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História Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 26


Escrita por: Jess_Monteiro

Notas do Autor


Quem é vivo sempre aparece, então apareci kkkk hallo pessoas maravilhosas do meu país, aqui estou eu escrevendo do meu novo not usado ( era do meu ex de sete anos atrás, abafem kkk). Bom, não foi culpa somente minha essa demora, vocês demoraram muitooooo para cumprir a meta, tipo muito mesmo o trem tinha empacado no 27 que não saia mais e quando deu saiu nos piores dias possíveis para mim, que é dia de sexta e sábado que são os dias que eu mais trabalho da semana em questão de hora e lugar. Mas não estou fora do prazo, ainda.
Sobre os capítulos, bom eu decidi que vou continuar postando aqui por enquanto, até sei lá quando. Os últimos capítulos também serão postados aqui, mesmo se eu conseguir arrumar o negocio do ebook (o que tá bem dificil para mim viu) eles permaneceram aqui por pouco tempo, sabe como é né? Eu tenho que conseguir pagar meu aluguel kkk tá feio a coisa, morando sozinha, conta tudo sozinha agora. Vida de solteira gasta muito meu povo, tem conta pra pagar, roupas para comprar e depilação pra fazer kkk então, entendam-me quando eu postar e tirar depois, vai ser até um bônus pq antes eu nem ia postar e esse seria o último capítulo postado.
Sobre o capítulo gigante que vocês estão ganhando hj, esses últimos cinco capítulos são bem complicadinhos viu, aquelas que já leram eles pra mim precisaram ler duas vezes, principalmente os dois próximos e o último, porque eles são bem detalhados e cheios de informações. Esse é apenas uma prévia das complicações em relação a explicação e mais duvidas que vão surgindo no decorrer da história para nos prepararmos para a próxima temporada.
Por hora é só, boa leitura. Esse é aquele tipo de capítulo montanha russa, muitaaaa coisa acontecendo nele. Até lá embaixo.

Capítulo 26 - Capítulo 26


 

Hannah Swift

 

O mundo é pequeno. Clichê? Talvez sim, ou talvez não.

 Sim porque eu me apaixonar pelo meu primo, era uma baita coincidência com mais de 7 bilhões de pessoas no mundo. Não, por eu ser colocada para trabalhar e morar na mesma cidade que ele, não podia ser um acaso do destino.

 —Qual é o problema? – Ethan se abaixou perto de mim segurando meu rosto – Hannah, você está branca. Está tudo bem?

  Sacudi a cabeça tentando voltar para o foco da sala.

—Vai parecer uma loucura o que eu vou dizer – ergui os olhos para encarar os deles – seu pai é o meu tio.

—O que você está querendo dizer? – Ethan arqueou as sobrancelhas.

—Eu não sei como – levantei-me – que droga é essa Brian?

 Haviam outras pessoas na sala. Maggie estava ao lado do namorado, sua mão entrelaçada na dele. Roger parecia mais disperso com aquilo e tomou meu lugar no computador olhando as fotos.

—Eu suspeitei com os sobrenomes. Seu pai extinguiu o Brown quando se aposentou, mas o sobrenome ainda continua lá. Christopher Brown Swift, irmão de Christian Brown Parker. Eu me apeguei a esse detalhe mínimo, porque nada pode ser coincidência quando tem haver com a gente, Hannah – Brian se sentou de frente para Alien – Vem dar uma olhada aqui. Roger, me passe o pendrive, por favor.

 Demorou pouco mais de dois minutos para Brian abrir tudo e nos levar até onde ele queria.

—Eu cruzei as informações, não foi muito difícil, apenas tive que descodificar, não era muita coisa. As informações começaram a vir, seu pai Ethan trabalhou sim para a CIA. Ele começou no final dos anos 70.

—Meu pai começou depois – falei enfiando as mãos nos bolsos, minha cabeça doendo um pouco querendo deixar a ficha cair – Quando ele me contou, falou que começou a trabalhar no começo dos anos 80. Tem alguma coisa aí que comprova isso, Brian?

 Brian sorriu de lado para mim, ele sabia como eu me sentia. Eu não gostava de desconfiar do meu pai, mas cada vez mais aparecia um monte de coisas que ele não me contava.

—Ele começou em 1983, ele não mentiu sobre isso Hannah.

 Apenas acenei. Ethan não parecia estar dirigindo muito bem a situação, estava calado, acompanhando tudo que Brian o mostrava em silêncio. Algumas missões abertas do seu pai, as fotos guardadas no histórico pessoal dele na CIA.

—Como isso é possível? – Roger perguntou – Eles nem ao menos se parecem. Como vocês não fizeram essa ligação antes?

—Meu pai é adotado também – respondi – ele era muito novo quando isso aconteceu, tinha uns dois ou três anos. Eu não sabia muita coisa do meu tio, ele morreu antes de nascer e meu pai não gostava muito de falar dele. Nem meus avós quando eu os via. Eu só sabia que a morte do meu tio abalou muito meu pai, os dois eram muito amigos.

—E o sobrenome? – Maggie perguntou.

—Meu pai foi filho do primeiro casamento da minha avó – Ethan respondeu, me fazendo olhar para ele. Parecia concentrado, se ele estava atordoado ou com raiva, ele não transparecia mais, sua voz continuava firme – Você sabe disso Maggie, Abel não era meu avô apesar de me tratar como se eu fosse seu neto. Você o conheceu?

 Apenas acenei. Avô Abel havia falecido de câncer quando eu tinha 10 anos, por causa da distância de estado, quase não nos víamos, mas ele sempre foi muito presente a sua maneira, mais até que minha avó.

—Ele era um bom homem – Maggie nos confortou.

—Como isso pode ter acontecido? Eu nunca soube que eu tinha um primo, quando a vovó Brown foi dada como morta alguns anos atrás, meu pai não me deixou vir ao funeral e nem veio – um nó se formou na minha garganta. Eu havia perdido muita gente na minha vida, meus avós maternos que morreram quando eu já era adolescente em um acidente de carro, a perda do meu avô Abel para o câncer e a morte da vovó Brown que era tão importante quanto a agente Lewis na CIA – Eu não sei o que falar na verdade – olhei para Ethan – eu sinto muito por tudo isso.

 Ethan não falou nada, apenas balançou a cabeça e se encostou ao meu lado na mesa. Acho que ambos ainda estávamos em choque para reagirmos da forma certa, ficando histéricos.

—A questão aqui também está porque eles te esconderam – Brian chamou nossa atenção – Não acham estranho deixar você afastada do resto da sua família, Hannah? Pense bem, seus avós paternos custavam te visitar. Mesmo Abel demorava pra ir te ver, eles nunca ficavam muito tempo e você nunca vinha para vê-los. Até meus avôs me chamavam para visitá-los, os seus não. Desculpe Hannah, mas é a verdade. Não estou dizendo que eles não te amavam, qualquer um que visse como Abel e Edith te tratava poderia ver que eles gostavam de você.

 Eu não o respondi, eu sabia que era bem aceita pelos pais de Chris. Mas Brian estava certo, de novo para variar. Eu nunca fui carente de afeto, era algo que nunca tive que me preocupar antes, só que agora parecia que cada detalhe mínimo da minha vida fazia sentido. Pelo menos a parte que poderia ter alguma ligação, o meu passado com meus pais vivendo em uma grande fazenda em Lakeway, uma cidade que não passava de 10 mil habitantes no norte dos Estados Unidos.

 Meu coração se comprimiu ainda mais no peito, sentindo os braços de Ethan ao meu redor. Eu nem conseguia ficar muito tempo olhando para ele, tudo que não precisávamos agora era uma porrada dessa quando finalmente entramos de cabeça em um relacionamento. Algumas coisas faziam sentido, muita coisa na verdade. Eu poderia ligar o fato de estar na RIH por pertencer a um parente, apesar de ele saber tanto quanto eu.

—Descobriu alguma coisa que pode me ligar aos caras que queriam me matar? Ou o motivo de Ethan correr o risco ao meu lado?

—Não precisamos ir por aí – Ethan o impediu de me responder – Se você está arrumando desculpas para me convencer que é perigoso ficar ao seu lado, ache outra.

—Não é isso, Ethan – menti ou não. Eu realmente não sabia mais o que dizer. Cara, ali estava ele. A ligação entre mim e Ethan era maior do que apenas romântica e sexual, ele era o meu último parente vivo. Não de sangue por motivos óbvios, mas assim como Brian era meu irmão independente de qualquer outra coisa, os fatos faziam de Ethan meu primo. Chris era meu pai e pronto, assim como meu pai amava tanto o pai dele – Eu só preciso saber.

 Ele ficou rígido, só que não falou nada.

—Isso eu não descobri ainda, só que temos algumas brechas aqui que podemos trabalhar como o fato deles todos estarem ligados e não só você ser um alvo, como Ethan também ser um – Brian se levantou – Acho que você consegue fazer isso melhor do que eu. Tenho certeza que descobriria tudo isso na metade do tempo.

—Você foi incrível, Brian – o abracei antes de tomar seu lugar – nem sei como te agradecer por tudo que esta fazendo.

 Meus olhos estavam lacrimejados, e eu não me permitiria chorar agora. Mais tarde, quando eu tivesse no meu quarto, sozinha, eu tentaria pensar no que tudo isso significava. Nas milhares de coisas que todo mundo que eu amava escondeu de mim.

—Tem o Software de funcionários e dos computadores dos agentes – Brian se curvou perto de mim – eu estava pesquisando apenas sobre Ethan, mas assim que eu soube que o pai dele era agente, cruzei as informações e todas essas sete pessoas apareceram. De alguma forma estranha, todos eles estão ligados uns com os outros em uma espécie de missão.

—Isso é outro nível então.

—Isso mesmo, Hannah – as fotos dos sete homens apareceram em imagens menores – Ai está dizendo que eles trabalharam para a CIA, tem os dados de todos. Só que eu descobri que esses dados foram trocados, não são os mesmos de muito tempo atrás. Não sei se é só a atualização, ou tem algo mais.

—Outra rede de dados protegida? – sugeri.

—Mais que isso. Não confere três pessoas aí, e você vai se surpreender com elas...

 Brian abriu os três nomes, o primeiro foi de um que conheci muitos anos atrás. Eu era pequena quando aquele homem foi certa vez em meu aniversário junto com o outro, meu pai e Adam gostavam muito dele. Seu nome não aparecia, apenas estava escrito “agente Peterson”. Franzi a testa, mas Brian não falou nada, apenas abriu o outro, era de Julius. “Agente Peterson” também.

—Julius tem algum irmão ou primo? – perguntei para os três Scorpions calados mais atrás.

—Ele disse que era filho único, nunca falou de um primo ou algo do tipo – Roger falou surpreso.

—Não tem mais sobre eles? – vire-me para Brian.

—Esse é o problema. Olha esse outro – um cara um pouco mais velho que os outros apareceu na tela, ele era o único outro vivo além de Julius, agente Thomas – Não pode ser coincidência, já cruzei as informações. Sabemos que não é Martin, a data de nascimento não bate, no entanto, tenho grandes motivos para acreditar que seja irmão de Martin.

 —Isso é muito confuso, Brian.

 Ele esfregou o rosto.

—Eu sei, está me dando dor de cabeça tentar procurar a verdade. A única coisa que liga esses homens é uma operação, identificada apenas como Operação P. MK. e não consegui descobrir o que é também. A questão Hannah, que qualquer um dos outros sem ser esses três, você vai direto para todas as suas informações, como eu disse você entraria mais rápido que eu, porque só precisou ir aos lugares certos. Tem tudo aí que comprova que o pai de Ethan é irmão do seu pai.

 Antes de ele terminar, tentei acessar as informações de Julius, o outro Peterson e o possível irmão de Martin. Toda vez que você tentava entrar pedia outro acesso. Tentei descodificar até abrir o sistema.

—Inferno!

—O que foi? – Brian perguntou olhando a tela.

—É protegido por Algoritmos assimétricos – soquei a mesa.

—Está brincando? – ele tentou acessar – Tem certeza?

—É claro que eu tenho.

 Algo ali estava muito errado, e proteger os dados dessas três pessoas significava que tinha alguma coisa errada ou certa demais. Um sexto sentido me dizia que muita coisa poderia ser respondida ali, ou pelo menos novas perguntas. Eu não queria ser pessimista, mas a cada segundo que passava Julius se tornava mais suspeito. Eu estava cheia de dúvidas, como porque apenas ele e o outro Thomas estavam vivos... E o que é essa operação que todos esses homens participaram e que para mim, poderia ser a causa de morte de 5 deles. A questão é, o que eu tinha a ver com isso?

— Quanto tempo para você conseguir entrar?

—Não sei, Brian – afastei a cadeira da mesa esfregando as sobrancelhas – você sabe que esses são outros níveis.

—Qual é o problema aí? – Ethan perguntou, eu não tinha notado que ele estava olhando para a tela.

—Algoritmos assimétricos.

Três pares de sobrancelhas se ergueram.

—E isso é? – Roger cruzou os braços.

—Uma classe de protocolos de criptografia baseados em algoritmos que requerem duas chaves, uma delas sendo secreta e a outra delas sendo pública – Brian respondeu no meu lugar.

 Olhei a classe de protocolos, era muito mais complexa de tudo que eu já tentei hackear na minha vida.

—Traduzindo para o inglês? – Maggie se voltou para mim.

—Vou demorar dias para entrar. Nem sei se vou conseguir para falar a verdade.

 Eu não tinha cabeça para lidar com aquilo naquela hora, só que eu precisava lidar porque era importante demais para mim. Eu precisava descobrir o que estava escondido ali, era como uma canção me chamando e me hipnotizando.

—Não importa então, damos um jeito de você vir aqui todos os dias – Ethan se posicionou – agora eu que quero saber sobre tudo isso.

—Está mais do que na cara que tem haver com vocês dois – Maggie passou o braço pelo do irmão, abraçando-o de lado – eu sinto muito.

—Eu vou ficar bem.

 Traição não era um sentimento, mas feria igual a qualquer outro. Era um ato, um ato que alguém comete com a gente e desperta um leque de pensamentos e sentimentos diferentes que nos deixa cada vez mais magoado. Se eu já estava me sentindo assim com Chris, eu nem sabia dizer como Ethan deveria estar se sentindo.

 A vida toda ele achou que o pai era uma coisa, e do nada descobre que tem muitos segredos que ele nem sabia que poderiam existir. Eu podia vê-lo pensando se a mãe dele sabia, quem mais sabia e como nós dois íamos ficar no fim das contas.

 Essa era uma dúvida que me corroía também. Só que eu não ia desistir agora, não de nós dois. Se eu estava ali me machucando, descobrindo tanta coisa, meu novo maior motivo era ele. Sim eu queria ficar com Ethan, por mais que a insegurança me pedisse para afastar e deixá-lo seguro, meu coração dizia que de uma forma ainda mais estranha, eu era mais segura perto dele. Nós estávamos mais seguros apesar de tudo.

—Eu vou começar com isso amanhã – retirei o pendrive – podemos tentar focar no seu acidente, se você quiser.

 Ethan apenas acenou.

 Abri nas telas as imagens dos circuitos internos. Lembrei-me de certa vez que meu pai me ensinou a usar as imagens de satélites, não foi difícil invadir o necessário. Procurei as imagens e aproximei colocando em pontos, vermelho e azul, os carros de Ethan e a minivan, respectivamente.

 Vimos por cima, o carro de Ethan saindo na estrada, cerca de cinco segundos depois a minivan partiu de onde ela estava parada. As ruas pareciam ter sido escolhidas de forma precisa, por mais que fosse numa diferença de quatro quadras um do outro, eles passaram apenas por um sinal cada, antes do que eles bateram. Foi ali que eles se igualaram e se sincronizaram. Calculei o tempo que a minivan chegou ao semáforo, com o que abriu, a contagem estava errada.

 Como não reparamos nisso antes? A resposta era, as câmaras não podiam ser precisas, tudo que precisei foi sincronizar as de segurança dos semáforos com a imagem que o satélite me presenteou.

 Alguém alterou o prazo do primeiro semáforo da minivan, para que abrisse ao mesmo tempo que a do Ethan que demorou alguns segundos a mais também para se igualarem, assim eles poderiam se cruzar. Fora que o tempo de fechar e abrir de onde aconteceu o acidente foi invertido em quinze segundos, era para o do lado da minivan abrir, mas foi a de Ethan que abriu.

—Você viu isso? – direcionei-me para Roger.

—Não ligamos esse fato – disse – calculamos os prazos e a distância, não as interrupções. Eu sabia que tinha algo errado, eles saíram com uma diferença muito próxima, não levei em conta que eles teriam que parar em lugares diferentes e em tempos diferentes nos semáforos.

—Quer dizer que outra pessoa, fez aquele negócio que você faz? – Ethan perguntou, sua postura estava mais rígida mesmo estando próximo de Maggie de forma protetora – alguém tinha que está vigiando.

—Eu sei, eu sei. Já estamos trabalhando nessa teoria desde o começo – passei a mão pelos cabelos frustrada, mesmo que eu aproximasse o satélite, nunca seria preciso, não dava para ver exatamente onde a pessoa devia estar, fora que ele não era adivinho – podemos tentar as câmaras de segurança de novo.

 Não esperei respostas. Na frente para o restaurante a pessoa não estava, nenhum dos funcionários tinha um celular na mão, o que me fez crer que quem mandou a mensagem se tivesse perto do prédio não estava trabalhando sozinho... a não ser se conseguisse fazer tudo isso pelo celular mesmo, o que era difícil até mesmo para mim. Chris não chegou a ir tão longe assim comigo, apesar de Martin me ensinar algumas pequenas coisas, eu ainda não conseguiria manipular assim sem o uso de um tablet com boa configuração ou um notebook.

—Espera – Maggie pediu – Aquela câmara do lado oposto que você abriu da rua contraria. Volta ela um pouco, na chegada, eu acho que vi alguma coisa.

 Aumentei a imagem e voltei, as câmaras eram do prédio próximo ao restaurante. A mão era única, o primeiro carro a aparecer foi o meu com Randall e Martin logo atrás. Os manobristas guardaram os dois carros e Martin entrou para um bar adjacente. Pouco tempo depois o carro de Dylan com Rafael, seguidos pelo nosso Suv com Mason e Brian, e por último o de Ethan com o motorista.

 —Ali – Maggie falou me assustando de novo – volta apenas um pouquinho. Tem alguma outra câmera, mais próxima a esquina?

 Procurei entre as dos prédios, ela ficava bem de frente onde Maggie disse, a questão era que era um pouco mais afastada da frente do restaurante. O carro de Ethan passou de novo, outro veio logo atrás e parou bem afastado do prédio.

—Aproxima mais do carro – Roger se abaixou ao meu lado para olhar mais para a tela – eu conheço esse carro.

—O que esse carro tem a ver com isso? – Ethan o questionou.

—Avança para quando Ethan sai, só que foca no carro atrás.

 Fiz o que Roger pediu, eu estava começando a entender o que ele estava falando. Quando Ethan saiu do restaurante, o carro demorou o mesmo tempo da minivan e o seguiu a uma distância segura de três carros.

—É o carro de Julius – Ethan fechou a cara quando finalmente o carro passou pelo primeiro semáforo logo atrás dele – a Mercedes Benz Sedã, ele comprou faz pouco tempo, eu só o vi uma vez. Tem como aproximar a placa?

 Foquei na placa no carro que saltou aos olhos de todos.

—Eu sabia que era ele. O que Julius estava fazendo te seguindo? – Maggie se voltou para o irmão mais velho – não faz sentido.

 Por puro instinto, foquei apenas nas imagens do acidente. Por sorte, aquele era um lugar muito bem vigiado por câmaras de segurança tanto públicas quanto particulares no cruzamento da W 40 th St com a Décima Primeira Avenida. Tudo já estava sendo usado segundo Roger para o caso.

—Ele chegou depois de nós no local do acidente, pouco tempo depois quando Charles ligou para ele – Brian disse – só que ele ainda demorou alguns minutos.

Tentei ignorar o fato de Brian também não ter me contado sendo que viu tudo sobre o acidente. Naquela noite ele não voltou para casa, mas também não me avisou nem ligou para falar sobre Ethan.

—Ele ficou parado lá aquele tempo todo – Roger trincou os dentes, apontando para uma das câmaras. Os bombeiros passaram pelo carro de Julius parado, assim como as ambulâncias. Julius ficou assistindo tudo por volta de quinze minutos, e apenas depois de algum tempo que seu carro avançou parando onde o local foi isolado para o salvamento – eu não entendo, porque ele não falou nada! Ele poderia ter chegado antes, e se alguma coisa tivesse acontecido?

—Ele deve ter entrado em choque – Maggie tentou defendê-lo – É do Julius que estamos falando, Roger. Ele é como um pai para nós.

—Um pai que viu tudo e ficou parado – a voz de Ethan soou amargurada.

 De certa forma estávamos chegando a mesma conclusão.

—Ele queria nos proteger, ele sempre quis proteger vocês – Maggie insistiu erguendo o queixo e se posicionando firme, contra os dois irmãos – Eu não concordo com o fato dele querer nos afastar de Brian e Hannah, mas qual o motivo dele querer nos proteger e depois querer te matar? Vamos ser racionais, conhecemos Julius a vida quase toda.

—Conhecemos? – Ethan arqueou a sobrancelha para a irmã.

 Maggie ainda tentou argumentar com Roger, mas este já estava no lugar de Brian me falando o que fazer, analisando tudo do ponto de vista dele. Ele pediu para eu voltar para o restaurante e depois dar zoom dentro do carro, não era muito nítido, mas era claro que ele falava no telefone. Os vidros eram escuros, mas a do lado do motorista ficou um tempo aberta antes de dar partida e segui-lo. Não era uma prova, mas era suspeito.

 Eu não queria me posicionar verbalmente. Mas uma sequência de coisas passou na minha cabeça. Quem era Julius Peterson? Eu o via como um herói, o cara que salvou minha vida anos atrás.

 As palavras de Martin contra ele me vieram à mente. Martin não confiava em Julius, ele havia abandonado a tal missão em Lakeway apenas para ir aos Hamptons e não nos deixar com aquele homem. Também não confiava no fato da agente Lewis dar tanta confiança a ele, no entanto, Martin foi claro ao dizer que conhecia Julius a mais de 26 anos.

 Uma troca de olhar. Foi o necessário para eu e Brian nos conectarmos, naquela troca eu poderia ver as mesmas perguntas sendo feitas na cabecinha dele. Ele estava encostado na mesa depois de trocar de lugar com Roger, sua expressão estava séria demais, pensativa e preocupada.

—Se desconfiam, podemos perguntar a ele – Maggie desafiou Ethan, os dois ainda conversavam, não brigavam alto até porque Maggie tinha muito mais classe do que eu, mas ainda sim discutiam – Ele merece o benefício da dúvida.

—É claro que ele vai negar, eu já disse Maggie não estamos julgando ele, apenas pesando os lados – Ethan respondeu mais calmo.

—Ethan...

—Maggie – Brian a chamou – você está nervosa, eu não deveria ter trazido você aqui.

—Brian me diga que você não está desconfiando de Julius também! Ele é mais que um pai para nós. Não vamos ser ingratos – ela olhou para Roger e Ethan furiosa – Julius sempre esteve ao nosso lado. Você deveria ser a última pessoa a desconfiar dele, Roger. Ele fez por nós o que o filho da puta do nosso pai não fez.

—Eu lido com fatos – Roger falou mais convicto.

 Olhei para Roger, assim como Ethan ele estava vestindo uma máscara. Os mesmos olhos frios estavam escondendo tudo, a diferença é que agora para Roger, ele não estava ali com nosso amigo de ressaca, ele estava investigando a tentativa de homicídio do irmão.

—Maggie, acho melhor você sair – pediu para a irmã – precisamos de imparcialidade aqui.

—E vocês estão sendo imparciais?

—Eu vou pedir para o segurança te levar em casa, Maggie – Ethan tirou o celular do bolso – Roger leva Brian depois.

—O que? – eu entendia Maggie, de verdade, ela era uma brilhante advogada e apesar de ser muito inteligente e um grande achado, a proximidade dela com Julius faria defendê-lo com todos os argumentos possíveis. Não estávamos o acusando de nada, porque ele nem estava ali, estávamos apenas tentando debater as possibilidades – Brian?

—Eles estão certos, amor. Eu juro que vou te falar tudo depois, precisamos pensar e conversar e você não está preparada para isso. Imparcialidade, lembra? Você mesmo diz que não é saudável e nem produtivo trabalhar em casos com familiares por causa da neutralidade. Eu vou te lavar até a garagem.

 Relutante, ela segurou a mão dele e se foi. Roger ainda continuava acessando tudo, vendo e revendo as imagens e anotando em um bloco de papel. Quando Brian voltou para a sala, trancou a porta atrás de si.

—E aí?

—Não temos como provar que foi ele. É apenas suspeito demais, olha isso – Roger apontou para a minivan, depois de atingir o carro ela ficou destruída e deu meia volta, o motorista era muito bom, e o carro passou pelo de Julius – ele poderia ter ido atrás.  Justificaria se ele tivesse desesperado para salvar Ethan, mas todos aqui já vimos que não foi o caso.

 Ethan se sentou no braço do sofá. Eu queria ir lá e abraçá-lo, porque ele parecia tão cansado e mais velho com tudo aquilo, e foi o que fiz. Passei o braço pelo seu pescoço e ele me puxou para colocar-me entre suas pernas.

—Não tem como não ficar pior, não é? –sussurrou para mim – Eu nem sei quem meu pai era de verdade, tudo que eu achei dele era mentira, depois todas as pessoas ao redor dele mentiram. Não tinha como minha mãe não saber onde ele trabalhava, ela escondeu isso de mim, também... E agora, bom, agora meu padrasto é o suspeito de ter participado do meu acidente. O cara que atingimos e meu motorista ainda estão no hospital.

—Não vai por aí – segurei seu rosto – ainda não temos certeza de nada.

—Eu e Roger podemos não ter, mas vocês dois tem, não é? – ele olhou para mim e Brian.

 Eu queria mentir para fazê-lo se sentir melhor. No entanto eu não podia fazer isso com ele, por mais que eu já achasse que tinha dado para ele por hoje, ainda sim eu não queria esconder nada de Ethan. Nosso relacionamento de um dia já era fodido por si só, mentiras só piorariam tudo.

—Algumas coisas passaram a fazer sentido – o respondi – acredite eu sou impessoal. Não estou falando isso porque Julius queria nos separar, até porque eu concordava com os motivos dele antes de sabermos que somos parentes.

—Eu nunca ia pensar algo assim de você, Hannah.

 Eu sabia disso também, Ethan confiava em mim mais do que eu mesmo ás vezes.

—Martin havia soltado que não confiava nele – Brian explicou no meu lugar, e eu o amei por isso – disse que a agente Lewis confiava muito em Julius. Sabemos que eles se conhecem há mais de 26 anos, então se torna uma dúvida que ele desconfie de alguém durante tanto tempo.

—Essa tal missão – Roger se manifestou – todos os participantes dela, no caso os que você conseguiu, foram mortos inclusive seus pais.

—No entanto missões são secretas – Brian destacou.

—Exatamente. A não ser as pessoas que trabalham nela, e essa tal missão não parecesse ser o tipo que envolve muitas pessoas – Roger girou a cadeira que estava sentado pensativo – são infinitas as possibilidades.

—Onde você quer chegar?

Era uma pergunta retórica, eu já poderia imaginar.

—Eles podem ter sido executados, todos foram na verdade. O pai de Ethan foi morto, há 23 anos, os outros dois há quatorze anos...

—Eu vi esses últimos dois, não lembro os nomes, mas eles eram amigos do meu pai e tiveram em um dos meus aniversários quando eu era mais nova – contei a ele – acho que foi o de nove.

 Dessa vez foram Roger e Brian que trocaram um olhar.

—Pode ir dizendo! – Ethan já falou irritado.

—Eles morreram há quatorze anos – Brian colocou o único deles que abriam as informações, a do outro só tinha o ano de falecimento “agente Peterson falecido em 1999”. O possível irmão de Julius, ou parente sei lá – A data é de dois meses depois do seu aniversário Hannah. Provavelmente foi a última vez que nossos pais os viram.

—Você não está querendo dizer...

—Não estou querendo dizer nada. Só que depois de descobrirmos que seu pai e o de Ethan eram irmãos, nada mais pode ser coincidência.

E como tudo nos últimos dias, Brian estava certo.

—Vocês tem um ponto, podem trabalhar nele? – questionei.

—Eu posso fazer as suspeitas – Roger falou em seu lugar – É muito estranho apenas essas duas pessoas estarem viva – falou profissional – E se, eles forem relatores? Traidores? Protegidos? E se, forem assassinos?

—Roger – Ethan advertiu.

—São apenas teorias, Ethan. Julius é suspeito de estar envolvido em uma tentativa de homicídio, temos que verificar o passado e descobrir se ele já não pode ter feito coisa pior. O segurança de Hannah não confia nele, Martin Thomas não confiar em Julius Peterson significa muito pra qualquer pessoa que trabalhe com o que eu trabalho. Martin é uma lenda.

 Virei-me de novo para o computador. Roger não ia gostar do que eu ia fazer naquele momento. Mercedes Benz Sedã eram carros rastreados, as linhas entre cracker e hacker já estavam finas pra mim mesmo, que apenas os deixei discutindo os pontos, e Brian se juntou a mim olhando de canto de olho.

 Não era bonito invadir a privacidade das pessoas, só que até então ninguém estava se lixando para a minha. A rede de dados era da seguradora e da responsável pelo GPS do carro de Julius, eu ia pro inferno com certeza depois de fazer algo assim.

Ethan falou que o carro era novo, e era mesmo, apenas quatro meses, só que tudo estava guardado ali. Ao contrário do que pensei, que iria ver um monte de rotas para a sede das agências Scorpions, o carro de Julius nem ao menos chegou perto de lá. Ele saiu de um prédio que tive que fazer a busca e descobri que estava a alguns metros de distância do meu. Franzi a testa, o carro não era muito usado, mas quando era as rotas eram estranhamente familiares para mim.

 Não estranhei a da academia, mas a do Caverna foi surpreendente. O dia que fomos a praia também estava na rota, assim como todos os outros lugares que eu e Brian estivemos até mesmo as que eu estive com Ethan como o dia que fomos assistir o jogo dos Yankees no estádio, a reunião que fizemos no Central Parker com os outros num dia quente. A rota da casa de Judith, Ed, minha pizza com Rafael quando fugi do Martin e me assustei ainda mais com a boate Nigth 3.

—Merda! Merda! Merda!

—Hannah, o que foi? – Brian perguntou.

—Julius sabe que estamos vindo para cá – disse desesperada – ele acompanhou a gente nessas semanas. Todas às vezes.

—E você sabe disso, como? – Ethan perguntou.

—As rotas do GPS dele – caramba, se ele estava nos acompanhando todo esse tempo, ele sabia que estávamos vindo para cá... Era para a agente Lewis mandar nos enquadrar ou nos deixar trancados dentro de casa, no entanto Julius estava nos vigiando e não falando nada para ela. Martin não ia gostar nenhum pouco de saber disso, nem um pouco mesmo – e ele não contou para Martin ou a agente Lewis.

Tão rápido quanto possível, Brian abriu o outro notebook. Enviei uma cópia para ele me ajudar a analisar. Não tinha como ver ele quando nos vigiou em um estádio cheio de pessoas nem no central Park, mas tinha como saber nos lugares com câmaras.

 Dito e certo. Lá estava Julius, quando eu sai do apartamento de Ed semana passada, quando Brian veio sozinho para cá porque Martin não estava nos dando muito espaço para eu poder acompanhá-lo. O cara tinha virado nossa sombra, só que não era uma sombra qualquer como Martin, ele nos observava mesmo, peguei três vezes quando ele tirou fotos nossas saindo dos lugares.

 Ele mantinha uma distância segura. Vestia uma calça de moletom, tênis de corrida e camisa com capuz. Ficava sempre escondido, a distância suficiente para não ser notado por Martin enquanto nos observa. Minha espinha congelou ao vê-lo seguindo Brian e ficar o esperando do lado de fora da boate pelas câmaras de Ethan.

Ele é seu ponto fraco...

 Julius sabia disso, ele sabia que Brian era meu ponto fraco e estava o vigiando. Minha respiração perdeu o compasso ficando mais ofegante e minhas mãos trêmulas, tinha uma rota do dia que Brian e Maggie foram ao Avery Fisher Hall. Se não fosse o fato de que ele seguia Brian até quando ele estava sozinho, eu poderia achar que era por causa de Maggie... Mas não era.

—Ele está seguindo a gente há meses – Brian disse – Hannah, ele foi em todos os lugares que você foi.

—E que você foi também – murmurei – Brian ele sabe que você é meu ponto fraco. Ele falou isso pra mim na festa, e se ele... Nem consigo pensar nisso, e se ele tiver tentando te pegar?

—O que vocês estão dizendo? – Roger perguntou.

 Ethan pareceu entender na hora. Sacando o celular do bolso ele pediu para o segurança pedir reforços para a boate, e fazer uma patrulha ao redor para ver se Julius estava por perto.

—Brian se tornou um alvo por ser a última coisa que sobrou – expliquei para Roger – ele se tornou um alvo. Se pegarem ele, sabem que me pegam também. Julius tacou isso na minha cara uma vez, eu vi como uma ameaça branda ou um aviso, pouco depois eu ouvi uma conversa da agente responsável por nós com Martin dizendo que tinha pessoas atrás de mim, e que estavam atrás do meu pai e de Adam antes.

—E vocês...

—Ele está nos vigiando, Roger. Só que não é só isso, ele está omitindo isso dos nossos responsáveis – levantei-me de uma vez – meu Deus, eu nem consigo respirar direito. Eu sinto muito, mas eu acho que o padrasto de vocês está em alguma empreitada contra nós.

 Outro silêncio, era mais um momento de absorvermos aquilo tudo que estava acontecendo.

—Martin e meu pai haviam trabalhado na ideia de que o homem que salvou você poderia estar tentando te sequestrar – Brian falou mais firme, ele estava tão lindo. Parecia muito mais jovem usando aquela calça colorida vermelha e uma camisa de gola V branca. Seus olhos num tom bem bonito de verde e estava tão preocupado quanto eu. A questão do ponto fraco não era uma mão única. Da mesma forma que eu morreria e mataria pelo meu irmão, Brian faria o mesmo por mim. Éramos o ponto fraco um do outro – isso foi antes é claro, antes de sabermos que foi Julius. Meu pai sempre falou isso, Hannah, só que você nunca quis ouvi-lo.

—Podemos estar indo longe demais, Brian.

—Não, não podemos não – Brian falou mais alto e firme – o cara está atrás de você...

—E de você também.

—Mas ele quer você! Ele estava num beco de madrugada e aparece do nada com uma arma e uma maleta? Ele trabalha ou trabalhou, sei lá, para as pessoas que nos protegem e nunca falou pra nenhum deles que te salvou! Ele guardou esse tempo todo esse segredo, se você não tivesse boa memória ele nunca ia contar.

 Um dos seguranças do Ethan bateu na porta, e Brian a destrancou.

—Senhor Parker, já percorremos o perímetro – o segurança informou.

—Embalem tudo que está aqui e você vai mandar levar para o meu apartamento, a portaria do meu prédio já está sabendo – Ethan avisou – Ryan estará aqui daqui a poucos minutos para passar as novas instruções para vocês.

—Sim senhor.

—Hannah, eles vão guardar seus equipamentos – Ethan se virou para nós – Não é mais seguro deixar tudo isso aqui. Se Julius sabe que vocês vêm para cá, ele deve saber o que tem e das duas uma, ou ele vai contar para Martin e o restante do pessoal ou ele vai contar para uma coisa muito pior.

 Fiquei apenas com o notebook da Apple que eu sempre carregava mesmo para ver as rotas, quando deixamos os seguranças guardando tudo e subimos para o piso da boate perto do balcão do bar.

Para amenizar a situação, Roger foi para trás do balcão para preparar bebidas pra nós. Alguns funcionários circulavam pela boate já que estava quase na hora de abrir, e todos profissionalmente nos davam privacidade.

—Eu preciso informar meus superiores sobre Julius – Roger deslizou os copos no balcão. Ethan estava atrás de mim, sua mão segurando firme em minha cintura – Ele é um suspeito de uma tentativa de homicídio.

—Você não pode fazer isso agora – Brian negou – Primeiro porque não temos provas...

—As gravações.

—Roger, se você usá-las dessa vez eu e Brian podemos ser presos – eu deveria sentir pânico, mas nem isso eu estava sentindo – Você tem noção do tanto de coisas ilegais que tivemos que fazer? Eu invadi sistemas de segurança do FBI. E precisamos de mais, muito mais na verdade. Sem os códigos certos, eu vou demorar dias para conseguir invadir aquelas informações e eu sei, eu tenho certeza que é lá que tudo deve estar.

Roger ficou em uma batalha interna, deveria ser muito difícil para ele estar fazendo isso. Indo contra as regras que ele era obrigado a seguir. O irmão do meio de Ethan saiu de trás do balcão e colocou uma mão no ombro do irmão.

—Eu vou dar uma olhada lá fora, conversar com seus seguranças e esperar por Ryan para passar as instruções a ele, mano.

Ethan apenas acenou, sorrindo de lado para o irmão.

—E eu vou descer lá para baixo de novo para dar uma olhada nas câmaras de segurança– Brian se levantou segurando o copo e o notebook – eu preciso me certificar que Maggie está bem, e não vai ser nada fácil falar com ela depois.

 Olhei para o relógio na parede, era pouco mais de oito horas. Já estávamos ali a pouco mais de uma hora. Uma hora longa e dolorosa, que nos deixou cansados.

 Ethan ainda estava vestido da mesma forma que antes. Seus cabelos estavam um pouco mais bagunçados das diversas vezes que ele passou a mão por ali. Seus olhos e ombros estavam cansados, e meu peito se apertou ao vê-lo assim.

—Não tivemos o melhor começo, não o que eu imaginava – quebrou o silêncio – Minha cabeça ainda está girando e girando sem parar.

—Você tem motivos para isso – passei os braços pelo seu pescoço, abraçando-o – Eu sinto muito mesmo por tudo. Nunca é fácil descobrirmos segredos das pessoas que mais amamos.

 No momento de fraqueza ofereci a ele apenas o que eu poderia dar naquele momento. Nos beijamos devagar, a mão em minha nuca causando arrepios bons por todo o meu corpo. Aquela era uma forma de conversarmos. Era algo quase inevitável me perder em seus lábios. Entregar-me a ele então... Apenas paramos quando seus seguranças passaram por nós com as caixas levando-as para fora. Ficamos em silêncio, apenas nos olhando nos olhos com nossas testas encostadas, descansando por alguns poucos minutos.

—Hannah – Brian nos interrompeu gritando do corredor – Vocês precisam vir aqui, agora.

 Roger pareceu ter escutado os gritos dele antes de nós, já que entrou com a arma na mão. Seguindo sua voz, descemos de volta para a sala secreta.

—Você me assustou – briguei com ele.

—Vocês precisam ver isso.

 A sala, que estávamos alguns minutos antes, parecia um pouco pelada sem os computadores e o restante do equipamento que havíamos instalado ali aos poucos. Brian rodeou a mesa que estavam e puxou de uma vez a proteção do apagador, um pequeno aparelho caiu em sua mão. Pelo modo como saiu rápido, ele deveria ter feito isso antes de descermos.

—O que é isso? – Roger guardou sua arma.

—Escutas, estão por toda parte e eu tenho certeza que não são as minhas – Brian caminhou até as prateleiras e afastando algumas caixas, um aparelho estranho estava entre eles. Parecia uma barra de ferro comprida e fina, só que a ponta era um pouco mais grossa.

—Interceptores, dá pra acreditar? Eu nem sabia que algo assim já tinha sido criado, não com essa tecnologia – com uma chave de fenda da caixa de ferramentas, ele tirou de dentro o pequeno núcleo do aparelho com pequenos fios vermelhos e azuis – São protótipos.

—E funcionam? – aproximei-me pegando o aparelho.

 Era algo muito leve, parecia um bastão de selfie, só que com um encaixe de ventosa que permitia fixar em bases solidas em pé.

—Eu não sei, acho que sim. Ele anulou todos os meus bloqueadores de sons, Hannah. Parecem todos da mesma linha, não sei se vale para todos os equipamentos ou apenas os instalados aqui.

—Acha que é da polícia ou da Cia? – Ethan perguntou.

—Não, acho que não. Como eu disse são protótipos, eles não usam isso geralmente. Precisam de alguns ajustes para ficar perfeito – Brian olhou o núcleo de novo – Fora que se eles soubessem que estávamos brincando de policiais, já teriam dado um jeito em nós.

 Apenas um nome veio na minha cabeça. E não precisei verbalizar para todos os outros para saber o que estava acontecendo.

—Eu conheço algo feito por Julius a distância – Roger olhou para o irmão.

 Ethan se levantou e foi até Roger que olhava para os equipamentos na mesa.

—E o inimigo estava logo debaixo do nosso nariz, possível inimigo eu quero dizer – Brian olhou para os Scorpions na sala, falando baixo para mim. Eu sabia o que ele estava pensando, eu estava pensando o mesmo. Eles eram uma família linda antes de aparecermos, e não dava para não nos sentirmos culpados por isso. Meu peito se apertou ao pensar em Mel e Jack, de uma coisa Julius não poderia ser culpado, ele era um pai maravilhoso para os gêmeos – Você sabe o que precisamos fazer agora.

 Anuí um pouco desnorteada, e massageei minhas têmporas. Saquei o celular no bolso, e apertei o botão de discagem rápida, no terceiro toque ele atendeu.

—Oi Martin... – o cumprimentei após sua saudação habitual – eu preciso falar com você...

...

 A boate estava a todo vapor, uma música quente e sexy tocava alta enquanto encarávamos Martin. Eu nunca o vi tão intimidador em minha vida, seus braços estavam cruzados no peito e seu semblante estava completamente fechado. Apenas Mason estava com nós, do jeito dele. Eu não o conhecia e nunca trocamos mais que algumas palavras, mas o cara negro da altura de Martin também era de congelar a espinha.

 Ethan segurava minha mão por baixo da mesa enquanto contávamos para Martin tudo que estávamos fazendo nesses últimos dias

—Escutas na minha sala – Martin passou o dedo no queixo.

—E câmaras também – Brian completou encolhendo os ombros.

—Você não está ajudando – o cutuquei por baixo da mesa.

 Martin fechou os olhos, pensativo, eu que não queria ser a cabeça que ele arrancaria naquele dia.

—Olha Martin – comecei de novo – Nem vem falar nada contra nós, vocês praticamente fazem a mesma coisa.

—Porque eu quero a segurança de vocês – retrucou – eu me importo com vocês!

—Eu sei – encolhi perto de Ethan.

 Eu conhecia meu guarda costa o suficiente para saber que ele não era o tipo de pessoa que discutia, muito menos falava alto. Só que eu também conhecia aquela cara dele, pessoas de fora achariam normal o modo como ele nos olhou do seu jeito intimidante, mas aquele olhar não era só isso. Ele estava puto da vida.

—Sabem o quanto se arriscaram com isso? – perguntou entre dentes, baixo – vocês se arriscaram incontáveis vezes. Acho que já deram pra ver com essa brincadeira o quanto é perigoso ficarem andando sem proteção! Eu nem quero pensar no que poderia acontecer com vocês, sem nenhum segurança por perto. Alguém que saiba o que fazer.

—Você está subestimando um pouco nossa capacidade – murmurei.

—Não, sei do que são capazes. Foram o diabo de espertos conseguindo fugir! Se alguém errado soubesse de vocês... Nem quero pensar no que aconteceria.

Alguém já descobriu, me remexi na cadeira. Se ele já estava puto agora, imagina depois.

—A segurança de vocês foram reforçadas, de novo, eu ia passar amanhã mesmo as novas regras. Estamos com problemas, e vocês não poderiam escolher pior hora para bancarem os detetives.

—Talvez se vocês nos contasse a verdade não precisaríamos fazer isso – acusei.

—Se eu pudesse contar eu já teria contado! – cuspiu de volta com os olhos apertados – É tão difícil esconder isso de vocês, quanto para vocês de não saberem.

—Acho difícil – engoli em seco e encarei meus dedos em cima da mesa. Era um assunto que eu não gostava, mas que estava ali na superfície – eu preferia ter descoberto por você a verdade, Martin, diretamente para mim, eu quero dizer. Que eu sou a causadora do acidente, que coloquei Brian em risco e que sou a culpada de tudo que aconteceu. Como você pode dizer que é mais difícil para você, quando eu estou remoendo isso a dias e nem sei porque  causo tantos problemas a todo mundo?

—Hannah... – Ethan me interrompeu, apertando-me em seus braços.

—Está tudo bem, Ethan. Eu não vou desistir da gente – sorri para ele e voltei para Martin – Não dá para eu colocar todo mundo em risco se não sei o motivo dele. Muito menos tentar me convencer do contrário quando sei que minha mãe e Susan poderiam estar vivas em meu lugar. Não adianta falar que não, tentar me convencer do contrário como Ethan e Brian já tentaram. Eu sei a verdade, pelo menos o que eu acho ser, não dá para não me sentir assim.

 O nó não diminuiu. Apenas congelou na garganta ao falar aquilo, porque era verdade. Quem eu queria enganar ou omitir? Lá estava Ethan, ao meu lado, e ele era nada mais nada menos que sobrinho do meu pai. Da família, e por mais que eu dissesse a mim e a ele que não desistiria de nós dois, como eu poderia ficar tranquila sabendo que posso ser a responsável pela morte dele também?

Eu não podia, não até saber a verdade.

Os olhos de Martin se atenuaram um pouco com minha sinceridade.

—Eu não queria que escutasse assim.

—Não escutei tudo – contei – apenas a parte que eu estar viva deixa as pessoas que amo em perigo. Nada demais.

—Hannah, não siga essa linha de pensamentos. Não se torture com o que não sabe.

—Com o que você não pode me dizer, que você quer falar – completei – porque prefiro ficar no escuro e descobrir sozinha do que te perder também e você ter que se afastar de nós.

 Cara, eu não podia me sentir pior com tudo aquilo. Falar para Martin apenas me fazia sentir pior. Relembrando-me dos piores momentos que já aconteceram.

—Você falou que estão em estado de alerta – Ethan se pronunciou – alguma coisa que devo me preocupar? Por Hannah e Brian, eu quero dizer.

Martin olhou para onde nossas mãos se tocavam.

—Estamos apenas em estado de alerta. Ajudaria se interrompesse as loucuras dos dois, acho que tem influência o suficiente para isso.

—Martin – Brian o repreendeu – não exagere.

—Está tudo bem – Ethan sorriu de lado para o meu irmão – eu entendo o que ele quer dizer.

 Aproveitando o embalo, foi Brian que tomou iniciativa para contar mais, sobre o que aconteceu sobre o acidente e Julius.

—Ele sabia que vocês estavam aqui se escondendo? – Martin perguntou falando bem devagar, devagar demais – e não nos contou?

—Temos suspeitas suficientes para desconfiarmos que ele tenha algo haver com o acidente de Ethan – continuei – ele estava no local.

—Por que ele faria isso? – Martin perguntou olhando para Mason, ignorando o que eu havia dito, os dois trocaram um olhar – A não ser...

—A não ser? – incentivei – Martin você precisa nos contar.

 Mas ele não falou, se levantou de uma vez da mesa arrastando a cadeira. O som da música era alta, apesar dali ser o escritório particular do gerente da casa noturna.

—Ligue para os outros, tente contatar a agente Lewis – Martin se direcionou para Mason – você sabe o que fazer. Vocês vêm comigo, todos os três e Parker... Inclua seu irmão, peça para seus seguranças nos esperarem do lado de fora da boate e para o seu motorista organizar tudo. Estaremos lá fora em cinco minutos.

 Arregalei os olhos surpresa, mas não tive tempo. Martin já estava segurando meu braço e me erguendo da cadeira, Ethan pareceu processar mais rápido pois já estava no celular e Mason empurrando um Brian irritado.

—Dá pra sabermos o que está acontecendo aqui? – gritei par Martin.

—Não temos tempo para isso, Hannah, precisamos levar vocês para o apartamento até os outros averiguarem tudo.

 —Meu Deus Martin, pelo menos uma vez na vida você poderia abrir a sua boca pra contar alguma coisa – me desvencilhei da sua mão, caminhando furiosa na frente – falamos uma coisa e vocês já estão querendo arrumar a guarda nacional dos Estados Unidos como se fossemos o presidente.

 Não era necessário muito para abrir caminho entre as pessoas, não quando se tá entre gigantes. Mason, Martin e Ethan pareciam jogadores de basquete só que mais intimidantes e musculosos, e Brian, bom ele estava furioso, qualquer um com bom senso ficaria longe dele com seus um e setenta e nove de altura entrando naquela categoria de jogador de basquete também. Fora quando o todo intimidante Roger com cara de policial malvado se juntou a nós.

 Os dedos de Ethan seguraram os meus quando chegamos na pista, não estava cheia ainda, mas já tinha muita gente. Eu parecia minúscula ali, sem salto então, parecia desaparecer entre eles. Só que eu não estava com muito bom humor, era como quando eles decidiram que éramos obrigados a vir para Nova York quando nos acostumamos com Los Angeles.

 Martin estava praticamente nos empurrando para fora. Ele tinha chegado a alguma conclusão, parecida com a nossa, talvez, só que não queria falar. Estava todo rígido, parecia uma parede de concreto com cara de pitbull malvado.

 Mais seguranças se juntaram a nós quando chegamos do lado de fora, pelas portas dos fundos da entrada de mercadoria no beco traseiro. O carro de Martin estava ali, assim como o de Mason, na entrada do beco havia os seguranças de Ethan, enquanto Martin conversava pelo Headphone Bluetooth com alguém.

 Parecia tudo muito estranho pro meu gosto. O modo como ele estava agindo não era o normal, assim que Ethan se afastou para conversar com Ryan e os novos seguranças, cerca de uns cinco, Brian se aproximou mais de mim.

—Vem cá – ele me chamou passando a mão pela minha cintura.

 Enlacei sua cintura escondendo o rosto no seu peito. Brian estava rígido e alerta, e assim como eu, não estava gostando nada daquilo que acontecia ao nosso redor.

—Vai ficar tudo bem – eu disse para ele aspirando seu cheiro familiar  – é só o Martin bancando o protetor.

—E você está com medo?

Balancei a cabeça, confirmando sem me soltar dele.

—Você entendeu alguma coisa? – perguntei ao meu irmão.

—Não, e não gosto de ser tratado como um bebê chorão – reclamou – eu nunca achei que ele ia reagir dessa forma, pensei em castigo apesar de sermos adultos, não uma revolução do MIB Homens de Preto.

 Ri com ele, que pareceu mais relaxado.

—Se Maggie ver tudo isso, ela vai pirar de preocupação – disse quando nos afastamos do nosso abraço. Com a ponta dos dedos, ele tirou uma mexa de cabelo do meu rosto e colocou atrás da minha orelha batendo o dedo em cima do meu nariz depois – ela é quase tão brava quanto você.

—Só que com mais classe, também.

—Você é muito classuda – divertiu-se – eu preciso ligar para ela, eu falei que ia dormir lá e Martin já deixou bem claro que nos quer no apartamento. Quem sabe ele nos conta?

—Vai esperando! Vai lá avisar a patroa, que vou ver o que descubro com meu patrão – ri – entendeu o trocadilho?

Ele bateu seu ombro no meu.

—Essa foi horrível!

 Caminhei entre os MIB Homens de Preto até chegar a Ethan. Ele estendeu a mão quando me aproximei e puxou-me para seu lado, enquanto Ryan avisava sobre as ordens de Martin.

—Faça o que Thomas pedir – Ethan mandou – só me mantenha informado, sobre tudo.

—Sim senhor.

 Ryan acenou e saiu com os seguranças de Ethan, deixando-nos sozinhos.

—O que é tudo isso? – perguntei direta, não estava afim de rodeios.

—Thomas...

—Martin – o corrigi.

—Isso, Martin, ele quer segurança reforçada pra nós – Ethan mordeu o canto da boca pensativo, e franzi a testa preocupada – ele sabia que éramos parentes, Hannah, até seu segurança sabia mais da minha vida do que eu. Que meu pai era um agente, e que ele era irmão do seu pai.

 Essa era uma das questões que eu havia pensado. Eu sabia que tinha essa possibilidade, Martin deveria saber de tudo, no entanto não podia contar. Uma onda de angustia me assolou ao vê-lo assim, apesar de não querer mostrar, Ethan não estava bem com tudo aquilo.

—Você está muito chateado com isso ainda – a palma da minha mão percorreu sua mandíbula, subindo para as maçãs do rosto e sorri de lado, em apoio – eu sinto muito.

Ele acenou, um pouco orgulhoso, de volta.

—Ele pediu segurança reserva dizendo que apenas os meus não eram o suficiente – Ethan abraçou meus ombros, enquanto passamos a seguir Martin para fora daquele beco entre o prédio vizinho e o da Nigth 3. Roger e Brian estavam mais próximos dele, com meu irmão falando ao celular com a namorada – eu estou preocupado com você. Importa se eu dormir em seu apartamento hoje?

 Não tinha muito motivos para sorrir, mas não consegui segurar. Tanto quanto dar para aquele homem, dormir também era um prazer. Eu gostava de sentir seu corpo musculoso contra o meu, dos seus braços me puxando pela cintura.

—Me importaria se não dormisse com você – confessei.

 Nos beijamos ali mesmo entre tantos seguranças e gente de cara feia. Eu confiava que iria chegar em casa, jogar aquele homem gostoso na cama e trepar com ele até a manhã do dia seguinte. Só que... Tudo aconteceu rápido demais.

 Dois celulares irritantes e persistentes não pararam de tocar, até Ethan e Martin atendê-los. Ethan franziu a testa assim que atendeu e meus ouvidos viraram um zumbido no instante seguinte quando ele me enlaçou forte pela cintura nos jogando no chão, eu separei os sons que vinham em minha cabeça por etapas lentas, coordenadas.

 Pneus cantaram em algum lugar, pessoas se apavoraram na calçada no momento que Martin gritou ordens por conta do telefonema. Abri e fechei os olhos, atordoada, em tempo de ver as pessoas gritando lá longe, dentro da boate, e o barulho de tiros sendo trocados bem ali.

 Acordei do transe ainda grogue tentando piscar mais devagar. Martin nos puxou para o lado nos escondendo atrás de um dos carros e uma arma maior foi entregue a Ethan.

—Cuida dela – Martin gritou indo para o outro carro mais a frente tentando chegar até Brian que estava sendo protegido apenas por Roger.

 A troca de tiros espalhou o caos pelas ruas e o beco. Funcionários que passavam para entrarem nos fundos da boate para seus turnos, saíram correndo para se esconderem. No desespero arranquei a arma escondida de Ethan que era menor, e mirei levantando a cabeça de trás do carro.

 Parecia uma das milhares cenas de ação que assisti na televisão. Havia cinco carros do outro lado atravessados na rua. Ergui a cabeça destravando a arma, e apontando para onde vinha os tiros, talvez o fato de eu não gostar da ideia de matar outra pessoa fazia de mim um alvo tão vulnerável.

 Lembranças do meu pai me ensinando vieram a minha mente no meio de tanto caos. “Você precisa aprender”, ele dizia, “ saber atirar pode significar a vida de outra pessoa ou a sua”. Eu chorava de raiva quando tentava, odiava as caças dos fazendeiros da região e aprender a atirar foi mais difícil do que a lutar. Eu tinha uma boa mira, aprendi a desenvolvê-la aos poucos com lançamentos de facas e disso eu não poderia reclamar, mas o fato da vida de outra pessoa estar na responsabilidade da minha bala fazia de mim a pessoa que mais odiava esse tipo de coisa.

“Eu não posso matar ninguém” eu reclamava, Chris sempre era compreensivo comigo e prometia que se dependesse dele isso não ia acontecer.

Bem, agora não dependia mais.

 O meu primeiro tiro atingiu a lateral de um Suburban branco, o homem se escondeu atrás do carro e Ethan me puxou para baixo quando revidou. Trocamos um olhar exasperado e ele se levantou de novo atirando, ao contrário de mim ele não tinha receio, já tinha sido um ranger e não errava fácil um alvo. Uma explosão nos fez ser jogados para o lado quando algo atingiu o tanque de combustível do sedã. Meus cotovelos foram castigados pelo chão asfaltado, e meu pulmão se esforçou para eu não perder a consciência pela falta de ar.

 Sem tempo para lidar com aquilo, me levantei atirando dessa vez quem atirava contra nós, o mais próximo. A adrenalina subindo de nível cada vez mais, atingi a perna de um homem alto, em meio ao caos seus olhos ficaram gravados minha mente, eram de um azul frio camuflado pelo seu cabelo cor de fogo, eu poderia ter atirado no peito dele ou na cabeça, mas não quis, eu não podia. Aquele nó na minha garganta nunca iria deixar, eu não era assim. Não como Ethan, Martin, Roger ou os outros ali com armas nas mãos.

 A voz de comando de Martin para os seguranças pegarem Ethan e eu foi a única que eu conseguia distinguir entre tantas outras. Tentei lutar contra os braços de um deles para eu correr sozinha enquanto Ethan nos dava cobertura atirando e vindo atrás para pegarmos um carro e fugir. Varri o local procurando Brian sem encontrá-lo já ficando desesperada quando as sirenes da polícia finalmente chegaram. Tudo pareceu demorar anos, quando não se passaram nem três minutos. Os bandidos haviam nos pego em desvantagem, e com a polícia, eles perdiam a vantagem passando-as para nós.

—Brian está do outro lado, Ryan – Martin gritou para o motorista de Ethan, ele estava frustrado. Havia tentado chegar até meu irmão, mas estava difícil e eu via em suas reações que Martin não queria me deixar sem sua proteção pessoal – pega ele para mim que eu cuido dos dois.

 Ryan o obedeceu, seguindo com mais dois homens até nós o perdemos de vista. Os pneus do carro que chegamos primeiro estavam furados quando nos escondemos atrás dele para tentarmos ir ao outro.

—O próximo está ali – Martin carregou a arma – Se chegarem antes de mim, você dirige Parker.

Ethan acenou sobre o ombro e me levantei para ajudá-lo a dar cobertura. O cheiro de pólvora fazia minha cabeça doer, meu estômago lutava para se manter em controle, mas parecia muito contraído em minha barriga, assim como meus pulmões que se esforçavam para funcionar e o cheiro da fumaça do carro, por conta da explosão, pairava no ar apenas dificultando o processo.

—Quem era no telefone, Martin? – perguntei, tentando me controlar.

—Os seguranças que estavam na entrada – ele acenou para o lado – eles nos contaram em cima da hora.

Acenei confirmando exasperada. Pense, organize com clareza. Respire.

—E o seu, Ethan?

—Pra te tirar daqui.

 Martin e eu olhamos para ele.

—Me tirar daqui?

Ethan me entregou o celular, o segurei olhando a tela, um número conhecido apareceu.

—Quem? – perguntou Martin.

—Eu não tive muito tempo, acho que era Charles. A voz era dele, também foi em cima da hora.

—Charles? – tentei ver sentido no que ele disse – Como ele sabia?

 Martin praguejou com alguém, mandando fazer alguma coisa e se abaixou quando a polícia se espalhou dobrando nossa quantidade. O barulho de sirenes e a quantidade de pessoas fizeram os caras recuarem mais, contidos.

—“Tire a Hannah daí” foi tudo que eu ouvi...

— Eles estão recuando, mesmo assim entrem no carro e se não pararem, fujam – Martin o interrompeu. – Agora Parker!

 Mesmo confusa eu me levantei para percorrermos os poucos metros deixando Martin para trás nos dando cobertura. Um dos carros dos bandidos acelerou deixando os outros pra trás, Ethan abriu a porta do carro correndo nos jogando lá dentro. Só notei que era o novo Cadillac dele quando olhei para as marcas de bala que não atravessaram o vidro blindado. Aqueles sons, aquela mistura de sons invadiam nossa proteção aos poucos.

—Você está bem? – Perguntou segurando meu rosto entre as mãos.

 Confirmei apenas balançando a cabeça e escondendo o rosto em seu peito, havia um gosto de sangue em minha boca e eu havia cortado a testa, mas isso não era nada perto do que poderia ter acontecido. Os tiros pareceram durar horas ao invés de minutos, a cada grito, disparo ou ruído do lado de fora meu coração apertava no peito enquanto Ethan me abraçava e esperávamos. As minhas orações eram feitas rápidas e silenciosas, apenas mexendo meus lábios. Entre caos, medo e orações, enfim o barulho do lado de fora diminuiu até cessar completamente, em meio a tantas outras vozes eu procurei apenas as que me interessavam.

—Cadê a Hannah? – a voz desesperada de Brian veio do lado de fora e distante.

 Tudo despertou em mim ao ouvi-la e me soltei de Ethan no chão para me levantar. Sai do carro contra sua vontade para que Brian pudesse me ver, porque gritar do carro não adiantava nada. A bagunça lá fora ainda era grande, rostos assustados se olhavam de todos os lados, paramédicos cuidavam dos feridos, policiais prendiam os bandidos que ficaram para trás de dois dos cinco carros que chegaram atirando.

—Graças a Deus! – Brian suspirou aliviado quando me abraçou forte.

—O que foi isso? Meu Deus, Brian , eu nunca vi isso na minha vida...

—Vai ficar tudo bem – ele beijou minha testa do lado bom – Você precisa tratar disso – tirou minha mexa de cabelo do rosto pregada no sangue – Leva ela para a ambulância, Ethan.

—Você está bem? – Ethan perguntou ao lado de Roger.

—Estou sim, alguém pode me emprestar um celular o meu já era – Brian soltou meus ombros – eu estava falando com Maggie e ela deve estar quase aparecendo aqui do jeito que ela é.

 Roger tirou o celular do bolso e entregou para ele. Martin veio de trás de nós ainda segurando sua arma na mão quando passou os cobertores pelos meus ombros.

—Precisamos ir cuidar de você e ir para casa até sabermos o que aconteceu – Martin me disse – Alguma coisa está errada. Não eram de você que estava atrás, pode parar com essa sua cara.

—É de você? – perguntei para Ethan.

—Eu não sei – Ethan olhou sobre o ombro achando Ryan cuidando de um segurança ferido – você cuida dela por alguns minutos?

—Eu sempre faço isso – Martin respondeu em tom divertido – os nossos estão chegando e vão interrogar os que conseguimos pegar.

 A possibilidade disso ser por conta de Ethan ou Brian e não minha, não me aliviou nem por um segundo. Segurei sua mão antes dele ir, entrelaçando nossos dedos e ele se voltou para mim levando-a até a boca para beijá-la.

—Eu vou ficar bem – acariciou meu rosto com a outra mão – agorinha cuidamos disso aqui.

 Com um beijo rápido ele se afastou indo para onde Ryan estava. Martin me guiou até a porta da ambulância segurando meu cotovelo e me soltou quando me sentei no assoalho da porta aberta olhando para a arma de Ethan, eu nem havia me livrado dela. Ela era leve em minha mão, quem diria que uma coisa daquele tamanho podia causar tanto estrago? Aquilo definia a vida das pessoas, eu não gostava disso, ter a vida de alguém em minhas mãos daquele jeito.

—Martin... – chamei quando ele se afastou depois de falar com um socorrista, e se virou para mim – lá dentro, você fez uma força tarefa para nos tirar de lá... Por quê? Você desconfiava que pudéssemos estar em perigo?

Martin apertou os dentes fechando a mandíbula e depois acenou confirmando.

—Você não, Hannah – disse, ele respirou fundo tentando medir suas palavras. Não desviei o olhar, apenas o encarei esperando sua resposta – não tem como ninguém saber que você está aqui porque você é inexistente, um fantasma, para quem quer você. Mas Brian... Ele entrou nessa depois, entende?

 Levantei-me piscando surpresa por ele me dizer algo, e por Brian estar em mais risco do que eu. Mas o que me confundiu foi “inexistente” e “entrou nessa depois”...

—E quando foi que eu entrei, Martin?

O barulho de pneus derrapando despertou uma nova comoção entre todos ali, me impedindo de ter minha resposta. O carro parou mais adiante perto de Brian, e Charles desceu do passageiro erguendo as mãos assustados por sua recepção. Respirei aliviada ao vê-lo, quando Brian e Roger mandaram todos abaixarem as armas quase me fazendo rir, quase. Voltei-me para Martin que abaixava a arma também, com a testa franzida.

 O homem que eu havia atirado na perna, passou por nós para a outra ambulância sendo amparado por dois policiais. Ele me encarou sem tirar os olhos de mim, o frio dos seus olhos tão azuis e pequenos fez um arrepio percorrer pelo meu corpo. Não consegui encara-lo, e desviei o olhar dele com um pouco de culpa por seu estado.

—Te perguntei quando eu entrei, Martin?

 Eu acho que aquela era uma pergunta que não era para ser respondida por ele ou naquele momento. Um dos policiais caiu no chão depois de levar um soco, um tiro e outro foi baleado com a arma do parceiro pelo homem que estavam amparando a poucos metros de nós. Pensando rápido, disparei a arma na minha mão na direção que eu deveria ter mirado antes naquele homem, no seu peito, no exato momento que ele atirou de novo.

 Na minha direção.

 —Não!

 De todas as vozes a de Martin, Ethan e Brian se destacaram. Foi menos de um segundo, quando senti um impacto contra meu corpo e soltei minha arma no chão, mas não era o da bala perfurando meu corpo. Era de mim sendo lançada para trás.

 Minha cabeça bateu na lataria da ambulância e precisei piscar algumas vezes para entender o que aconteceu. Com dificuldade consegui mover minha cabeça procurando explicações, e foi então que eu vi... Dois corpos sangrando mais próximos, um era o homem que atirei seus olhos azuis tão frios abertos e sem vida, como se encarasse a minha alma ficando escura e o outro não era o meu... Deus, eu preferia que fosse o meu, eu preferia que fosse como em cenas de filmes e novelas onde a alma vê seu corpo falecido no chão. Eu preferia que a bala atravessasse a mim e não atingisse quem queria me proteger.

—Martin! – o gemido veio do fundo da minha garganta.

 Arrastando-me até o corpo caído mais perto, ignorei a dor que senti fisicamente e que corroía meu corpo inteiro. Eu reconheceria aquele corpo volumoso em qualquer lugar, uma angústia e falta de ar me deixou mole ao me aproximar com medo de seus olhos estarem fechados. Mas não estava. Graças a Deus não estava. E nem ia estar.

Eu queria chorar. Gritar, mas eu não conseguia fazer nada disso.

—Eu sinto muito Martin – sussurrei, minhas mãos procuraram as suas e eu as encontrei ali grandes e cheias de calos – é culpa minha...

—Até parece... – ele tossiu e gemeu de dor – você o acertou?

Balancei a cabeça confirmando.

—Ele é um filho da... puta.

—Você tem que parar de falar – pedi – apenas fica acordado comigo, rabugento.

—Eu achei que... achei que não... seria rápido e – ele piscou lentamente e apertei mais forte sua mão – que iria acertar você.

—É culpa minha, eu deveria ter matado aquele homem antes. Eu tive chance de fazer isso, Martin – a verdade me golpeou no queixo – se eu tivesse matado ele antes, isso não teria acontecido com você.

—Se você tivesse matado ele antes... não seria você. Você e Brian nunca me decepcionam – outra piscada longa, seguida por uma tosse.

Eu ainda tinha juízo quando fechei seus lábios com o dedo pra ele não falar.

—Você nos deu um susto e tanto. Agora por favor, Martin, não se canse falando...

Martin começou a ficar mais ofegante, e sua mão apertou mais ainda a minha com força. Naqueles poucos segundos apenas eu e Martin parecemos estar ali. O mundo ao redor, tudo parecia secundário.

—Mason... só Mason, Hannah – Martin desesperou-se esmagando minha mão – confia nele... ajuda vocês... 

Eu queria perguntar porque, eu queria fazê-lo prometer que ia ficar bem, mas não consegui.

—Martin, Martin! – Gritei quando alguém me tirou dali.

Lutei contra os braços do meu rival tentando me soltar para ver aquele homem ali. Eu não podia acreditar, eu não podia perder mais ninguém... Com uma cotovelada no estômago e um pisão no pé, livrei-me dos braços de alguém que tentava me acalmar enquanto os paramédicos colocavam Martin na maca...

 Aquela sensação de desespero que senti quando vi minha mãe e todos no helicóptero ensanguentados me atingiu quando dessa vez, Ethan me segurou protetor e com cuidado. Eu paralisei em seus braços e senti o desespero, o medo, o pânico entorpecendo-me e invadindo meu corpo...

 —Eu não posso perdê-lo – sussurrei tão baixo que não reconheci minha própria voz, soava tão fraca e desesperada – diz pra mim que ele vai ficar bem.

—Ele vai ficar bem, estão cuidando dele – Ethan me apertou – ele vai ficar bem, eu prometo que vai.

 Talvez por ser Ethan, eu acreditei. Outra pessoa além de mim gritava desesperado, tentando vê-lo. Olhei pelo lugar abarrotado de pessoas e vi Charles e Roger tirando Brian dali, nossos olhares se encontraram e ele parecia tão perdido quanto eu.

—Ele vai ficar bem – falei apenas mexendo os lábios para ele, ainda imobilizada por Ethan – ele vai ficar bem...

 Talvez por ser eu a dizer isso a Brian, ele também parou de resistir e deixou ser carregado do meio da confusão. Martin tinha que ficar bem...

 Enxuguei o suor frio do meu rosto com as mãos quando Ethan afrouxou seu aperto, para apenas me manter em pé. Brian se encostou no carro que Charles havia vindo, colocando as mão nos joelhos chorando e respirando ofegante, deixando-me ainda mais sem saber o que fazer. Eu não queria sair do lado de Martin, mas não queria deixá-lo tão desesperado. Eu sabia como ele estava se sentindo, era como eu me sentia também. A dor que crescia e vinha junto com lembranças ruins que aquele homem que levou uma bala por mim, havia ajudado a diminuir e nos recuperar.

 O que tinha de errado comigo? Eu queria chorar, eu sentia a dor apertando meu peito, consumida pela culpa e o desespero, mas não conseguia reagir a ela da forma certa. Eu não podia deixar Martin, olhei de novo para Brian encurvado.

—Cuida dele para mim – pedi a Charles quando meus olhos se encontraram com os seus, estávamos a uns cinquenta metros de distância e havia uma comoção de pessoas sendo presas e socorridas fora as que cuidavam de Martin colocando-o na ambulância, mas tenho certeza que ele me ouviu – Por favor.

  Só que não foi o sorriso de lado companheiro que recebi do meu amigo. A expressão de Charles mudou, quase como uma súplica derrotada, seus ombros estavam caídos e seus olhos cansados.

—Eu sinto muito – tenho certeza que foi o que ele disse.

 Primeiro ele colocou a mão no ombro de Brian que ergueu o olhar para ele, por um instante achei que ele iria confortá-lo... e depois levou um pano branco na sua mão até o rosto do meu irmão. Outro carro apareceu dando cavalo de pau levantando fumaça no asfalto quando entendi o que estava acontecendo.

 Correndo, desviei-me do carro e fumaça, mas já era tarde demais. Roger, mais perto atirou contra o carro quando duas pessoas entraram dentro dele depois de colocarem Brian atrás, o levando de mim... Charles Thompson e Julius Peterson.

 


Notas Finais


Pra quem não entendeu, sim, o Charles ajudou o Julius a sequestrar o nosso Brian.
Ok, eu já imagino alguns comentários que vão vir por aqui kkkkkk Tassy leu esse capítulo antes e senhor da glória, se eu conseguisse mandar o print da conversa nossa onde ela me encheu de perguntas e lamurias por causa do Charles vcs iam até achar graça kkk ou não, talvez seja a reação de todas vocês, bora ver né.
A proposta, vai subir apenas um hoje. 30 Pessoas lindas e o próximo em 48 horas, caso não dê a proposta podem esperar até o dia 21/02 ok!?
Sobre o capítulo. Bom, se alguma hora vc achar que a Hannah está se contradizendo ou mudando os pensamentos na narrativa sobre algum fato e vcs acharem que estou ficando louca, eu não estou tá. É que quem me conhece antes já sabe, eu gosto de colocar as informações para os personagens que narram saber junta da gente, então é normal uma hora ela achar que uma coisa é uma coisa e na outra hora ela já mudar de ideia ou até mesmo achar algo diferente. Vocês estão descobrindo as coisas junto dela, apenas entendam isso.
Por hora acho que é só. Vou deixar uns spoiler aqui para vocês, e nos vemos logo... ou não. Depende de vocês ;)

Spoiler:

"Seus cabelos loiros estavam soltos até os ombros. Seus saltos eram de cerca de seis centímetros agulha e vestia o conjunto de saia e blazer cinza com uma camisa rosa pálida. Não me mexi quando ela me encontrou ali, apenas acenando para Maggie e se voltando para onde eu estava.
Olhei para os seus pés, não em sinal de franqueza ou submissão, mas porque estava a ponto de arrancar aqueles saltos e enfiar em sua bunda magrela."

" Tudo que aconteceu não era um flash ruim. Assim como o acidente que levou meus pais de mim, tudo aquilo aconteceu de verdade, bem na minha frente e eu não pude fazer nada certo. Apenas coisas erradas. Confiar nas pessoas erradas. Eu queria desligar minhas emoções, meus sentimentos e apagar minhas lembranças ruins todas de uma só vez.
Aquela dor teria que passar. E iria. Por hora eu ia apenas por pra fora. Eu tinha consciência que meus olhos iam inchar e que meu peito se tornaria tão pesado que eu mal conseguiria conter um suspiro depois do outro, entre minha respiração. Só que isso ia passar. Tinha que passar, porque eu não era fraca... Mas eu não poderia ser forte o tempo todo, não é?"

"Neguei com a cabeça, olhando-o.
—Eu estou de mãos atadas Hannah, eu não sei o que fazer. Você precisa me ajudar, não posso te ver assim, você está sofrendo e não posso fazer nada para diminuir isso... Eu estou desesperado, por você. Não sei o que fazer muito menos o que dizer, porque tenho certeza que nada que eu disser vai mudar seu estado agora.
De onde estava, na porta do banheiro, ele estendeu a mão para mim. Eu não aceitei. Ethan estava certo, nada que ele dissesse ia mudar o buraco que eu sentia agora. Sua mão caiu junto ao corpo..."

É isso, até kkk


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