ser cumpridas o mais rápido possível. 

Estava a frente dos pais, não acreditava no que falavam, ou aceitava se casar com o Rei de copas, ou seria deserdada — Não se intimidaria — Decidiu retrucar. 

— Na minha vida, as escolhas são feitas por mim. — Péssima escolha, sentiu o rosto arder e sabia que a mão pesada era de seu pai. 

— Você é minha filha, nossos reinos precisam ser unidos e você fará o que for preciso... 

— Eu não sou uma peça de um jogo de xadrez, pai — Olhou para o mais velho que mantinha o cenho franzido — Também não sou um de seus soldados que você manda e eles obedecem. 

Sentiu o rosto queimar novamente, indo direto ao chão, dessa vez decidiu não retrucar, somente observou o homem e então levantou-se  e correu em direção a seus aposentos. Trancou-se lá, ficou por horas olhando o teto e chorando por não ser compreendida pelos pais, não poderia casar-se sem amor. 

A janela de seu quarto foi aberta, o grande youkai entrou por ela e observou a humana sobre a cama a chorar. Aproximou-se, acariciou seus cabelos e a viu assustar-se, ela então jogou-se nos braços do youkai, a qual, ela havia consolado quando perdeu os pais. 

— Não é justo... 

— Vamos dar um jeito — Acariciou os cabelos longos da garota — Você vai ver. 

O mesmo monstro que havia acabado com o reino do pai de seu amado agora, queria acabar com o reino de seus pais, ela não iria deixar, nem que isso custasse o futuro daquele lugar, ela iria dar um jeito. Deixou se levar pelos sentimentos e a noite de amor entre os dois aconteceu. Ela sentia-se realizada, nada poderia estragar o que sentia por aquele grande youkai. 

UM MÊS DEPOIS

Novamente as marcas em negar o futuro que havia sido traçado para ela se abriam, viu seu pai caído sobre a grama e sua mãe morta em seus aposentos. O castelo estava vazio, ela não conseguia respirar corretamente, sentiu o frio tomar conta daquele lugar, ao olhar para trás, pode ter a certeza que o maldito estava no local. 

— Porque? — Perguntou entre as lágrimas. Ele riu, andando em direção a garota. Tocou em seu rosto, mas ela tirou a mão dele da sua face. 

— Veja só, a senhorita sabe ter atitude... 

— Você é um maldito, sabia? 

— Querida Rin, você não tem escapatória, eu estou com seus leais soldados presos no meu porão, seu querido amante está pendurado no quintal, estou prestes a enforca-lo e seus pais estão mortos, assim como os de seu amante... Creio que fazer isso aos reinos tem se tornado meu passatempo favorito, eu acredito que farei com os reinos vizinhos também... 

Viu a espada atravessar o coração do homem a sua frente, arregalou os olhos e colocou a mão sobre os lábios, Sesshoumaru havia se soltado e matado os capangas de Naraku, agora, acabava com ele. 

— Maldita — Naraku ergueu a mão esquerda, olhou no intimo da mente de Rin e sorriu, sussurrou algumas palavras antes de cair e então, a garota viu algo voar em sua direção, brilhando como fogo, o que entrou em seu ventre e desapareceu. 

— RIN! — Gritou Sesshoumaru, pouco depois ela também desmaiou. 

TEMPO DEPOIS

Os meses passaram, a garota havia dado a luz, Alice era o nome da garotinha de cabelos negros e pele clara. Era a joia mais preciosa da atual rainha de Wonderland. Mais anos se passaram e tudo parecia bem, até que Nightmare consegui-se descobrir o que havia dado de errado naquela noite, onde Rin havia desmaiado. 

Naraku rogou um encanto, onde, guardava dentro de Alice algo poderoso. O coração da irmã Kikyou. Mas não somente isso, também colocou algo que não estaria propriamente nela mas, em seu primogênito.  

Ele voltaria a vida e viria buscar seu novo "corpo". A única coisa que eles não esperavam era que antes, teriam de enfrentar Kikyou. 

A rainha de copas estava atrás de Rin, desde que a garota destruiu o seu irmão os poderes dela ficaram com Rin, já que Naraku usaria a joia de quatro almas para  destruir Wonderland e havia prometido devolver a sua irmã quando acabasse, o que logicamente não aconteceu. 

Por fim, a rainha branca decidiu mandar Alice  para fora de Wonderland, com intuito de protege-la e sua linhagem. Infelizmente, as coisas fugiram do controle e Alice teve que voltar antes do previsto. 

DIAS ATUAIS. 

— É isso — Rin suspirou pesadamente — Infelizmente, não consegui te proteger naquela época e muito menos agora. 

— Porque me escondeu isso? É do meu filho que falamos... 

— Eu se.. 

— MÃE! ELE QUER O MEU FILHO PARA VIVER MAIS TEMPO! EU NÃO POSSO DEIXAR ISSO ACONTECER. 

— Sim — Respondeu, sentindo as lágrimas rolarem por seu rosto — Desculpe filha... 

Kagome negou com a cabeça e por fim, falou. 

— Vou leva-lo de Wonderland, preciso que ele fique a salvo enquanto não o faço progredir com seus poderes... 

— Não podem sair — Rin levantava-se e ia em direção a filha, segurando seu braço — Não podem sair daqui dessa maneia, ainda mais com Nara... 

— EXATAMENTE POR ISSO QUE SAIREI DAQUI — Kagome soltou-se indo em direção a porta e saindo por ela. Rin correu até a porta e gritou. 

— E ONDE VOCÊ VAI? 

— Mundo exterior — Sussurrou, já que as paredes tinham ouvidos naquele e em qualquer parte de Wonderland. 

— Não vai — Ikuto apareceu por trás de sua mãe, aparentemente, estava atrás da porta ouvindo tudo — Eu não vou deixar o reino que meus avôs protegeram morrer, eu vou lutar mãe. 

Kagome sentiu tudo rodar, seu filho iria contra ela, iria lutar, ela poderia perde-lo. Primeiro veio a tontura e depois o escuro e ao longe ela conseguia ouvir a voz do filho a chamar. 

And that's all...?

(E isso é tudo...?)