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História Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 22


Escrita por: Jess_Monteiro

Notas do Autor


Senhoras e senhores, chegamos... Bom meninas, eu me atrasei algumas horinhas, mas foi por uma boa causa. Ao contrario dos homens que festam os primeiros dias e sofrem depois, nós ( eu) passei da fase sofrimento e tô na fase me amando mais e festando pacas, fora que estou com a cabeça na minha viagem ( tô mudando pra Campo Grande dia 13 \0/) então, mil perdões, mas sabem como é né? Preciso estar bem pra escrever bem, e com certeza meu fim semana vai me ajudar.
Meninas que comentaram, nem sei o que falar, vocês são tão divas!!! Sejam bem vindas todas as minhas gatas que comentaram, vocês são demais. A proposta tem que seguir eu rumo, mas eu não vou subir dois como eu sempre faço,ou subir só um só. Então 26 pessoas, ok? 26 pessoas e em 48. Espero que entendam pq eu coloco pressão, vocês acham que é facil escrever um capítulo? Mas não é. Cada capitulo eu demoro vários dias para escrevê-lo, eu reviso, pesquiso, leio, releio... tudo para ficar bom para vocês, nem sempre ele fica perfeito, mas eu me esforço demais para escrever cada capítulo, pq se vcs são exigentes, imagina eu? Sou tipo meio obcecada e já deram para perceber que cada detalhe de cada capítulo é muito pensado antes de chegar até aqui. Então se não atingirmos a proposta que é a coisa mais fácil com esse tanto de visualização e favoritos, e não pode nem ser comparado ao trabalho que me dar para escrever, postarei somente daqui três semanas 27/12/15. (espero que não precisemos disso, apesar de tá cheio de fics ai que a pessoa posta uma vez por mes ou dois e capitulos pequenos)
Por hora é só, espero que gostem desse capítulo que sempre me deixa meio sei lá ;)

Capítulo 22 - Capítulo 22


Fanfic / Fanfiction Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 22

 

 

Ethan Parker

 

 No meu subconsciente eu tinha algumas ordens claras para não me mexer bruscamente, não fazer nenhum movimento rápido ou involuntário, mas eu não conseguia distinguir o por quê. Era como se eu tivesse medo, não por mim, mas por outra pessoa. Medo de machucar alguém. Lá também em algum lugar remoto do meu cérebro eu sabia que isso era impossível, quem eu ia machucar além de mim mesmo na cama? Eu não dormia com ninguém, nunca tinha conseguido passar a noite inteira com uma mulher, não tinha sentido temer isso.

 Eu estava tão em alerta, meu extinto protetor estava tão ligado que um barulho mínimo despertou todos os sentidos do meu corpo deixando-os tensos antes mesmo de abrir os olhos. Não era um grito ou algo parecido, era um som preguiçoso, um som muito baixo que mais parecia um gemido... Era um gemido sonolento por conta da falta dos lençóis.

 Um sorriso se formou em meus lábios quando meus olhos se abriram, cabelos fizeram cócegas em meu nariz e toda a tensão que eu sentia durante o sono para não machucar alguém, fez sentido. Hannah havia ficado.

 Eu não tinha certeza se ela permaneceria ou se eu ia acordar com ela ainda aqui. Hannah dormia esparramada na cama com a cabeça no meu braço esquerdo e nossas pernas entrelaçadas. Seus cabelos longos e escuros pareciam uma mancha negra nas fronhas brancas e em minha pele, um dos seus braços estava esticado para lá e o outro com a mão em cima da minha em sua barriga. Meu corpo estava totalmente virado de lado para ela, enquanto ela dormia com a barriga para cima.

 Seu rosto era ainda mais bonito assim, os longos cílios fechados quietos, sua boca curvada um pouco para o lado quase como um sorriso. Não sei quanto tempo fiquei ali, olhando para ela, analisando os detalhes de sua respiração, como ela havia roubado meu travesseiro mesmo usando mais meu braço do que qualquer um deles.

 Um barulho da porta me fez xingar baixinho, ergui um pouco sua cabeça e aumentei o ar. O dia já devia ter amanhecido, porque o quarto estava muito abafado. Por um segundo pensei que ela fosse acordar, o que eu realmente não queria naquele momento, mas ela não fez isso, apenas se virou de lado abraçando um travesseiro com outro gemido de protesto.

 Eu já estava com raiva de quem bateu na porta quando vesti minha calça de pijama, só que foi passageira quando vi que era a minha mãe.

—Tudo bem? – Perguntei abraçando-a.

—Tudo bem sim – ela sorriu – Você não desceu para o café da manhã. Fiquei preocupada, você nunca levanta tarde. Está tudo bem, querido? Não me diga que pegou um resfriado, essa mudança de clima resfriou Mel.

—Não, eu estou bem.

 Olhei para trás para ver se o barulho tinha acordado Hannah, não tinha. Ela ainda continuava do mesmo jeito.

—Ah! Eu não sabia que ela estava aqui! – Minha mãe arregalou os olhos – eu pensei que ela ainda estava dormindo, Brian falou que ela gostava de ficar na cama até tarde nos fins de semana – a surpresa de dona Rose passou a ser um sorriso – fique com ela mais um pouco, irei mandar Abigail trazer o café da manhã para vocês.

—Obrigado mamãe.

 Rose estava com algumas sacolas na mão quando me deu um beijo e caminhou até o elevador. As portas dele se abriram, mas ela não entrou, se voltou para mim.

—Ethan – chamou – cuidado.

—Cuidado?

—Sim, vocês dois – ela sorriu bondosa – apenas tentem não se machucar mais do que já estão machucados.

 Eu respondi vários e-mails com as palavras dela em minha mente, tentando encontrar algum sentido nelas. Usei a outra área para não acordar Hannah, e tomei um banho antes de Abigail trazer uma bandeja de café da manhã para dois. Ela sorriu para mim da mesma forma que a minha mãe, e isso de certa forma me incomodou. Era só uma noite juntos, todos sabiam que eu e Hannah transávamos, e ainda sim tratavam tudo como se fossemos crianças e não entendêssemos o que eles tinham para nos mostrar.

 Já havia passado quase uma hora desde quando me levantei e o relógio marcava mais de nove horas, minha mãe estava certa, eu nunca ficava até tarde na cama muito menos enfurnado em um quarto. Levei a bandeja até a área da cama e coloquei em cima da cômoda maior, Hannah estava na mesma posição que antes, de costas para o lado que eu estava abraçando um travesseiro.

 Arrastei-me até ela, a camiseta estava erguida deixando mais da metade da sua bunda para o lado de fora, e eu sabia que ela não usava calcinha. Até pensei em acorda-la para fazermos sexo matutino, entretanto alguma coisa estranha estava acontecendo com ela e isso me impediu e tirou todos os pensamentos pervertidos de minha mente.

 Hannah não estava mais quieta, ela abraçava o travesseiro com força demais e seu corpo tremia visivelmente. Sentei-me atrás dela e tirei o cabelo que caia por todo o seu rosto e o que eu vi fez meu peito se apertar.

 Ela estava chorando.

 Eu nunca a vi chorar antes. Não assim, os filmes de romance e cenas tristes não podiam de qualquer forma ser comparados a isso. Seus olhos estavam fechados com força, seus dedos e unhas cravavam com força no travesseiro quase o rasgando, sua respiração estava sobressaltada, como se ela quisesse falar algo, ou pior, gritar algo. Aquilo estava acabando comigo.

 Eu já tinha tido pesadelos antes, quando você trabalha com o que eu trabalhei acaba vendo coisas que dificilmente esquece. Eu não sofria mais com os pesadelos da época que servi o exército, fiquei mais de um ano passando por acompanhamento médico e psicológico assim como a maioria dos soldados cujas missões são difíceis.

 Só que eu me lembrava da época que eu acordava. Era sempre gritando, expelindo a raiva para fora, e meu terapeuta havia me dito que essa era a forma que praticamente todas as pessoas usavam para serem despertada do transe. Mas aquilo que eu via... Hannah não fazia nada disso. Ela claramente estava tendo um pesadelo, sua pele estava muito suada, ela tremia e se contorcia, mas não conseguia aguentar. Ela não tentava se liberar.

 Merda, ela era ainda mais teimosa do que pensava. Muito mais orgulhosa também. Que tipo de pessoa tem orgulho de liberar o que sente? Melhor, que tipo de pessoa tenta controlar os pesadelos dessa forma mesmo inconsciente?

 Mais lágrimas escorreram pelo seu rosto e ela mordeu os lábios ainda com mais força, eu sabia que nem sempre era seguro acordar uma pessoa de perto quando ela está em meio a um pesadelo. Só que todas as minhas ordens de seguranças se foram quando seu lábio se rompeu onde ela mordia e o filete de sangue se tornou visível. Que Merda, seria mais fácil se ela extravasasse e gritasse de uma vez!

—Hannah, ei Hannah, acorda – chamei com cautela sem toca-la, não adiantou – Hannah, é apenas um pesadelo, acorde...

 Assim que minha mão tocou sua cintura ela praticamente congelou. Outra reação diferente. Ela pareceu ter despertado, só que seus olhos se apertaram como se ela não quisesse abrir.

—Está tudo bem, garota – tirei seu cabelo do rosto de novo, os fios lisos sempre encontravam uma forma de voltar, e se grudavam em sua testa pegajosa – olhe para mim, está tudo bem. Foi apenas um sonho ruim.

Ela soluçou e imediatamente levou a mão à boca para tapar o barulho. Aquilo estava me matando, vendo a Hannah tão forte e destemida assim, frágil, com medo e muita vergonha.

—Me deixa sozinha apenas um pouco – ela sussurrou.

  Que?

—Não vou sair daqui – passei o braço por baixo do seu corpo e levantei-a. Ela tentou lutar contra mim e seus olhos cinzentos estavam avermelhados, isso me deu mais motivos ainda para não solta-la. Não liguei que fosse um movimento brusco. Sentei-me encostando na cabeceira da cama e levando-a junto comigo – Eu vou cuidar de você, Hannah, por favor, confie em mim. Não vou deixar que nada de ruim aconteça contigo, precisa acreditar em mim, garota.

 Aos poucos ela parou de resistir.

...

 Terminei de comer a última torrada e levantei o olhar. Hannah havia comido normalmente como se nada tivesse acontecido. Depois de ficarmos vinte minutos com a cabeça dela em meu peito, ela havia simplesmente se levantado de uma vez, tomado banho e vestindo a mesma camisa, sem falar nada sobre o que tinha acabado de acontecer.

—Hannah – ela encontrou meu olhar – está tudo bem?

Balançou a cabeça.

—Tem certeza?

Ela mastigou o último pedaço de bacon.

—Claro que sim – respondeu – O que vai ser hoje, sabe a hora que vamos embora?

—No meio da tarde.

 Hannah acenou e voltou à atenção para seu copo de suco, ficou algum tempo pensativa. Era uma batalha interior e mesmo contra minha vontade, eu estava dando espaço para ela. Funcionou apenas até ela se esquecer de que tinha machucado o lábio e gemer quando passou os dentes de leve por ele.

—Merda – xingou.

 Ela já ia se levantando quando eu a segurei.

—O que aconteceu? – Perguntei levantando um guardanapo ao corte.

—Eu me esqueci.

 Sua resposta me fez parar.

—Você sabe que não era o que eu estava falando! – Resmunguei – você estava tendo um pesadelo. Eu só quero entender o porquê disso.

 —Tem porquês quando o assunto é um pesadelo? – Retrucou dando de ombros – Eu nem me lembro.

 Não se lembra? Se eu fechasse meus olhos eu poderia ver cada reação do corpo dela naqueles poucos minutos atrás. Meu peito ainda estava angustiado com o que eu tinha visto, ela sofrendo. Naquele momento eu percebi que eu preferia ter todos os meus pesadelos de volta, se os delas desaparecessem. Eu preferia sofrer, a vê-la sofrendo.

—Olha Hannah, eu sei que tem muita coisa estranha na sua vida. Eu só queria saber o que estava acontecendo com você, e negar me contar isso, quer dizer que tem haver com as coisas estranhas da sua vida – fechei os olhos tentando controlar a raiva. Ela não tinha culpa de não confiar em mim. Ou tinha? Eu não sabia o que pensar, só não queria mais vê-la daquele jeito – Quer saber, tudo bem.

 Estava indo para o closet quando a voz dela soou firme chamando meu nome.

—O que foi? – Virei frustrado.

—Eu confio em você, Ethan.

 Ela lia mentes também? Várias vezes nas últimas semanas eu me fiz essa pergunta.

—Não é o que parece.

 Eu me sentia cada vez mais estranho para falar a verdade. Era quase como... como derrotado. Meus ombros haviam caído no sentindo figurado apenas. Havia muita coisa que ela não me contava, ontem foi uma delas. Ela tinha ficado alheia e estranha, apesar de participar de tudo com a gente e depois se afastou para beber com o segurança dela que eu nem sabia que ia vir.

Sim, eu realmente estava derrotado. Derrotado e cansado.

—Vem cá – ela estendeu a mão para mim, mas não me mexi. Sentando-se nos calcanhares de joelhos, ela balançou a mão estendida – Por favor.

 Como o bom idiota que eu era, fui. Hannah nos guiou até o meio da cama e me deitou para ficarmos de frente um para o outro, deixando-me confuso.

—Eu estava sonhando com o dia que meus pais morreram – seus olhos cinzas ficaram mais tristes ainda. Praguejei mil vezes em silêncio. Eu era um idiota por deixar seus olhos ainda mais tristes do que antes, já ia protestar quando sua mão acariciou meus lábios e ela sorriu de lado sem parar de olhar para mim – Eu ainda sonho com isso, quase todos os dias desde quando aconteceu. E tudo que eu não queria era que você visse isso, me vesse desse jeito.

—Se não quiser contar não precisa – sussurrei, eu estava morrendo de vontade de ouvir, contudo eu não queria vê-la sofrer. Tudo menos isso.

Ela sacudiu a cabeça.

—Eu quero te contar, já faz algum tempo. Eu confio em você, Ethan, acho que sempre confiei.

 Sorri de lado, e acariciei seu rosto, se ela queria me contar eu ia deixar as coisas mais fáceis para ela.

—Meus pais morreram em um acidente. Brian e eu estávamos de férias da pós-graduação, mesmo assim ainda tínhamos que trabalhar. Era para termos ido embora com Martin mais cedo de carro, só que ia passar um jogo muito importante na televisão. Papai e Adam estavam empolgados com isso, então decidimos ir mais tarde de helicóptero. Martin foi mais cedo de carro, Brian e eu ficamos para assistir o jogo no nosso porão secreto.

“Eu não quero entrar muito em detalhes, porque acredite, eu posso fazer isso, eu me lembro de tudo, cada um dos detalhes do que aconteceu naquela noite, infelizmente. Era algo entre dez e onze da noite, havíamos passado as pistas de Motocross de Austin quando tudo aconteceu e o helicóptero caiu. ”

 Todo o sangue que circulava em minhas veias congelara ao ouvi-la.

—Você...?

—Sim, Brian e eu estávamos com eles – ela respondeu minha pergunta incompleta – Tudo aconteceu muito rápido. Brian estava desacordado, meu pai me apertou tão forte contra seu peito enquanto caiamos que eu nem ao menos me machuquei mais. Papai tentou ajudar a mamãe, mas ela se recusou, todos eles se recusaram – ela fechou os olhos e o que eu sentia ao vê-la assim, era ainda pior do que vê-la chorando – Adam ficou gritando comigo, mandando eu tirar Brian, mandando eu cuidar dele...

“Aquilo foi aterrorizante, e é com isso que eu sonho todas as noites. Eu sonho com cada detalhe do que aconteceu naquela hora entre as dez e onze da noite. Com cada grito, estouro, cada sentimento como se tivesse acontecendo de novo e de novo sem parar. Não é um pesadelo, Ethan, eu queria tanto que fosse. São lembranças, lembranças da minha mãe se negando sair viva dali, de Adam me empurrando para longe dele onde eu poderia salva-lo, das palavras do meu pai dizendo o quanto me amava e o quanto estava orgulhoso de mim... eu não queria ouvir aquilo tantas vezes, quase todas as noites. Ele falou que ia atrás de mim, Ethan, ele me mandou arrastar Brian de lá e que ia atrás de nós, só que ele não foi.

 Eu confiei nele, confiei que ele ia sair lá de dentro carregando minha mãe e os outros. Mas não... Ele se foi junto com tudo. Junto com a última explosão, com os destroços. Ele não estava atrás de nós, Deus, eu só queria que ele tivesse pelo menos tirado minha mãe de lá no meu lugar. ”

 E novamente ela estava chorando. Hannah não era escandalosa, ela mal soluçava, as lágrimas apenas escorriam pelo seu rosto e enquanto elas escorriam eu sentia tudo que ela estava sentindo naquele momento.

—Eles se foram atrás do fogo, e não logo atrás de mim. A pressão da explosão nos jogou vários metros de distância. Eu acordei duas semanas depois, Brian dois ou três dias depois de mim, ambos tínhamos sido induzidos ao coma. Nos recuperamos bem, recebemos a notícia quando já estávamos entendendo melhor as coisas e acho que esse deve ter sido o pior momento de nossas vidas. Nem pudemos enterra-los. Era como se eu não tivesse mais chão para pisar e só tentei ser forte por mim e por ele.

“ Ontem fez dois anos que aconteceu o acidente, eu não sei como Martin chegou aqui, mas eu simplesmente não pude deixar de ficar feliz com isso. O ano passado foi bem pior, quando chegou essa data viramos praticamente zumbis mutilados demais para comer, e ele esteve lá. Martin sempre esteve lá, e é por isso que eu o amo mais que tudo também. Nos recuperamos bem, não ficou nada em nós, com menos de três meses podemos sair do hospital e nos mudamos para Los Angeles. Foi um milagre sobrevivermos a uma queda de helicóptero. ”

—As marcas que ficaram não foram físicas – falei percorrendo o dedo pelo seu rosto.

—Não, elas foram além disso. Não vou dizer que não houve danos, houve sim, só que Brian está certo. Cada ano doí menos, e estamos conseguindo sobreviver a isso.

 Eu queria falar ou fazer alguma coisa para ajudá-la, entretanto, minhas mãos estavam atadas. O que ela teve que passar antes de estar aqui deitada comigo? Eu achei que era apenas isso que ela ia me contar. “Apenas” não é uma palavra certa, eu me sentia mais do que honrado dela compartilhar o motivo da sua dor comigo. A questão era que eu não esperava que ela confiasse mais em mim e me falasse mais ainda.

—Acho que você deve ter se perguntado sempre sobre Martin, não é? – Confirmei – Martin está comigo há dez anos...

 Hannah me contou como Martin entrou na sua vida, o seu pai e o de Brian eram Agentes de missões especiais da CIA, e isso me pegou de surpresa. Contou-me sobre as pessoas que os vigiam, e de como ela e Brian estavam reagindo a isso agora.

 Falou-me também das suas desconfianças em relação ao porque dos dois serem tão monitorados, que era por causa do seu pai o motivo de ser tão boa com luta e computadores. Os motivos de estar usando minha sala e o porquê de mantê-la escondida e em segurança. Ela me contou tudo, bom eu acreditava que era tudo, porque já estava entrando em choque.

 A vida dela era muito agitada desde sempre, as coisas eram mais complicadas do que eu pensava e apesar de estar triste ao saber por tudo que ela tinha passado, uma parte de mim estava contente por ela estar confiando em mim. Era a maior prova de confiança que uma pessoa poderia dar a outra, principalmente quando o assunto era tão delicado. Ela me contava todos os seus motivos...

 Ela apenas falava e falava, e a vi ficar ainda mais tensa ao me contar sobre o motivo de ter desistindo de vir para cá na quinta-feira. Aquela foi a maior revelação, porque ela não me contou somente que tudo que tinha acontecido tinha haver com ela e que agora Brian estava em perigo por sua causa, ela me contou como estava se sentindo. Como se sentiu.

 Hannah falou que Brian havia a tranquilizado, mas eu ainda via culpa em seus olhos. Lá no fundo, atrás deles, ainda havia uma culpa sem lógica. Como alguém poderia se sentir culpada por algo que nem ao menos sabia o por quê?

—... e eu acho que é por isso que Julius estava agindo estranho – ela falou brincando com o colar que sempre usava – eu acho que ele está com medo de alguma coisa acontecer com você e Maggie.

—Ele te falou isso? – Perguntei ficando tenso.

—Não, ele está agindo bem esses últimos dias. Mas a agente Lewis falou que conforme fosse, era melhor que ficássemos separados – contou-me olhando para mim – ela disse que era caso nosso relacionamento interferisse nos assuntos deles, só que não consigo parar de pensar que tem haver com você também correr perigo. Seja lá quem for saber que eu sobrevivi e que a única pessoa que sobrou é Brian, tornou dele um alvo... fico me perguntando se isso não pode respingar para você.

—Não quero nem que pense nisso, Hannah – falei ríspido – eu sou bem grandinho e sei me defender.

—Falei com Charles sobre isso, ele me falou a mesma coisa. Os outros não são tão próximos, eu amo cada um dos nossos amigos, mas fica claro que você e Charles são mais próximos de mim, eu tenho...

—Quando eu falei para não pensar nisso, era uma ordem.

 Ela sorriu de lado e beijou meu peito aproximando mais.

—Eu só não quero machucar ninguém, não quero que ninguém machuque um de vocês. Só que eu sou tão egoísta Ethan, eu sou a pessoa mais egoísta desse mundo, porque mesmo sabendo que o certo era eu sair para longe, eu ainda sim quero ficar. Eu não quero ficar sozinha e eu sinto que mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer. Brian já está indo, ele está seguindo em frente exatamente como eu quero seguir...

 Uma mistura de sentimentos passou por mim. Eu já estava vendo ali as palavras, quando ela se afastou um pouco de mim.

—Você me contou sobre a sua família e suas tatuagens, acho que posso falar sobre a minha – virando-se de costas ela subiu a camisa e me olhou sobre o ombro – sabe o vergão? – Acenei e passei o dedo por ele em suas costas, ela não se afastava mais quando eu fazia isso – esse foi onde ocorreu a cirurgia da minha coluna, eu corria o risco de ficar paraplégica porque a pressão nos jogou muito longe e Brian caiu por cima de mim. Eu não tenho mais cicatrizes, elas se foram com o passar dos meses, só que essa ficou. E eu a ganhei por conta do acidente.

 Ela abaixou a camisa e se virou de frente para mim, seus olhos estavam brilhando de lágrimas, mais elas não escorriam.

—Eu simplesmente a odiava, não pelo que ela poderia causar. Porque da mesma forma que eu tento me esconder e esconder meus pesadelos, eu tentava, naquela época, fingir que não tinha acontecido nada. Eu não grito por vergonha de ser fraca, eu não quero parecer fraca e a cicatriz esfregava em minha cara que não fui forte o bastante para salvar todo mundo naquele maldito acidente, e que ele realmente aconteceu – seus olhos se encontraram com os meus e permaneceram ali, tão fortes e intensos – era um sinal de franqueza, e ia além. Era um indicio que eu estava morta ainda, e pode acreditar, eu estava morta até fazer essa tatuagem. Eu fui especifica, pedi para o tatuador camufla-la dos meus olhos, para que eu nunca mais a visse.

“Pode parecer idiota, mas funcionou. Ainda me sinto fraca ao senti-la em meus próprios dedos, mas ao senti-los no seu é diferente, eu gosto quando você a toca e não sei o porquê. A questão é que ela funcionou muito bem, eu já tinha outras tatuagens e eu não escolhi a fênix por acaso, ela sou eu, Ethan. Eu me sinto uma fênix, e ela é uma prova que eu sobrevivi. Não uma culpa como a cicatriz. Uma prova que eu renasci das cinzas daquele helicóptero. Que eu posso cair um milhão de vezes, ganhar mais de um milhão de marcas e cicatrizes que no final, eu vou renascer. Não no sentido imortal, sei que não sou imortal. Mas no sentido de que eu sobrevivi, não foi? Eu perdi tudo, perdi meu chão, até eu fazer essa fênix eu tentava me confortar de formas erradas, eu podia estar respirando, mas ainda sim estava morta. E então eu a fiz, eu ressurgi das minhas próprias cinzas. ”

 Havia muito mais que eu poderia fazer ou dizer do que ficar apenas olhando para ela. Eu ficava me perguntando o que Hannah tinha de diferente quase todos os meus dias com ela, o porque de eu ficar tão encantado, porque além da atração física que tínhamos sempre havia um Q a mais nela para mim. Sua mente inteligente, sua facilidade de deixar as coisas mais fáceis para mim, e até mesmo complica-las as vezes quando tudo estava chato ou monótono.

 Eu a chamava de garota. Quase sete anos mais nova, um rosto tão bonito e jovem que as vezes me fazia perguntar o quanto esse rosto poderia me levar e tirar do inferno. Ela não era uma simples garota, era a minha garota. Não no sentido que seu pai a chamava e ela havia percebido isso, Hannah era inteligente o suficiente para saber o porquê de eu chama-la assim.

 Só que nesse momento ela parecia muito mais velha do que seus poucos 23 anos. Ela parecia ainda mais madura do que era, e ao contrário do que ela pensava, parecia muito mais forte também.

 Hannah era forte.

 Não, ela era mais que forte. Era o tipo de pessoa que poderia carregar o mundo nas costas, e não foi isso que ela fez? Pelo menos era como eu via tudo que aquela pequena grande mulher havia passado e feito.

—Sabe porque eu não gosto muito de elogios, principalmente quando me chamar de “linda”? – Neguei com a cabeça – Tem vários motivos e nenhum é por baixa estima. Todos eles têm haver com meu pai.

—Seu pai?

 Ela anuiu.

—Meu pai vivia me chamando de linda, falando o quanto eu era bonita e me enchendo de elogios. Esse é o primeiro motivo, era uma função dele na minha cabeça. Era quase instintivo brigarmos por um vestido curto e quando eu perguntava o que ele achava na verdade, Chris virava e me dizia com a cara fechada que eu estava linda – ela riu um pouco, olhando sem foco – Quando ele se foi, apenas Brian e Martin tem esse direito sobre mim. Acho que porque eu sei que eles me amavam tanto quanto, Martin sempre com seus elogios formais e Brian do seu jeito tão “irmão”. Acho que eles não me afetam assim, porque eu já estou acostumada a ouvir deles desde sempre. Outras pessoas deixam tudo... impessoal, longe e distante. Me faz lembrar dele, e quase instintivo e bloqueio isso.

 Era involuntário inclinar-me para frente apenas para toca-la mais, eu queria sentir tudo nela, desde seu cheiro maravilhoso até o gosto da sua boca na minha.

—O outro motivo é maior ainda. – Ela continuou quando nos separamos – “Linda” era a forma que meu pai chamava minha mãe. Ele levantava todos os dias e dizia o quanto ela estava bonita, ela podia estar com o cabelo sujo de farinha enquanto se metia na cozinha ou toda acabada das aulas de dança que ele ainda sim falava que ela estava maravilhosamente linda.

 Ela levantou os olhos

—Era a segunda forma de “eu te amo” dele. Eles se amaram demais, aprenderam a se amar demais. Era algo intenso e que me deixava extasiada por vê-los assim. Não era um “eu te amo” leviano ou amigável do tipo que distribuímos para um amigo. Era um “linda- eu te amo” cheio de amor mesmo, forte e intenso. Diferente até a sua forma de me chamar assim. É isso que eu quero, que o Brian quer também apesar dele não admitir isso até se apaixonar por Maggie. O que aprendemos a viver, o que crescemos ouvindo e vendo o modo como meu pai morreria pela minha mãe, pela linda dele, o amor dele. E no fim foi o que aconteceu, não foi? Ele voltou para o helicóptero para morrer pela linda dele, com a linda dele.

 Mãos atadas nas costas, era como eu me sentia. Eu não sentia pena dela, tenho certeza que isso era à última coisa que ela iria querer de mim, eu apenas queria protegê-la. Só isso. Coloca-la entre minha pele e não deixar que nada acontecesse com ela.

 Isso não podia acontecer não, é? Eu sabia que não. Todos estavam certos no fim das contas, estávamos envolvidos demais. Eu não sabia o que pensar, nem o que querer, mas eu sabia que ela queria algo mais e já tinha visto isso.

 —Eu sinto muito por tudo – toquei seu rosto, estava meio avermelhado seus olhos um pouco inchados, só que mesmo assim ela ainda estava absurdamente bonita – sei que não precisa da minha pena, muito menos de palavras bonitas, porque sinceramente... eu duvido muito que seja isso que você quer no momento, então o que você quer, Hannah? Você sabe que eu gosto de você e que vou estar ao seu lado para qualquer coisa, apenas me diga o que você quer e o que está te assustando tanto. Apenas me diga o que você precisa...

—Eu quero e preciso de você, Ethan. Só de você – respondeu-me.

—E?

—Isso me assusta, muito na verdade. E eu não gosto de me ver assim tão assustada com meus sentimentos por você – disse-me – As coisas não podem ficar assim, Ethan. A linha da amizade com benefícios e o relacionamento ficaram finas para mim, você ou qualquer pessoa que esteja com a gente. No fim, todos estão certos, estamos envolvidos demais e isso é o que não queremos...

 Não queremos... eu não sabia o que responder. O que sentíamos ou queríamos? Talvez essa fosse a primeira vez que eu tenha parado para pensar nisso todos esses dias. O que eu sentia na verdade?

 Eu estava confuso. Assustado também, provavelmente, e não sabia o que dizer. Ali estava tudo que eu sabia que ela de certa forma ia dizer. Ela sempre teimou dizendo que era eu que ia me cansar primeiro, ao invés dela querer que fique repetitivo... E ela queria que ficasse repetitivo.

Ela sacudiu a cabeça.

—Acho que está chegando a hora.

—Concordo com você – e eu concordava mesmo. O que estávamos fazendo? Eu nunca seria o que ela precisava, e ela sabia disso. Doía muito. Mas eu não podia ser o que ela precisava, podia? Não. Se ela quisesse... se ela quisesse eu ia aceitar? Provavelmente, eu era dependente dela mais do que pensava e isso era ruim – E como vamos saber que é a hora certa?

—Eu não sei. Apenas vamos saber.

 Encarei o colar que ela usava para não a encarar, ele estava ali esparramado na cama, agora que estávamos de frente um para o outro de novo.

—Eu não entendo – falei puxando na memória os poucos momentos atrás – estava tudo bem com você. Você dormiu a noite inteira para falar a verdade, e de repente... eu não sei como aconteceu, uma hora você estava dormindo e em outra tendo um pesadelo.

Ela sorriu.

—Por sua causa.

—Não entendi? – Franzi a testa.

—Mais um motivo de ficar assustada na verdade. Não pelo pesadelo. Pelo efeito que você tem em mim – disse – eu estava bem porque estava com você. Já faz noites que eu tenho eles, de certa forma estou acostumada e estar com você não me deixou tê-los. Eles vêm e voltam só que se tornaram mais frequentes nos últimos dias e eu tenho certeza que só não os tive porque você estava comigo, e quando você se foi, eles voltaram... eu me sinto melhor quando estou com você. Protegida.

— E você ver nisso mais um motivo para sermos apenas amigos? – Ela acenou em silêncio– Pelo visto não temos muito tempo na verdade.

—Não, pelo visto não.

 Eu não falava por ela. Não por medo de ela sentir alguma coisa, porque eu sentia alguma coisa.

—Então?

—Então – Hannah repetiu – acho que sabemos que a hora chegou.

 Eu queria dizer que não. E se investíssemos nesse relacionamento, se eu me tornasse o que ela queria? Eu podia fazer isso, eu sabia que sim por ela. Mas não ia ser mais um relacionamento, porque ela ainda esperaria por mais. No fim eu ia segura-la por temer o futuro, ficaríamos empatados no relacionamento sério sem o futuro real dele. Só que eu não podia ser egoísta com ela. Nunca com ela.

 E então terminaríamos... E se terminássemos eu não ia ser mais nada dela, nem namorado, nem amigo com benefícios, muito menos sem os benefícios.

 Só que investir em um relacionamento com ela traria ainda mais consequências, não íamos poder ser amigos caso alguma coisa acontecesse. Eu era egoísta comigo mesmo, eu não podia ficar sem a Hannah.

—Pelo menos temos até a hora de ir embora? – Perguntei por fim.

—Acho que temos.

 Meu peito se tornou absurdamente mais apertado. Assim que saíssemos da mansão nos Hamptons, seria o fim dos nossos benefícios. Só sobraria apenas a amizade, a insuficiente amizade.

 Suas mãos me disseram que ela pensava o mesmo que eu. Hannah traçou com os dedos toda a extensão da minha tatuagem como ela sempre fazia, só que dessa vez com mais força e com as unhas, quase a marcando. Aquilo foi o estopim.

 Com a mão atrás de sua nuca eu a puxei para um beijo. Eu podia estar desesperado para toca-la, só que consegui ser mais lento por conta do seu lábio ferido. Saboreei cada canto da sua boca e nossas línguas brincavam e sugavam uma a outra de forma preguiçosa. Nunca tínhamos nos beijado assim antes. Não dessa forma, não sentindo como se o meu peito estivesse esmagado por um rolo compressor e me sentindo tão perdido.

 Eu podia sentir cada canto de sua boca, mas também era como se fizéssemos mais do que beijar. Ondas quentes e fracas de eletricidade percorriam meu corpo, até onde não estávamos encostados.

 —Eu preciso de você, Ethan – sua voz saiu baixa e rouca me deixando ainda mais duro – e você precisa de mim.

 E ela não podia estar mais certa. Nos virando, coloquei-me por cima dela. Eu poderia arrancar os botões da camisa de uma vez, com pressa por conta do desespero e excitação, mas não. Abri botão por botão beijando e passando a língua em cada pedaço de pele que eu deixava exposto. Hannah apenas se contorcida, seus dedos apertando meu braço e seus gemidos baixos me incentivando a continuar.

 Quando terminei, ajudei a tirar as mangas e com sua ajuda, rapidamente tirei minha calça. Ela queria investir, seguir para meu pau, e eu apenas a devolvi deitada na cama para observa-la.

 Seus cabelos estavam espalhados nos lençóis de novo, sua pele contrastando com o branco. Seus seios fartos subiam e desciam no ritmo de sua respiração e suas pernas encolhidas e juntas. Voltando para cima dela, abri suas pernas com os joelhos me posicionando entre elas.

 Beijei, chupei, mordi, suguei e lambi cada pedaço da sua pele. Brinquei incansavelmente com seus mamilos, endurecendo-os, mordendo-os e lhe causando dor até tocar em seu clitóris e molha-lo novamente para dar prazer. Trilhei uma trilha de beijos molhados e saliva por sua barriga brincando com seu piercing no umbigo.

E brinquei com sua intimidade. Ela era tão linda ali! Era perfeita e feita para mim e tudo que eu pensava era que aquela realmente poderia ser nossa última vez quando a toquei. Meus dedos brincaram dentro dela, um depois dois estocando-a em ritmos diferente.

Circulando seu clitóris e acrescentando um terceiro dedo, eu a senti ficando mais molhada e aumentei o ritmo, com a mão livre belisquei seu mamilo e aumentei a pressão dos dedos após lambê-la inteiro. Ela gozou apertando-me com espasmos preguiçosos, seus gemidos dois tons mais altos que o normal e eu adorando aquilo.

—Você tem um gosto muito bom – levantei-me beijando entre suas coxas – eu queria mais, queria sentir mais ainda seu gosto em minha língua, mas preciso me enterrar em você, Hannah.

—Isso é o que estou esperando...

 Eu já estava posicionado em sua boceta, com suas mãos em torno do meu pescoço quando nos lembramos.

—Inferno! – Praguejei, ela me olhou confusa – a camisinha...

 Ela jogou a cabeça para trás.

—Era mesmo a última?

—Era, as outras estão com você em seu quarto – suspirei, o ato fez meu pau se pressionar um pouco mais em sua entrada e gemi um protesto, ela está tão receptiva e molhada – eu não sei se posso parar Hannah...

—Então não pare – ela gemeu, eu não era o único afetado. Estava lá, era só escorregar e estaríamos ainda mais conectados... – se continuássemos com isso, logo iriamos parar de usar camisinha. Você está limpo, eu estou limpa... – ela gemeu de novo, apenas a cabecinha ali... Porra... – minhas injeções estão em dia, sempre estão em dia ... a que merda, Ethan, anda logo.

 Ela já estava no meio da ordem quando deslizei para dentro dela.

—Inferno! – Gememos juntos.

 Merda! A sensação de carne na carne, de todos os seus fluidos do orgasmo encostando diretamente em meu pau daquela forma, de ser esmagado e sentir toda aquela carne apertada e receptiva era demais para qualquer um... eu nunca tinha feito sexo sem camisinha antes. Tinha tido uma boa educação graças a minha mãe e aulas de educação sexual no último ano do ensino médio.

 E aquilo... Porra.

 As unhas de Hannah, fincaram em minhas costas e ela enlaçou suas pernas na minha cintura quando impulsionei ainda mais para frente até o talo.

—Isso... é ... – ela largou seus dentes do meu ombro – muito bom Ethan.

—Bom? – Retrocedi devagar e voltei para dentro dela – Devíamos ter experimentado isso antes...

 Minhas palavras nos deixaram tensos, mesmo ligados um no outro. Como poderíamos deixar os benefícios, depois disso? Como eu poderia entrar em outra mulher que não fosse ela? Eu queria socar com força, fazer nós dois gozarmos com violência, mas eu não queria isso. Já tínhamos feito isso todas às vezes anteriores. Eu queria entrar nela devagar, prolongar essa sensação para sempre.

 Foi um acordo silencioso que fizemos pelo olhar, quando deslizei devagar várias vezes seguidas. Não trocamos uma palavra, apenas gemidos. Cada vez que eu saia quase tudo de sua boceta, eu voltava bem devagar sentindo cada pedaço das suas paredes internas, da sua lubrificação e de toda a eletricidade que nos assolava.

 Metíamos devagar. Como se perguntas mudas fossem feitas, como “você está sentindo? ” E ela gemia em resposta como um “sim”, porque era uma sensação tão forte, que ia crescendo tão rápido mesmo quando apenas escorregávamos um pelo outro. Meu pau cada vez mais duro, mais perto, trabalhando... querendo estourar com todas essas sensações.

Seus quadris vinham ao meu encontro no nosso ritmo lento, com mais palavras mudas “eu quero mais” ou então “o que é isso? ”... E eu não sabia o que era isso. Eu não sabia o que era aquilo. O contato nunca sentido antes devia responder a essas perguntas, mas não era só isso, era mais. Eu sentia meu peito doer, minha cabeça girar, meu corpo inteiro sofrer ondas de choque que pareciam aumentar cada vez que eu tocava seu ponto mais prazeroso.

 Quando eu toquei um ponto ainda mais profundo, seus olhos me encararam cheios de medo e eu sabia que os meus estavam assim também. Não era porque eu a machuquei, era porque era diferente

 Nossas mãos não soltavam o corpo um do outro. Meus dedos tocavam sua pele do pescoço, seus ombros, sua cintura... minha boca cobria sua orelha, seios e a sua própria quando eu terminava o percurso em beijos mais lentos do que nosso ritmo diferente de fazer aquilo.

—Vem comigo – ela me chamou quando senti suas paredes internas se contrariem próximas ao orgasmo – goze comigo, hoje eu que estou te convidando.

 E gozamos. Não aqueles grotescos e violentos, foi lento, devagar e demorado. Seus espasmos me apertaram, suas unhas cravaram em minhas costas e nossas bocas não desgrudaram. Minha porra a preencheu prolongando seu orgasmo. Como nas lembranças, eu sentia toda aquela sensação estranha e forte aliada ao tesão que percorreu minha espinha direcionando inteiramente ao meu pau quando eu me coloquei o mais profundo que pude dentro dela.

 Curti cada uma dessas sensações. Nossos fluidos misturados, nossos corpos suados pelos minutos ou horas de contato extremo, as respirações enquanto nossos peitos se chocavam e nossas línguas brigavam. Porque tínhamos gozado, sentido toda aquela sensação maravilhosa e ainda sim, eu não conseguia nos afastar. E nem ela.

 Mais minutos, ou horas quando finalmente nos separamos e ficamos de frente um para o outro pela milésima vez naquele começo de dia. Eu podia fechar os olhos e dormir, mas nunca em sã consciência eu permitiria isso. Eu queria olha-la. Queria entender o que foi tudo aquilo que sentimos, porque era como se cada célula estivesse sentindo aquilo, fazendo a onda de prazer que sentimos ser mil vezes maior. Avassalador.

 Tão avassaladora que ela estava quase dormindo de novo para a minha sorte. A puxei para mais perto, o banho viria depois, eu apenas queria que ela ficasse mais tempo aqui comigo mesmo que o silêncio fosse tão filho da puta. 

—Você sentiu? – Hannah perguntou com a voz mais rouca.

 Acenei, mas ela estava de olhos fechados.

—Senti.

—Eu nunca senti nada assim, antes – ela disse – estávamos certos, Ethan. Não podemos continuar assim.

 Queria dizer que não, que éramos otários em achar que ia ser a última vez. Só que eu não conseguia, ou não podia. Eu não sabia na verdade.

—E o que vamos fazer agora? – Perguntei.

—Eu vou aceitar jantar com Randall.

 E lá estava tudo. Aquela frase significava mais do que parecia no fim das contas. Hannah apenas se aconchegou com o rosto escondido em meu peito e em poucos minutos senti sua respiração se tornou mais pesada.

 E eu não podia dormir, pensar ou fazer nada naquele momento a não ser observa-la. Com outra pessoa... ficar repetitivo com outra pessoa tocando seu corpo, levando-a para jantar, sair, ouvir suas piadas ridículas que sempre me faziam rir ou o som da sua barriga roncando quando íamos tomar café da manhã. Outra pessoa ia fazer tudo isso com ela, ia namorar, tocar, beijar e ouvir todas os poemas e pensamentos de sua escritora amadora favorita, Tassyane Souza...

 Outra pessoa ia ficar noivo com ela, leva-la para ir ao cinema ou assistir mais uma vez Harry Potter nos seus DVDs surrados, vê-la chorar quando Harry Potter morre mesmo ela sabendo que ele vai voltar a viver, sendo que em filmes é a única forma de chorar que ela não se envergonha, escuta-la dizer o quanto os livros são melhores que os filmes e escutar cada detalhe do que foi cortado. Ouvir suas ideias e divagações sobre como o R8 é melhor do que o Porsche, o quão ridículo o sangue espirrou em um filme bom de ação ou as frases de efeito que ela odeia só que mesmo assim sabe de cor.

 Outra pessoa ia casar com ela. Ter filhos, por que era isso que ela queria.

 Um dia, Randall, Stuart, Lukas ou outro qualquer iria levantar todos os dias ao seu lado. Iria ficar imaginando a sorte que tirou na loteria ao poder ficar olhando para ela dormindo, o quão sexy ela fica ao roubar seu travesseiro ou pior... O quão maravilhosa ela ficaria em suas camisas que cabiam duas dela.

 E essa pessoa não ia ser eu. Não poderia ser eu. Infelizmente não.


Notas Finais


Já falei tudo lá em cima, então espero que tenham gostado e espero vê-los lá embaixo nos comentários ;)


Spoiler:
“E para você o que é um jantar bom, Parker?” H.
Demorou uma troca de assuntos inteira, onde Randall começou a falar sobre seu antigo emprego, para ele responder com mensagem mais longa que ele já me enviou na vida.
“A primeira coisa que eu faria era guardar seu celular comigo. Eu reivindicaria cada segundo de sua atenção apenas para mim, porque eu prefiro escutar a sua voz do que falar, e quero seus sorrisos longe da tela do celular. Eu te convidaria para algum lugar mais reservado, um italiano com muita massa porque eu sei o quanto você gosta de comer comida boa, pediria a mesa mais afastada porque era para você ser apenas minha por toda aquela noite. Não me importaria que fosse aquela pequena no canto, ou a mais cara do restaurante, eu queria apenas poder tocá-la por baixo da mesa, e você fazer o mesmo comigo, enquanto comemos e tomamos um bom Pinot Noir. Não porque somos safados, mas porque eu simplesmente não consigo tirar minhas mãos de você. E seria a nossa preliminar, apenas trocas olhares e caricias, com promessas para mais tarde. E enquanto esse mais tarde não chegasse, eu apenas agradeceria a sorte de estar com a mulher mais bonita do restaurante e que já vi na vida.” E. P.


No próximo capítulo vai te se passado duas semanas e meia na historia. A viciada em datas vai falar que dias eles estão kkk hoje ( nesse capítulo) eles estão no dia 07/07/2013, no próximo começará no dia 24/07/2013 numa quarta-feira.
Por hora é só, espero que tenham gostado e comentem suas lindas!!!!


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