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História SECRETS - A Newtmas Fanfic - Dawn Of The Dead


Escrita por: fulgordonewt

Notas do Autor


Hello, survivors!
Gente, eu sei que demorei de novo, mas dessa vez eu não tive 100% da culpa. Acontece que alguns dias depois que eu postei o capítulo passado, a tela do meu computador havia aparentemente estragado e o cara que vinha arrumar demorou "alguns" dias para se deslocar até a minha casa. Enfim, ele veio semana passada e concertou a tela em menos de dez minutos (para a minha total frustração), mas eu tive outros problemas e consegui terminar de escrever o capítulo só agora. Bom, peço desculpas pela demora e também pela perda de mais "um" personagem MUAHAHAHA
Ps: O início desse capítulo foi baseado no 2º episódio da Season 2 de Teen Wolf.

Capítulo 9 - Dawn Of The Dead


Fanfic / Fanfiction SECRETS - A Newtmas Fanfic - Dawn Of The Dead

Apesar de minha alma viver na escuridão, se erguerá em plena luz.

Amei demais as estrelas para temer a noite.

— Sarah Williams, The Old Astronomer.

 

Por um movimento involuntário, Mark retesou o seu corpo no exato instante em que seu pai pousou sobre a mesa da cozinha uma garrafa de vinho tinto. O garoto já havia acabado de jantar há algum tempo, mas Alec, seu pai, insistira para que conversassem. Como de costume, o homem havia retirado os pratos e copos da pequena mesa e os colocado dentro da pia, voltando para a mesa logo em seguida acompanhado pela sua inseparável bebida.

— Como você está indo na escola? — Alec perguntou com o semblante sério para o filho sentado à sua frente enquanto enchia a sua taça com o líquido purpúreo, fazendo com que Mark ficasse ainda mais desconfortável com a situação.

— Hã... Até agora, um “A” no teste surpresa de Psicologia e um “B+” no de Inglês — respondeu Mark, desejando voltar logo para a solidão de seu quarto. — Mas como eu disse são só testes surpresa. As primeiras provas ainda vão demorar um pouco para acontecer.

— Certo. — Alec sorriu e levou a taça de vinho até os lábios, degustando do sabor que emergiu em sua boca. — E Matemática? Eu sei que a professora de vocês sempre dá um teste surpresa na primeira semana de aula.

Mark enrijeceu.

— Esse ano a professora ainda não... não deu nenhum teste — mentiu.

Alec largou a taça quase vazia sobre a mesa de mármore, fazendo com que o breve retinir pairasse pelo local silencioso.

— Você não mentiria para mim, não é, Mark? — indagou o homem, fixando o seu olhar severo no rosto do filho.

— Não.

— Então me fale a nota que você tirou no teste surpresa — Alec pediu seriamente enquanto retomava a taça em suas mãos.

O garoto engoliu em seco.

— Mas não teve nenhum teste surpresa de Matemática. — Optou por continuar com a mentira.

Após alguns torturantes segundos de silêncio, Alec esmurrou a mesa com a mão vazia, o que fez com que a mesma estremecesse.

— Você não quer ter uma conversinha lá embaixo no porão outra vez, quer?! — Mark negou rapidamente com a cabeça ao ouvir a fala do pai e se lembrar do local onde apanhara da última vez. — Não? Então fale a nota, filho.

— Pai, o semestre está apenas começando... Eu... Eu ainda tenho muito tempo...

— Mark! — exclamou Alec, irritado.

— É um “D” — confessou o garoto, por fim.

— Tudo bem — o mais velho disse calmamente enquanto levava a taça até a sua boca novamente e a esvaziava de uma vez. — É um “D”. Eu não estou zangado. Mas você sabe que terei que te castigar, não sabe? Tenho minhas responsabilidades como pai. Então, começaremos com algo simples, tipo... Façamos assim, você lava a louça essa noite e limpa a cozinha, está bem?

 — Sim — Mark murmurou em resposta, surpreso com a proposta do pai.

— Ótimo. — Alec largou a taça vazia sobre a mesa. — Porque eu gostaria de ver esse lugar imaculado.

Para a total surpresa de Mark, o homem esticou a braço e lançou a garrafa de vinho ao chão, fazendo com ela se despedaçasse em um milhão de cacos enquanto presenteava o piso branco com a sua cor arroxeada.

— Entendeu o que eu disse, Mark? — perguntou com desdém, exibindo para o filho a insanidade que o garoto tanto temia. — A cozinha toda.

Em um movimento súbito, Alec se levantou, lançando sua cadeira ao chão e caminhando com passos apressados até a pia que ficava a poucos metros da mesa onde estavam. Enquanto gritava coisas incompreensíveis para Mark, o homem se pôs a lançar todas as louças ao chão, fazendo com que elas se estilhaçassem e aumentassem ainda mais o caos que se instalara no local. Sentindo o mesmo medo que o acometia todas as vezes em que o pai surtava daquela maneira, o garoto levantou ofegante e se encolheu na parede que ficava atrás da mesa onde estava, desejando desaparecer dali.

Sentindo-se despedaçar junto com todos os pratos e copos que eram lançadas ao chão, Mark se permitiu a chorar enquanto seu pai ria de maneira descontrolada. O garoto implorava para que o homem parasse, mas o mesmo não o dava ouvidos. E então o inesperado aconteceu. Percebendo que não tinha mais nada para quebrar na pia ou nos armários, Alec caminhou até a mesa e pegou a taça vazia com as suas mãos ásperas, lançando-a na parede em que Mark estava encolhido. O vidro se espatifou sem nenhum esforço contra a parede, lançando uma remessa de cacos ao redor do garoto.

— Entendeu agora, não é?! Totalmente imaculado! — bradou o homem em meio a risos.

Sentindo uma onda de dor percorrer por toda sua face, Mark ergueu o seu rosto lentamente e olhou para o pai, que logo cessou sua risada insana e pareceu surpreso com o que viu. Enquanto os seus batimentos cardíacos aceleravam, Mark levou a sua mão trêmula até a bochecha direita e retirou o caco de vidro transparente que estava alojado ali e o lançou ao chão. Instantaneamente, a dor o atingiu de uma maneira ainda mais forte, mas isso não evitou que o ódio que estava sentindo não o dominasse de vez. À medida em que um filete de sangue escorria pelo seu rosto, Mark se lembrou da conversa que tivera com Thomas horas mais cedo.

Você precisa reagir, Mark. Não pode ter medo do seu pai pelo resto da vida, dissera o moreno.

— Bom, foi sua culpa — Alec sibilou ofegante, sem demonstrar nenhum arrependimento aparente.

Sentindo-se ainda mais irritado com aquelas palavras, Mark se levantou e caminhou até o pai, parando diante dele. O garoto não sabia se aquela era uma boa ideia, mas estava cansado de sofrer nas mãos daquele homem. Mark sabia que era inútil discutir com ele — já havia feito aquilo muitas vezes —, mas não iria sair dali sem nem ao menos dizer alguma coisa.

— Você podia ter me cegado! — gritou o mais alto que conseguiu, apesar da voz rouca. — Eu odeio você!

— Cale a boca! — retrucou o homem, surpreso com a ousadia do filho. — Foi só um arranhão. E você mereceu! Acha mesmo que eu me esqueci daquele dia em que cheguei em casa e peguei você beijando aquele... aquele garoto?

Mark teve a leve impressão de que ele estava pensando em outra palavra que não era garoto, mas não se importou. Não iria ficar ali para ouvir mais nada que saísse da boca imunda de seu pai. Sem hesitar, Mark se virou e correu para fora de casa. O garoto sabia que não devia sair sem seus óculos e muito menos com o rosto machucado, mas simplesmente não suportaria ficar mais ali.

Enquanto corria pelas ruas, Mark percebeu que Alec o seguia, gritando para que ele parasse e voltasse para casa, mas garoto o ignorou da mesma forma que o seu pai o ignorara depois da morte de sua mãe. Depois de correr pelo o que pareceram alguns poucos minutos, Mark conseguiu se livrar do pai. Pondo-se a caminhar apressadamente, ele levou a mão até os bolsos e se sentiu um pouco mais aliviado ao perceber que pelo menos seu celular estava ali. Sem hesitar, Mark o pegou e ligou para a primeira pessoa que veio à sua mente. Depois de alguns toques, ele atendeu.

— Onde você está? — Mark perguntou enquanto engolia o choro e tentava manter a voz firme.

Eu estou na casa do Minho — respondeu imediatamente, tentando abafar uma risada. — Nós estávamos tentando decidir qual é a melhor pretendente, Harriet ou Sonya, mas eu tive que vir para o banheiro só pra te atender.

— Pelo menos você disse que era a Harriet, certo? — o garoto perguntou sem muito entusiasmo, tentando livrar a sua mente dos problemas com o pai e da dor que sentia no rosto, que ainda sangrava.

É claro que não! — exclamou em meio à outra risada. — Eu disse que a Sonya era a melhor pretendente. A Harriet é uma pessoa muito legal, mas quem precisa ser legal quando se tem dinheiro e um corpo perfeito? E isso sem contar que aquele irmão policial da Harriet é chato pra caralho. E o Minho concordou comigo!

— Você só tem amigos idiotas, Ben — resmungou Mark, revirando os olhos. — Por acaso sabe o que o seu amiguinho Gally do time de basquete fez com o Newt hoje de manhã lá na escola?

É, eu fiquei sabendo — disse sem demonstrar muito interesse. — Mas vamos logo ao que interessa. O que você quer comigo?

Mark hesitou por alguns instantes.

— Eu... Eu quero conversar com você pessoalmente — pediu com a voz falha. — Preciso de companhia.

É sério isso? Agora você precisa se mim, mas quando eu tentei me desculpar por ter me envolvido com a Trina você nem me deu ouvidos  — retrucou Ben. — Eu pensei que pelo menos você me entenderia.

— E você queria que eu agisse como, Ben?! — Mark grunhiu irritado, seguindo com a sua caminhada apressada. — Quando a gente se aproximou, você disse que estava apaixonado por mim e me prometeu que iria terminar com o Newt para ficar comigo. Mas então o que foi que você fez? Quando vocês dois finalmente deram um tempo, você manteve o nosso relacionamento em segredo e foi direto para a cama da Trina sem nem ao menos terminar de vez com ele!

Eu já expliquei isso para você um milhão de vezes! — exclamou o outro. — A Trina havia acabado de abortar o filho e ela e o Zart tinham dado um tempo também, eu fui consolá-la e... e acabou acontecendo. Nós dois bebemos demais, ela estava confusa e triste, simplesmente não conseguimos evitar, okay?! E eu não menti quando disse que estava apaixonado por você. Eu ainda estou. Só não assumi o nosso namoro antes porque queria terminar com o Newt primeiro, e agora que a gente finalmente terminou, você está desse jeito insupor...

— Olha, eu sou um perfeito idiota por pensar que você poderia me ajudar! — bufou o garoto, permitindo que mais lágrimas escapassem de seus olhos. — Quer saber de uma coisa? Vá correr atrás da Sonya. Vocês dois se merecem!

Mark, espera, não desligue! O que diabos está acontecendo com você? — indagou Ben, intrigado. — Você não está em casa, não é? Nunca ligaria para mim depois que o seu pai nos flagrou juntos... Pelo menos me diga para onde você está indo.

— Estou indo conversar com os mortos. Pelo menos eles me escutam.

Mark não hesitou nem um pouco antes de encerrar a ligação e começar a correr em direção ao cemitério. Quando finalmente chegou diante do portão duplo de grades que selava a entrada do local, o garoto o empurrou para frente, fazendo com que ele se abrisse com um silvo. Por sorte, o portão nunca ficava trancado. Além de possuir câmeras de segurança espalhadas por todos os lados do cemitério, roubos eram muito raros em Riverwood, ao contrário de assassinatos, que ironicamente estavam ocorrendo de forma frequente nos últimos dias.

Depois de fechar o portão, Mark seguiu em linha reta pelo caminho que ficava entre os túmulos. Ele sabia muito bem a rota que teria que seguir para chegar até onde queria, mas antes de ir para qualquer lugar, primeiro teria que alcançar o centro do cemitério. Enquanto caminhava, o garoto pensou em como muitos achariam sinistro o simples fato de alguém estar caminhando por entre os mortos durante a noite, mas sabia muito bem que não existia nada para se temer ali. Havia ficado tempo demais cuidando daquele local durante suas últimas férias para temê-lo. E isso sem contar que não tinha medo dos mortos.

Após caminhar mais um pouco, Mark se livrou de seus devaneios assim que parou diante da estátua que se erguia à sua frente, com a base cheia de musgo. A estrutura possuía quase dois metros e meio de altura, retratando de forma majestosa a luta entre São Miguel Arcanjo e Lúcifer. A imagem de mármore era tão lisa que era quase translúcida. A face do arcanjo era voraz, linda e triste, ao contrário da face de Lúcifer, que estava tomada pela dor. Mark havia chegado ao grande centro de uma encruzilhada, no coração do cemitério. Como fora devidamente planejada, cada parte da estátua apontava um caminho. A mão direita do arcanjo — a mesma em que segurava sua espada de mármore — apontava para frente, para o caminho de onde Mark viera. As suas asas abertas apontavam para os caminhos da esquerda e da direita, restando apenas o caminho escondido atrás da estátua, sendo este apontado pela mão esquerda de Lúcifer, que estava erguida no ar. Havia uma data marcada na base, 31 de Outubro de 1992, e palavras gravadas ao redor: FACILIS DESCENSUS AVERNO.

— A descida ao Inferno é fácil — Mark balbuciou o significado da frase gravada na estátua, que era uma homenagem nem um pouco alegre e feliz às oito vítimas do pequeno massacre causado por Vince Maddox em 1992.

Rapidamente, Mark se pôs a caminhar novamente e seguiu pelo caminho apontado pela mão de Lúcifer, indo para a área mais nova do cemitério. Após percorrer por um período em linha reta, o garoto se virou para a direita e começou a vaguear por entre os túmulos, chegando até onde desejava ir depois de algum tempo. Logo, ele largou o peso de seu corpo sobre a grama dura e seca, sentando-se diante do túmulo de sua mãe. Ele era feito de mármore negro com alguns pontos brancos. Fora Mark pessoalmente quem o escolhera. Aquele mármore o fazia lembrar do céu noturno, e consequentemente das noites em que passara ao lado da mãe observando as estrelas.

— Eu sinto sua falta, mãe — disse com a voz falha enquanto sentia os olhos ficarem marejados. — Não faz ideia do quanto eu quero conversar com você novamente. Alec não me escuta mais. Ele... Ele está diferente.

Mark abraçou os joelhos, permitindo que algumas lágrimas escapassem por seus olhos. Suspirando fundo, o garoto ergueu a sua cabeça e fitou as estrelas. Fazia tempo que não as admirava. Estavam brilhantes como sempre. Após se manter alguns minutos naquela situação, Mark se lembrou do ferimento em seu rosto. Um pouco hesitante, ele levou a mão até o local e percebeu que o corte havia parado de sangrar. 

— Acho melhor eu voltar para casa — murmurou aborrecido assim que se levantou, olhando para o túmulo da mãe. —  A cada minuto que eu fico longe de lá, o meu pai fica ainda mais irritado comigo. É melhor eu voltar logo antes que ele me encon...

Antes que terminasse a sua fala, o celular em seu bolso tocou. Rapidamente, Mark o retirou, desejando profundamente que não fosse o seu pai ou Ben. E pelo visto não era, já que a palavra UNKNOWN se destacava na tela do smartphone.

— Alô? — disse assim que atendeu.

Olá, Mark. — O garoto sentiu uma onda gelada percorrer pelo seu corpo no exato instante em que ouviu a voz, que mais parecia uma lâmina percorrendo por sua pele. Era uma voz de homem, mas ao mesmo tempo não era. Parecia quase falsa, porém, mesmo assim, era terrível, sarcástica e afiada, como metal raspando em pedra. — Atrapalhei a sua conversinha com a mamãe?

Os pelos de Mark se arrepiaram.

— Você está me observando? — perguntou receoso, guiando o seu olhar para todos os lados. Infelizmente, não conseguia enxergar muito bem além da escuridão quase palpável que brincava por entre os túmulos. — Quem está falando? O que quer de mim?

Não se faça de idiota, Mark. Você sabe muito bem o motivo de eu estar te ligando — disse friamente. — Sabe que chegou a hora de seu segredinho ser revelado para todo mundo. 

Acha mesmo que vai conseguir me assustar com essas suas ameaças estúpidas?! — gritou Mark, exasperado. — Vá se foder! 

— Não grite desse jeito. Você vai acordar os mortos. — As palavras desceram raspando a espinha de Mark, como a lâmina de uma faca. — Agora me responda uma coisa, Mark. O que acha que o Newt vai pensar de você depois que descobrir do seu relacionamento secreto com Ben? Com certeza ele vai te odiar, não acha? Mas não se preocupe. Você não vai estar mais aqui para descobrir qual será a reação dele.

 Mark não conseguiu responder. Simplesmente encerrou a ligação e guardou o celular no bolso de sua calça moletom, pondo-se a correr de volta a estátua pela qual passara minutos atrás logo em seguida. Enquanto corria, dizia a si mesmo que tudo iria ficar bem. Dali alguns minutos estaria em casa, provavelmente discutindo com o pai e correndo para o quarto, trancando-se lá até a manhã seguinte para evitar uma surra. Infelizmente, aquilo parecia estar longe de acontecer.

Assim que alcançou a estátua no coração do cemitério, Mark o avistou. Surgindo repentinamente diante do caminho pelo qual o garoto vinha, a figura do assassino se materializou em meio às sombras. Ele usava uma longa e espessa túnica negra, que possuía uma espécie de capuz que cobria vagamente a parte mais horripilante da fantasia: a famosa máscara de médico da peste negra de Vince Maddox. A faca erguida no ar era um flash branco na escuridão. Mark não pensou duas vezes antes de se virar e correr novamente para o caminho de onde viera, gritando por socorro. Por mais que quisesse negar isso a si mesmo, o garoto sabia que ninguém o ouviria ali. Pelo menos ninguém além dos mortos.

Enquanto corria em meio à túmulos que possuíam um inóspito tom acinzentado, Mark pôde sentir a presença do assassino o perseguindo em uma corrida desenfreada. Provavelmente, a faca continuava erguida no ar, ansiando por penetrar em sua pele. Mark não podia negar que o medo que sentia o atrapalhava no raciocínio, mas, apesar disso, não iria permitir que matá-lo fosse assim tão fácil. Estavam no seu cemitério. Ninguém conhecia aquele lugar melhor do que ele. Portanto, assim que alcançou um túmulo mais alto, Mark se encurvou e continuou correndo por entre os túmulos de forma imprecisa. Ora ia para a esquerda, ora para a direita. Se estivesse com sorte, a escuridão o ajudaria a despistar o assassino.

Depois de se manter naquela situação por alguns minutos, Mark percebeu que realmente havia conseguido despistar o seu perseguidor. Não havia sinal dele em lugar algum. Ofegante o garoto jogou o seu corpo ao chão. Queria se recuperar um pouco antes de ir para o muro que ficava no fundo do cemitério e saltar por ele, ganhando a liberdade das ruas e a ajuda dos moradores que viviam por ali. Com a respiração um pouco mais controlada, Mark se permitiu a soltar um breve sorriso. Havia conseguido. Despistara o assassino e agora poderia escapar dali com vida, procurando uma maneira de sair daquela cidade de qualquer forma no dia seguinte. E foi então que sentiu uma forte pancada atingir a sua cabeça.

Quando finalmente recobrou sua consciência, a primeira coisa que Mark sentiu foi o frio que o atingiu, principalmente na região de suas pernas. Assim que abriu os olhos, o pânico tomou conta de seu corpo. Estava completamente nu, mas não era apenas isso que o atormentava. Os seus braços haviam sido amarrados com uma corrente de ferro na asa direita da estátua de São Miguel Arcanjo, fazendo com que ele ficasse erguido no ar alguns centímetros acima do Lúcifer de mármore. E, para completar toda essa situação caótica, as correntes não haviam sido presas apenas em suas mãos. Um pequeno pedaço da corrente de ferro enferrujado também o amordaçava, impedindo que ele expelisse qualquer palavra compreensível. O gosto amargo da ferrugem percorria por sua boca, fazendo com que a saliva se acumulasse ali.

Mark esperneou e tentou gritar por socorro, mas de nada adiantou. Apenas ruídos abafados saíam de sua boca. E foi então que o ouviu. Outro ruído parecido com o seu surgiu perto de onde estava. Sem hesitar, Mark girou o seu pescoço e buscou pelo rosto de quem havia provocado aquele som. Mark sentiu a sua cabeça latejar ainda mais quando avistou o seu pai amarrado na asa esquerda do arcanjo. O homem se encontrava na mesma situação que o filho, e parecia estar tão desesperado quanto ele.

Enquanto Alec insistia em espernear e soltar ruídos incompreensíveis para o silêncio do cemitério, Mark tentou pensar em alguma forma de escapar dali. O garoto guiou o seu olhar por toda a estátua, mas logo percebeu que era impossível se livrar das correntes, que estavam estrategicamente presas com espessos cadeados. Apavorado, Mark abaixou a sua cabeça e fitou o chão ao redor da estátua. O seu coração bateu pesadamente contra suas costelas assim que avistou as coisas que estavam sobre ele. Apesar de sua visão estar um pouco turva, Mark reconheceu os seus óculos, as suas roupas e o seu celular largados ao chão a alguns metros da base da estátua. Um pouco mais a direita, o garoto identificou as roupas e a carteira de seu pai. E então, como se tudo parecesse piorar a cada instante, o cheiro de álcool repentinamente atingiu suas narinas. Agora ele sabia porque as suas pernas estavam frias. Haviam sido banhadas com álcool.

Parecendo perceber que Mark havia descoberto sobre o que estava prestes a acontecer, o assassino surgiu de trás de um dos diversos túmulos do local, trazendo em suas mãos um galão e algo que fez com que os batimentos do coração do garoto acelerassem ainda mais: uma câmera presa em um suporte. Como se estivesse enfrentando uma situação rotineira, o mascarado parou a uma boa distância da estátua e pousou o galão no chão, posicionando a sua câmera de frente para a cena que ele mesmo havia criado. Como se quisesse tortura-los mais um pouco, o assassino os fitou por trás de sua máscara por minutos que pareceram sem fim, o que fez com que ficassem ainda mais desesperados. Ambos tentavam se libertar, mas sabiam que de nada adiantaria.

Ignorando completamente os ruídos desesperados de Mark e de seu pai, o assassino finalmente ligou a câmera e retirou uma caixa de fósforos de algum lugar do interior de sua túnica. Sem hesitar, ele riscou um dos palitos e o lançou à base da estátua, que também havia tido a sua região inferior coberta por álcool. Em questão de segundos, o fogo ganhou vida e se transformou em uma pira de chamas luminosas que irrompeu do chão, engolfando as pernas de Mark e de seu pai de maneira lenta e torturante. À medida que a conflagração rugia ao redor do garoto, envolvendo as suas pernas em uma coluna de luz, Mark permitiu que lágrimas escapassem por seus olhos enquanto erguia a cabeça e olhava para o céu noturno, tentando admirar as estrelas como costumava fazer com sua mãe anos atrás. Elas estavam realmente brilhantes — milhares delas, como só se veem em lugares como Riverwood. Mark podia distinguir todas as constelações que sua mãe o ensinara: Capricórnio, Pégaso, Sagitário... Todas elas.

À medida que o tempo passava, os membros inferiores de Mark pareciam liberar uma dor tão infinita quanto o brilho das chamas. Sabendo que estava longe de alcançar qualquer tipo de salvação, o garoto decidiu apenas ignorar os movimentos desesperados de seu pai, que tentava a todo custo se livrar das chamas que o consumiam. Por mais que tentasse, Mark não conseguia evitar os gritos que escapavam de sua garganta, apesar de eles logo serem abafados pela corrente enferrujada que permeava sua boca.

Em um ato de desespero, Mark fitou o seu corpo nu. Para o seu total espanto, a pele de suas pernas formavam bolhas e soltavam-se. Estou no inferno, concluiu. Sabia que devia ser o inferno porque além das chamas podia distinguir perfeitamente a figura da pessoa que fizera aquilo com ele e com seu pai. E, como se por um sortilégio do demônio, a expressão do assassino era perfeitamente legível apesar de sua máscara. Ele estava totalmente admirado com o que havia feito.

Certo de que teria que acabar com aquilo mais cedo ou mais tarde, o assassino simplesmente ergueu o galão de álcool que estava largado no chão e lançou o líquido nas partes superiores dos corpos de Alec e de seu filho. Rapidamente, o fogo subiu e os devorou por completo. Após se debater por longos e dolorosos minutos, Mark perdeu todas as suas forças. Não conseguia sentir mais nada, nem mesmo via o seu pai. Apesar disso, enquanto vivia os seus últimos torturantes minutos de consciência, ele pôde contemplar o brilho das estrelas sem nenhum empecilho.


Notas Finais


Para quem ainda está confuso com a revelação: O Ben namorava o Newt, mas o relacionamento deles estava um pouco desgastado, então eles deram um tempo e ele acabou se envolvendo com o Mark, dizendo que iria assumir o namoro deles assim que terminasse com o Newt de vez. Porém, antes que ele fizesse isso, a Trina abortou o filho, brigou com o Zart e foi pedir consolo pro Ben, e então acabou acontecendo o que vocês já sabem. Como a Trina era amiga da Sonya, ela contou pra filha do prefeito que havia ficado com o Ben e a loirinha começou a lançar indiretas no ar depois que a Trina morreu. Como o Newt não é nem um pouco lerdo (cof cof cof), ele percebeu tudo e terminou com o Ben. Consequentemente, os boatos circularam pela escola e chegaram aos ouvidos do Mark, que estava brigado com o Ben desde então. Em outras palavras: o Ben traiu o Newt não com uma pessoa, mas com duas. E mais uma coisa: Quando o celular do Ben estava "sem bateria" ele não estava com a Trina, mas sim com o Mark. Podem odiá-lo agora (ou não).
Bom, que tal revermos os segredos de todas as vítimas para deixar a memória de vocês bem fresquinha??? Vamos lá então:
Zart: Traficava drogas em Riverwood.
Trina: Abortou o filho dela e do Zart com o dinheiro do namorado.
Lydia: Era namorada da Brenda.
Mark: Sofria nas mãos do pai e ainda mantinha um relacionamento secreto com o Ben.
Espero que tenham gostado do capítulo ❤
Ps: Gente, eu só matei o Alec porque não fui com a cara dele e o assassino também não.
Pss: Vou fazer o possível para não demorar muito para atualizar dessa vez, okay? Assim que eu colocar a leitura das minhas fics favs em dia eu começo a escrever o próximo capítulo...
XoXo


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