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História Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 28


Escrita por: Jess_Monteiro

Notas do Autor


Olá pessoas, demoramos para cacete né? A proposta não foi atingida, mas tudo bem. Segundo a proposta também era para eu postar amanhã, mas infelizmente amanhã eu não vou ter internet, acho que estão com sorte por terem um capítulo um dia antes né kkk
Estamos terminando Os Encantos do Escorpião hein pessoal, a primeira temporada está chegando ao fim, depois desse temos apenas mais dois e aí... Bem aí se Deus quiser, nos encontraremos nos Os Segredos da Fênix, que provavelmente será postado em e-book, mas qualquer coisa posto alguns capítulos aqui também. ELe não vai sair imediatamente porque estou abarrotada e tenho esperanças de quem sabe alguma editora descobrir Secrets sem nem precisarmos de editora, eu sei eu sei, sou sonhadora.
Bom por agora é só, esse capítulo foi corrigido rápido, então, ignore os erros eu e a Tassy estamos revisando o começo todo duas vezes para podermos colocar em E-book e tamos nos matando para isso.
Boa leitura.

Capítulo 28 - Capítulo 28


Fanfic / Fanfiction Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 28

 

Hannah Swift

               

Eu ainda me lembrava do som da risada do meu pai. Alta e barulhenta todas às vezes de que quando eu era bem pequenininha ele me embrulhava toda, e mentia que os pés que sobrava no meu edredom, eram porque eu estava crescendo, quando eu sabia que ele estava dobrando-o um pouco para me agradar.

 Ainda me lembrava de como ele reclamava quando eu pedia para ler o livrinho pequeno sobre a mitologia das fênix mesmo quando eu ainda tinha vinte e um anos e estava indo visitá-lo nas férias. Porque apenas ele poderia ler com sua voz grave aquela história, as lendas, os mitos, as histórias inventadas no decorrer dos anos.

 Quando eu o ganhei, por volta dos meus seis anos, eu fiquei dias pedindo para papai repetir que ele nem precisava mais do livrinho para contar tudo que estava lá, minha mãe reclamava “Crianças normais querem saber sobre o sapatinho de cristal da Cinderela, não sobre um pássaro, Christopher”, ela dizia escondendo um sorriso.

 Eles nunca imaginariam que aquela menina que eles brigavam para tomar banho depois de passar o dia nadando com Brian na cachoeira entre nossas fazendas, estaria ali no meio de uma confusão como aquela, com meu mentor quase morrendo e meu irmão nas mãos de um homem que enganou todos por anos. E ele não era mais Julius Peterson para nós, ele era Joe Alaric agora. Um homem que poderia ter matado mais de 10 pessoas de uma operação e missão, e que poderia sim ser o assassino dos meus pais e meus tios.

—Precisamos investigar mais a fundo a localização dele – Ethan se pronunciou, ele havia ficado vários minutos calado, pensativo demais – conseguiu alguma coisa Randall?

—Nada, tudo está do mesmo jeito. Não consigo encontrá-lo, nada diferente.

Uma movimentação estranha chamou minha atenção nas telas depois de somente observá-las.

—Volta um pouco essas imagens, todas, por favor.

 Ele acenou concordando. As horas de gravações das câmaras de segurança das ruas voltaram e seguiram, pedi para acelerar um pouco em alguns momentos. As imagens se repetiam. Não em frequência, elas quebravam depois de uma hora de gravações. O mesmo carro passou em ruas que não se ligam, em momentos iguais.  A mesma pessoa chamava o ônibus depois de duas horas de gravação, no mesmo lugar e do mesmo jeito.

—Está gravado! Julius invadiu o sistema de segurança – Randall se levantou de uma vez, para eu me sentar – ele colocou um vírus no sistema, tanto aqui quanto no reconhecimento fácil. Ele penetrou tudo! Que inferno!

Verifiquei os sistemas de segurança da policia, reconhecimento fácil do FBI, os dos sinais de trânsito, tudo estava alterado.

—Além de você, ele pode fazer isso muito bem – Roger disse sem necessidade.

 Feria um pouco meu ego não pensar nisso antes. Julius, melhor, Joe era muito bom no que fazia mesmo essa função sendo do outro ele que morreu. Com um pouco de tempo tudo ali ficou escancarado em nossa cara. Mason conectou Alien ao outro computador e trocamos de lugar, eu preferia o mais moderno porque era o melhor ali e o tal Joe não estava usando nada antiquado.

—As patrulhas de polícia de vários bairros estão tendo problemas com sinais – Mason colocou o fone – estão reclamando de hackers.

—Roger, verifica com essas delegacias o que aconteceu – Ethan pediu para o irmão – o que podemos fazer?

—Eu tenho que interceptá-lo – respondi.

—Ou rastreá-lo – sugeriu Randall.

 Ele estava certo. Só que o padrasto de Ethan nunca seria rastreado facilmente. Os sistemas polícias voltaram ao normal assim como as câmaras de segurança. As câmaras dos sinaleiros, particulares também entraram em falha por quase dez minutos, sempre em pontos diferentes ao mesmo tempo.

—Ele está jogando com você, Hannah – Mason trincou os dentes e tentou concertar uma dessas rotas, após abrir mais quatro interceptadas diferentes – acho que ele está na rua. Está nos despistando para poder andar invisível por aí.

—Inferno! Já são oito rotas diferentes fechando simultaneamente.

 Era um jogo ridículo e idiota que estava me matando de raiva. Ele queria que eu fosse atrás dele, e não queria que mais ninguém fizesse isso. Um alerta de vírus em Alien nos pegou desprevenidos. Os computadores se apagaram de uma vez, e a energia do apartamento caiu algumas vezes até se estabelecer de novo.

—Invadiram o sistema da rede elétrica do prédio – Mason resmungou, ele estava começando a perder a paciência com Julius também.

—Esse merda é bom o suficiente com computadores para saber disso – murmurei entre dentes.

 Os computadores demoraram voltar a acender, dando-nos mais trabalho ainda. Ele quase os queimou, e isso me fez ter vontade de arrancar a cabeça dele com uma navalha bem cega.

—Ele está usando algum computador só que com firewall público, de forma que não podemos achar sua localização – Mason avisou.

—Tem a zona pelo menos?

Ele apontou para uma parte marcada de laranja.

—Você está brincando? – Ethan socou a mesa – Bronx, Brooklyn e Queens? Vai demorar muito até localizarmos qual dos três ele está.

—Espera, tem algo aqui – acessei uma das câmaras.

O reconhecimento fácil pela primeira vez deu sinal de vida em uma das câmaras. Era uma de frente para o hospital onde Martin estava internado. Um carro antigo, com placa clonada parou no estacionamento, o segui. Um homem usando boné e camisa dos Yankees parou em uma vaga particular e desceu. Ele só chamou minha atenção porque ao tirar o boné os cabelos de Julius se destacaram, principalmente quando ele olhou para a câmara. Ele ficou lá por mais de cinco minutos, caminhando pelos corredores com um tablet na mão, e até tinha se sentado e cruzando a perna, tranquilo. Sempre evitando onde os seguranças de Ethan patrulhavam.

 O fato de ele estar tão próximo de Martin me congelou na cadeira mesmo ele nem ao menos subindo para o andar dele e voltando para o subsolo na garagem. Antes de eu pensar, Ethan já estava no telefone pedindo para um dos seus homens que ele deixou na guarda de Martin, irem investigar. As imagens não eram atuais, tínhamos uns trinta minutos de desvantagem.

—Que merda ele pensa que está fazendo? – Roger reclamou do outro lado.

—Chamando minha atenção, e ele conseguiu – sacudi a cabeça com raiva – seus seguranças acharam algo?

—Um papel no banco que ele sentou, me mandaram mensagem com o que estava escrito – Ethan entregou-me o celular.

“Você tem quatro horas para vir até mim, estou esperando. Não me decepcione.

Venha sozinha.”

—Nem fodendo você vai lá sozinha, seja lá onde lá significar – Ethan esbravejou.

—Antes temos que ter algum LÁ para irmos...

 O celular do Ethan tocando em minha mão, e o meu no bolso traseiro, chamou nossas atenções. Um era seu segurança e passei para ele, o outro era um número fixo desconhecido. Era do hospital de Martin.

...

Fechei os olhos segurando a mão de Martin. Ele mal conseguia respirar sozinho e as batidas do seu coração estavam cada vez mais fracas.

—É a filha dele Sra. Swift? – a médica me perguntou. Tinha meia idade e minha altura, seus olhos eram doces e ao mesmo tempo firmes em um tom escuro de castanho.

—Sou a única família dele disponível no momento – respondi estendendo a mão para ela – Hannah Swift. Esse é meu namorado, Ethan Parker.

—Ah, Parker. Scorpions Parker, não é mesmo?

—Isso mesmo. Pode nos dizer o que aconteceu? – Ethan perguntou direto.

 Outra enfermeira entrou no quarto. Ela sorriu para nós e depois ficou encarando Ethan um pouco vermelha, eu não a culpava e nem tinha tempo para isso também, pelo tanto que eu estava preocupada com Martin.

—Ele teve uma interrupção na circulação sanguínea que ocorre em consequência da interrupção súbita e inesperada dos batimentos cardíacos ou da presença de batimentos cardíacos ineficazes – respondeu a médica – no seu caso, foi a presença de batimentos cardíacos ineficazes.

—Ele teve outra parada cardiorrespiratória então – passei a mão pelo rosto de Martin – o coração dele está fraco.

—Isso mesmo – ela me olhou impressionada – é enfermeira, Srta. Swift?

 Neguei com a cabeça.

—Bom, ele está passando bem no momento. – ela continuou.

—Acha que ele está bem aqui, doutora? – Ethan perguntou – estava pensando em transferi-lo para outro hospital particular em Washington, depois desse susto de hoje, não sei se é mais o certo.

—Eu entendo a sua preocupação senhor Parker, o hospital particular da sua família de Washington é um dos melhores do país, mas o senhor está certo também – ela informou pegando o prontuário – O Sr. Thomas está fraco, mas vai ficar bem. Estamos fazendo o nosso melhor.

—Não duvido disso.

—Sei que não senhor Parker – ela estendeu a mão para ele, que apertou – muito obrigada pela confiança, e qualquer coisa eu lhes aviso. Senhorita Swift, estamos fazendo o possível para que ele fique bem.

—Obrigada.

 A médica se retirou da sala, e pouco tempo depois a enfermeira nos pediu para sair também.

—Gigantes não caem pelo coração, Martin – me abaixei próximo a ele sussurrando em seu ouvido – você é um gigante com coração bom, você acha que não, mas é. Seu coração vai ser forte para aguentar tudo isso. Eu confio em você, eu sempre confio em você.

Era estranho a sensação de me afastar de Martin, mais estranho do que da primeira vez quando tudo aconteceu. Minha cabeça doía em algumas partes diferentes quando me sentei em uma das cadeiras da sala de espera. Mason estava ali nos esperando, com xícaras de chá.

—Ele está bem? – perguntou meu novo “motorista”.

—Martin é duro na queda, ele vai ficar bem – o tranquilizei – Randall conseguiu encontrar Julius?

 Mason negou com cabeça. Randall e Roger haviam ficado na cobertura de Ethan tentando encontrar Julius, e Maggie havia ido para lá ficar com eles.

—Eu sinto que estou deixando passar alguma coisa – coloquei a xícara de chá na bandeja depois de tomar um gole – Tem alguma sala particular que podemos ficar aqui, Ethan?

—Eu posso conseguir uma.

 Não levou dez minutos para ele voltar acompanhado com a médica de Martin, que nos levou até a sala dela. Ela se retirou pedindo para ficarmos a vontade. Liguei o tablet e coloquei um dos três headphones que havíamos trazido.

—Está me ouvindo, Randall? – perguntei me encostando na cadeira da médica.

—Estou sim, eu já tentei sincronizar todas as informações, mas nada faz sentido sobre a localização exata – respondeu-me, frustrado.

—Eu vou conectar o tablet do Ethan, tenta me enviar tudo que você for achando, ok? – ele confirmou do outro lado da linha – quais são todos os lugares afetados pelas interrupções de Julius?

Randall demorou um pouco para me responder.

—Tirando Manhattan e Staten Island, todos os outros três – as informações apareceram na tela do meu tablet conforme ele ia averiguando – Os Queens e Bronx foram os mais danificados, todas as câmara de seguranças e delegacias dessa região se alternaram em ficar fora do ar.

—Algum lugar no Brooklyn?

—Teve sim, 50% dele foi afetado. Os outros foram em 90% dos lugares.

Franzi a testa. Não fazia muito sentido, encostei os cotovelos na mesa apoiando minha cabeça entre as mãos. Ele saiu daqui para ir a algum lugar, sorri um pouco, não era um grande plano ou ideia, mas já ia limitar os lugares para pesquisarmos.

—Trace todas as rotas conforme as câmaras de segurança, acha que consegue fazer isso? Se não conseguir, eu posso tentar te ajudar daqui.

—Como você quer isso?

—Vamos começar a partir de um ponto do hospital em sincronia com o tempo que as câmaras de seguranças foram desligadas – expliquei – ele não desligou todas de uma vez, isso podemos ver pelo tempo que ele demorou atacando todas essas redes. Trace todas, use um GPS se quiser também. Partida e destino final das câmaras, conforme for traçando vai mandando para mim.

 Escutei a risada satisfeita de Randall.

—Faz muito sentido isso, gata gênio.

 Ergui o olhar para Ethan, ele estava do outro lado da sala também com o headphone escutando, assim como Mason. Fiz uma careta de desculpas, e ele abriu um sorriso ladino. As rotas começaram a aparecer na tela do tablet conforme Randall me mandava, Mason ligou o computador da médica e ia riscando para me ajudar a isolar rota por rota que era mandada.

 Randall usava o tempo em que os locais foram desligados ou ruas. Julius não tinha como fazer isso de uma vez provocando um blackout das câmaras, ele fez isso por rotas. Tanto para se manter escondido nos confundindo, como testando minha inteligência.

—Isola as rotas e busca as imagens de satélite para cada uma delas, as câmaras podem estar comprometidas, mas as dos satélites não.

—Hannah, ele criou 53 tipos de rotas diferentes.

Julius era um filho da puta miserável.

—Me mande o restante delas, estou com 27 aqui, Randall.

 Devo ter demorado mais que o necessário com todas essas rotas para conseguir achá-las e traçar algum perfil que fizesse sentido. Separamos uma por uma, busquei imagens do carro que ele havia chegado, a placa e o GPS do carro poderiam não valer porra nenhuma, mas ajudava a traçar as necessárias que ele tomou.

Pedi para Randall descartar todas as outras ruas que não fosse a da saída do hospital virando a direita do estacionamento subterrâneo. O número caiu para 36 rotas de 53 das que ele usava. Conforme eu ia instruindo, Randall ia separando. Pedi as imagens da hora que Julius foi até o apartamento da Quinta Avenida próximo ao meu e de onde ele veio o que causou um blackout que não tínhamos tomado conta horas atrás.

 Na hora de riscarmos e ligarmos as que ligavam a do apartamento da Quinta Avenida com o que ele tomou ao sair do hospital antes da câmara ser comprometida, sobraram apenas 17 rotas diferentes.

Randall e Roger da casa do Ethan com Maggie, e Mason começaram a usar as imagens de satélite. Abri as imagens. Nenhumas das rotas faziam sentido ou levavam a algum lugar que eu conhecia. Concentrei-me nas 11 do Bronx, onde cinco delas levavam para o mesmo lugar. Uma delegacia e as câmaras do local tinham sido prejudicadas.

 Aquilo era estranho. Não conhecia aquele lugar especial, mas aquele bairro tinha um lugar que havia chamado minha atenção e apesar de nenhuma rota levar diretamente a ele ao ser afetada, lembrei-me também que havia alguns bairros muito negligentes com pouca segurança para ser comprometida.

 Arrastei a cadeira quase derrubando Mason, que não se importou quando tomei o Google Maps em seu poder. Aproximei a imagem até o máximo possível, eu me lembrava por cima do bairro. Meu coração se acelerou, de certa forma todas as cinco que levavam ao mesmo lugar ficavam em torno de onde eu imaginava.

—Roger dentro de uma das pastas que vieram da Nigth 3 tem uma caderneta. Procura nela para mim um endereço, é de um edifício e eu escrevi de caneta vermelha – pedi – o mais rápido que você puder.

 Roger não demorou encontrar minha anotação. Assim que ele passou o endereço exato, prendi a respiração, era lá. Não tinha jeito.

 Poucas semanas atrás Martin havia ido aquele endereço nervoso após Agnes nos deixar sobre a proteção de Julius. Deveria ser o esconderijo de Julius, e era mais um motivo para Martin ter ido lá nervoso. Aquele homem poderia estar lá. Pedi para Randall aproximar as imagens do satélite o máximo possível que ele conseguisse, e ele fez dando-nos uma visão boa do que acontecia por aqui.

—Que lugar é esse, Hannah? – Ethan se aproximou por trás, para poder olhar.

—É um local que eu tinha rastreado Martin uma vez quando ele discutiu com seu padrasto sobre nossa proteção. Eu tenho certeza que ele está lá, Ethan.

 Dei zoom nas imagens que Randall me enviou e pude ver. Era lá mesmo, naquele bairro muito perigoso do Bronx. O edifício continuava do mesmo jeito, só que agora havia seguranças ali. Nas sacadas, havia homens armados vigiando, não havia câmeras, mas nesses casos os satélites funcionam bem mais.

—Eu tenho certeza que é lá que ele está – virei-me para Mason.

—Você foi muito esperta rastreando Julius até aí.

—Obrigada!  E agora, precisamos ir até lá e não podemos ir direto. Eu só tenho três horas para achá-lo – falei preocupada. Minha cabeça parecia uma engrenagem tentando colocar sentido em tudo aquilo – tem que ter uma forma de sairmos daqui despercebidos, Mason.

—E vocês vão para lá direto? – perguntou, bufando – sem chances de irmos lá sem um plano, ou de ir apenas vocês dois.

—Você não vai...

—Isso não está no seu poder – Mason me cortou – eu falei que ia ajudar, e vou, em minhas condições.

 O encarei furiosa, tudo que eu não precisava era de mais gente para eu me preocupar. Mason era de certa forma, importante para Martin, se algo acontecesse com ele, eu me culparia para sempre.

Antes de eu brigar com ele e entrarmos em discussão. Ethan já estava combinando com Roger o que íamos fazer.

—Vamos sair daqui vinte minutos para meu apartamento em Lexington, onde só tem meus seguranças. – Avisou Ethan.

...

Por trás, Ethan tirou a jaqueta que Maggie havia usado para entrar no hospital com Roger na BMW S1200 RR para se passar por mim. Ela usava uma roupa muito parecida com a minha, acrescentando a jaqueta de couro preta com tachas pontiagudas nas mangas e ombros. Não sei como eles conseguiram fazer isso, ou se já tinham combinado algo assim, mas eu saí do hospital fingindo ser ela na moto, enquanto Roger trocava de camisa e jaqueta com o irmão assumindo a direção do Porsche.

 O apartamento no Lexington de Ethan era bem menor do que o do Upper West Side, sem deixar de ser luxuoso. Era parecido com o de Charles por ser um apartamento de solteiro, só que com paredes e quartos adjacentes. Os seguranças que estavam ali se foram nos dando privacidade.

 Mason havia seguido o papel, seguindo Maggie e Roger para a cobertura no carro, sem que os seguranças pudessem desconfiar. Roger e Ethan tinham um plano perfeito no qual eu estava cansada demais para participar, o que importava era que agora eu estava livre dos homens da agente Lewis, e menos de uma hora depois, Mason apareceu no Lexington com a mala que pedi para ele trazer das coisas de Brian no nosso apartamento na Quinta Avenida.

 Eu mesmo havia me certificado que ele não tinha sido seguido, e além da mala ele trouxe Alien para mim. O tablet de Ethan era bom, o melhor, mas não era como a queridinha de Brian.

 —Se chegarmos lá na hora que ele exigiu, não vamos ter o elemento surpresa em nossa vantagem – Mason disse sério, não estava mais com as roupas de segurança. Vestia uma calça jeans surrada, camisa azul marinho escura e jaqueta jeans – Temos menos de duas horas no prazo dele.

—Eu pensei sobre isso – Ethan, me puxou mais para o seu lado no sofá – Vamos atrasar no prazo. Ele nos deu quatro horas? Vamos em oito. Quanto mais tarde da noite mais vantagem vamos ter sobre eles. Se chegarmos na hora exata, não sabemos o que está a nossa espera.

—Mas e se ele fizer algo a Brian? – a pergunta fez meu estômago revirar, ao pronunciá-la.

 Com um sorriso bondoso, Ethan acariciou meu rosto.

—Ele não vai fazer nada contra Brian, Julius está jogando com seu desespero, garota. Não podemos esquecer que ele precisa de Brian vivo, para tentar colocar as mãos em você.

 Ele estava certo. Eu acho. Julius não iria arriscar a fazer nada com Brian, e perder a vantagem que ele tinha sobre mim. Ethan parecia cansado, muito mais cansado do que eu, que tinha dormido um pouco mais cedo.

—Ainda temos seis horas então para irmos até ele – olhei para os dois homens na sala – vocês dois podem descansar enquanto isso.

—Nem pensar...

—Ethan, eu não vou sem você... E nem sem você também Mason, eu sou esperta o suficiente para saber que não tenho condições de ir sozinha para algo desse tamanho. Não sou tola para colocar a vida de Brian em perigo, e não sou tola em ignorar que vocês precisam descansar para irmos até lá.

 A cara feia deles diziam que não gostavam da minha ideia. Eu sabia o quanto meu corpo precisava estar em forma para enfrentar o que tinha por vim. Liguei para a cobertura para os que estavam lá, e Roger atendeu já no segundo toque dizendo que estava no viva-voz.

Roger você pode descobrir os dutos e caminhos que podemos usar para invadir o cativeiro sem chamarmos atenção? – perguntei ao meu cunhado – Se não tiver, tente identificar uma alguma rede de esgoto ou gás interditada, procure uma rota que possamos usar para entrar sem causarmos muita comoção.

—Certo, pode deixar, vamos fazer isso.

Eu quero que você peça para um dos seus homens se aproximarem da localização de Julius. Não deixe que ele seja estúpido o suficiente para tentar invadir, tem muitos homens ali. Eu quero apenas rastrear o sinal que ele está usando, não posso fazer nada daqui.

—Eu também não tenho muito que fazer daqui. Menos de vinte minutos um amigo meu vai estar lá, e já sei exatamente quem pode ajudar com isso – Roger falou irritado, ele não estava gostando nada de estar fora da ação – Mas alguma coisa que eu possa fazer por você, cunhadinha?

—Sim. Durma, você também Randall. Eu vou precisar de vocês quando tiver lá, e preciso de vocês bem. Peguei alguns equipamentos do meu pai que eu guardava na Quinta Avenida, vocês vão ser meus olhos e ouvidos enquanto tivermos lá. Descansados.

 Tanto Randall quanto Roger  não gostaram dessa sugestão. Assim que fiz Maggie prometer que ia fazê-los dormir, e Ethan foi compreensivo o suficiente para deixar Randall o mais confortável possível na sua cobertura, voltei minha atenção para a sala.

 Liguei Alien deixando-a na mesinha de centro, e sentei no chão para abrir a grande mala preta ali em cima.

—O que é tudo isso, Hannah? – Ethan agachou ao meu lado.

 Os olhos de Mason estavam sobre nós, ele poderia ter aberto, mas não o fez. A cada segundo eu sabia mais e mais porque meu guarda-costas confiava nele.

—Coisas de meu pai e Adam – ignorei os sentimentos que senti com isso, eu nunca mexia nessa mala – os dois faziam eu e Brian treinarmos como loucos às vezes quando éramos jovens. Meu pai descobriu de um jeito não muito agradável que eu não sou uma boa atiradora. Não que eu tenha uma mira ruim, mas porque eu não sou capaz de matar, e apesar de... você sabe, aquele cara de ontem... Eu ainda não estou preparada para fazer isso com um estranho sem deixar-me infeliz.

—Hannah você não pode se culpar pelo que aconteceu com aquele homem...

—Acredite, Ethan. É pior do que você pensa, eu não me culpo por matá-lo, e sim por não ter feito isso antes e é por isso que eu estou levando esta aqui – tirei do primeiro compartimento da mala, uma arma – Se eu precisar fazer algo como fiz com aquele homem antes que façam mal a alguém que amo de novo, eu vou usar essa aqui. Reservada e especial para mim.

 Era uma Bren Tren 1986, a preferida do meu pai, uma pistola semiautomática. Eu não era muito fã de armas, só que sabia que aquela era mais do que especial para quem era um admirador, e o olhar de Ethan sobre ela confirmava isso.

—Ela pode ser considerada uma das mais importantes no mundo das armas de fogo leve – Ethan assoviou pegando minha arma – por ter sido a arma que introduziu o calibre 10 mm.

—Isso mesmo – sorri para ele – Eu não vou arriscar não usá-la, Ethan.

 Seus olhos se encontraram com os meus e ele entendeu o que eu estava dizendo sobre seu padrasto. Abri os outros compartimentos da mala que era muito bem dividida, eu não fazia ideia do que poderia ter ali de novo e diferente, fazia séculos que eu a abri pela última vez, antes do acidente e de Martin trazer de Lakeway quando nos mudamos para Los Angeles.

—Eu tenho uma para você usar nos caras que vigiam as sacadas e as entradas, á distância. Eu sei que você não erra um tiro, e preciso que seja rápido e que consiga atirar antes que um perceba que o outro caiu...

—Esse é um rifle SDV russo? – ele perguntou largando minha Bren Ten – Como vocês tem algo assim Hannah? – encolhi os ombros, eu não fazia ideia de como meu pai e Adam conseguiam essas coisas – Ela é adaptada? Parece um pouco mais pesada talvez, o cano um pouco mais largo, eu acho que consigo fazer um bom tempo com ela. O que ela atira?

—Tranquilizantes – Mason e Ethan olharam para mim, surpresos. Tirei as garrafinhas com as doses, entregando para ele – O suficiente para deixar uma pessoa apagada por mais de três horas seguidas. Se conseguirmos um lugar alto o suficiente você pode atirar no braço ou perna de preferência. Por segurança.

 Ele anuiu olhando para seu rifle.

—Tenho pistolas 38 adaptadas também, para dardos menores com concentrações de 1 hora.

Abri o arsenal para os dois darem uma olhada, era melhor arrumarmos tudo agora do que na hora de sair. Os dardos eram adaptados para caberem em cápsulas das suas respectivas armas, era um mecanismo incrível que assisti Brian e Adam trabalharem feito cientistas loucos, e que assim que elas disparavam abriam. A bala não perfurava porque no lugar da ponta, era uma agulha muito bem projetada e durante o disparo transformava a potência de algo como o rifle SDV para que o dardo não atravessasse o corpo humano. Era quase como os utilizados em animais, só que em menor concentração e em cápsulas para se encaixarem nessas armas de fogo.

Arrumamos tudo, separando os coldres, organizando os pentes. Ali dentro havia muita coisa boa, óculos noturnos com sensores de calor eram o melhor deles, poderia sentir o calor de um corpo humano do outro lado da parede por serem sensíveis.

 Fizemos isso até que o alerta de Roger chegar. Eu tinha alguns planos contra Julius, não podia deixá-lo jogar sozinho e com todas as vantagens. Falei diretamente com o cara mandado por Roger, pelo viva-voz. Ele era inteligente, ficamos apenas por quinze minutos na linha, mas já foi suficiente.

 —Tem alguns estouros e cheiro de queimado... Apagou tudo. – o homem falou um pouco surpreso – tem muito movimento por lá, acho que vão procurar um gerador, ou algo assim...

—Eles não vão poder, acredite em mim – sorri, contente – fique de olho a distância por nós. E se cuida.

 Desliguei o celular, voltando para o computador. Ele havia me dado tudo que eu preciso.

—O que você fez, Hannah? – Mason perguntou-me desconfiado.

—Dei um curto circuito na rede elétrica. O que Vicent nos passou foi o suficiente para eu invadir a rede dele, e descobrir que ele estava usando a elétrica.

—Um estrago de que tamanho? – Ethan arqueou uma sobrancelha.

 Abri meu melhor sorriso para ele. Muito orgulhosa por Chris.

—Tipo CABUM! Todos os computadores deles se auto destruíram, assim como a rede de eletricidade do lugar que eles estão. Se tiverem sorte, conseguirão viver como nas cavernas, e vão ter que jogar com antecipação para conseguir concertar, até Julius levaria mais de horas para conseguir limpar tudo e ter equipamentos novos.

—E você fez isso daqui? – Mason me olhou estranho, muito surpreso e impressionado até – como você fez isso?

—É um vírus até um pouco simples se quiser saber... – dei de ombros e expliquei detalhadamente. Nem um dos dois pareceram entender, nem Mason. Nessas horas que eu sentia mais falta ainda de Brian – Usei uma chave mestra para entrar em seu sistema e recodificar sua segurança. Basicamente, disse para o sistema para se suicidar. E o sistema, obedeceu.

 Sinal de entendimento veio dos dois, e eu sorri.

—Merda, Hannah. Isso é quente – Ethan sorriu malicioso para mim.

Retribuí o seu olhar, com o mesmo sorriso. As vezes valia a pena ser um pouco nerd quando o cara certo gostava disso. Percebendo o quão quente as coisas estavam ficando, Mason se levantou.

—É melhor descansarmos então – enfiou as mãos nos bolsos, enquanto nos dava as costas – temos tempo para ir até ele. Julius irá ficar em retaguarda esperando nossa chegada na hora marcada, e quanto mais demorarmos pra ir até lá, mais desgastado eles podem estar ou ativos, vamos ter que jogar com os dois lados.

...

 A rua de um dos bairros mais perigosos de Nova York estava numa escuridão sem fim. Na verdade, todo aquele quarteirão estava escuro demais graças a mim. A jaqueta de couro de Maggie já estava me incomodando de calor, usá-la nas motos deixadas a alguns quarteirões daqui era algo necessário para não congelar com o vento, mas aqui enquanto usávamos os óculos de visão noturna vigiando o cativeiro onde meu irmão estava, me deixava com os nervos a flor da pele.

 Eu me sentia melhor depois de algumas horas de sono, e meu corpo estava preparado para enfrentar tudo que viesse a minha frente. Meus jeans destroyed era preto e confortável, com rasgados deixando boa parte dos meus joelhos de fora dando a mim um pouco mais de flexibilidade para chutes que eram uma das minhas maiores vantagens. O top curto deixava a fileira de pele exposta pouco acima do umbigo sendo coberto pela jaqueta. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo firme e longo, e nos pés meus All Star cano alto preto de mais cedo.

 Eu não estava indefesa. Meu coldre era de duas tiras onde os pentes com as balas de tranquilizantes estavam na cintura do cós da calça. A pistola 38 automática adaptada estava no meio da minha coxa externa com mais tranquilizantes e as facas de Arremesso Kunai Throwers. O último coldre era outro menor, na panturrilha, guardando minha Bren Ten já carregada.

Roger, qual é a outra entrada lateral? – Ethan perguntou quase em um sussurro, estávamos deitados a quase 50 metros de distância – O número de seguranças na frente e na rua está o dobro do que imaginamos.

 Bom, isso era uma merda. E era culpa minha.

 Meu plano havia funcionado, eles estavam sem nenhuma fonte de luz elétrica naquele prédio e nem iam conseguir nada tão cedo. Isso era vantagem para nós, e nosso ataque surpresa, no entanto, eles haviam dobrado a quantidade de “capangas” e a maioria se concentrava na rua.

—O sinal estava vindo abaixo do primeiro andar – Randall nos contou – Se a sala de computadores estava lá embaixo...

—Eles estão mantendo Brian lá também – rosnei, interrompendo-o – Se não tiver, Julius está lá.

As entradas estão todas bloqueadas, o prédio foi reformado a pouco tempo. Não tem como vocês entrarem por baixo, a não ser que enfrentem os capangas logo de cara. – Roger nos informou – Havia uma entrada de um duto de esgoto, mas foi interditada e eles têm homens ao redor.

Quando eu dizia que aquele era o prédio mais luxuoso daquele lugar, eu estava falando sério. O que nós estávamos agora, era a poucos metros, e estava em ruínas. Havia outros adjacentes, tão pior quanto o que estávamos. Era uma zona quase abandonada, e perfeita para esconder alguém.

—Temos que pensar em algo – Mason disse do meu outro lado também deitado no chão e com um binóculo de visão noturna.

—Eu estou pensando – Ethan olhou para ele sobre meu ombro – Mas não sei se vocês vão gostar muito da ideia.

 Eu já havia visto Ethan todo de branco quando ficamos pela primeira vez, mas era ainda mais difícil olhá-lo e ficar concentrada, com ele todo de preto. Seu pulôver era de manga longa e gola alta contrastando com o azul intenso dos seus olhos e pele bronzeada mesmo no escuro, calças skinny e coturnos da mesma cor dando-lhe um ar selvagem até. Nas costas o seu rifle SDV russo parecia não incomodá-lo pelo peso, e no coldre também de duas tiras, duas pistolas 38 adaptadas. Ele não usava facas como eu, já que eu aprendi usá-las para tentar distrair meu pai das armas, o que não funcionou muito. A praia de Ethan eram armas. E ele com uma, era o suficiente por muitos daqueles capangas ali embaixo.

 Ás vezes eu me esquecia que aquele cara que tinha ganhado meu coração já foi das forças especiais, e como todo ranger não importa seu país funcional, ele era letal.

—Roger, estamos vendo um prédio nos fundos. Ele é um pouco maior do que o que estamos de olho, você pode descobrir a distância entre eles? – Ethan perguntou.

Demorou dois segundos para eu e Mason entendermos o que ele estava dizendo.

—Você só pode estar brincando – Mason riu debochado.

— É um prédio abandonado que serve de abrigo. Fica a cinco metros de distância– a voz de Randall que respondeu nos headphone, cada um de nós estávamos com um – E um andar de altura a mais.

—Uma queda e tanto você quer dizer – reclamou Mason.

 Eu não tinha nada contra altura, mas pular de um prédio a outro como se eu fosse o homem aranha, não era do meu agrado.

—Você tem uma ideia melhor? Estamos sujeitos a ideias agora – Ethan rosnou para Mason, meu segurança fechou a cara para ele. Não, ele não gostava daquela ideia e nem eu. Só que sinceramente, não tínhamos merda de plano nenhum agora – ou você acha mesmo que eu quero que a Hannah pule de lá por nada?

—Você só está pedindo para pularmos de um prédio para outro – Mason discutiu – Estamos em um impasse aqui, não se esqueça que eu sou o segurança dela além de tudo.

O meu Deus. Por que eu me sentia no meio de um concurso de macho alfa? Eu tinha quase certeza que Ethan estava rosnando, e eu nunca vi Mason com os punhos tão cerrados. Ambos querendo ganhar território.

 Mas não era assim que as coisas funcionavam. Decidindo pelos dois machos alfas, próximos a dois metros de altura cada, eu me levantei para sairmos dali. Os dois me seguiram sem falar nada, Mason tomando a dianteira da nossa fila, e Ethan um pouco mais atrás de forma que nos camuflássemos na escuridão.

 Rodeamos o quarteirão evitando onde os capangas estavam, sempre nos esquivando. O prédio próximo ao cativeiro de Brian era um bem deteriorado pelo tempo e que os moradores de ruas e viciados usavam para se proteger. Ethan agarrou minha mão de forma quase protetora quando entramos no lugar escuro, onde isqueiros e tocos de velas era a iluminação.

 Mason tomou uma postura parecida a do meu namorado, ficando do meu outro lado, me reduzindo a metade dos dois, como se eu estivesse entre muros.

 Ninguém reclamou quando abrimos a porta da frente e entramos, os capangas não andavam por ali e o cheiro podre no ar ao invés de fazer meu estômago doer, fez meu peito. Ali estava a vida de dezenas de pessoas que tinham tão menos do que eu, vivendo em um mundo onde ninguém os protegia. Haviam crianças ali, embaladas nos braços das mães, ou esquecidas no canto enquanto seus responsáveis aproveitavam o vicio durante a madrugada.

Eu queria poder fazer algo para ajudar, a culpa de estar segura e confortável com tanto dinheiro que eu não tive coragem de mexer fez com que eu me sentisse mais podre do que o cheiro dos entulhos de lixo em um canto, onde uma mulher muito magra parecia estar adormecida, seus braços com calombos de suas injeções.

É claro que três pessoas como nós ali com armas daquelas, chamariam atenção, e deixei que Ethan cuidasse do que parecia ser o traficante e chefe daquele lugar.

—Fique longe dela – Mason ameaçou um homem ao lado de seu chefe. Eu estava tão absorta nas outras pessoas que nem ao menos, havia reparado o modo nojento que aqueles homens que nos interceptaram me olharam – Se você não quiser perder a mão.

—Está tudo bem, Mason – encostei em seu braço.

 Mason não baixou a guarda, e Ethan me puxou mais próximo dele quando passou um maço de dinheiro para o homem bem vestido demais para toda aquela pobreza ao redor.

—Deixe seus homens longe dela, ou eu não penso duas vezes antes de colocar uma bala no meio da testa de cada um deles em menos de um minuto – avisou Ethan enquanto eles nos guiaram para as escadas. Ele não estava gostando nada de ter passado dinheiro para aquele homem repugnante.

—Sua namorada é muito bonita – o traficante elogiou, senti vontade de vomitar nele com esse elogio e com o olhar que lançou para mim – Vocês não são mesmo da policia?

—Acredite, queremos ficar longe delas tanto quanto vocês essa noite – respondi.

 O homem abriu outra porta, para outro andar, havia pessoas caídas ali e ele passava como se não os visse. Eu não, nem mesmo Ethan conseguia ficar alheio aquilo tudo. Meu Deus! Eram seres humanos, como aquele homem dormia de noite sabendo que pessoas estavam morrendo ali enquanto ele ganhava dinheiro?

—A entrada fica por ali – ele falou mostrando outro lance de escadas deteriorado, não havia nem ao menos como subir usando-as. Ela havia sido destruída, talvez para alguém não subir e tentar pular, ou porque eles guardavam uma escada apenas para eles e que não iam nos entregar, vai saber – O terraço é de vocês por duas horas, eu bem que gostaria de saber pra que precisam, mas se quiserem ajuda...

 O homem abriu um sorriso sugestivo mostrando seus dentes brancos com dois de ouro.

—Não precisamos de sua ajuda, mas obrigado por oferecer – Ethan apertou os olhos e se voltou para Mason – Você fica na lateral esquerda, ao seu sinal subimos.

 Mason acenou. Com sua altura era fácil para ele chegar até a porta, onde havia apenas um degrau de concreto lá em cima, ele se impulsionou nos escombros e subiu com facilidade dando um pulo e se equilibrando lá no degrau a quase dois metros do chão, a porta se abriu para dentro e ele ficou na ponta antes de se abaixar para arrastar.

Demorou menos de um minuto e meio para ele se pronunciar.

—Ele disse que está limpo – Roger avisou – Vou conectar vocês para poderem falar uns com os outros também.

Use a frequência. Não tenho certeza se quando entrarmos e descermos até lá embaixo vai funcionar o sinal – coloquei a minha mão na orelha, para prender mais firme o headphone – Fiquem conferindo para que eles não consigam interceptar, Randall, eles estão sem energia, mas podem usar rádios de frequência, use uma isolada.

Os homens ainda nos observavam com uma certa surpresa. Me impulsionei para subir, mas a voz de Randall, e a mão de Ethan me puxando para baixo, me impediu.

—Não estou conseguindo passar, Hannah – Randall falou com a voz urgente – Eles estão tentando invadir o nosso.

—Eles podem estar usando internet móvel ou de alta frequência –esfreguei o rosto com raiva – Eu trouxe um bloqueador, vou precisa de seu tablet, Ethan e de você para atirar o bloqueador lá.

—O que você está querendo dizer? Ethan franziu as testas.

—Posso fazer isso sem energia, acredite em mim, mas preciso que você o impeça antes. Eles não podem invadir nosso sinal, se fizerem isso, quase tudo volta ao normal e é do Julius que estamos falando. Se voltar a energia, perdemos a vantagem.

—Eu não vou deixar você aqui sozinha com eles.

Olhei para os homens na sala. Haviam seis deles ali, nos observando curiosos. Vão destruir a vida de alguém, bastardos nojentos!

—Eu sei me cuidar. Faça isso.

 Ethan me entregou o tablet menor que ele havia trazido e entreguei os bloqueadores de Brian. Se eram suficientes? Eu não sabia. Ele beijou minha testa e se afastou lançando um olhar homicida para os outros ali.

 Ethan se impulsionou para cima mais rápido que Mason, sumindo de vista na escuridão. A luz do tablet se acendeu, entre as de velas naquela espécie de sala, passei as instruções para Randall do que ele tinha que fazer para me ajudar, assim que interceptei toda ou qualquer possível invasão o ajudei a conectar a comunicação entre eu, Ethan e Mason. Não estávamos jogando com qualquer um, estávamos jogando com Julius, Joe, sei lá.

—Estou te ouvindo agora, amor – falei para Ethan quando finalmente a voz dele que saiu no meu headphone, ele estava perguntando de novo e de novo se eu estava bem.

—Estamos sem tempo, garota. Temos cinco homens no terraço do cativeiro, não sei se estão enxergando tão bem quanto nós.

—Eu já estou subindo.

 Enfiei o tablet no bolso da jaqueta olhando para cima. Era alto para eu subir sozinha e estava com o estômago fundo de antecipação sobre saltar.

—Você aí – falei para um dos homens – me ajuda aqui.

 Ele abriu um sorriso animal, que me deu ânsia. Tentei não pensar nele fazendo isso para as outras mulheres ali, mas era tarde demais. Senti nojo dele, e me arrependi de chamá-lo para me ajudar.

—A boneca precisa de ajuda? – ele juntou as mãos para eu colocar o pé – Vamos lá gracinha, suba.

 Evitei qualquer contato com o idiota, além do necessário.

Mãe, a senhora deveria ter me feito mais alta.

Assim que subi um pé e estiquei o outro para dar impulso na parede, uma mão nojenta encostou na minha bunda... Bastardo dos infernos.

—Você não deveria ter feito isso, amigo – rosnei para ele.

—E mesmo? Você tem uma bela bunda.

 Homens. Correção. Homens nojentos.

 Sem nenhum autocontrole, impulsionei a perna na parede, mas ao invés de usá-la para bater a outra e subir, a girei. Meu pé pegou diretamente na cara do homem e cai flexionando os joelhos de costas para ele, ele cambaleou e se irritou arrancando uma arma. Mais rápido que pude, o acotovelei arrancando a arma da sua mão, e virei seu braço colocando sua cara na parede.

—Solta ele – um dos outros homens, disse.

 Sorri de lado o soltando, só que ele era orgulhoso. Assim que se virou para mim, usei o cotovelo contra suas costas, derrubando-o de quatro no chão, usando-o de impulso pisei em suas costas, na parede e subi no único degrau da porta. Todas as armas daqueles bastardos estavam miradas para mim.

—Eu falei que ele não deveria ter feito aquilo – pisquei para o traficante.

O homem me observou, e fez algo que eu não esperava, sorriu, fazendo todos abaixarem suas armas.

—Você não é tão frágil quanto parece – elogiou, eu acho.

—As aparências enganam – devolvi.

Ele acenou.

—Se cuida.

 Olhei surpresa para aquele ser odioso. Eu havia ganhado o seu respeito? Affs. Minha cara ganhar o respeito das pessoas erradas.

—Digo o mesmo para você – devolvi para ele, de certa forma sincera – Não deixa ninguém sair na rua daqui a alguns minutos. Proteja aqueles que você já destruiu a vida.

Dessa vez eu o surpreendi.

—Por quê?

 Sentei no chão, de frente para eles antes de rolar para me arrastar.

—Você vai saber daqui a alguns minutos, acredite em mim.


Notas Finais


Então, espero que tenham gostado. A Hannah sempre conquistando a admiração das pessoas erradas kkk
A proposta, vou diminuir ela só um. Vamos fazer com 30 Pessoas e posto em até 48 horas, ok? Só falta dois capítulo meu povo, então comentem, essa temporada vai terminar com fogo nos zoi.
Se não der a proposta, sem problemas, nos vemos de novo dia 23 de março.


Spoilers:

"Talvez fosse o medo que me fez tomar velocidade tão rápido quando cruzei o terraço escutando pouco tempo depois alguns outros passos atrás de mim. Corri sem pensar em mais nada, deixando os músculos das minhas pernas queimarem em antecipação assim como cada célula do meu corpo.
Eu nunca senti tanto medo de morrer na minha vida, como quando meu pé direito usou a mureta de concreto como impulso, e então... E então eu voei."

"—Sabe o que eu estou pensando nesse momento? – perguntei friamente para Julius.
—Não faço ideia – ele respondeu calmo.
—Um motivo, estou procurando um motivo para eu não enfiar uma bala na sua cabeça."

"—Com cuidado – Mason avisou.
Quase como se lessem nossos pensamentos, apitos irritantes de juízes de futebol soaram por todo o prédio causando uma comoção de passos vindos dos andares debaixo.
—Foda-se o cuidado – Mason chutou a porta de uma vez."


" Com o punho cerrado o cara que me tocou marcado pela tatuagem da cruz acertou-me com um murro que me fez cambalear para trás e meu rosto pegar fogo.
Dois capangas me seguraram, e dois foram mais que o suficiente também para segurar Ethan quando ele percebeu que uma arma estava apontada contra minha têmpora.
—Eles são um casal, que coisa mais fofa – o homem destravou a arma apertando-a mais contra a minha cabeça – Será o que eu poderia fazer com você hein, herói? Sua namorada é muito gostosa – sua mão nojenta deslizou pelo meu quadril – eu deveria comer ela na sua frente para você aprender..."



Por hora é só pessoal, chuva de spoilers fraquinhos para não despertar curiosidade kkk Até meu povo bunito ;) Comentem aí fantasmas, o cú de vocês não vai cair por isso, ok?


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