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História SECRETS - A Newtmas Fanfic - Go To Hell


Escrita por: fulgordonewt

Notas do Autor


Olá, sobreviventes!
Bom, antes de qualquer coisa eu acho que devo algumas explicações, certo? Eu sei que vocês devem estar se perguntado por que eu demorei tanto para postar um capítulo novo, e a resposta envolve coisas como provas finais, trabalhos brotando do chão, problemas pessoais, etc. Mesmo assim, eu acredito que devo um pedido de desculpas para vocês, né? Então gente, me desculpem e apreciem esse capítulo um pouco grandinho e com momentos bem tensos. Espero que ele recompense a minha ausência ❤
Me desculpem por qualquer erro...
Obs. 1: Eu não vou ter tempo para responder os comentários de vocês do capítulo passado hoje, mas prometo que amanhã eu os respondo e tento colocar a leitura das minhas fics favs em dia :)
Obs. 2: Esse capítulo está recheado de tantas referências variadas que eu teria que fazer uma listinha para me lembrar de todas elas ahsuashua
Obs. 3: Tava fuçando na internet em busca de imagens de médicos da peste negra e descobri que a série The Flash fez a fantasia do killer pra mim aghjkasja
Obs. 4: Muito obrigado por todos os favoritos que a fic ganhou na minha ausência, e também meu muito obrigado à você que aguardou pacientemente (ou não) o meu retorno :3

Capítulo 8 - Go To Hell


Fanfic / Fanfiction SECRETS - A Newtmas Fanfic - Go To Hell

Suspirando fundo, Newt fechou a sua mochila e a pôs em seus ombros sem muita disposição, abrindo a porta de seu quarto logo em seguida e adentrando no corredor. Enquanto descia os degraus da escada que o levaria para o andar inferior, o loiro percebeu o quanto estava cansado. Havia enfrentado um sábado particularmente trágico e cansativo onde Lydia fora brutalmente assassinada e o corpo de um dos seus amigos havia sido propositalmente largado na estrada para que ele o encontrasse. Mas não era apenas isso que pesava em sua consciência. Não conseguia se esquecer de seu beijo com Thomas, que inclusive havia lhe passado o seu número e vice-versa. Apesar de não terem trocado uma mensagem sequer, toda essa situação embaraçosa havia impossibilitado qualquer segundo de descanso no domingo entediante que Newt fora obrigado a enfrentar horas atrás.

Após sair de casa, Newt trancou a porta e guardou as chaves no bolso de sua jaqueta, entrando em seu carro rapidamente. Assim que se livrou de sua mochila, lançando-a de qualquer maneira sobre o banco do carona, o garoto deu partida em seu carro e concluiu que toda aquela confusão pelo menos o havia livrado “daquela conversa” que o seu pai insistira para que tivessem. Com dois corpos sendo encontrados no mesmo dia, Janson teve todo o seu final de semana descartado como lixo e passou todo o seu tempo livre trancado na delegacia ao lado de médicos legistas e policiais.

Quando chegou à John Adams High School, Newt percebeu que havia saído de casa cedo demais. O seu relógio de pulso dizia que ainda faltava um pouco mais de meia hora para as aulas começarem, e o único movimento que permeava pelo local era o de alguns poucos alunos e professores. Após sair de seu carro e trancá-lo, o garoto guardou a chave no bolso de sua jeans e percorreu o seu olhar por toda a entrada da escola e pela rua em busca de algum dos seus amigos, mas não reconheceu o rosto de nenhum deles em seu campo de visão. Certo de que teria que esperar por eles dentro do prédio, Newt se pôs a caminhar em direção às escadas vagarosamente, porém, antes que chegasse, o loiro sentiu o seu braço ser puxado com certa força por alguém.

— Olha só, o filhinho do xerife — Gally, um dos jogadores do time de basquete e amigo de Ben, disse com desdém enquanto segurava firmemente o braço de Newt. — Ou prefere que eu te chame de assassino?

— Do que diabos você está falando? — Newt perguntou confuso, puxando o seu braço com a maior força que conseguiu reunir e se livrando das garras do loiro, que fedia à bebida, cigarro e, obviamente, sexo. — O que quer de mim?

— Qual é, Newt? Não sabe de nada sobre o que todos estão dizendo de você? — indagou após revirar os olhos. — Não assistiu o Jornal sábado? Ah é, como eu sou burro! Você tinha acabado de encontrar o corpo do Zart quando a notícia se espalhou.

— Eu... Eu não estou entendendo — gaguejou Newt.

— Deixa eu explicar para você, otário — Gally disse com o dedo em riste, apontando diretamente para a face do loiro. — Teresa Howard disse que você é o assassino. Ou seja, foi você quem matou todo mundo, inclusive a gostosinha da Trina. Eu sei que isso não te interessa, mas eu estava quase conseguindo uma transa com ela.

— O quê?! — Newt perguntou enquanto um novo nó se formava em sua garganta, algo que estava se tornando frequente nos últimos dias. — Olha, eu sei que pode parecer que foi eu, mas não foi... Eu... Eu... Meu Deus, eu não sei o que dizer...

— Quer saber de uma coisa, bichinha? — Gally disse sem nem ao menos tentar esconder o nojo que parecia sentir. — Você sempre se achou melhor que todo mundo, não é? E quando digo sempre, estou me referindo desde quando você era um nerd esquisitão. Mas o que não sabe é que você não passa de um monte de lixo ainda mais imundo do que todos nós! Como você teve coragem de matar a sua própria mãe?

Newt queria dizer algo a seu favor, mas simplesmente não conseguia. Estava confuso demais para pensar em qualquer coisa ou até mesmo para reagir e sair de perto do troglodita parado à sua frente. Porém, o loiro só percebeu que devia ter feito algo no exato instante em que sentiu uma onda de dor percorrer pelo seu rosto após o punho fechado de Gally o atingir com uma força descomunal, fazendo-o cambalear para trás.

***

Enquanto caminhava ao lado de Brenda em direção à escola, Thomas se sentiu um pouco aliviado pelo silêncio que pairava entre os dois. Não conseguia pensar em nada de útil para dizer, por isso preferia mil vezes permanecer naquela situação, onde Brenda não desgrudava os olhos de seu celular, do que falar sobre algo nem um pouco agradável. Ele já a havia dito tudo o que precisava ouvir em relação à perda de Lydia, mas Thomas sabia que a garota ainda precisaria de um bom tempo para preencher o vazio que a assombrava de alguma forma e, infelizmente, as palavras de um adolescente de dezessete anos não poderiam ajudar muito nisso.

À medida que continuavam a sua caminhada silenciosa, Thomas percebeu algo que realmente o deixou intrigado. Brenda não estava apenas entretida em seu celular, a garota estava escrevendo diversas mensagens de texto e tentava a todo instante ligar para alguém.

— Bren, aconteceu alguma coisa? — Thomas indagou sem esconder a sua preocupação da garota, que logo percebeu sobre o que ele havia perguntado.

— Não, é só que... Eu estou um pouco preocupada com o Mark — respondeu com certo receio. — A última vez que eu o vi foi sábado de manhã quando ele foi até a minha casa por causa do... do que aconteceu com Lydia — disse de maneira triste, como se falar sobre aquilo ainda a machucasse. — Eu estou tentando entrar em contato com ele, mas não estou tendo muito sucesso.

— Acha que pode ter acontecido alguma com ele?

— Sinceramente, eu não sei — confessou enquanto suspirava. — O Mark está muito estranho nas últimas semanas. Acho que isso tem haver com o fato de que ele e o pai brigam muito desde que a mãe dele morreu de câncer alguns anos atrás. Enfim, talvez eu esteja enganada, mas tenho a leve impressão de que a relação dos dois piorou muito nos últimos dias. Pra falar a verdade, eu pensei que o Mark já tivesse se acostumado com isso. Só para você ter uma ideia, o pai dele o obriga a trabalhar no cemitério durante todas as férias.

— No cemitério? — Thomas indagou confuso.

— É. O Sr. Lahey é o dono do Cemitério de Riverwood — esclareceu Brenda.

— Bom, se você quiser eu posso tentar conversar com o Mark hoje depois da escola — o moreno sugeriu enquanto se aproximavam da escola. — Talvez eu consiga descobrir...

— Tom, olha! — Brenda o interrompeu, agarrando o seu braço e apontando para um pequeno amontoado de estudantes aglomerados em frente à entrada da escola . — O que diabos está acontecendo ali?!

Sem pensar duas vezes, Thomas correu até o grupo de pessoas ao lado de Brenda, empurrando a todos que bloqueavam sua visão. Após se livrar da última garota que impedia a sua passagem com um “leve” puxão, o moreno se surpreendeu com a cena que encontrou diante de seus olhos. Um garoto robusto que Thomas se lembrou pertencer ao time de basquete estava inclinado sobre Newt, tentando a todo instante presentear o corpo esguio do garoto com socos e mais socos. O loiro tentava se defender e até mesmo revidar, mas não estava conseguindo muito sucesso na difícil tarefa.

Antes mesmo que pensasse nas probabilidades de erro e nas consequências do que estava prestes a fazer, Thomas retirou a sua mochila e saltou sobre o garoto que se lembrou chamar Gally, acertando-o com uma bela cotovelada nas costas e o derrubando no chão ao lado de Newt, que logo foi tirado de perto dos dois por Brenda. Aquela pareceu ser a melhor parte da confusão para a plateia que os cercava, já que todos que ainda não estavam filmando sacaram os seus celulares de onde quer que estivessem e garantiram que tudo aquilo ficasse registrado por um bom tempo.  

Gally não demorou muito para se recuperar da pancada, já que em questão de segundos estava tentando se levantar novamente. Porém, antes que pudesse, Thomas se jogou sobre o corpo do garoto e prendeu os braços do mesmo com suas pernas.

— Sai de cima de mim, novato! — Gally sibilou irritado enquanto esperneava e tentava se livrar do moreno.

Mas Thomas não era assim tão fraco. Sentindo uma onda de raiva percorrer pelo seu corpo ao ver Newt se afastando da confusão com a ajuda de Brenda, o moreno ergueu o seu punho e desferiu não um, mas três socos no rosto de Gally, que logo sentiu os efeitos de umas boas pancadas e parou de espernear. Assim que interrompeu o movimento de seu braço, Thomas agarrou os cabelos curtos do garoto preso abaixo de si e se inclinou até a orelha do mesmo.

— Se tocar nele mais uma vez, você morre — sussurrou com a respiração ofegante.

Após se levantar e deixar um Gally machucado e irritado largado ao chão, Thomas pegou a sua mochila e correu até Brenda e Newt enquanto o amontoado de pessoas se dissipava. Assim que os alcançou, o moreno apoiou o braço livre de Newt em seu ombro, fazendo com que o loiro soltasse um gemido de dor com o movimento repentino. O garoto não parecia estar muito machucado, mas o olho roxo de Newt fez com que Thomas se perguntasse se aquilo era realmente verdade.

— Brenda, procure a chave do carro dele em algum lugar — o moreno disse enquanto ajudava Newt a se manter em pé após a garota o soltar.

— Está em um algum bolso da jeans dele! — a morena disse enquanto se ajoelhava e procurava por todos os bolsos da calça suja e amarrotada de Newt. — Eu seu disso porque... Porque ele sempre guarda a chave do carro no bolso da calça.

E ela estava certa. Não demorou muito para que encontrasse o que procurava. Assim que pegou a chave, Brenda se levantou e apoiou o braço livre de Newt em seus ombros novamente. Juntos, ela e Thomas o levaram até o seu carro e o colocaram sentado no banco do carona, fazendo com que ele murmurasse um "obrigado".

— Brenda, você fica — Thomas disse enquanto fechava porta e se punha caminhar apressado em direção ao lado do motorista após roubar a chave da mão da amiga.

— O quê? — a garota perguntou confusa, correndo atrás de Thomas. — Por quê?

— Vai ser melhor assim, Bren — o moreno disse enquanto entrava no carro. — Eu vou levar o Newt para casa e vou tentar chamar o pai dele. E você deve ir até a sala do diretor agora mesmo e tentar fazer com que ele dê uma suspensão para aquele idiota.

— Mas você também estava envolvido na briga! — Brenda exclamou indignada. — E isso sem contar que ainda não estamos no horário de aula e nem estávamos completamente dentro da escola.

— Só faz o que eu te pedi, okay? — Thomas disse assim que fechou a porta do carro. — Talvez ele dê suspensão para o Gally e para mim também ou até mesmo não faça nada com nenhum de nós dois, mas isso não importa. Tente encontrar alguma forma de mostrar a gravação que algum aluno fez para o diretor.

— Certo, eu vou fazer isso. Mas quero que você me ligue para dar informações sobre o Newt o mais rápido possível, okay?

Ansioso para partir, Thomas apenas concordou e saiu em disparada. Enquanto dirigia apressado, o moreno olhou para o lado e percebeu que Newt estava chorando. Ver aquilo partia o seu coração, mas como sempre não sabia o que dizer, então disse a única coisa que veio à sua cabeça naquele momento:

— Você quer que eu te leve para um hospital?

— Não. Não precisa — o loiro respondeu enquanto enxugava as suas lágrimas com as costas da mão. — Só me leve para casa.

Thomas não queria fazer algo que Newt não queria, por isso o levou para casa rapidamente. Assim que chegaram, o moreno estacionou o carro na entrada do local e se surpreendeu ao ver que Newt conseguiu sair do veículo sozinho e estava caminhando razoavelmente bem, apesar de estar mancando um pouco. Quando chegaram à varanda da entrada da frente, o loiro enfiou a sua mão no bolso da jaqueta e sacou de lá uma chave, abrindo a porta e entrando na casa logo em seguida, sendo seguido por Thomas.

— Bom, eu acho que devo ligar para o seu pai — o moreno disse ao fechar a porta.

— Não, por favor, não — Newt murmurou enquanto formava uma careta de dor ao lançar a sua mochila no chão e se deitar no sofá da sala. — Meu pai já tem problemas demais. Nem sei nem se ele vai conseguir chegar em casa para o jantar essa noite.

— Tudo bem — Thomas disse após alguns instantes, tentando esconder a preocupação em sua voz. — Mas eu preciso te ajudar de alguma forma, Newt. Você pode me dizer que exatamente está doendo?

— No meu corpo? Se for, o que eu posso te dizer é que o meu olho direito está doendo um pouco, o que não é nada de mais na verdade — o loiro disse calmamente. — Isso sem contar que eu vou ficar com alguns hematomas por uns dias, mas não é isso o que mais dói. O que mais dói em mim é estarem me acusando de matar a minha própria mãe.

— Foi por isso que te bateram? Estão te acusando de ser o assassino?

— Foi exatamente por isso — Newt afirmou com os olhos marejados. — Estão dizendo que eu sou um psicopata, Thomas. Mas isso é impossível... Não faz sentido algum. Como eu vou ser o assassino se ele próprio está me perseguindo?

— O que foi que você disse? — Thomas perguntou confuso enquanto observava a expressão incerta de Newt, que tentava ao máximo lutar contra as suas lágrimas, e retirava a sua mochila, colocando-a em cima da pequena mesa de centro do cômodo espaçoso.

— Eu não aguento mais. Preciso desabafar com alguém — o garoto disse com a respiração falha, mas sem derramar uma lágrima sequer. — O assassino, quem quer que seja, está me ameaçando. Eu comecei a receber mensagens e ligações de um número desconhecido logo depois que encontraram o corpo da Trina. Ele disse tantas coisas para mim que agora eu sinto medo toda vez que o telefone toca.

— Hey, não fique assim. É normal sentir medo. Somente monstros não têm medo — Thomas disse enquanto se ajoelhava diante de Newt e afagava o rosto do loiro com o seu polegar. — Bom, eu acho que vou até a cozinha preparar uma compressa de gelo para colocar nesse seu olho roxo. Quer algum remédio para aliviar a dor?

— Eu tenho um kit de primeiros socorros que está na primeira gaveta do armário do banheiro — Newt disse, parecendo estar um pouco pensativo. — Fica na segunda porta à direita. Lá tem o remédio que eu preciso. E a cozinha fica no final do corredor.

— Okay — o moreno disse assim que se levantou.

Minutos depois, Newt já havia tomado um bom remédio e estava segurando uma compressa improvisada de gelo em seu olho direito, sendo observado a todo instante por Thomas, que estava sentado com as pernas cruzadas no chão ao seu lado.

— Newt, você me disse que recebeu algumas ligações do assassino — começou o moreno. — Mas se ele te ligou de verdade, como não reconheceu a voz dele?

— Na verdade, eu não sei — confessou. — A única coisa que posso dizer para você é que a voz dele é extremamente irritante e, de certa forma, um pouco... falsa.

Fitando o loiro com curiosidade, Thomas retirou o celular de seu bolso e por alguns segundos manteve uma busca silenciosa pelo o que procurava. Assim que encontrou, o moreno levou seu smartphone até a boca e disse:

— Por acaso a voz do assassino é assim?

— Como diabos você fez isso, O’Brien?! — Newt indagou assustado ao tentar se levantar em um salto, ato esse que foi impedido por Thomas.

— Hey, calma, eu posso explicar — o moreno disse calmamente, guardando o celular no bolso de sua calça novamente. — Não é nada disso que você está pensando. Aquilo é apenas um aplicativo de mudança de voz que custa dois dólares. Eu precisei dele quando participei de uma peça de teatro na minha antiga escola.

Newt se manteve hesitante por alguns segundos.

— Não está mentindo, está?

— Eu juro que não estou — Thomas disse rapidamente, e o loiro percebeu que ele parecia estar sendo sincero. — Nunca mentiria para você. Agora procure se acalmar.

Newt não sabia muito bem o que pensar sobre toda aquela situação, mas o sono possivelmente provocado pelo remédio falou mais alto e ele decidiu dar um voto de confiança para o garoto sentado no chão ao seu lado.

— Você sabe o que isso significa, não sabe? O fato de que o assassino está te ameaçando por meio de ligações e mensagens de texto? — Thomas perguntou enquanto retirava a compressa de gelo das mãos de Newt e a lançava ao chão já que o loiro havia desistido da tarefa de mantê-la na região de seu olho. — Em filmes slasher os assassinos só fazem isso quando você está prestes a... quando alguém está prestes a morrer.

— Epa! Você disse “você”.

— Não, eu não disse. Eu disse “alguém”.

— Mas você quis dizer “você”. Ou seja, eu.

— Não, eu quis dizer você como quem diz “alguém”. Não você, Newt, mas você, qualquer um.

Thomas desistiu de continuar com aquela conversa no exato instante em que percebeu que Newt estava sorrindo, provavelmente pensando que ele fosse um idiota.

— Talvez você seja apenas a final girl — o moreno disse brincalhão, também sorrindo.

— Tenho a leve impressão de que você quis dizer “final gay” — Newt o corrigiu com a voz embargada de sono, mas ainda com um leve sorriso estampado em seu rosto.

— Você é quem sabe — Thomas disse por fim, se livrando de seu sorriso no exato instante em que se lembrou de algo que ainda esperava por ele. — Eu preciso ir agora, Newt. Como a minha mãe fica praticamente o dia todo no Motel recebendo viajantes e cuidando das suas garotas, sou eu quem tem que limpar a casa. E quanto mais cedo eu terminar, melhor é para mim. Mas eu prometo que volto hoje à noite, okay? Tem certeza de que o seu pai não vai chegar em casa tão cedo?

— Tenho sim, Tommy — o loiro respondeu enquanto se acomodava em uma das almofadas, permitindo que o cansaço que o dominava se tornasse cada vez mais perceptível. — Ele está cheio de problemas lá na delegacia. Parece que querem trazer alguém de outro estado para resolver os assassinatos e colocar o assassino atrás das grades. Meu pai está com medo de ser deposto do cargo de xerife, por isso ele está tentando resolver todos esses crimes o mais rápido possível.

— Sinto muito pelo seu pai. Bom, eu volto mais tarde então — Thomas disse enquanto se levantava e pegava a sua mochila, colocando-a nas costas rapidamente. — Procure dormir um pouco.

— Okay. Aliás, você não precisa trancar a porta. Deixe a chave aqui perto de mim e quando acordar eu a tranco... — o loiro  disse com a voz sumindo aos poucos, fechando os olhos e se entregando ao sono sem hesitar.

Após avaliar a feição serena de Newt por alguns segundos, Thomas se inclinou sobre o mesmo e o deu um breve beijo na bochecha. Antes de sair da casa, o moreno fez o que o garoto o havia pedido: retirou a chave da porta e a deixou largada sobre a pequena mesa de centro. Assim que alcançou a rua, Thomas pegou o seu celular e ligou para Brenda. Um pouco antes da garota atender, ele se lembrou de que ainda precisava falar com Mark.

***

Newt se sentiu um pouco zonzo quando abriu os olhos, percebendo instantaneamente o quanto a sua visão estava turva. O loiro não se sentia nem um pouco contente em acordar, mas o som irritante que emanava  de seu celular o obrigara a se sentar no sofá macio e pegar o aparelho que estava dentro de sua mochila largada no chão. Newt não pôde evitar a apreensão que tomou conta de seu corpo devido ao azar que estava tendo com ligações ultimamente, mas ela logo desapareceu quando o garoto leu o nome de Thomas estampado na tela de seu celular.

— Já estou indo para a sua casa, okay? — Thomas disse assim que Newt atendeu.

— Okay — o loiro resmungou com a voz rouca enquanto observava o seu relógio de pulso. — Já passa das sete da noite.

 — Não precisa se preocupar. O Zart, a Trina e a Lydia morreram durante a madrugada — o moreno disse como se que aquilo realmente fosse capaz de acalmar alguém.

— Isso é reconfortante — Newt murmurou enquanto se deitava no sofá novamente.

— Eu estou levando alguns filmes para a gente assistir essa noite até o seu pai chegar — disse Thomas. — Eu acho que podemos assistir O Código Da Vinci primeiro. O que me diz?

— Por mim tudo bem — o loiro concordou. — Só não demore muito, okay?

— Tudo bem, eu já estou chegando — Thomas respondeu, fazendo com que Newt se sentisse um pouco mais aliviado. — Até logo.

— Até.

Assim que encerrou a ligação, Newt lançou o seu celular no estafado e decidiu se levantar para acender algumas luzes, afinal a casa estava se tornando cada vez mais macabra com a escuridão noturna se mostrando visível por todos os cantos. Sentindo o seu corpo trepidar devido os socos que levara de Gally horas mais cedo, o loiro caminhou vagarosamente até o interruptor e acendeu as luzes da sala, o que o deixou um pouco tonto com a claridade repentina. Após se recompor, Newt decidiu ir até a cozinha para acender as luzes e, é claro, comer alguma coisa também. Porém, antes mesmo que decidisse dar um passo sequer, o celular largado no sofá da sala tocou novamente, fazendo com que o garoto caminhasse até ele e atendesse a ligação sem nem ao menos olhar quem era, deduzindo se tratar de Thomas.

— Tommy, pare de enrolação e venha logo pra cá! — o loiro disse enquanto revirava os olhos.

— Olá, Newt — a voz irritante do assassino preencheu a ligação, fazendo com que o garoto varresse todo o cômodo com o olhar. Não era a primeira vez que passava por aquela situação, mas o estranho sentimento de estar sendo observado a todo instante insistia em dominá-lo mais uma vez. — Está esperando visitas há essa hora da noite? Talvez isso ainda vire um duplo homicídio.

— O que você quer de mim? — perguntou impaciente, sem nem ao menos se importar com as provocações do assassino.

— Ora, você já sabe — a voz disse enquanto ria. — Mas vamos logo ao que interessa. Isso tudo é muito assustador, não acha? Está sozinho em casa durante a noite. Parece até um filme de terror.

— Quer saber de uma coisa? Eu não tenho mais medo de você! — exclamou o loiro. — É apenas um covarde que se esconde atrás de uma máscara.

— Eu posso garantir que você não vai querer ver o meu rosto, Newt — murmurou, tornando o seu tom de voz um pouco mais sério, mas sem se livrar do sarcasmo que parecia transbordar a cada palavra que dizia. — Agora me responda uma coisa: Qual é o seu filme de terror favorito?

— Ah, qual é? — Newt perguntou enquanto percorria o seu olhar pela sala vazia novamente, tentando deduzir qual seria a atitude mais sensata a se tomar. — Eu já disse para você que me afastei do terror nos últimos dias. Além do mais, eu não tenho nenhum filme de terror favorito.

— Não devia se afastar de um gênero cinematográfico que faz parte da sua vida.

— E por que não? — o garoto perguntou, arqueando as suas sobrancelhas. — Qual é a diferença se são todos iguais? Um assassino idiota esfaqueando uma garota de seios grandes e indefesa que sempre corre escada acima quando devia estar correndo para a porta da frente.

— Você está indefeso — observou o assassino.

— Certo, já chega. Eu estou muito desapontado. Isso não é nada original — Newt disse ainda mais impaciente enquanto observava a chave da porta da frente largada sobre a mesinha de centro. Havia se esquecido completamente de que a porta estava destrancada desde quando dormira horas atrás. Pelo menos o sistema de segurança não havia sido acionado... — Quem é você?

— A verdadeira pergunta não é quem eu sou, mas sim onde eu estou.

— E onde você está? — o loiro perguntou de maneira receosa, pensando se fazer parte daquela brincadeira psicótica era uma boa ideia ou não.

— Na sua varanda — respondeu sem hesitar.

— E porque estaria telefonando da minha varanda? — Newt perguntou confuso.

— Essa é a parte original! — esclareceu com o seu tom sarcástico ainda mais aparente. — Sabe, eu adoro brincar com você dessa maneira.

Newt estava se cansando daquilo. Por mais que detestasse admitir, estava sendo uma peça no tabuleiro de alguém. E isso não era nem um pouco correto. Ninguém pode entrar na sua vida e bagunçar tudo como bem entender, fingindo ser o dono do seu destino. Ninguém pode ser o dono do destino de ninguém, a não ser do seu próprio. Pelo menos era nisso que Newt acreditava.

— Já que é assim, eu pago para ver!

Sem pensar duas vezes, Newt acendeu as luzes da varanda e caminhou até porta, tentando não vacilar com os seus passos. Assim que abriu a estrutura de madeira e saiu para a suposta estadia do assassino, o loiro não viu ninguém além do vazio da rua escura e dos insetos que começavam a se debater contra as lâmpadas do local. 

— Onde você está?

— Bem aqui.

Newt já estava ficando entediado com aquela situação. Sentia que estava sendo feito de bobo, mas decidiu prosseguir com a “brincadeira”. Um pouco hesitante, o loiro caminhou até uma das extremidades da varada e olhou para a casa do vizinho a alguns metros de distância, mantendo o celular preso firmemente contra a sua orelha direita.

— Pode me ver agora?

Claro.

— Tá bom, o que eu estou fazendo então? Hein? — perguntou enquanto continuava a fitar as luzes da casa do vizinho. — O que eu estou fazendo?! Responda! Idiota, boa tentativa. Vou desligar. Tchau.

Se desligar vai morrer como a sua mãe! — o assassino bradou irritado. — Você quer morrer, Newt? A sua mãe com certeza não queria.

Newt sentiu como se um punhal invisível tivesse sido cravado em seu peito após ouvir aquelas palavras. Uma coisa era fato: ele não queria o mesmo destino que a sua mãe. Na verdade, Newt queria que ela ainda estivesse ali.

— Vá para o inferno! — gritou com a voz rouca, virando-se rapidamente e caminhando de forma trôpega até a porta.

— Eu já estou nele.

Sentindo uma angustia crescente tomar conta de si, Newt encerrou a ligação e entrou em casa, fechando a porta rapidamente e consequentemente ocasionando um estalido que ecoou pela sala praticamente vazia, a não ser por ele. Pelo menos era o que pensava. No exato instante em que se virou, o loiro percebeu que estava olhando diretamente para a máscara do assassino, que segurava uma faca incrivelmente afiada com a mão erguida no ar. Antes mesmo que Newt conseguisse abrir a porta e fugir para a rua, o mascarado saltou sobre ele e o lançou ao chão. O garoto queria reagir, mas não estava em suas melhores condições. O assassino não hesitou nem um pouco ao prender os braços de Newt com as suas pernas e brincar com a faca afiada pelo pescoço do loiro.

Newt queria gritar e pedir por ajuda, mas sabia que se fizesse isso teria o seu pescoço degolado no mesmo instante. Parecendo estar entediado com toda aquela cena, o assassino ergueu a sua faca bem acima do rosto do garoto abaixo de seu corpo. Newt ainda estava um pouco zonzo devido ao remédio e a surra que levara de Gally, mas ele não iria desistir de sua vida assim tão fácil. Reunindo toda a sua força restante, o garoto dobrou os seu joelhos e os ergueu com um solavanco, lançando o assassino no chão e ficando livre novamente. 

Assim que se levantou, Newt gritou por socorro enquanto tentava segurar a maçaneta da porta com as suas mãos trêmulas. Porém, antes mesmo que conseguisse, o assassino se levantou em um salto e tentou agarrá-lo mais uma vez. Mas o garoto foi mais esperto. Assim que o mascarado se aproximou, Newt conseguiu se desviar em um movimento ágil e correr de forma trôpega até a escada. O garoto sabia que o que estava prestes a fazer era estúpido, mas não conseguia ver outra saída que se ajustasse à sua situação atual. Ele podia sentir o assassino correndo ao seu encalço, mostrando-se como uma perfeita sombra. As roupas pretas esvoaçavam e se mantinham em um perfeito contraste com a máscara horripilante e com a faca erguida no ar, que parecia estar pronta para dilacerar alguém.

Newt não desistiu de gritar por ajuda um instante sequer enquanto subia os degraus. Quando alcançou o topo da escada, o loiro percebeu que uma pequena superfície de madeira com vasos de cores variadas estava bem a sua frente, encostada contra a parede. Assim que passou pelo móvel, Newt não hesitou nem um pouco antes jogá-lo ao chão, atrasando o assassino por tempo suficiente para que ganhasse certa vantagem naquela caçada desenfreada.

Não demorou muito para que Newt alcançasse o seu quarto. Assim que entrou no local, o loiro trancou a porta e empurrou a sua cômoda até a estrutura de madeira no exato instante em que o assassino começou a se jogar contra ela. Newt estava apavorado, todo o seu corpo doía e o celular, que poderia ser útil no momento, havia se perdido no meio da confusão. O loiro sentia as lágrimas começarem a tomar conta de sua face à medida em que o pânico o dominava. Iria morrer. Ninguém chegaria ali a tempo de ajudá-lo. Sentindo sua cabeça latejar, Newt se sentou sobre sua cama macia e apoiou a cabeça entre suas mãos. E então gritou. Nem por socorro, nem por piedade por parte do assassino. Apenas gritou, um som horrível e gutural em meio às lágrimas, tentando colocar para fora todo o pavor que sentia. 

Após se manter naquela situação por segundos, Newt se entregou ao choro. Se não tivesse percebido algo que chamara a sua atenção, com certeza teria ficado daquela forma até o assassino arrebentar a porta do quarto e o estripar. Felizmente, aquilo não parecia ser mais possível. Os barulhos haviam cessado. Quem quer que estivesse por trás daquela máscara, parecia ter desistido de lutar contra a porta. O loiro sentiu o tremor se esvair de seu corpo aos poucos, fazendo com que se acalmasse um pouco. Certo de que aquele show de horrores havia acabado, Newt se levantou, ainda chorando, e se aproximou da cômoda que bloqueava a porta. No exato instante em que iria aproximar a sua orelha da estrutura de madeira, a janela de seu quarto foi aberta em um movimento brusco.

— Thomas?! — gritou surpreso ao notar o moreno adentrar no local após passar pela abertura da parede.

— Eu ouvi gritos vindos daqui e achei mais seguro entrar pela janela — esclareceu enquanto se aproximava de Newt e o envolvia em seus braços. — O que está acontecendo?

— O assassino está aqui! Ele está na minha casa! Ele vai matar a gente... Ele... Ele...

E então um pensamente que de início pareceu estúpido surgiu na cabeça de Newt. Thomas o havia dito que estava indo para sua casa quando ligara. Aquilo era coincidência demais. Seria possível? Thomas teria sido capaz de invadir a casa de outra pessoa e a ameaçar com uma faca? Newt não iria ficar ali preso com ele para descobrir. Antes mesmo que Thomas conseguisse fazer alguma coisa, o garoto o empurrou com todas as suas forças e derrubou a cômoda que bloqueava a porta com um movimento brusco, saltando para fora do quarto logo em seguida.

— Hey, espera! — Thomas gritou enquanto se levantava e corria atrás do garoto. — Onde você vai? Newt, espera! Volta aqui! Newt, o que está acontecendo?!

Newt ignorou completamente as palavras de Thomas e desceu a escada rapidamente, ansiando por alcançar a liberdade das ruas. Tinha que sair dali o mais rápido possível. Assim que chegou à porta da sala, o loiro a abriu de maneira apressada e lançou o seu corpo para fora da casa. Mas houve um imprevisto. Antes mesmo que colocasse os seus pés na varanda, Newt se chocou contra alguém que o segurou com mãos firmes. Em primeiro instante, o garoto sentiu uma onda de medo percorrer pelo seu corpo novamente ao pensar que poderia ser o assassino, mas logo se acalmou ao perceber quem era. Estava sendo segurado pelas mãos firmes de Janson. Antes que o seu velho conseguisse perguntar qualquer coisa, Newt soltou os seus braços das mãos do pai e o abraçou.


Notas Finais


Descubram o que vai acontecer com o Newt e com o Thomas no capítulo dez, porque eu tenho uma surpresa para vocês: no próximo capítulo vai ter mais uma morte! Ou duas...
Façam suas apostas!
Ps: Só rio de vocês que pensaram em tirar o Tommy da listinha de suspeitos por causa do "duplo homicídio" aghkasja
Pss: "Nossa, a fic tá com personagens demais, não acha?" Calma gente, eu preciso de personagens pra matar. E, além do mais, eu garanto que todo mundo vai ter os seus 5 minutinhos de fama MUHAHAHA
XoXo


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