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História Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 21


Escrita por: Jess_Monteiro

Notas do Autor


Halo, pessoas... Nem acredito que completamos a proposta, finalmente!!!! Eu me atrasei algumas horinhas para postar mas eu tive alguns motivos e eles são muitos bons porque tem haver com a história, estou correndo atrás para ver se consigo publicar essa história, quem sabe?
A proposta vai ter que subir, já faz uns três ou quatro capítulos que estamos com a mesma, então vamos para 25 Pessoas e em 48 horas? Acho que podemos, não? Fora que já estamos com tantas visualizações e favoritos que acho que damos conta.
Quero agradecer as meninas que comentaram o ultimo, pelo apoio e incentivo de cada uma, estou muito grata e é sempre tão bom saber que vcs se importam comigo também!!!!
Bom, por hora é só, boa leitura e espero que gostem...

Capítulo 21 - Capítulo 21


Fanfic / Fanfiction Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 21

Hannah Swift

 

—Eu não sei, na verdade não pensei muito sobre Martin estar aqui – respondi a pergunta de Charles deitada com a cabeça no colo dele em sua cama de casal, quando ele me perguntou isso uma hora depois de nos despedirmos de Martin. Brian estava com a cabeça na minha barriga – e acho que não quero pensar sobre isso tão cedo agora.

  Charles penteou meus cabelos com os dedos.

—Eu queria fazer alguma coisa para ajudar vocês – lamentou – o que posso dizer é que faz pouco tempo que os conheci e vocês estão bem mais fortes agora do que meses atrás.

—Eu percebi mesmo isso – Brian massageou as têmporas, cansado e jogou suas pernas para fora da cama – Eu preciso ir, já é mais de uma da manhã.

 —Espere Brian – Eu não havia trazido Brian ao quarto de Charles atoa àquela hora – Precisamos conversar algo.

 Levantei-me calçando minhas pantufas, eu mal tinha tido tempo de tomar um banho já que Brian havia banhado e se trocado no meu quarto. Tudo que eu consegui foi vestir meu baby-doll preto de seda, e calçar as pantufas que eu havia trazido.

—Terceira gaveta – Charles apontou.

 Abri a gaveta pegando a pasta preta que eu havia entregado para Charles dar uma olhada. Eu podia ter feito isso no meu quarto, mas eu queria uma testemunha e uma ajuda pra conversar com Brian. Há dias eu vinha tentando resolver sua situação e estava confiante que agora finalmente tenha encontrado uma solução, não era a mais fácil, mas a melhor para ele.

—O que é isso? – Brian perguntou quando estendi uma cópia para ele.

—Leia.

 Brian pegou minha caixinha de óculos que estava junto com a pasta e os colocou. Charles estendeu a mão para eu voltar para a cama e encostei a cabeça no seu tronco.

 Eu ainda me sentia embargada com tudo, a dor havia diminuído no meu peito, mas não se extinguido por completo porque nunca ia sumir, e ver Brian lendo aqueles documentos era uma grande realização para mim. Eu já havia o conferido várias vezes seguidas, a faculdade de Administração, minhas habilidades que aprendi nela e o pouco que ajudei Brian a estudar para suas provas me ajudaram a resolver a situação.

 Conforme ele ia lendo, sua expressão ia mudando. As rugas em sua testa iam ficando mais profundas, remexi-me inquieta e Charles apertou-me para esperar Brian terminar.

—O que é isso aqui, Hannah? – Brian perguntou ao terminar de ler.

—Um contrato...

—Eu sei que é um contrato – ele inspirou fundo e olhou para mim – Por que você está fazendo isso?

 —Porque eu não encontrei outra forma de te ajudar Brian. Você não que tomar a presidência dos escritórios agora, e se você não está pronto para isso... Eu já conversei com um advogado, Maggie para ser sincera e já falei com Martin também. Se você assinar, eu estarei comprando uma parte das ações de todos os escritórios da Carter e Associados. Eu não sou uma advogada como você, e não entendo tudo sobre leis, mas eu sei que se eu me tornar acionista, já é o suficiente para eu me tornar parte do conselho, por isso estou comprando os 30%.

—Isso é mais que se tornar parte do conselho, Hannah – ele passou a mão pelo cabelo – você vai ter a maioria das ações, vão restar para eles apenas 21%, vai ficar apenas...

—Atrás de você com 49%  – completei – eu entendo essa parte. Eu vou ser apenas uma acionista silenciosa, Maggie vai ser minha representante legal.

—Hannah, eu não posso deixar você fazer isso...

—Já está feito Brian. Você não vai precisar assumir mais a liderança e eu já arrumei a pessoa perfeita para assumir enquanto você não estiver pronto – abri a gaveta de novo e peguei os outros contratos – Maggie já mandou marcar a reunião do conselho, eles não tem como dizer não para anunciar o novo dono das ações vendidas.

Respirei fundo.

—Juntos somos dono de 79%, podemos escolher quem colocamos na presidência da empresa e assim o contrato é anulado.

 Eu havia pensado em mil tentativas diferentes para fazer aquilo, mas a CIA tinha jogado bem demais prendendo Brian aqui, e consequentemente eu, de uma forma que nem eles podiam desfazer depois.

—Sou maioria deles agora, a agente Lewis te prendeu direitinho. Você não pode quebrar o contrato, mas o conselho pode. Eu posso.

—Você não deveria ter feito isso – Brian começou andando de um lado para o outro – Hannah, isso custou muito dinheiro. E se isso custou... Você não deveria ter feito isso, você mexeu na sua herança.

Mordi o lábio.

—Era isso ou deixa-lo preso lá, eu não tinha mais alternativas, Brian. Eu sei o que tudo isso significa para você, sei que trabalhar lá é uma coisa, tornar-se o responsável por todos esses escritórios é outra completamente diferente.

Ele negou com a cabeça.

—Sua dor não é menos importante que a minha – disparou.

—É diferente.

—Não é não. Eu não sei o que falar, por um lado eu estou tão aliviado, por outro... Meu Deus Hannah, é a sua herança. Você cogitou trabalhar de garçonete para não tocar nela. Você fez isso porque doeria muito em você, e nós dois sabemos que doí muito.

 Disso Brian estava muito certo. Mexer em tudo aquilo tinha me deixado ainda mais mexida do que nunca, engoli em seco, já havia passado e foi até... mais ou menos. Era um passo, um de formiga, mas ainda sim um passo. Ele mesmo tinha dito algumas horas antes, “cada ano vai doer menos”... Bem, ele estava mais certo do que nós dois pensamos.

—O que você teve que mexer para fazer isso? – perguntou se sentando na poltrona, virando-se de frente para mim.

—Brian, deixa para lá.

—Eu quero saber o que você teve que fazer, qual você mexeu? A dos seus avós maternos, paternos ou seus pais?

—A dos meus avós maternos – ele colocou a mão na cabeça e a sacudiu de novo – Está tudo bem, Brian. Não foi nada demais, eu não mexi em nada que é realmente meu ou que eu cheguei a conhecer.

—Isso não muda nada!

—Muda sim. Eu nunca estive lá, foi a fazenda do vovô Duarte – ele abriu a boca para perguntar se era a perto das nossas, mas eu o interrompi – Não é essa, eu não venderia essa. Foi a primeira fazenda deles aqui nos EUA, eu não poderia vendê-la. Vendi as três fazendas que ele tinha em Itu, São Paulo. Elas foram às últimas que ele comprou antes de morrer. Eram muito grandes na verdade, e o ex advogado do vovô vivia mandando proposta para mamãe.

—E ela não quis vender.

Não, ela nunca quis vender nada.

—É diferente e acho que ela não se importaria com isso. Parece que o comprador é um vizinho de terras e também cria gado. Não adianta ficar assim, já foi feito.

—Eu não posso aceitar...

—Você tem que aceitar, Brian. Se não aceitar eu vou ter feito isso em vão e eu sei que você não é um filho da puta para fazer isso com meus esforços – brinquei – fora que você tem que me dar um crédito, eu precisei de mais do que meu diploma de administração para pensar nisso. Então assine essa merda e aproveite para trabalhar apenas no que você realmente gosta e quer.

 Os ombros dele estavam muito tensos sobre a camisa velha que um dia foi dele, mas que era minha e ele tinha pegado “emprestado” de volta. Charles não falou nada, apenas ficou nos olhando, ele havia me ajudado a pensar muito nisso, e sabia que eu que tinha que lidar com Brian.

—E como vai ficar a situação da empresa? O sócio do meu avô vai se aposentar, eu não confio em muita gente para assumir isso.

—Eu já resolvi isso também. Você deveria saber que não faço nada pela metade.

O maxilar de Brian ficou tenso, então continuei:

—Eu sabia que você não iria confiar em qualquer um, então eu fui atrás de uma pessoa que te ajudou muito e que você confia.

—Quem? – perguntou Brian.

—Seu professor de direito civil e administrativo na Universidade de Houston – não deixei de falar de um jeito orgulhoso, e Brian abriu um sorriso encabulado e surpreso com isso.

—Willians Garcia?

—Esse mesmo, ele trabalha lá há muito tempo, e tem muita experiência. Ele também já foi diretor executivo na empresa que você trabalhou e estagiou, é um homem com o currículo perfeito e te ajudou muito. Não foi fácil convencê-lo, mas ele ficou viúvo a pouco tempo e todos os seus filhos já estão casados. Ele não acreditou quando liguei, fazia séculos que não nos víamos e quando Maggie mandou-lhe a proposta, ficou extasiado. Ele estará aqui na reunião do conselho e vamos apresenta-lo.

 Brian ainda estava em transe, me olhando com uma mistura de confusão e amor que me fez sorrir gentil antes dele falar alguma coisa para mim.

—Você faria o mesmo por mim, Brian, não me julgue por fazer isso por você.

 E finalmente eu vi o que eu tanto queria ver. Os ombros dele relaxaram e um sorriso radiante tomou conta do seu rosto bonito.

—Eu faria mesmo – disse – nem sei como te agradecer por isso. Quando foi que você teve tempo para fazer isso?

—Na quinta de manhã no feriado, eu me reuni com os advogados e o meu gerente do banco, fora que tive minha última teleconferência com o Sr. Garcia.

 Meus pés foram tirados do chão em um abraço muito bom que fez cada coisa ruim que senti quando tive arrumar as “coisas” se tornarem nada perto daquilo. Enlacei os braços no pescoço e afundei meu rosto no seu ombro apenas sentindo seu cheiro familiar, Brian cheirava... cheirava casa.

Passei todo o restante menos importante dos detalhes e ele assinou o documento.

—Eu ainda não sei como te agradecer, mas vou pensar em algo bem bom – ele acariciou meu rosto, em seguida tirou meus óculos que estavam nele e colocou em mim, prendendo uma mexa do meu cabelo atrás da orelha – Eu acho que preciso ir, não quero deixar Maggie sozinha em nossa última noite aqui.

—O nosso Brianzito está crescendo – baguncei seu cabelo – e muito apaixonado por sinal.

 Brian sorriu de lado.

—Diz a garota cujo o “namorado” ou sei lá o que você e Ethan são, não conseguem tirar as mãos um do outro por mais que um minuto consecutivo.

—Somos apenas amigos, Brian, vocês sabem disso. A diferença é que transamos.

—Affs, eu prefiro acreditar que vocês só dão amassos, Hannah, é mais saudável para a minha mente – ele brincou – diga o que quiser, eu acho que se isso acabar, você não vai ser mais a única a sair machucada com isso.

 Olhei cética para ele.

—O que você quer insinuar, Carter?

—Ele quer insinuar é que já está fazendo uns dias que vocês não são mais apenas amigos – Charles se meteu – Vocês só podem estar cegos, Hannah, mas eu perdi a conta das vezes que vocês trocaram olhares e sorrisos apaixonados...

—Estão puro diabetes – Ed escancarou a porta do quarto, chegando com tudo no quarto – sim, eu cheguei meus amores e eu quero o meu amado para mim pelo resto da noite.

 Brian e eu erguemos as mãos em sinal de rendição. Ri de Ed, eu amava a personalidade dele principalmente quando ele estava usando um pijama de seda lilás com a frase I LOVE NEW YORK, em letras rosa Pink.

—Pantufas de panda? – Ed chutou de leve meus pés – Eu deveria trazer o pote de sorvete e começamos a falar o quanto Ethan é um filho da mãe, ou você apenas usa essas pantufas da fossa com frequência sem um motivo aparente?

  Nem me dei ao trabalho de responder, apenas beijei seu rosto enlaçando seu pescoço.

—E o que eu deveria calçar para dormir, meias?

—Melhor do que panda – ele deu de ombro e depois se voltou para Brian – você, sua mulher está vestindo uma camisola vermelha e saltos meia pata...

—Saltos para dormir? – Brian perguntou e caímos na risada – o que foi?

—Se você acha que Maggie está usando saltos para dormir, o caso está perdido para você meu irmão.

 Demorou quase dois minutos para Brian se levantar e um sorriso malicioso brotar em seus lábios.

—Ah...

 Aproveitei a deixa para pular da cama dos dois e ir dormir, eu precisava de uma cama bem macia para capotar e levantar só daqui cinco anos. Caminhei de braços dados com Brian até o quarto dele. Meu celular, no vão dos meus seios, vibrou antes de eu me despedir dele.

“Janta comigo amanhã? Não quero receber um não de resposta. Certa vez você me disse que todo mundo merecia uma segunda chance. Eu queria receber a minha.” Randall Hill.

 Brian viu sobre meu ombro.

—Aquele filho da puta atrevido? – perguntou e afirmei, a mensagem foi enviada bem mais cedo quando estávamos na praia, mas só tinha chegado agora – Você vai jantar com ele?

—Eu não sei, acho melhor não. Randall está cheio de esperanças, e acho que ele quer ter novamente um relacionamento sério.

—E você não queria isso?

 A pergunta de Brian me pegou de surpresa. Era realmente o que eu queria antes, um relacionamento sério, no entanto agora eu não queria me afastar de Ethan. Brian pareceu ler meus pensamentos.

—Eu não quero o Randall para você, e tenho certeza que essa demora para me responder não é porque ele te traiu, coisa que nunca vou perdoar – enfatizou apertando os olhos – Mas eu já falei e vou repetir, se você está cogitando isso pelo Ethan, quer dizer que é dele que você gosta.

—É claro que eu gosto dele. Ethan é um cara incrível e um dos meus melhores amigos – retruquei.

—O que você sente por ele, irmãzinha, tá longe de ser apenas isso.

 Pela segunda vez, Brian me deixou sem palavras. Ele apenas beijou minha testa xingando Randall mais uma vez e entrou no quarto. Caminhei no automático pensando no que ele tinha dito e virei o corredor que eu havia memorizado, essa casa era muito grande e você poderia se perder facilmente nela se não desse um de João e Maria.

 A Ala leste havia vários quartos, mas apenas as suítes que estavam sendo ocupadas. Virando mais um corredor que eu achava ser o da escada, eu trombei com alguém por conta da pouca luz caindo de bunda no chão.

—Essa doeu – esfreguei a mão na lateral – foi mal eu não vi...

 Aceitei a mão que estava estendida para mim e pela primeira vez vi a parede com que bati.

—Eu que peço desculpas – Lukas enlaçou minha cintura e me levantou – foi mal mesmo, eu não te vi. Estava caminhando próximo a parede.

—Eu tenho essa mania também – recoloquei meus óculos que se entortaram e limpei a sujeira do meu baby-doll, ainda bem que eu não estava de camisola – eu preciso ir, estou no andar debaixo.

—Ah, eu também estou. Eu estava indo para o quarto da minha irmã, mas ela não está lá – ele coçou atrás da cabeça – Será estranho eu dizer que mesmo vindo um milhão de vezes aqui, ainda acabo me perdendo?

—Não quando se tem pelo menos uns milhares de corredores – brinquei – você não estava indo para o lado errado? A escada é por ai.

—Não, eu vou pegar o elevador. Acho bom você fazer o mesmo, deve estar escuro por lá, e escadas a noite não é muito seguro.

 Eu ainda não gostava de Lukas, mas concordei voltando para trás. Eu não sabia onde era o elevador muito bem, aquele era um andar que eu não tinha andado e nem me preocupado em saber que tinha um elevador naquela casa. Minhas suspeitas eram que deveria ter mais de um, mas não falei.

 Passamos pela suíte que eu havia deixado Brian e seguimos para outro corredor em silêncio. Aquele lugar era quase um labirinto, todas as suítes era grandes demais, o que não deixava que mais de duas por corredor. Não precisei adivinhar de quem era a suíte que o elevador ficava mais próximo, aquela com certeza era a maior suíte da casa – que eu vi pelo menos – maior até do que a de Julius e Rose.

 Tive vontade de bater na porta de Ethan, apenas para dar um oi, mas continuei andando e me convencendo a não fazer isso, quando Lukas chamou o elevador que estava no térreo, a porta de Ethan se abriu. Por alguns instantes um sorriso se formou, ao pensar em vê-lo, só que quem saiu de lá não era ele. Era Anne.

 Anne usava uma camisola de cetim branca curta que acentuava todas as curvas do seu corpo. Affs, vadia.

—Ah, oi Hannah – ela falou surpresa.

—Olá. Boa noite.

 Minha voz pingou sarcasmo, e me virei de uma vez tropeçando nas pantufas para fugir dali e caindo nos braços de Luke que me pegou de uma vez.

—Peguei você – ele sorriu galante – o chão é duro, princesa.

 Ele não me soltou quando me ajeitei, suas mãos ficaram firmes na minha cintura e ele olhava fundo nos meus olhos. Lukas se inclinou um pouco para me beijar, mas virei o rosto de uma vez empurrando seu peito e afastando-o de mim bruscamente.

—Quietinho aí galanteador de quinta.

 —Desculpe-me.

 Apertei os olhos e tirei as mãos deles na minha cintura entrando no elevador de uma vez ao me lembrar do que eu estava fugindo, quando virei para as portas, gelei.

 Ótimo! Ótimo mesmo! O negócio não podia ficar mais dramático!

 Ethan estava parado do lado de fora do quarto, a maldita Anne Collins a alguns passos dele com cara de paisagem, ela era uma boa atriz. Meu sangue gelou ao ver a cara que Ethan estava nos olhando, dava até medo. Só que foi por menos de um segundo, depois voltou a ferver de novo. Era Anne que estava saindo do seu quarto, eu não tinha feito nada errado.

 —Boa noite, Parker.

 —Hannah espera...

 Pra acrescentar mais drama ainda, as portas do elevador se fecharam em sua cara. Tudo que escutei foi seu palavrão alto após eu apertar o botão de “fechar”. Uma respiração baixa ao meu lado, me fez lembrar que eu não estava sozinha no elevador, eu nem tinha visto o maldito Collins projeto de cobra 2, entrar.

—Eu sinto muito – Lukas falou ao meu lado.

—Sente? Duvido muito disso.

 Seus olhos se arregalaram surpresos, e depois se desmanchou.

—Me desculpe, eu realmente sinto muito.

 Eu duvidava disso veemente, mas não falei nada. Não demorou mais que poucos segundos para o botão acender um andar abaixo e esperei as portas se abrirem o que não aconteceu. Esmurrei a porta e o botão para abrir, mas a porra nem quis saber.

—O que está acontecendo? – perguntei para Lukas.

—Eu não sei – ele tentou abrir a porta – Merda, eu juro que não sabia o que Anne ia fazer. Ela só me pediu para te levar ao elevador.

—E como o bom samaritano que você é, fez esse favor.

Ele respirou fundo e soltou o ar.

—Não, não foi por ser um bom samaritano, eu sabia o que ela queria fazer em partes – ele bateu no botão com o punho fechado para ver se abria – eu só achei que você deveria saber.

—Saber o que?

—O que você descobriu.

 Ri seca. Descobri o que? Que ele e a projeto de cobra 1 haviam armado para nós? Porque foi a única coisa que descobri naquela noite.

—Nem vou dar ao trabalho de me importar com isso. Se foram vocês que travaram...

 A luz o painel se acendeu, o elevador sacolejou, e quase que eu me espatifei no chão de novo se não fosse Lukas que tivesse me segurado e amortecido minha queda com a dele. Aquele domingo estava começando de mal a pior e essa era apenas as primeiras horas dele, era bom que ninguém se metesse comigo no resto daquele dia infernal.

—Isso não muda nada – falei entredentes.

 A porta se abriu de uma vez e eu já estava quase completamente em pé quando vi que não era no meu andar, merda, havíamos voltado para o de cima. Ethan estava com o braço estendido na porta apenas o esperando abrir e quando nos viu apertou os olhos com força.

 Ótimo, era tudo que eu precisava.

—O que está acontecendo aqui?

 Bufei, essa deveria ser minha pergunta. Soltei-me de Lukas, hoje era o dia que a gravidade da terra só estava me jogando nos braços desse cara e sempre na hora errada.

—Boa noite, Ethan – apertei o botão para descer.

 Ele apertou para abrir as portas de novo.

—Podemos ficar assim a noite inteira – ele tirou a chave do painel do elevador da entrada e mostrou para mim – não é nada disso que você está pensando, Hannah, como eu sei que não é o que estou pensando sobre o que acabei de ver.

 Olhei para trás dele, Anne ainda estava parada lá. Eu sabia que Ethan não mentiria para mim, eu tinha consciência disso em algum lugar. E nem era para eu me sentir tão magoada ou com tanto medo de ver Anne sair do quarto dele. Na verdade, o que eu estava pensando?  Affs, eu nem estava pensando mais nada.

 —Primeiro eu tropecei de raiva e agora o elevador sacolejou, me segurei nele e caímos – eu disse suspirando frustrada, a cena que ele tinha visto poderia ser comparada a que eu vi, não podia? – foi só isso, eu preciso ir, Ethan, estou exausta.

 Apertei o botão de fechar, ele interrompeu a porta de novo e entrou no elevador. Foi questão de segundos, em um minuto eu estava ao lado de Lukas, no outro eu estava no ombro de Ethan parecendo uma criança e gritando para ele me soltar, segurando meu celular para não cair, quando ele bateu a porta na cara de Anne e Lukas que ainda estavam lá fora.

—O que você pensa que está fazendo? – perguntei cuspindo fogo de raiva quando me colocou no chão.

—O que você estava fazendo andando a essas horas com Lukas pelos corredores? – ele retrucou, suas pupilas estavam dilatadas – eu já ia descer pra te procurar.

—Ah me poupe Ethan, você estava aqui no bem bom com Anne.

—Eu não estava fazendo nada com ela – retrucou.

 Já não estávamos mais falando, eu tinha noção disso, principalmente porque eu raramente falava durante minhas discussões.

—Eu odeio que duvide de mim, Hannah – ele falou entredentes.

—Problema seu! – sacudi as mãos para dar ênfase – abre essa porta Ethan.

—Não enquanto você não parar de dar uma de maluca.

—Maluca uma ova. Eu não estou pensando porra nenhuma, isso não é da minha conta, eu já te falei isso antes. Se você quiser foder, Anne Collins de novo, vai lá garanhão. Porque se eu fosse homem ou se eu gostasse dessa fruta, faria isso também provavelmente. Se você quiser foder a população feminina da China, também não é da minha conta...

 Ele riu e isso me deu ainda mais raiva.

—População feminina da China? Você é realmente criativa, garota.

—Tem que ser, lá tem um bilhão de pessoas, imagina a quantidade disso que é mulher?! Fora que você já pegou a da América mesmo...

—Cala a boca, Hannah – ele mandou abaixando o tom de voz – apenas cale a boca.

 Minha vista inteira ficou vermelha. Cerrei os punhos.

—Quem você é para me mandar calar? Falar é fácil, quero ver fazer.

—Eu vou fazer, acredite em mim – falou calmo, sua voz perigosamente baixa.

—Não tenho medo de você, Ethan – ergui o queixo, desafiando-o e ele deu dois passos firmes na minha direção – tem que ser muito mais homem para me fazer calar.

—Ah, Agora que eu vou fazer mesmo...

 E ele fez, apenas com mais dois passos e sua boca atacando a minha nos levando a fazer um sexo selvagem ali mesmo, no hall do seu quarto.

...

 Passei os olhos pela grande suíte, com minhas pernas cruzadas em cima da cama. Os móveis eram todos claros, cortinas e a janela estavam abertas para o sobradinho, Ethan em algum momento depois do sexo e antes de eu acordar, havia me levado para cama e buscado comida para nós.

 Comemos em silêncio, os sanduíches estavam uma delícia e o suco ajudava a refrescar um pouco aquele calor de verão noturno. Meu celular vibrou na cômoda de novo e pedi para Ethan olhar para mim, as mensagens e ligações estavam chegando todas atrasadas ainda. Ele demorou a me entregar, provavelmente olhando as antigas.

—Lee te convidou para jantar hoje? – perguntou entregando o meu celular. Apenas balancei a cabeça – Você conversou com ele?

—Não, ele mandou mais cedo. Chegou só quando eu estava com Brian.

—E você vai?

 A pergunta dele estava cheia de receio.

—Eu não sei, acho que não... Randall esta querendo voltar ao passado ou conseguir um novo futuro. Ele está confundindo as coisas e está querendo algo bem mais sério.

—E não era isso que você queria? – perguntou entredentes.

 Era a segunda vez que eu ouvia aquilo. O modo como Ethan ficou tenso, me fez sorrir, estávamos nus e muito próximos um ao outro, eu sentia os músculos dos seus braços tensos.

—Acho que estou bem apenas com nossa amizade com benefícios, obrigada.

 Ele apenas sorriu um pouco de lado. Mais minutos de silêncio pairaram no quarto, não sei quantos, só sei que ele ficou me olhando terminar de comer.

—Eu não te machuquei, machuquei? – Ethan perguntou me encarando.

 Eu estava bem dolorida para falar a verdade. Havíamos nos contorcidos de todas as maneiras possíveis no chão, e ele havia estocado forte em mim enquanto ainda estávamos em pé, mas eu não ligava, eu queria isso. Eu queria a fome que ele demonstrava ao sua boca tocar cada parte da minha pele e deixar-me fazer o mesmo com a dele.

—Não, eu estou bem – respondi mais calma.

  Ethan não pareceu muito convencido. Arrastou-se um pouco mais para cima e ficou atrás de mim, afastou meu cabelo e beijou de leve meu pescoço, meus pelos se eriçaram na hora com isso.

—Você está com marcas minha bem aqui – beijou meu ombro, onde havia cravado seus dentes enquanto gozava – e eu não fui muito cuidadoso, quase transamos sem camisinha, Hannah.

 —Tocando nesse assunto – virei-me sobre o ombro para olha-lo direito – por que raios você tinha uma camisinha do seu moletom?

 Ele sorriu.

—Você fica adorável com ciúmes.

 Apertei os olhos, arqueando a sobrancelha.

—Eu não sou uma pessoa adorável!

—Não, você não é, pelo menos não quando está com ciúmes – debochou, tentei me soltar, mas ele não deixou – eu estava indo te procurar quando Anne apareceu, ela queria falar comigo, eu juro, ela não ficou mais que três minutos aqui. Por isso a camisinha, eu estava indo te procurar porque estava sentindo sua falta.

 Apertei os lábios para não sorrir com aquilo, o que não adiantou muito. Vire-me de frente para ele completamente nua passando os braços pelo seu pescoço, não tínhamos mais vergonha do corpo um do outro, fora que ele havia estragado minha roupa.

—Você me deve óculos novos – falei doce ao lembrar-me dos meus óculos, em algum momento ele havia caído e quebrado uma das lentes – E eu também estava sentindo sua falta.

 Ethan me puxou ainda mais para perto para ficar entre suas pernas e eu enlacei as minhas em seus quadris ainda sentada na cama. Sua boca foi mais gentil com a minha, nossos lábios já estava inchados do sexo selvagem que fizemos e aquela sensação era tão boa que eu não estava conseguindo aguentar aquela sensação estranha no peito.

 Ethan era viciante. Uma espécie de heroína feita sobre medida para acalmar todos os meus nervos e ao mesmo tempo me deixar mais viciada a cada segundo. Do tipo que fazia meu cérebro virar gelatina e eu pensar em apenas uma coisa: sexo.

—Eu estou doido pra entrar em você novamente – ele gemeu, seu pau já me cutucando por baixo dando sinais bem claros que estava vivo ali – diga-me que ainda está pronta.

—O que você acha?

 Ethan murmurou um palavrão e todas as coisas em cima da cama foram para o chão. Ele se esticou pegando sua carteira no criado-mudo, e tirou um envelope sem tirar seu pau de perto de mim, sorte que ele era grande, em todos os sentidos.

—É a última que eu tenho aqui, todas as outras ficaram com você no seu quarto – rosnou rasgando a embalagem e deslizando sobre seu comprimento. Eu adorava vê-lo fazer isso, era tão másculo – Vamos ver se está pronta mesmo.

 Suas mãos seguraram minha bunda levantando-me e puxando-me para mais perto, Ethan se encostou na cabeceira da sua cama, e quando eu vi, ele estava deslizando para dentro de mim naquela posição, um sentado de frente para o outro, as pernas entrelaçadas.

—Eu não me canso dessa bocetinha sua nunca. Ah, céus Hannah, eu quero meter muito em você – puxando-me ele colidiu nossas virilhas, arfei escondendo o rosto no seu pescoço. Eu estava pronta, mas nunca o suficiente para enfrentar ele assim depois de estar tão dolorida – Ei, garota, se abre pra mim vai. Deixe-me deslizar por você e fazer nós dois gozarmos.

 Céus, não era difícil ter um orgasmo apenas com essas palavras. Ethan foi deslizando e aumentando a velocidade gradativamente, nossos corpos voltaram a suarem mais e mais enquanto ele entrava e saia de dentro de mim. Meu corpo se mexia criando ritmos e danças para combinar com cada um dos seus movimentos.

 Eu o sentia ali, bem profundo enquanto meus quadris subiam e desciam, iam para um lado e para o outro... E ele se enterrava cada vez mais forte e bruto perdendo o resto do controle que tínhamos.

—Vem comigo – arfou nos arrastando da cama – Vamos fazer um serviço só.

 Sem sair de mim, Ethan me carregou com minhas pernas enlaçadas em sua cintura para o banheiro , provocando-me. A cada passo que ele dava me fazia gemer com aqueles movimentos, e ele se juntava a mim falando palavrões.

 Ele deve ter quebrado a trava do Box quando abriu com pressa, e ligou o chuveiro no quente. Não esperou nem esquentar, e entramos debaixo da água corrente. Minhas costas chocaram-se no frio da cerâmica e com esse novo apoio.

—Ah meu Deus, Ethan, mais forte... Por favor...

 Os seus passos haviam me provocado demais.

—Assim? – ele estocou com bruto e gemi balançando a cabeça – eu já falei, tudo que você quiser.

  E ele deu tudo que eu quis. Entrando e saindo com força, mordendo meus seios e estimulando meu clitóris com as pontas dos dedos. Ethan não era egoísta, ele queria o prazer, mas não chegava nele sem dar a mim também. Conhecia os meus pontos fracos, atacava os pontos fortes e me dizia coisas que me deixavam arrepiada e excitada até a alma.

 —Goze comigo, Hannah – falou com seus olhos avermelhados pelo vapor da água quente, e suas pupilas dilatadas – goze comigo, garota.

 Precisou apenas de um ponto, seus dentes prenderem meu mamilo e seu dedo pressionar ainda mais meu clitóris para os espasmos tomarem conta de cada parte do meu corpo. Minha pele inteira tremeu, minha vagina se lubrificou escorrendo pelo seu pau e ele deu mais duas estocadas até atingir o próprio êxtase na camisinha.

 Nossas respirações estavam fora de controle, nossos peitos se encontravam subindo e descendo na mesma força como se ele ainda estivesse deslizando lá embaixo e preenchendo cada canto em mim.

—Fica difícil de escolher qual é a melhor quando é com você – Ethan beijou minha testa.

  Se antes eu estava dolorida, agora então nem se fala. Banhamos em silêncio nos apalpando, como se não tivéssemos acabado de transar. Lavei as costas deles demorando a mão em sua tatuagem que no dia anterior havia me deixado bem curiosa, e até agora na verdade.

 O escorpião era lindo, assim como ele. Por mais que ele tivesse o Jesus Cristo no antebraço, Fé escrito perto do ombro e uma tribal no braço, aquela era sem dúvidas a que mais combinava com Ethan, a que condizia mais com a personalidade dele.

 Nos enxugamos e ele saiu na frente enquanto eu enxugava meus cabelos na frente do espelho, eu nem preciso comentar que aquele banheiro dava dois do meu, e olha que o meu era grande. Quando sai do banheiro as coisas no chão estavam recolhidas, ele já estava de boxer, sem calça de pijamas segurando uma camisa de botões branca e cara.

—Pra você – ele me ajudou a vestir passando pela minha cabeça e fechando os abertos em cima – pode ficar com ela, ficou bem em você.

 Bem uma ova, mas eu havia gostado. Ethan era muito maior que eu, e sua camisa virou um vestido largo e confortável. Penteei os cabelos com os dedos no outro espelho enquanto ele se jogava na cama me olhando.

—Vem cá.

 E eu lá conseguia não ir? Só subi em sua cama e deslizei para o seu peito musculoso. Com as pontas dos dedos percorri sua tatuagem.

—Por que todos vocês tem tatuagens de escorpião? – perguntei.

 Olhei para cima e vi que ele olhava para onde meus dedos brincavam.

—É uma tradição de família – ele respondeu com a voz gostosa de se ouvir, estava tão grave por conta do cansaço e ao mesmo tempo tão cheia de carinho – O sobrenome Scorpions vem muito antes dos meus bisavôs, mas as crenças sempre foram passado de geração a geração. Lembra-se de quando você falou sobre os escorpiões depois que transamos?

Acenei, eu me lembrava de cada detalhe daquela noite.

—Era mais ou menos isso. A fé da nossa família é muito grande, acreditamos em Deus e em todas as coisas boas que ele faz por nós. Creio em Jesus Cristo, por isso tenho seu rosto em meu braço. E não é porque meus antepassados acreditavam nos escorpiões e suas crenças que não tinham a mesma fé que nós – ele explicou acariciando meu braço – muitas pessoas julgam mesmo ele com a morte, mas nós o ligamos de outra forma.

 Inclinei-me mais para ouvi-lo. Eu adorava histórias e teorias e ele sorriu ao ver isso, então continuou.

—Meu tetravô era um crente em Deus, mas admirava os escorpiões. Foi um grande caçador de tesouro e meu avô contava que nossa fortuna começou com essas procuras deles. Nessas caças ele se fascinou por eles. Não sei ao certo como foi que ele trocou o sobrenome e passou a se denominar como um escorpião. A questão é que de geração a geração aprendemos sobre suas crenças. Todos os Scorpions tem tatuagem do seu símbolo de vida. Para nós o escorpião é um símbolo de liberdade e respeito às crenças limitadas sobre a morte, era visto como guardião da evolução da alma e protetor de diferentes tipos de vida. Para meu tetravô, ele é um poderoso guardião, bem como um sentinela para a "vida após a vida".

 Passando minhas pernas pelo seu quadril ele nos colocou na mesma posição de antes de irmos parar no banheiro.

—Desde muito novos vemos as coisas de forma diferente. Eu senti muita falta do meu pai quando ele morreu, sofri com sua perda, e por isso me tornei mais devoto a minha tradição de família, foi ela que me ajudou a não tornar-me uma criança revoltada por perder o homem que era meu herói. A questão é que meu pai foi o melhor homem que já tive, o cara que mais me amou e que eu quis seguir seus passos, acreditar nessa crença não me deixou sentir raiva das pessoas e nem de Deus por tira-lo de mim, então me apeguei ao pensamento e tradição. Ele não tirou meu pai de mim, ele apenas o levou para um lugar melhor. Uma vida melhor. Podemos não saber o que acontece depois que morremos, sofremos os lutos como todo mundo, mas nós não nos depreciamos com isso.

“ Os escorpiões são a liberdade e crença, são passados de filho a filho para aprendermos a ser mais forte. Sermos mais firmes com os lutos, a sermos tão resistentes quanto esse pequeno animal que sobrevive aos piores lugares. Todos Scorpions tem o escorpião nas costas, mesmo que não passemos o sobrenome para frente, como é o meu caso porque eu uso o sobrenome do meu pai, eu vou passar essa tradição para frente. Se eu tiver um filho, ele vai ter o sobrenome Parker, mas vai ser um de nós também.”

—E por que Julius tem um? – perguntei curiosa, tentando não pensar em Ethan falando em ter um filho. Será que ele ia se casar um dia? Eu duvidava muito disso, mas quem precisa se casar para ter um filho hoje em dia? – Ele não herdou o sobrenome da sua mãe, no caso ela que se tornou uma Peterson, não foi?

—Ela usa Peterson mesmo, a questão de fazer a tatuagem é opcional. Só que é difícil alguém não querer fazer. Como eu disse, não precisa ter ou carregar o sobrenome Scorpions. Quando Julius se casou com minha mãe ele se tornou parte de nós, Clark se recusou e era um grande babaca, mas Julius aceitar a fazer significou muito para minha mãe e meu avô na época. É um costume que as pessoas que fiquem entre nós, os conjugues como maridos e esposas, fazerem. Não por obrigação, mas por se sentirem a vontade com isso.

 Sorri ao pensar em Brian fazendo um escorpião, eu não duvidava nada que ele e Maggie iam longe, e tinha certeza que ele ia querer fazer isso por ela. Para se tornar ainda mais parte da família. Ser um Scorpions não precisava de sobrenome, e isso me fez amar mais ainda aquela família.

—Ethan? – Chamei-o quando ele nos deitou na cama.

—Hum.

—Por que a sua e a da sua mãe são as maiores?

Ele sorriu como se já soubesse que eu ia perguntar isso.

—Minha mãe é a mais velha de três irmãos, o que faz dela a herdeira das Indústrias Scorpions. Nossa família nunca teve esse negócio de mulher, mesmo meus tios sendo homens ainda sim valia o fato de ela ser a mais velha. Eles têm suas partes na empresa e receberam suas heranças, e respeitam isso.

Ergui a cabeça.

—Então você é o herdeiro das Indústrias Scorpions? – perguntei exasperada.

—Exatamente. Não sou o único, como eu tinha te dito Julius uniu o dinheiro dele as Indústrias e se tornou dono de boa parte da empresa. Eu fiquei muito feliz com isso porque diminuiu muito minha responsabilidade. Maggie, Roger, Mel e Jack têm as porcentagens deles, mas quem vai assumir mais para frente sou eu de todo jeito. Minha mãe quer passar a parte dela para mim logo, e eu estou tentando impedi-la de ir com muita pressa, mas vai ser inevitável, eu tenho Julius para me ajudar pelo menos pelos próximos quatro anos, só que mais cedo ou mais tarde eu vou ter que assumir, Julius merece um descanso e ele já fez e está fazendo muito por mim lá.

—E a RIH?

—Elas vão entrar para as Indústrias, só que separada. Por fora, meus irmãos e tios preferiram assim. Eles não acham justo, porque eu criei a Red Intense Hot sozinho e quase do nada. Por mim eu não vejo problema, mas acho que eles estão certo. Eu quero passar para frente mais do que apenas meu sobrenome. Espero que Maggie ou Roger tenham seus filhos antes de mim, porque não quero que um filho meu tenha tantas responsabilidades como eu.

—Isso faz de você o que? – perguntei encabulada, cada segundo eu admirava mais o homem ao meu lado – Um escorpião rei? Sua mãe é uma escorpião rainha?

 Ele riu e me juntei a ele. Era tão bom quando ele ria.

—Eu sou o escorpião primogênito. O verdadeiro escorpião, melhor dizer.

—Isso é chique – brinque o cutucando – você é um escorpião, isso é quente Scorpions Parker.

 Recebi um apertão na bunda. O silêncio pairou, deveria se passar das três e meia da manhã ou mais e mesmo assim ainda estava um pouco quente e abafado.

 Ethan era mais rico do que eu imaginava, e ia ficar ainda mais rico assumindo as Indústrias Scorpions. O que não fazia sentido ali era Anne. Eu trabalhava com a teoria dela ter o largado para arrumar alguém mais rico, mas com a herança Scorpions, Ethan era várias vezes mais rico que o falecido marido dela.

—Por que você e Anne terminaram? – disparei.

 Ele nem abriu os olhos para responder.

—Já sei o que está pensando, Hannah – falou tranquilo – Eu nunca contei a ela sobre isso mesmo a gente ficando junto durante muito tempo, e minha mãe não contou aos seus pais, somos meio reservados quanto a isso. Começamos a namorar seis meses antes de eu ir para o exército e apenas nos correspondíamos. Ficamos juntos sete anos e o máximo de tempo que eu fiquei sem ser recrutado foi um ano. Éramos muito novos, bobos apaixonados. Bom, eu era um bobo que achava estar apaixonado. Quando eu vim embora com Charles para não voltar mais, estávamos fora há sete meses e ela já estava com outro.

—O falecido dela?

—Esse mesmo, e você já sabe disso espertinha – sorri inocente para ele, que retribuiu – Ela não me contou sobre ele, ainda ficamos juntos duas semanas antes dela se casar. Quando eu vi, ela já não atendia meus telefonemas e nem veio falar comigo. Não dormíamos juntos por conta do meu tempo de exercito, era muito arriscado e sempre ficamos com os sentidos muito aguçados, então simplesmente não tinha nada ao quarto ao lado que eu fiz para ela antes eu me mudar para a cobertura.

 Vadia! Se antes eu não gostava de Anne Collins, agora então... Eu queria trucidar aquela piranha.

—Eu fiquei sabendo do casamento dela pelos pais, o cara era um Londrino muito, mais muito rico. Eles vieram com o papo de que ela era imatura e muito nova. Ela era dois anos a menos que eu, 22 anos na época. Traumatizei com mulheres mais novas, sempre culpei a idade dela e a minha também. Se ela não fosse tão imatura, não teria brincado com meus sentimentos, e se eu não fosse imaturo, não teria me deixado enganar tanto assim.

—Daí vem a sina com idade?

Ele riu de lado.

—Por aí, Anne me estragou para mulheres novas. Com 24 anos eu ficava apenas com mulheres acima dos 28 pra mais. Já peguei uma quarentona antes, e algumas mais velhas...

—E o padrão dos 35 no máximo? – perguntei incomodada com isso. Ethan havia fodido tantas mulheres que a minha lista se tornava nada perto da dele...

—É sério que tem esse padrão? – ele perguntou-me.

—Nos últimos 3 anos sim.

—Acho que nem notei isso – deu e ombros.

 Bom, Anne era uma vadia... uma vadia que tinha estado no quarto dele. Eu sabia que os dois não tinham transado, só que isso não me impedia de querer saber o que ela estava fazendo ali mais cedo.

—O que...

—Ela veio falar comigo – me interrompeu – eu já te falei que não fizemos nada.

—Eu sei, eu sei. Só quero saber o que ela veio falar de você – Ethan levantou as sobrancelhas – é ciúmes, tá bom? Então desembucha logo.

 O desgramado riu.

—Ela veio perguntar-me se eu já a esqueci.

Afastei-me de uma vez.

—E o que você disse?

Ele riu de novo. Ótimo, pelo menos alguém está se divertindo aqui.

—Ela queria só um pretexto para entrar aqui, pergunto-me quanto tempo ela ficou te vigiando para fazer o timing perfeito – respondeu dando de ombros – eu deveria ter desconfiado quando o celular dela tocou e ela ficou toda ansiosa. Eu falei a verdade, esqueci ela tão rápido quanto ela foi. Mas ela não ficou contente, e soltou uma coisa que você tinha dito e me deu os parabéns...

 Minha espinha inteira gelou e fiz muita força para não arregalar os olhos com isso. Eu só contei uma coisa para Anne...

—... Eu fiquei surpreso, e saquei na hora que ela só estava querendo que eu te desmentisse.

—E você desmentiu? – a tentativa era soar casual e colocar a máscara de cara de pau, mas não funcionou tanto assim. Eu estava começando a perder essa habilidade.

—Pra ela ficar mais em cima ainda? Uma hora dessas, ela sabe que eu sou herdeiro das Indústrias Scorpius, Anne é muito mais perigosa do que aparenta ser. Só que você deveria ter me dito.

 Ok, eu estava com vergonha. Mais do que vergonha, eu estava em transe. Eu não sabia o porque de ter feito aquilo e isso me deixou apavorada. Ethan não falou mais nada, apenas me puxou para mais perto dele, para deitarmos. Minha cabeça doía para caramba e todos esses sentimentos me deixaram ainda mais cansada. Eu estava em pânico e como autodefesa eu precisava dormir para esquecer tudo aquilo.

 Meu baby doll já era, e eu ia embora apenas com aquela camiseta. Era de madrugada, tudo que eu precisava fazer era correr para o elevador, e depois para o meu quarto porque estava envergonhada demais para continuar aqui.

 O que eu tinha na cabeça para dizer que Ethan era o meu namorado? Eu estava estragando tudo. Que isso não chegue aos ouvidos de Julius.

—Eu preciso ir – resmunguei mexendo-me em seus braços, seus olhos que estavam fechados se abriram um pouco para me olhar – Está tarde, e ainda temos que ir embora depois do almoço.

—Fica aqui.

—Olha seu tarado, que eu me lembre, você disse que não curtia necrofilia. Se continuarmos fazendo assim, eu vou entrar em coma, preciso descansar meu corpo e meu cérebro por algumas horas.

 Ele riu.

—Você não entendeu, Hannah, eu pedi para você dormir aqui – congelei na hora olhando surpresa para ele – dorme aqui comigo, podemos ficar na cama até mais tarde e ninguém ira se importar realmente.

 Aquilo me pegou de surpresa demais.

—Mas, er... – parei um pouco para deixa o oxigênio voltar ao meu cérebro. Eu e Ethan nunca passamos uma noite inteira juntos, nem quando ele ia lá para casa, o máximo que fazíamos era tirar alguns cochilos  depois de transarmos – nunca dormimos juntos.

—Eu sei.

—E você quer que façamos isso agora? – minha voz saiu um pouco esganiçada — Por que Ethan?

Ele suspirou dando de ombros.

—Eu não sei, eu quero saber como é acordar ao seu lado depois de uma noite inteira juntos – acariciou meu rosto, seus dedos começaram da minha testa até meu queixo – não me diga não – sua voz era tão doce e suave que parecia um encantador encantando sua serpente – apenas fique comigo.

 Apenas balancei a cabeça sem palavras. Ele tinha conseguido um feito e tanto, deixar-me sem palavras era algo quase impossível e no entanto eu estava ali, sem elas mais uma vez naquela madrugada.  

 Ethan puxou os lençóis mais finos e aumentou um pouco o ar, fechando as cortinas apenas com um controle em cima do criado mudo. Na beirada do criado havia balinhas de canela para o mau hálito matutino que eu também havia aprendido a usar, e ele ter colocado ali significava que queria me beijar de manhã. Sorri com esses pensamentos, ele havia me pedido para ficar, mas quem estava contente com isso era eu.

 Isso fez meu coração se apertar ainda mais contra meu peito. Estávamos cada vez mais perto do fim da nossa amizade de benefícios, eu sentia que aquilo não ia durar para sempre. O acordo era simples, até ele se cansar porque estava repetitivo ou até eu querer algo repetitivo.

 Quem diria que era eu que ia romper isso antes? As coisas não podiam ficar dessa forma com Ethan, nós dois sabíamos disso, havíamos conversado muito, no entanto eu queria ficar repetitiva com ele. Apenas com ele.

 De uma coisa Brian estava certo, o que eu sentia por Ethan não era nem de longe apenas amizade e admiração. O que eu sentia era o fim da nossa relação, era algo maior do que eu pensei ser real ou que eu pudesse sentir, que o colocava em riso. Nossa amizade de benefícios ia acabar mais cedo do que eu conseguia pensar ou aceitar, porque eu estava apaixonada por Ethan Scorpions Parker. Eu havia caído nos Encantos do Escorpião.


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Próximo capítulo narrado por Ethan, faz um tempinho que não posto nenhum dele.
Relembrando 25 pessoas e posto em 48 horas, vou continuar usando o metodo de pressão pelas semanas o que é muito justo, não? Se não der a proposta, vocês não vão ficar sem capítulo, mas postarei apenas daqui a três semanas no dia 17 de dezembro.
Partindo aqui, estou na semana de provas e arrumando as coisas para mudar.

Spoiler:

" Ela estava chorando.
Eu nunca a vi chorar antes. Não assim, os filmes de romance e cenas tristes não podiam de qualquer forma ser comparados a isso. Seus olhos estavam fechados com força e seus dedos e unhas cravavam com força no travesseiro quase o rasgando, sua respiração estava sobressaltada, como se ela quisesse falar algo, ou pior, gritar algo. Aquilo estava acabando comigo. "

" Não queremos... Eu não sabia o que responder. O que sentíamos ou queríamos? Talvez essa fosse a primeira vez que eu tenha parado para pensar nisso todos esses dias. O que eu sentia na verdade?"

Por hoje é só, até próximo, quem sabe com boas noticias sobre o livro? ;)


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