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História Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 30


Escrita por: Jess_Monteiro

Notas do Autor


Eita que eu demorei demais hein kkk
Bom, a proposta mais uma vez não foi comprida, mas eu tive que enrolar para postar e não foi por mal tá. Muita coisa está acontecendo por aqui, e ainda tive que terminar os detalhes do E-book e sim, ele está pronto para venda no site da Amazon e vou deixar o link nas notas para vocês poderem ir lá, tentei colocar um preço bem acessível.
Sobre a história aqui, bom esse é o último capítulo dos Encantos do Escorpião, nele iremos responder algumas perguntas e deixar outras abertas para serem resolvidas em os Segredos da Fênix. É um capítulo muito grande e essa é a edição final dele para e-book cujo tive que fazer algumas edições e quem for comprar lá e ver vai perceber, nada com a história, sim em detalhes. No livro, ele está dividido em dois, mas aqui como eu disse vou postar apenas em um.
Espero que gostem e qualquer duvida podem perguntar, vejo vocês lá embaixo. Boa leitura ;)

PS: CAPA OFICIAL DO E-BOOK FEITA PELA YASMIN DIAS

Capítulo 30 - Capítulo 30


Fanfic / Fanfiction Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 30

 

Hannah Swift

 Qual a real importância do sangue? Aquela pergunta ficou cutucando minha mente sem parar.

 A van sacolejou no asfalto. Mas eu não me importei, meus olhos estavam fixos em um banco na minha frente, onde duas outras pessoas estavam sentadas. O cativeiro havia sido invadido pelos agentes do FBI graças a Roger que temeu pela nossa segurança quando o sinal da nossa comunicação caiu. Não muito tarde, Agnes Lewis e sua tropa chegou nos levando com ela.

 Ela não estava com cara de muitos amigos quando me viu ali e todos aqueles capangas no chão.

—Quantos vieram com vocês? – foi o que ela perguntou.

 Quando alguém, Ethan ou Mason, respondeu que fomos apenas nós três, ela ficou bastante impressionada, mesmo nunca admitindo isso em voz alta. Minha cabeça doía em vários pontos diferentes, minha garganta estava tão seca que não consegui dizer mais do que cinco palavras para conferir que Brian estava bem.

 Fechei os olhos encostando minha cabeça em um ombro ao meu lado. Eu sabia que era Ethan, por conta do seu cheiro tão familiar, sua mão estava em meu braço subindo e descendo em um carinho bom e tranquilizante, e eu sentia seus olhos carinhosos e preocupados aquecendo minha pele gelada.

 A van entrou em um túnel, em algum lugar do mundo, talvez não muito longe de Nova York. Permiti olhar para os meus companheiros de condução, Mason estava na minha frente, seus joelhos afastados e seus cotovelos apoiados nele, quando sentiu o meu olhar, o encontrou e sorriu um pouco.

—Eu sinto muito – me vi falando. E eu sentia mesmo, tudo que eu não queria era colocá-lo em problema e foi exatamente o que fiz mesmo não me arrependendo nem por um segundo de ir até lá.

—Não tem pelo que sentir. Há tempos que eu não me divertia tanto – seu sorriso aumentou reluzindo na sua pele negra – menos a parte do prédio, é claro.

—Admita, você gostou de decolar de um prédio para outro, mesmo caindo de bunda no chão.

 Arqueei as sobrancelhas, surpresa, lembrava-me de Mason batendo as mãos nas roupas, não dele caindo.

—Você caiu? Eu não vi você caindo – puxei na memória.

 Mason apontou o dedo do meio para Ethan, por sua fofoca. A gargalhada de Ethan do meu lado, me fez rir também, em camaradagem com aqueles dois gigantes. Eu conhecia o básico de Mason, e o fato dele ser de confiança de Martin não era mais o motivo de eu confiar nele. Eu confiava em Mason porque gostava dele de verdade, ele havia ficado ao nosso lado quando mais precisamos, enfrentou o perigo de homens armados com armas de fogo pesadas, e mesmo contra seus princípios, ainda sim enfrentou tudo apenas para salvar o meu irmão.

 Quando paramos de rir feito loucos insanos por uma coisa que nem era engraçada e que ficamos apavorados pouco tempo atrás, eu enxuguei o canto dos meus olhos lagrimejados, lágrimas de divertimento. Parecia tão absurdo achar graça de um salto de prédio, quando na verdade minha vontade era de gritar até o ar dos meus pulmões falharem.

 O momento passou. Não, não foi divertido. Foi um maldito plano idiota que colocou os dois em riscos, e que eu caí feito um patinho porque Julius me queria lá. Ele não contava que eu chegasse com tão pouca companhia, mas me queria lá... E isso fazia meus nervos e ódio fluírem e dobrarem de tamanho e quantidade ao percorrer meu corpo.

—Fora que eu aposto meu próximo salário, se eu ainda tiver um no fim do outro mês, que a esnobe poderia contratar o dobro daqueles homens que ainda sim não teria feito um trabalho tão bom quanto o nosso – Mason continuou o assunto inicial, ao perceber para que rumo meus pensamentos estavam indo – deveria ter ficado orgulhosa de si mesmo Hannah, Brian está a salvo. Eles conseguiram prender mais de 80% dos bandidos e nenhum ferido gravemente. Sabe o estrago que a CIA faria invadindo aquele local e colocando todo mundo ali em risco? Você foi uma heroína, e no fim tudo saiu mais bem do que pensávamos.

 Apenas acenei. Além de nós três ali dentro, havia mais quatro agentes armados nos observando. Os ignorei. Não estava me lixando para eles, e pelos olhares que lançaram para nós, pude ver que apesar de não concordarem com nossos métodos pouco convencionais, ainda sim havia admiração ali.

 Apesar do nó e de todos os sentimentos, pelo menos eu sabia que fiz a coisa certa. Eu não me sentia uma heroína, me sentia aliviada por Brian estar bem. E no fim, era o que importava.

***

 Na parede maior de uma sala comprida com uma grande mesa de metal no meio, havia um espelho que ia do chão até o teto. Próximo à porta um homem com os braços cruzados atrás das costas, eu queria ter minha Bren Tren agora, mas eles haviam retirado todas as nossas armas assim que entramos por aquela porta e tinham colocado em uma caixa de acrílico próximo a um armário hospitalar, bom, pelo menos todas que eles achavam perigosa, as facas de Arremesso Kunai Throwers ainda estavam em meu coldre e como eu não fiz menção de tirá-las, e Ethan ao meu lado nunca permitiria que outro homem me tocasse contra minha vontade, eles tinham deixado.

 Aquelas paredes ali eram estéreas demais, uma cor para o lado do branco, as cadeiras eram colocadas de forma estratégica e distantes uma das outras em uma mesa que deveria ter pelo menos uns três metros de comprimento. O que eles queriam com aquilo, eu não fazia ideia.  Me sentia numa sala de interrogatórios, bom, eu tinha quase certeza que era uma.

 Os saltos ecoaram em algum lugar distante no corredor pelo qual viemos. Senhor, por que a dona desse salto não pode quebrar o pé?

 A porta se abriu e para a minha surpresa ela não estava sozinha. Meu estômago revirou ao encontrar Julius entre tantas outras pessoas. Desviei o olhar dele para o outro cara ao seu lado, que eu achava ser nosso amigo, Charles. Ambos estavam algemados, e um dos homens que acompanhava Lewis os liberou levando-os para duas cadeiras uma do lado da outra. Não sei o que senti em estar no mesmo lugar do que aquele cara, era algo parecido com raiva e nojo só que maior e mais profundo.

—Onde está Brian? – Ethan perguntou a Lewis.

 Lewis parou abrindo um pequeno sorriso ao olhar para ele, porque eu também não fazia ideia. Ultimamente eu não tinha muitas opções do que achar, ou fazer ideia. Seus olhos de águia olharam dele para mim, seguindo para Mason de forma lenta sem nem ao menos disfarçar que estava nos medindo, nos olhando com outros olhos agora que tudo tinha acontecido. Somente depois de sua análise, que se deu o trabalho de responder.

—Ele está bem – ela caminhou por mais alguns metros e se sentou na cabeceira da mesa, cruzando as mãos sob ela – Apenas descansou alguns minutos.

—Eu quero vê-lo – minha voz saiu diferente, era mais grossa e firme, e ainda sim senti uma pitada de alguma coisa que eu não sabia o que.

—Ele já está sendo trazido para cá.

 Ergui minhas sobrancelhas surpresa, e acenei confirmando. Os próximos minutos foram silenciosos, pelo menos da nossa parte, Lewis começou a conversar com um homem engravatado que parecia ser o advogado dos dois e preferi não olhá-los. Ela nos ofereceu as cadeiras da grande mesa, e recusamos.

 Entramos nessa, vamos sair juntos dessa.

 Era incrível a ligação que eu sentia com aqueles dois homens ao meu lado, depois de tudo que tínhamos passado nas últimas 48 horas. Ficamos ali lado a lado, Mason parecia muito maior, com os braços cruzados no peito encarando os outros na sala, pronto para pular na minha frente ou na de Ethan caso alguém ali nos ameaçasse, e eu poderia dizer que faria o mesmo por qualquer um dos dois.

 A porta novamente se abriu, e um homem com uma barba tingida de vermelho e com olhos ameaçadores empurrou outro irritado para dentro.

—Cuidado seu filho da puta – Brian o xingou, empurrando-o de volta.

 Antes dele me ver fui até ele, abraçando-o por trás e passando os braços pela sua barriga. Brian estava rígido e nervoso, e em minhas mãos ele amoleceu. Virando-se de uma vez ele me ergueu.

—Meu Deus Hannah, eu estava louco atrás de você – ele nos afastou me colocando no chão e me olhou de cima a baixo – você está bem?

 Balancei a cabeça, confirmando.

—Eu não tenho lembranças muito boas suas – ele soou confuso e piscou, acho que tentando se lembrar. Não deu certo, Brian levou uma das mãos até a cabeça e soltou um gemido de dor.

—Brian?

 Ele se afastou um pouco de mim e apoiou as mãos nos joelhos, curvando-se para frente. Vê-lo com dor foi o estopim de tudo que eu conseguia assistir, Mason chegou até ele para ajudá-lo a se sentar, quando Ethan me puxou um pouco mais para trás.

—A droga ainda está na corrente sanguínea dele – Julius se levantou caminhando até onde Brian se sentou.

—Afaste-se, Peterson – Mason o bloqueou.

—Eu só quero ajudá-lo.

—Você já fez o suficiente – aquela foi a primeira vez que consegui falar com aquele homem depois que ele falou que era meu pai. Se eu acreditava nele? Eu não sabia dizer, e nem tive tempo também – fica longe do meu irmão.

 Julius me escutou, erguendo as mãos em sinal de rendição e dando alguns passos para trás seu rosto tinha sido cuidado e só estava inchado. Odiei isso. Me sentia ameaçada naquela sala, havia pessoas demais ali que eu não conseguia confiar e sentia as pessoas que eu queria proteger, ameaçadas.

—Ele estava descansando, meus médicos já o examinaram, é apenas o efeito de uma droga de longa duração – Lewis não se deu o trabalho de levantar – deixe Peterson olhá-lo, ele que aplicou, sabe os efeitos.

 Ela estava me pedindo mesmo isso? Eu não conseguia acreditar, não depois de tudo.

 Com mais raiva do que antes, assim que Julius deu um passo pra frente, dei três em sua direção. Fechei meu punho com força acertando em cheio seu nariz, o soco o fez cambalear, e assim que ele ameaçou cair no chão, acotovelei sua barriga e virei seu braço de uma vez pressionando seu rosto contra o espelho. Como antes em nossa briga, ele não reagiu, isso me deu mais raiva ainda.

—Eu só quero ajudar...

—Eu falei para você ficar longe dele – cuspi entredentes.

—Solta ele, Swift – a cadeira de Lewis rangeu, agora ela levanta? Ri sem humor, e não me mexi – solta ele agora.

 O som de um murro seco e outros barulhos de uma boa briga chamou minha atenção atrás de mim, não me mexi, apenas pressionei o homem mais ainda contra a parede.

—Manda seus homens ficarem quietinhos, Lewis – Ethan falou ofegante, olhei sobre o ombro, a sala estava uma confusão com cadeiras no chão. Ele segurava o homem que vigiava a porta entre os braços em um mata leão – Se tentarem alguma gracinha, não penso duas vezes antes de quebrar o pescoço dele.

 Mason também estava com reféns, dois homens estavam sobre a mira de duas armas que pertenciam a eles mesmos. Lewis parecia ter engolido fel, sua arma na mão, pronta para atirar, mas alguma coisa me dizia que nenhum deles atirariam em nós... Pelo menos não em mim, Ethan e Brian, enquanto a Mason...

—Nem pense em apontar sua arma contra ele – falei chamando sua atenção, ela me olhou com a testa franzida. Sem afrouxar meu aperto com um dos braços, peguei uma das minhas facas e pressionei contra a jugular de Julius – Antes de... Vamos dizer, algumas revelações peculiares. Eu havia dado opções a ele, e ele disse algo bem criativo que pode ou não ser verdadeiro. Que era meu pai. Bom, vocês podem achar que isso é um motivo para não matá-lo – abri um sorriso sarcástico de lado – Mas com toda certeza não é. Não pensaria duas vezes antes de fazer seu sangue escorrer por essa sala se a porra de seus homens não abaixarem suas armas do rumo de Mason.

 Ela me analisou, com aqueles mesmos olhos inteligentes antes de acenar. Todas as suas armas foram jogadas no chão.

—Brian, você está se sentindo melhor? – meu irmão acenou confirmando com a cabeça.  Ele estava em pé, não estava mais tão confuso como quando o encontrei, seus olhos mais focados e tirando as dores de cabeça que ele parecia sentir quando se esforçava para lembrar, ainda estava ágil. – Você pode recolher as armas então, por favor?

 Brian fez o que eu pedi, pegou todas as armas uma por uma dos seus paus mandados. Ethan entregou a chave do homem que estava sobre sua custodia e ele destrancou a caixa de acrílico jogando todas as armas ali dentro junto com as nossas.

—A sua também Lewis – mandei.

 Contra a vontade, ela entregou para Brian. Ele trancou a caixa de novo, e a colocou no bolso da minha calça, colocando a mão no meu ombro em forma de apoio depois.

—Agora estamos em igualdade, Lewis – afrouxei um pouco a faca do pescoço de Julius – Se vamos ter uma conversa amigável, eu quero apenas você, e os dois traidores aqui dentro além de nós, nenhum dos seus caras ou esse engravatado.

—Você está pedindo demais, Swift.

—Não, não estou Lewis. Não vamos fingir que estamos do mesmo lado aqui. Minhas exigências ou acabamos logo com isso, acho que seu pescoço é o suficiente para tirar nós quatro daqui com vida.

—Uma ameaça? – desafiou-me.

—Um aviso amigável.

 Se eu não tivesse tão sobrecarregada acharia graça dela, sendo desafiada assim e em tão clara desvantagem dentro daquela sala. Se tivesse pessoas do lado de fora, já teriam entrado, e sua relutância em pedir reforços me dizia que eu não era a única quebrando protocolos ali.

 A única porta se destravou e ela estendeu a mão em um convite de retirada. Ethan jogou seu refém para fora da sala, e Mason fez o mesmo com os outros até restarmos apenas nós. A sala se trancou, e Ethan estendeu a mão para pegar a trava que ela usava.

—Você está muito confiante, Parker – ela lhe entregou de má vontade.

—Pelo contrário, é por falta de confiança que estamos fazendo isso.

—Justo – ela abriu um sorriso feroz. Se não fossemos “importantes”, cada um de nós teríamos uma bala no meio da testa sem dúvidas – Mas agora solta o seu pai, Hannah.

 Aquela palavra mexeu comigo mais do que deveria vindo da boca de outra pessoa. Senti tanta repulsa de me encostar naquele homem que o joguei em sua direção, Charles que o pegou antes de cair no chão. Em um dos armários de vidro, a mulher de saltos irritantes pegou um kit de primeiros socorros jogando-o sobre a mesa para cuidar do nariz de Julius que sangrava.

 Eu deveria ter me tornado algum animal, porque gostei tanto de ver aquele sangue ali. Agora parecia certo...

—Só para ficarmos bem claros, quero ele longe de Brian.

—Você já deixou – Julius disse com a voz anasalada – eu já te disse Hannah, eu não quero machucá-lo. Eu queria protegê-lo.

—Isso é o que eu quero ver.

 Julius acenou e Lewis e Charles cuidaram dele. Nos reposicionamos em tom defensivo, Brian ficou do meu lado esquerdo, um pouco mais atrás, nossos dedos entrelaçados. Mason do seu outro lado, um pouco mais a sua frente. Ethan era o mais próximo da mesa, tomando a frente da nossa espera.

—Quando vocês quiserem – os apressei.

 Lewis ergueu o olhar, voltando de novo o nariz quebrado.

—Contra a minha vontade – ela começou sem olhar para nenhum de nós – acho que vocês ficaram sabendo de algumas coisas.

 —Algumas poucas coisas – Ethan concordou – preferimos ouvir dele, se você conseguir deixar.

—Eu sou a chefe...

—Tudo bem Agnes – Julius se pronunciou – Eu comecei com tudo isso, nada mais justo do que terminar. Não vou falar nada que possa colocá-los mais em risco.

 Aquela intimidade entre eles me incomodou, era como se ele não fosse pagar pelos seus erros. Eu ainda não sabia como me posicionar em relação a quem eu me referia quando o assunto era aquele homem. Julius ou Joe? De tantos assuntos, o nome era apenas um dos que mais me incomodavam.

 —Seu nome – me vi falando, ele ergueu os olhos ao perceber que eu estava falado diretamente com ele antes de começar a contar o que sabia – o que tem de errado por trás do seu nome?

 Julius/Joe analisou-me sobre o nariz, não parecia ter quebrado, só tinha sangrado muito. Um band-aid estava o cobrindo e seu rosto estava mais inchado do lado esquerdo.

—Joe Alaric é o meu nome de batismo – respondeu-me depois de longos segundos – Julius Peterson era um amigo que foi confundido comigo anos atrás e que acabou perdendo a vida. O que me restou foi tomar o seu lugar no serviço de proteção tanto para me proteger, quanto para te manter segura.  Então meu nome agora é Julius Peterson, e é isso que importa. Você também se chama Hannah Swift agora, não Phoenix Alaric mais, não é mesmo?

 Não respondi. Lewis pareceu entender o meu silêncio, eu ainda não sabia o que pensar sobre tudo isso, ou se era realmente real.

—É verdade, Hannah – Lewis balançou a cabeça concordando – Ele é o seu pai, biológico. Tudo que você precisa entender aqui, é que você apenas entrou nessa por uma infeliz coincidência e erro de cálculos de pessoas anos atrás. Não é sua culpa, ou de seu pai, quero dizer os dois pais.

—Eu só tenho um pai, Lewis – meu coração se apertou no peito – e ele está morto, graças a tal Missão P.A., que parece que sou eu... Meu pai está morto por minha causa e eu só gostaria de saber o porquê.

 A sala parecia ser refrigerada pelo ar condicionado, no entanto, eu me sentia com muito calor. Minha pele parecia queimar e pinicar de ansiedade. Eu queria ouvir tudo que tinham para me dizer, não queria? Bom, eu sempre quis... Agora... Não tinha tanta certeza se ficaria feliz com isso.

—Você é Phoenix Alaric, a missão recebeu seu nome por que... – Julius disse em tom derrotado – por que estávamos em uma operação, muito tempo atrás...

— Operação P.MK. – Ethan completou.

 Julius acenou confirmando. Seus olhos encararam os meus e foram para os de Ethan, aquilo fez meu coração se apertar, pressentindo o que viria agora.

—Seu pai também estava nela, trabalhamos juntos por anos. Foi uma das mais longas da CIA, eu não posso falar muito sobre ela, vocês sabem como isso funciona.

 Lewis não se sentou, sua mão com unhas pintadas de preto estavam sobre o encosto da cadeira dele, pronta para interrompê-lo caso dissesse algo demais.

—Sabemos algumas poucas coisas sobre a Operação Projeto MKultra – o avisei.

 Olhei para Brian que franziu a testa.

— MKULTRA foi o nome de código dado a um programa ilegal e clandestino de experiências em seres humanos, feito pelo Serviço de Inteligência dos Estados Unidos da América – Brian não tinha chegado nessa parte das nossas investigações, o que as siglas que ele descobriu significava na verdade, mas era claro que ele sabia sobre isso... Era o Brian – O programa secreto começou no início dos anos 1950 e continuou até pelo menos o fim dos anos 1960. O caso veio à tona em 1975 se não me engano.

—O que eles faziam, e por quê? – perguntei ao meu irmão.

— Eles visavam identificar e desenvolver drogas e procedimentos a serem usados em interrogatórios e tortura, para debilitar o indivíduo e forçá-lo a fazer confissões por meio de controle de mente. Eu acho que tem mais nisso se me permitem opinar, havia alguns fanáticos que agiam como nos campos de concentração nazistas e faziam outros tipos de experiência malucas como tortura. Um professor me disse que alguns usavam as técnicas de um médico alemão nazista para fazer experiência até de regeneração.

 Ok, eu deveria ter parado de dormir nas aulas de história. Saber disso era o suficiente para eu mudar a minha postura em relação a essa operação.

—Eu imaginei que você saberia disso, Brian. Por volta do começo dos anos oitenta, sua avó – ele falou para Ethan – descobriu algumas pontas soltas de que possivelmente essa prática ainda estava sendo feita e com o envolvimento e acobertamento de peixes grandes dentro e fora da organização. Entramos quando ela finalmente conseguiu motivos para abrir uma nova operação em busca de envolvidos poderosos. Todos trabalhamos durante anos a fio, e cada vez foi ficando pior. Descobrimos... Coisas maiores que as reveladas, de pessoas grandes tanto na CIA quanto fora dela envolvendo outros países também. Pessoas que ganhavam muito com tudo isso.

 Então Julius começou a contar. Em nenhum momento do seu curto discurso eu me sentei, apenas fiquei em pé, ao lado das pessoas que eu verdadeiramente confiava enquanto ele falava. Não detalhou como foi a operação e o que estavam atrás, mas o fato do pai de Ethan ter sido morto por causa disso, me fez achar que eles haviam descoberto mais do que estavam dispostos a admitir.

 Eu tinha a sensação que ele não me contava tudo, mas isso não foi uma surpresa. Eles sempre esconderam tudo de mim a minha vida inteira, não ia ser agora que resolvi bancar a “Super Heroína” que eles iam me contar para deixar tudo pior.

—Tudo ficou grande demais e no último ano da operação, não que soubéssemos que estávamos tão perto do fim, sua mãe e eu nos conhecemos por Chris – ele voltou o assunto para mim. Eu queria pedir para ele parar de falar, que não queria ouvir essa parte da história, mas não consegui – ele era o melhor amigo dela, e eu o melhor amigo do seu pai Ethan. Foi algo pequeno, estávamos bêbados e foi um acidente...

—Já me chamaram de coisa pior – falei ofendida.

—Não, Hannah, você foi a melhor coisa que poderia acontecer na minha vida...

—Eu não queria saber essa parte da história.

—Se eu pular essa parte, você não vai entender – falou firme – você diz que não se importa...

—Eu não me importo – disse firme.

—Então não tem problemas eu continuar.

 Quem eu estava enganando? Eu me importava sim, era da minha vida que estávamos falando. Era toda a história que ocultaram de mim, e por mais atordoante que fosse, aquele era o homem que podia terminar com todas essas dúvidas.

 Julius mesmo me desafiando, não tocou nesse assunto, apenas começou a explicar o porquê de eu estar em perigo. Ele era uma grande peça chave da Operação MKultra assim como meu tio, o fato de sua cabeça ter sido colocada a prêmio o impediu de ficar comigo depois da morte do pai de Ethan, e como meu pai era amigo da minha mãe, e estava abalado com a perda do irmão, assumiu a responsabilidade de se tornar meu tutor, de se afastar para cuidar de mim.

 A questão era que nem todo mundo na CIA era do bem ou confiável. Assim como Mason havia me dito, pequenas informações vazavam toda hora, e o fato de Joe Alaric ter uma filha, fez de mim o alvo maior, um motivo para ele se entregar. Mesmo depois da sua morte os bandidos achavam que fazendo de mim um alvo, faria a tal “informação” que ele protegia ser extinta.

 Eu me perguntava que informação era essa, mas não verbalizei. Estava aprendendo com meus erros, e um deles foi esperar algumas respostas sinceras. Eu ia descobrir sozinha, melhor, eu tinha ajuda para descobrir e ia fazer isso.

—Até agora – Ethan falou, após alguns poucos segundos de silêncio – você está falando o motivo de Hannah ser um alvo por ser sua filha. Mas e o motivo do pai de Brian e o dela terem se tornado um também?

Julius sorriu, seu sorriso saiu estranho no seu rosto um pouco deformado por minha causa.

—Essa é uma boa pergunta.

—Então vai responder?

—Não se esqueça Ethan, o “pai” de Hannah – ele falou a palavra pai de uma forma diferente, isso me fez fechar a cara. O que ele estava querendo dizer com isso? – era irmão do seu pai. Seu pai era um alvo. E o portador da outra informação, uma informação que dividimos em duas partes uma comigo e uma com Christian. Fora que sua avó também era um alvo e quando ela morreu, tudo sobrou para Christopher. Quem mais estaria com isso se não a pessoa que seu pai mais confiava? A diferença de Hannah e ele, era que ele era um agente. Ele sabia se defender e se camuflar atrás do fantasma da Phoenix que deixou de existir. Ele não fazia isso por egoísmo, ele fazia isso porque era o único que podia deixá-la segura. E foi o que ele fez durante todos esses anos, a deixou segura o máximo que pode.

“ Ao contrário de você que foi ocultado desde sempre, graças ao seu pai e o sobrenome do seu avô Scorpions, Phoenix... Hannah, não tinha isso sendo ligada a mim e na época não contávamos com uma traição, seu pai nunca mencionou você para ninguém porque foi no início a operação, quando Hannah nasceu a missão já tinha chegado ao fim pessoas importantes para nós já tinham sido mortas. Eu era diretamente ligado a operação MKultra. Chris não, o sobrenome de Abel era como o de Scorpions para você. Os tornavam fantasmas, podemos contar nos dedos de uma mão as pessoas que ligavam sua avó ao seu avô paterno. Da mesma forma que até hoje você é um fantasma, Hannah foi durante muito tempo.”

O uso do passado me fez franzir a testa.

—Fui? Até quando?

—Eu quero que saiba Hannah, que tanto Chris quanto eu queríamos apenas o melhor para você. Não queríamos jogar você na zona de perigo direto. Quando estive em Dallas foi tentando proteger mais um alvo que participou da missão, seu pai tinha o mesmo intuito naquela noite apesar dele não saber que eu estava lá, nós dois falhamos e eu cheguei tarde demais. A ex-parceira de operação foi torturada antes de ser morta, e acabou revelando com quem você estava. A nossa sorte é que ela não sabia muito. Apenas que o irmão de Christian que criava a minha filha. Eu não a culpo, pelo contrário, ela sofreu muito antes de falar isso.

O melhor para mim era ter me contado, pensei e não disse. As últimas horas de minha vida tinha sido uma montanha russa, e cada segundo que passava, passei a escutar mais do que falar.

Lewis pigarreou um pouco, antes de tomar o lugar de Julius ao falar.

—Não tínhamos alternativa a não ser proteger seu nome novo, Hannah. Confirmamos o boato de que a filha de Joe Alaric estava sobre a guarda de Christopher Brown. Não podíamos deixar que o precioso nome do seu avô adotivo fosse revelado, relevando isso, Christopher ainda sim estaria seguro, por isso optamos por sua aposentadoria definitiva depois disso. Mesmo vocês achando que os pais de vocês estavam aposentados, eles estavam em missões curtas, só que depois disso não teve jeito. Pensamos em removê-la de lá, mas achamos que o Texas estava seguro para vocês.

—Alguma coisa deu errado – supus.

—Estamos ainda investigando como eles souberam onde vocês estavam escondidos e como chegaram até vocês – Lewis disse – são mínimas as pessoas que sabem sobre você. Aqui em Nova York você é apenas uma cidadã comum, com emprego comum. O único jeito de tornar você uma fantasma, foi trazer você para perto dos outros fantasmas. Seu pai biológico e Ethan.

 Ergui o olhar para o homem grande ao meu lado. Ethan estava de novo em silêncio e um pequeno sorriso cansado, se repuxou para o canto da sua boca para mim em apoio.

—O que eles queriam com isso? – Brian perguntou, ele parecia muito diferente do que quando o encontrei todo frágil antes – Não seria mais fácil executar apenas Christopher, por que a queda de um helicóptero?

—Eles não têm esse senso de justiça que vocês pensam – Julius o respondeu – Eles derrubariam um avião com centenas de pessoas apenas para matar um homem só. No caso do helicóptero havia ali todos os alvos perfeitos. Eles sabiam que minha filha estava ali, o irmão do portador da missão, e Adam... Seu pai, Brian, sabia de tudo. Ele se envolveu e ajudou a ocultar Hannah todos esses anos, assim como ajudou a ocultar e diferenciar o agente Christopher Brown do Christopher Swift. Três alvos em um só. Pra que motivo melhor? – a voz de Julius se tornou amarga – Eles só não contavam que uma das pessoas ali iam sobreviver.

 Uma, não duas. Eu, não Brian. Essa escolha de palavras me fez entender de novo o quanto minha vida tornou a do meu irmão um inferno. Se apenas Brian tivesse sobrevivido ele teria uma vida normal.

—Pra eles, Phoenix Alaric é a única sobrevivente de uma cadeia que pode estar com uma parte da informação que desmoronaria lideranças inteiras. Além de ser filha de Joe Alaric, você se tornou a filha de Christopher Brown. Eles até hoje não acharam a informação que estava com seu tio, Hannah. E você é a última pessoa viva que tem algum laço com Chris, a única que pode ajudar tanto a CIA quanto os bandidos a achar a parte que seu pai adotivo escondeu e que todos sabem que estava com ele. A questão é que a minha parte, para eles está oculta, mas não está. O combinado meu e de Christopher anos atrás, foi que ele ficaria com a minha parte também. O alvo estaria em mim, mas não a informação. As duas partes que se encaixam da informação criptografada estava com ele. Era uma maneira de eu ser o alvo, mas de não colocar em risco a operação e você. Assim que ele conseguisse liberá-la, e ele era um dos poucos que podia conseguir tal feito, ele entregaria as autoridades que não estavam lá sendo incriminadas.

 Informação criptografada de mais de duas décadas atrás. Meu pai nunca havia me dito nada sobre estar com algo tão valioso assim nas mãos.

—Então eles pensam que eu estou com uma parte da “Informação”? E vocês acham que eu possa estar com as duas?

Julius e Lewis confirmaram.

—Mas eu não estou – falei rápido e alto – eles acham errado. Meu pai nunca me falou nada sobre isso. Como eles podem pensar que eu sei onde está isso?

—Pense bem Hannah, o agente Brown pode ter te falado alguma coisa – Lewis me pressionou – não pense que essa operação está extinta, ela não está. Por aí em algum lugar existe pessoas que estão passando por torturas brutais, pessoas malucas e obcecadas contam com a ajuda de gente importante e que podem ser presos. Gente que está não só na Casa Branca, como na CIA e em comandos de outros países também. A vida de muita gente está em qualquer pista que você pode dar a nós.

 Sacudi a cabeça com força. Eu não sabia de nada. Deveria saber?

—Você é a pessoa que Christopher mais amava e confiava, Hannah. Se tinha alguém que conseguiria desvendar um mistério ou enigma dele sobre a localização dessas informações, essa pessoa é você – Lewis continuou – Eu sei que você pensa que somos seus inimigos, só que não somos. Seu inimigo está lá fora colocando a vida do seu irmão em risco, e não é só um inimigo, são vários. Vários dispostos a pegá-lo apenas para fazer você colocar sua memória para funcionar. Eles não sabem quem você é, como se chama de verdade além de Phoenix Alaric, mas todos nós aqui sabemos e comprovamos que bastam eles pegar seu “irmão” para você se revelar. E eu sei que você não quer colocar Brian em perigo, nem mesmo Ethan.

 Céus! O que ela estava querendo me falando aquilo? Massageei as têmporas com força, meu ouvido zuniu alto. Ela não precisava me lembrar que eu era uma bomba relógio, eu sabia o que eu era de verdade.

—Pode parar com isso, Lewis – Ethan disse alto, sua mão esquerda passou pela minha cintura, e ele me abraçou com força, passando a sussurrar no meu ouvido – ela só quer te afetar, Hannah. Não deixe isso acontecer...

 Apenas acenei, o abraçando também.

—Sem jogo aqui, Lewis – Brian rosnou – ela não sabe de nada, e se soubesse. Pensaríamos muito antes de te contar.

Não vi a reação daquela mulher, quando olhei para ela, ela já estava recomposta apesar da carranca.

—Missão Phoenix Alaric Parte 1 e Parte 2 foi o nome que os “bandidos” deram as informações vinte e três anos atrás, todos tinha um objetivo em comum quando você nasceu, todos os lados que sabiam que seus nomes estavam na lista: te pegar para chegar até mim – Julius contou – Não era minha intenção. Quando morri para eles, a missão foi desativada e você voltou a ficar segura porque não fazia mais sentido ir atrás de você, não quando a minha parte, para eles, estava perdida. Foi assim até Dallas. Depois de Dallas quando eles souberam que Chris tinha te criado como filha dele e que você era a coisa mais importante da vida dele, ativaram a missão para irem atrás de você. Ela continua ativa agora, com a intenção de pegar você para descobrir onde seu pai adotivo escondeu a parte do Christian Brown.

—A parte do meu pai – não era uma pergunta que Ethan fez.

—A parte do seu pai que eles acham que estava com Chris, Ethan. E bem, eles estavam certos.

—Então se eles souberem da minha existência, podem tirar o foco de Hannah? – Ethan questionou, me virei de uma vez para ele – eles estão desesperados por anos atrás de ligações que nem são de sangue, se souberem que tenho o sangue do meu pai vão vir atrás de mim, obviamente eu seria a pessoa mais importante para ele.

—Nem nos seus sonhos, Ethan! – minhas mãos começaram a tremer. Ele nem podia cogitar essa ideia agora! – nem pense em fazer isso. Me prometa.

—Não falei que vou fazer, relaxe Hannah, foi apenas uma suposição.

Ele apenas me aproximou mais, puxando-me para seu lado. Ele não me prometeu, percebi.

—Hannah está certa – Julius disse seu tom de voz se tornou urgente – você não pode fazer isso agora, Ethan, iria somente piorar e colocar seus irmãos em risco.  Enquanto eles estiverem atrás apenas da Missão Phoenix Alaric, quase tudo está a salvo. Eles querem as informações e eles têm mais motivos para acreditar que a parte 1 esteja com Phoenix, Hannah quero dizer, e não com você.

—Enquanto a nós, bom, acreditamos que a Missão Phoenix Alaric completa com as duas partes esteja em um lugar seguro, um lugar que Christopher guardou durante todos esses anos para descobrir o que estava atrás daquelas criptografias que roubamos do sistema dos Projetos MKultra durante a operação. – Lewis continuou quase interrompendo Julius de forma dura – Não sabemos se ele conseguiu, mas precisamos dela. Para punir o que já foi feito e o que acreditamos que ainda continua sendo feito pelos que não foram presos há mais de vinte e três anos atrás.

 Meus pelos se eriçaram ao pensar que tudo que os projetos MKultra causaram a tantos anos atrás pudesse ainda continuar sendo feito no século atual. 

—Quando fomos para Hamptons, você e Martin falaram sobre uma missão que ele estava indo – lembrei-me mudando o assunto para algo que eu precisava saber.

—Era a missão Phoenix Alaric que supostamente está com você ou você pode nos ajudar a encontrar. – Lewis me respondeu – ele queria ver se achava o lugar onde seu pai escondeu a informação.

—E ele não achou – Brian não fez uma pergunta, mesmo assim os dois confirmaram.

—Por que Martin voltou tão rápido? Se ele não achou a tal informação da missão, ele deveria ter continuado procurando.

 Julius sorriu com minha pergunta. Era um sorriso sarcástico, droga, parecia o meu. Desde quando seu sorriso era tão parecido com o meu? Ou seus olhos cinzentos eram do mesmo tom também?

—Chegamos a parte verdadeira, a parte que eu queria proteger Brian – disse – do meu jeito, mas eu queria.

—Sequestrando-o? – Mason que se manteve calado até agora, se pronunciou – Duvido que Martin tenha concordado com isso.

Julius repuxou um sorriso.

—Não mesmo, ele nunca confiou em mim. E não sou eu que devo explicar o motivo disso – seus dedos passaram a traçar um desenho abstrato na mesa, quando ele voltou a falar – Hannah Swift é invisível aqui em Nova York e é um fantasma. Brian Carter Jones se tornou um depois. Temos suspeitas que alguém próximo que está do lado errado, por sorte essa pessoa não sabe quem Hannah é, mas pelo visto descobriu sobre Brian, para eles Brian é apenas o gerente da Nigth 3, foi o que fizemos eles acreditarem...

 Mesmo quando Julius explicou o motivo de ter sequestrado Brian, eu não consegui o perdoar por aquilo. Segundo ele, contou com a ajuda de Charles para se infiltrar nesse grupo mais perto para saber até onde eles sabiam. Quando descobriram que eles sabiam mais do que era saudável e que nos colocava em risco, Julius foi o único que conseguiu pensar em uma solução além de segurança dobrada e transferência.

 Foi um plano audacioso e suicida até, um plano que eu pensaria e aprovaria, se não colocasse meu irmão em perigo. Sequestrar Brian antes que outro grupo o sequestrasse, assim se Brian fosse sequestrado e eu o salvasse, todos os outros grupos passariam a pensar que ele foi transferido. E era por isso que estávamos ali naquele lugar sem nome, teríamos que aguardar um tempo para que todos os bandidos pensassem que Brian estava sendo transferido.

 O xis da questão é que eu não era a única que não gostou dele. Martin havia proibido Julius de continuar com esse plano, que o convenceu que tinha desistido. Mas não desistiu. Ele seguiu com o plano suicida, que apesar de ter dado certo colocou em risco o pescoço de quem eu mais amo.

—A outra opção era separar vocês. Ninguém concordou com meu plano, a não ser Charles – olhei para meu ex ou ainda amigo, eu não sabia dizer. Charles estava mais ao canto, calado na sua enquanto Julius falava – Ele se tornou o líder do grupo atrás de Brian e passou a dar pista e informações falsas sobre ele para os grandes chefões, ele se colocou em muito risco, mas conseguiu proteger todos os dados verdadeiros e importantes. Foi ilegal. O que eu fiz vai me trazer muitos prejuízos, só que eu não podia correr o risco de alguém pegar você, Brian. Você é o ponto fraco da Hannah e eu protejo quem eu amo. Foi meu jeito torto de te proteger, um que funcionou, e que trouxe consequências maiores. Espero que possa me desculpar pelo susto, mas era o que tinha que ser feito. Eu precisava que as testemunhas vissem você sendo pego e sendo salvo. Eles pensarem que você estava longe daqui, deixa minha filha em segurança e meus enteados também que estão envolvidos com você.

 Ele queria que eu o agradecesse com um beijo? Aquilo não ia acontecer. Não importava os motivos. Julius havia estado do lado errado, deixado Brian na zona de perigo durante horas e me atraiu para lá.

Era um plano mais que suicida e que eu odiei com todas as minhas forças.

 —Eu entendo Julius – Brian disse. Olhei para ele surpresa, ele não ia concordar com aquilo, ia? – Eu preciso fazer alguma coisa para te ajudar?

—Brian, nem pense em ser grato a ele – rosnei. O que aquele idiota tinha na cabeça? – Ele te colocou em perigo!

—Pra te proteger, proteger Maggie. Não concordo com ele ter te atraído para lá ao invés de ter dado um jeito de Lewis me salvar, só que ainda sim Hannah, foi um plano eficiente. Se você estivesse em meu lugar, você também concordaria com ele.

—Não concordaria, não!

—Tem certeza?

 Mordi o lábio. Eu não sabia a resposta para aquela pergunta idiota.

—Julius e Charles estão sendo acusados de conspiração e sequestro – Lewis se pronunciou – A CIA desde o começo não concordou com o plano, eu tentei evitar, mas não adiantou. São leis e elas precisam ser cumpridas até mesmo entre nós que trabalhamos para ela. Você ajudaria muito depondo a favor dos dois, Brian. Todos vocês na verdade.

 Eu ri. Ri alto mesmo daquele absurdo, mas quando aquela mulher estendeu alguns papéis na mesa e eu vi, Brian indo assinar, sendo seguido por Ethan, nunca me senti tão traída na vida.

—O que é isso? – perguntei indignada – vocês estão querendo safá-lo depois de tudo que ele causou hoje?

—Não, eu estou querendo safá-lo porquê de algum jeito ele te deixou aqui comigo – Ethan me respondeu – é egoísmo Hannah, mas eu já te falei que sou egoísta quando o assunto é você.

 Ethan estendeu a merda de um papel para mim, joguei longe. Eu não conseguia acreditar que eles estavam fazendo isso, não ali na minha frente.

—Você estava lá no acidente de Ethan! Como pode dizer que queria protegê-lo? – acusei Julius.

—Eu estava seguindo Ethan para protegê-lo também!

Era o que faltava!

—Seu jeito de proteger é perturbador, Julius.

—Não fui eu que mandei ir atrás de Ethan, e nenhum dos homens do lado do sequestro de Brian – continuou, ignorando todo o resto – eu estava lá para segui-lo e descobrir quem estava o ameaçando. Não sabemos se o acidente e todo o passado de Ethan com a missão P.A. tem haver. Eu precisava descobrir e quando o acidente aconteceu, eu me vi de mãos atadas porque estava sendo seguido, eles estavam desconfiando de mim. Charles usava disfarces, eu não. Fui contratado apenas para ser um verme de um programador por Charles para poder me infiltrar, eles me viram naquele carro e desconfiou de alguma coisa. Se eu fizesse qualquer coisa, iam suspeitar e tudo que armei para o sequestro de Brian iria por água abaixo.

—Você acredita nele? – perguntei para Ethan.

 Ele não me respondeu de imediato, ficou encarando os olhos do padrasto por logos segundos antes de concordar balançando a cabeça e confirmando que sim.

—Tenta pensar com mais clareza , Hannah. Você tem que ser imparcial nesse assunto, eu sei o quanto você é sensata – me disse – se fossem outras pessoas envolvidas, o que você faria ou como agiria?

 Eu acho que eu queria apenas motivos para odiar mais ainda aquele homem no fim das contas. Fechei os olhos e puxei o ar com força repetindo com força a pergunta que eu mais levava em conta “Qual a importância do sangue?”.

 Sangue. Pra mim é apenas algo líquido de cor vermelha que corre pelas minhas veias. Não importa a quem ele está ligado. Affs, isso nunca importou. Só que mesmo não importando com sangue, todas palavras de Julius Peterson, ou melhor dizer, Joe Alaric, foram como socos no meu estômago revirando minhas entranhas.

 Eu estava ficando abalada com algo que não deveria. Brian estava certo, no seu lugar, eu me entregaria de alvo fácil apenas para colocar os bandidos para longe dele. No seu caso ele não foi questionado se queria, só que eu tinha minhas certezas que ele nunca negaria algo assim.

 Se tinha mais alguma coisa para me dizerem, eu não queria mais saber por hora. Eu não estava pronta para assinar, nem sabia se era o certo a fazer. Eu não confiava em Julius porque ele plantou a maldita sementinha em minha mãe, eu não confiava em Julius Peterson porque ele escondeu muita coisa de mim por mais tempo do que eu pensava.

—Vocês dois terão que ficar confinados durante alguns dias até a poeira baixar depois do julgamento de Charles e Julius – Lewis falou para mim e Brian, ela pareceu entender minha atitude, essa era uma vantagem de termos algumas semelhanças em nossas personalidades fortes – A sede do Carter e Associados irá mudar para o mesmo prédio da empresa Scorpions que funciona a RIH a S&P, cuidaremos de tudo enquanto você não pode, Brian. A segurança do local vai ser reforçada e irá ser melhor mantermos vocês dois juntos na hora de protegê-los. Ethan você vai ser mandado para casa, assim que descansar. Você precisa seguir normalmente, Hannah estará de volta em breve, é apenas um período curto de tempo até sabermos que a Missão P.A. está protegida.

 Missão P.A., eu odiava aquilo. Ela falava como se eu realmente fosse aquilo. Não senti mais nada. Acho que alguma parte remota do meu cérebro voltou a funcionar naqueles poucos segundos. Virando as costas e pegando o controle da porta, eu sumi dali.

***

 Eu me sentia mais fria agora, minha pele estava coberta pelo restante da água do meu banho, eu vestia as mesmas roupas que antes. Sentia-me mais confortável nelas, do que em qualquer outra de cor tão sem graça que me foi oferecido. Encolhi minhas pernas levando-as até o queixo, e as abracei. O que era tudo aquilo? Minha cabeça girava em todas as direções possíveis, em quem eu podia confiar?

 No fundo, lá naquele que a gente não ousa admitir, havia uma parte de mim ainda humana e consciente. Aquela que não apenas me fazia ver com clareza, como a pensar também. Era a parte onde não havia egoísmo. Lá eu sabia que tudo que fizeram foi por uma boa causa, que eu não podia culpar meu pai, nem Julius de terem me colocado no meio de tudo isso. Que tudo foi para salvaram vidas, e eu ser apenas um efeito colateral a tudo isso, não era nada perto da vida das pessoas que ainda estavam sofrendo com tudo aquilo.

Essa era a parte que eu queria ouvir, vesti-la como um cobertor e aceitar.

 Mas a parte superficial, aquela que enchia minha cabeça de besteiras, que me fazia lembrar de tudo que aconteceu no helicóptero, aquela que de uma forma grotesca colocou meu irmão em perigo, não me deixava pensar em outras pessoas que não fosse eu.

 Os bandidos me queriam, os mocinhos me queriam e eu me sentia um alvo com um Xis bem no meio do traseiro para todos eles. Agnes Lewis não me mantinha viva apenas por respeito a tudo que eu acreditava, ela me mantinha viva e a salvo porque acreditava que eu poderia dar a ela a tal informação.

 E eu não podia.

 Merda, eu não fazia ideia do que Chris fez com tudo isso... Para começo de conversa, o que era tudo isso?

 A parte egoísta também me fazia sofrer. Muito. Eu havia perdido as pessoas que mais amo na vida, aquelas que passaram mais tempo comigo, que me amaram protegeram, que me deram e fizeram tudo por mim. Delas restaram apenas Brian, e o que tudo isso fazia? O colocava na linha de frente.

 Como eu podia deixar a parte consciente agir, se eu não podia nem manter meu irmão protegido? Ainda tinha Ethan... Ethan...

 Pensar e me lembrar dele fez meu peito apertar meu coração com mais força do que nunca. Eu não era o único ali. Agora pelo menos eu entendia o risco que eu significava para ele. Ethan era um alvo invisível, um que ninguém sabia da existência, mas que perto de mim, poderia ser descoberto. Eu o colocava em risco, ameaçava cada proteção que ergueram ao redor dele.

 Eu era mais que uma bomba relógio. E quando Julius havia dito que eu e Ethan éramos como fogo e combustível, ele não podia estar mais certo sobre isso.

 As lágrimas brincavam nas bordas dos meus olhos querendo liberdade para saírem, mas eu não permiti... Melhor, elas não iriam cair porque eu estava tentando ser forte. Brincando de ser forte.

 Olhei ao redor. Aquele seria meu refúgio por algum tempo, algumas semanas era o máximo que eu permitiria. As paredes eram brancas, mais brancas do que os lençóis que eu havia enrugado ao me deitar na cama posicionada no meio do quarto com uma cabeceira de aço que eu me encostava.

 Havia ali uma porta de um closet, nem me atrevi a abrir e escolher mais que um conjunto de lingerie preto embalado e fechado do meu tamanho. O resto ali era frio demais. A cama naquela posição me dava à visão de uma prisão sem grades, apenas com paredes sem janela. Pelos menos eles haviam entregado minha Bren Ten e minhas balas, que deixei o mais perto possível.

 Eu não podia ouvir nada dali de dentro, nada no corredor. Eu sabia que havia algum agente ali do lado de fora, ele andava indo e vindo pelo corredor vazio vigiando minha porta. Meu babá? A porta era reforçada, grossa e de um cinza muito escuro. Era da grossura de uma parede, e tão pesada que precisava fazer força para abrir.

O barulho do trinco sendo aberto me fez erguer o olhar da minha arma para cima, a porta se abriu devagar com um rangido infernal. Talvez essa fosse à intenção, para eu não sair às escondidas no meio da noite, porque apesar de ter uma chave do lado de dentro, era impossível alguém não ouvir esse barulho demoníaco.

 —Se essa porta se abrir quando eu estiver dormindo – Falei olhando para longe da maldita porta – vocês vão descobrir que tenho TPM quase trinta dias por mês.

—Er... Swift, você tem uma visita – o homem disse sem graça – O senhor Parker pode entrar?

 Levantei o olhar para ele. O homem era jovem, parecia inseguro ao abrir mais a porta para mostrar Ethan.

 Ethan não estava mais vestido da mesma forma que antes. Sua roupa escura havia sido substituída por jeans novo e uma camisa de manga curta em tom forte e escuro. Ele revirou os olhos quando apontou com a cabeça para o cara da porta, e tive que sorrir também.

—Nos deixe sozinho – pedi sem desviar os olhos de Ethan.

O homem acenou e se virou para Ethan.

—Eu preciso te revistar.

—É sério? – Ethan perguntou sarcástico, impedindo o homem de tirar a caixa de papelão que carregava – Vocês estão olhando para as pessoas erradas. Eu nunca faria mal a ela.

—São os protocolos...

Eu ri.

—Tá bom, fala pra sua chefe arrumar alguém para comer ela e deixar meu namorado me comer em paz.

 A risada do Ethan foi tão alta que me fez rir junto. O homem olhou para mim com os olhos arregalados, e depois para Ethan como se buscasse uma solução para não sei o que.

—Ela é assim mesmo, colega – Ethan riu – Você já pode ir.

  O homem concordou e saiu trancando a porta. Pelo lado de dentro, Ethan também passou o trinco.

—Isso foi muito cruel, Swift.

  Abri um sorriso de lado para ele, ao me chamar pelo meu sobrenome. Porque era assim que eu me sentia, uma Swift.

—Melhor do que você ter que colocar ele para fora a pontapés – retruquei – a última parte que falei para ele era verdade.

—Eu sei – caminhando até a minha cama ele se sentou ao meu lado, colocando a caixa perto nós – Como você está?

 O meu sorriso se desfez, como eu estava?

—Melhor agora que você está aqui – falei sincera.

 Ethan me analisou por alguns segundos, sério. Acho que vendo até onde aquilo era verdade no fim das contas. Eu não menti. Eu me sentia muito melhor com ele ali do meu lado, aquele lance de ser mais forte um pelo outro era verdadeiro. Eu me sentia mais forte quando estava perto de Ethan, assim como gostaria que ele se sentisse ao meu lado.

 O observei também, Ethan poderia parecer que estava bem, mas não estava. Por trás daquela pose imponente, daqueles músculos e olhar preocupado ele estava tão devastado quanto eu, a diferença era que ele sabia disfarçar melhor. Projetando-me para frente, passei meus braços pelo seu pescoço. Sua mão apertou minha cintura e ele escondeu seu rosto em meu cabelo inspirando o meu cheiro, assim como fiz com o dele.

—Você não está bem – não era uma pergunta, e ele não se deu o trabalho de negar – eu sinto muito por tudo que está acontecendo com você também, Ethan.

—A gente vai conseguir superar, juntos.

—Sim, juntos.

 O amor tem várias formas e facetas. O amor que eu sentia pelos meus pais era algo que nunca ia ser superado, ele ficava no fundo da minha alma, era um amor de certezas. Aquela certeza gratificante de que a todo momento você iria tê-los para sempre ao seu lado. Uma que você sabia, que independente de tudo e todos, eles sempre estariam ali do seu lado para te amar incondicionalmente, para te proteger, te encher o saco ou te elogiar. Um amor, que assim como os outros, não tinha muitas explicações.

Havia também o amor que eu sentia por Brian. Diferente do que eu sentia pelos meus outros amigos, era um amor de companheirismo. Irmandade. Não sei ao certo como ele nasceu, pensando bem, acho que ele sempre existiu. Meu amor pelo Brian fazia dele meu calcanhar de Aquiles, assim como eu era o dele. Brian era o meu espelho invertido, aquele que apesar de eu considerá-lo meu calcanhar, ainda sim era minha fonte de força e luta, aquele que me dava alegria apenas por existir. Eu poderia brigar um milhão de vezes com ele que ainda sim, em nem um milhão de anos eu conseguiria odiá-lo.

 E entre tantos outros amores, havia o que eu sentia por Ethan. Pela primeira vez, eu sabia que nunca havia amado outro alguém como eu o amava, não esse amor entre homem e mulher. Era um amor carnal, onde cada célula de meu corpo era atraída fisicamente pelas suas. Mas não era só carnal, era além. Era emocional. Cada célula do seu corpo precisava estar bem para eu me sentir bem, cada palavra, atitude, respiração dele era da minha conta. Era uma sensação de proteção reciproca, duradoura que eu não sentia nem com meus pais, apesar de não ter diferença em tamanho.

 No entanto, eu me sentia mais forte ao seu lado. Eu queria ser protegida por ele, mas queria proteger. O som da sua voz me deixava louca, excitada e feliz, mas o da sua respiração... O som da sua respiração me fazia respirar. Fazia meu coração acelerar, meus músculos se fortificarem, minhas armas e muros se erguerem.

 E agora, eu queria erguer os muros e sacar as armas para protegê-lo.

—O que está dentro da caixa? – afastei-me, entrelaçando nossos dedos.

—Charles que me entregou – respondeu olhando para ela também – Eu não sei o que pensar sobre meu melhor amigo, Hannah. Parece que tudo que aconteceu, foi uma mentira.

—Falar ajuda.

 Ethan abriu a caixa de papelão tirando alguns papéis lá de dentro. Pouco abaixo deles, havia também algumas fotos espalhadas pelo fundo da caixa.

—Charles foi implantado no exército para trabalhar ao meu lado como Ranger.

Franzi a testa, e peguei uma documentação. Nela explicava a missão que Charles estava sendo enviada.

—Mas ele tinha apenas 17 anos...

—Eu sei. Sua mãe foi morta pela operação Mkultra anos atrás quando ele era uma criança, era uma das integrantes da equipe que morreu alguns anos depois do meu pai – tirando um bloco preso por um clipe de papel, ele me entregou um relatório sobre a operação. Eu me lembrava do rosto dela, era uma dos que vimos no dia anterior no apartamento dele – ele não entrou pra CIA, apenas foi designado a “cuidar” de mim porque passou muito tempo entre eles. Ele só precisava mandar relatórios e ficar de olho caso encontrássemos alguém ou algo suspeito no caminho. Ele teve esses anos todos para me contar, e nunca me disse nada. Sabia o que aconteceu com meu pai, o que eu era para a CIA e nunca me contou nada. Como posso acreditar que nossa amizade de todos esses anos foi verdadeira?

 —Ethan, Charles te ama. Eu não sei o que aconteceu realmente, todos esses anos, mas disso você não pode negar. O que vocês criaram foi com o tempo, assim como criei com Brian.

—Ele me falou mais ou menos isso. Disse-me também que não trabalha para eles, há cerca de seis anos, mesmo assim não sei se posso perdoá-lo.

—Ainda – completei por ele – você vai conseguir perdoá-lo porque você o ama.

—E você vai conseguir? – Ele ergueu o olhar para mim – ele ajudou a sequestrar Brian.

 Fiquei em silêncio. Era errado conseguir achar mais fácil perdoá-lo do que perdoar Julius? Pra mim parecia tão mais fácil perdoar um dos meus melhores amigos, do que aquele homem.

—Conversamos apenas por uns cinto minutos, Charles me contou que só fez isso, só aceitou ajudar Julius porque sabia que era a escolha de Brian se eles contassem a ele – continuou com meu silêncio – Que fez isso por ele, você e por mim. Era o único jeito de manter vocês dois aqui, com nós.

—Você acreditou nele?

 Ethan deu de ombros. Sim. Era sua resposta na verdade, assim como ele acreditava em Julius, eu sabia que Ethan acreditava em Charles, se não ele não teria assinado aquele maldito acordo. Mexendo na caixa, ele tirou uma pasta preta. Por alguns segundos ele a observou, seu polegar livre acariciou a pasta com resistência. Fiquei curiosa com o conteúdo daquela pasta em especial, mas dei um espaço para ele.

—Charles me deu algo, sobre a morte do meu pai – explicou em seu tempo – ele conseguiu essas informações com um ex-agente de campo morto quando estava atrás das pistas da morte da mãe dele também.

—Ethan, eu sinto tanto por estarem abrindo essa ferida tão antiga sua.

 Ele sacudiu a cabeça, sua mão largou a minha, para acariciar o meu rosto com tanta ternura que me inclinei para o seu toque.

—Vamos ficar algum tempo longe um do outro, garota.

—E eu vou odiar isso.

—Vai ser pouco tempo, eu prometo que vai – sorriu Ethan – Mason já está cuidando disso.

—Mason?

 Pra mim, era muito pouco provável que Mason continuasse sendo nosso guarda costa depois de tudo. Eu estava pronta pra travar uma batalha com Lewis sobre isso.

—Eu contei para Brian tudo que aconteceu quando ele estava fora. Ele mesmo resolveu esse assunto com Lewis, não foi uma conversa muito amigável pelo que vi, mas seu irmão é um ótimo advogado.

Sorri.

—Ele é bem persuasivo quando quer.

 Ele retribuiu meu sorriso e toquei a pasta em sua mão, não fiz menção de pegar, só que ele me entregou ela, sem desviar os olhos dos meus. Abri a pasta e juntos demos uma olhada por cima de todo aquele material. Não havia muito, não detalhes pelo menos. A questão ali eram as provas.

 Os relatórios dos legistas sobre o caso estava todo organizado, junto com os testemunhos das pessoas que trabalhavam no hotel, de Julius e meu pai. Duas fotografias viradas ao contrário estavam presas por uma liga, entre elas havia outras. Antes de Ethan virá-las, eu o parei, imaginando o que havia ali.

—Ethan... Acho melhor não.

 Ele não me ouviu, pegou as fotografias da minha mão e as virou olhando-as em sequência. Eram as fotos tiradas do dia do assassinato, elas não estavam nítidas como as de atualmente, mas mesmo assim a qualidade era impressionante pelo tempo que elas foram tiradas. Havia ali as fotos do dia do assassinato do pai de Ethan, de ângulos diferentes.

 O homem no chão estava muito branco, a camisa amarela manchada de sangue... Custei desviar o olhar das fotos para Ethan, ele parecia hipnotizado olhando aquilo. Tirando de suas mãos, guardei todas dentro da caixa. Juntei os papéis, e fiz o mesmo, tudo muito rápido.

—Você não deveria ter visto isso – segurei suas mãos – Ethan, você não pode ficar desenterrando assim de uma vez seu passado.

 Ele negou com a cabeça. Seus olhos focaram nos meus, e ele franziu a testa. Não parecia estar sofrendo por fora, mas por dentro... Eu sabia que estava, eu sentia isso.

—Sabe aquele negocio sobre a força? – confirmei, apertando ainda mais sua mão – Eu acho que estou precisando um pouco dela, e sei que você está precisando também.

 Ele estava mais certo do que nunca. Eu precisava da força dele, e ele da minha. Como podíamos ser fortes, doar força um para o outro quando mal conseguíamos nos manter em pé?

 Nossos corpos sabiam melhor do que nós a resposta.

  Inclinando ambos pra frente, nossas bocas se tocaram de forma lenta no começo. Foi minha língua a primeira a procurar espaço entre seus lábios, e suas mãos que foram de encontro com a pele da minha barriga exposta. Nossos corpos se acenderam com esses toques, minhas energias ao invés de se desvencilharem, começaram a aumentar.

 Erguendo-me por trás dos joelhos, Ethan me deitou na cama. Com urgência, passou meu top pela cabeça beijando a pele exposta dos meus seios ao abrir o sutiã de fecho frontal. Sua língua exigente circulou o ponto rosado do meu seio direito, antes de abocanhá-lo. Pareciam séculos que não acontecia isso, e de certa forma, fazia mesmo. Não tínhamos tido tempo para nos tocarmos, desde quando tudo começou, mal havíamos nos beijado de verdade.

 Cada seio recebeu sua devida atenção, com beijos, lambidas e mordidas que me fazia arquear e gemer, conforme a intensidade de seus lábios e dentes. Uma de suas mãos se enfiaram em minha calça, já abrindo o botão e braguilha. Seus dedos encontraram o tecido molhado de minha nova calcinha, ele a acariciou por cima.

—Você está muito molhada – Ethan ergueu a cabeça para me olhar – estou louco para estar em você, finalmente.

Ri.

—Esse deve ser um bom sinal no fim das contas.

 Com um sorriso malvado, sua boca desceu para o outro seio. O roxo deixado alguns dias atrás, quando eu ainda estava de planos de nos manter distantes, estava quase desaparecendo. Com os olhos fixos nos meus, Ethan beijou o local passando a língua ao redor bem devagar. Seus dedos afastaram minha calcinha para o lado, e brincaram com a minha entrada de forma preguiçosa, antes de sua boca abrir e ele chupar o mesmo local marcado de antes.

 A pressão do chupão entre seus lábios fez um orgasmo pequeno chegar até a borda. As ondulações de suas bochechas ficando côncavas me deixaram hipnotizada, quando se afastou a pele estava ainda mais roxa do que a última vez. Ethan ficou olhando aquele tom com um sorriso safado no rosto.

—Sabe o que dizem de homem que fazem isso em mulheres? – perguntei enrolando minhas pernas em seus quadris, ele arqueou a sobrancelha – que vocês não confiam no próprio taco, e tem que marca território.

—Igual aos lobos? – riu.

—Isso é quase como urinar em uma árvore para marcar território.

Sua risada vibrou seus dedos que escorregaram para dentro sem aviso. Gemi. Um gemido preguiçoso que fez minhas pernas amolecerem.

—Sabe de uma coisa – seus dedos começaram a me estocar de maneira bem lenta. Por que ele não tirava a merda da minha calça logo? – Eu não gosto muito de ser um lobo, não combina comigo. Gosto mais daquele lance de ser homem das cavernas. Só que eu não faço isso para te marcar, é porque adoro esse tom de roxo em seus seios, apenas neles, em nenhum outro lugar no seu corpo.

 Retirando-se de mim, ele se sentou em meus quadris apoiando-se nos próprios tornozelos para não me esmagar. As pontas dos seus dedos subiram para o meu braço, e acariciou de leve um hematoma arroxeado. Eu não me lembrava daquele em especial, havia reparado nele apenas quando fui tomar banho junto com alguns outros pequenos que ganhei durante nossa jornada até chegar em Brian, no meio de tudo aquilo, eu não havia nem sentido nada.

—Não gosto de ver isso tudo em você – sua mão foi para o meu rosto, do outro lado que ele havia tocado – eu sinto uma vontade enorme de matar aquele filho da puta que fez isso com você, Hannah.

 Levei a mão até aquele lado do meu rosto. Toquei o local que ele acariciou, e me encolhi ao sentir dor. Daquele hematoma ali eu me lembrava muito bem, o desgraçado do capanga abusado da tatuagem que me bateu quando tentei defender Ethan. Não estava tão ruim assim quando olhei no espelho a última vez, mas agora parecia estar bem mais inchado do que antes.

—Eu estou bem – lhe garanti.

—Não era para ter chegado a tanto, te machucarem. Eu quero fazer o impossível para isso não acontecer de novo, garota.

—Você não pode garantir isso sempre, Ethan.

—Eu posso ficar do seu lado pra sempre pra pelo menos tentar.

 Eu engoli minhas palavras tentando pensar com clareza sobre aquela promessa. O tanto que meu coração se aqueceu ao ouvi-las, antes de eu poder pelo menos pensar em responder, já era tarde demais. Ethan beijou meu hematoma e sua boca veio até a minha, suas pernas musculosas impediram de me esmagar, e eu as apertei com força mesmo pelo tecido do jeans.

 Suas mãos habilidosas entre nós, começou a descer minha calça e eu o ajudei me contorcendo para tirá-la mais rápido. Ethan não chegou a descer ela toda, a deixou em meus tornozelos e me virou de barriga para baixo se posicionando atrás de mim. O toque de seus lábios em minhas costas nuas, me enxiam de antecipação. Ele desceu as mordidas para a minha bunda, prendeu as laterais de minha calcinha entre os dedos e as rasgou com muita habilidade.

—Eu estou um pouco desesperado, se você pode notar – sussurrou em meu ouvido.

—Então somos dois.

 De costas, ouvi o barulho do zíper sendo aberto e de uma calça sendo abaixada pela metade. Deitando sobre mim, ele balanceou seu peso nos cotovelos e joelhos. Seu pau duro passou entre minhas nádegas me fazendo inclinar mais ainda para cima, pronta para recebê-lo.

 Virando a cabeça para o lado, sua boca encontrou a minha perdida e procurando por contato ali. Seu pau finalmente achando o lugar exato e molhado para deslizar, ele podia fazer isso de uma vez, mas não fez. Somente a ponta deslizou para dentro devagar antes de ser retirada, gemi em protesto, e fui recompensada com mais dele entrando lentamente em mim.

 Eu adorava aquela posição, de costas para ele, empinada na cama. Em algum momento ele havia tirado a camisa, e eu adorava ainda mais sentir os músculos do seu peito e abdome pressionados contra minhas costas, me empurrando e esmagando meus seios contra a cama.

 Suas estocadas que começaram calmas mudaram de intensidade, passaram a deslizar mais rápidas conforme eu ficava molhada. Uma camada de suor escorreu pelo meio das minhas costas, e gotas dele caíram em mim quando ele se ergueu nos braços  pra tomar distância. Ergui ainda mais meus quadris para recebê-lo, suas estocadas passaram a ser mais fortes, suas bolas passaram a ir de encontro com meu clitóris a cada movimento brusco.

Pra que dedos, se eu tinha as bolas dele no fim de cada estocada para me estimular?

 Aquilo era bom. Ficando de joelhos e com as pernas mais afastadas ele continuou, suas mãos livres encontraram minha cintura. Por baixo seu polegar e indicador encontraram a ponta dos meus seios para apertá-las entre mim e a cama.

 Ondas de calor passaram a vir em momentos alternados. Os gemidos vieram naturais e passaram a se tornar mais grotescos e animalescos. Aquela era nossa forma de fazer amor, nossa forma de nos ligar de todas as formas independente de qualquer outra coisa, de nos fortalecer.

O som de nossos corpos sendo grudados ecoaram pelo quarto, os golpes de suas bolas passaram a deixar meu clitóris sensível e inchado, as oscilações do orgasmo começaram a descer pela minha coluna. Como se adivinhasse, ou tivesse ligado demais a mim para sentir tudo aquilo, Ethan acariciou minha espinha em uma espécie de massagem erótica para acompanhar a onda. Minha boceta oscilou também, apertando e o sugando por vontade própria, junto com suas palavras tão safadas e ao mesmo tempo tão cheias de verdade e amor que me levaram a beira do precipício, e como a boa amante que eu era, me joguei.

 Veio bruto, forte e avassalador. Quebrando todas as barreiras que eu sentia, todas as fibras do meu corpo, me deixando com uma gelatina molenga nos lençóis. O gozo de Ethan preencheu-me poucos segundos depois, com jatos fortes e intensos, seus dentes se cravando em meus ombros, tão cansado quanto eu.

 Exaustos, ele nos rolou na cama me puxando para si. Eu me sentia tão cansada agora que poderia finalmente dormir depois de tudo que tinha acontecido. Só que mesmo com todo cansaço, eu me sentia tão mais forte agora.

 Aquela era a ligação que eu precisava com Ethan, como a boa alcoólica que eu era, precisando daquela dose de álcool em meus sistemas. Estávamos cansados, exauridos por tudo que havíamos descoberto, passado e vivido em tão poucas horas, mas juntos ali e agora parecíamos mais forte do que nunca.

 Ergui o olhar para cima, e encontrei seus olhos azuis me encarando bem mais tranquilo do que antes. Não era o mesmo homem sofrendo internamente, não havia nenhuma fragilidade ali para eu poder encontrar. Era assim também com ele. Assim como ele era a minha fonte de força, eu era a dele. Sua testa se vincou, e a minha também ao ver isso.

—Aconteceu alguma coisa? – perguntei, minha voz estava muito rouca.

 Ethan parou por alguns segundos, pensando se era ou não o momento certo de falar o que lhe incomodava, o que ganhou forças para conseguir pensar com mais clareza.

—Vai parecer egoísta, Hannah, o que eu vou te dizer agora. Mas essa Missão Phoenix Alaric, eu a entendo.

—Ethan... Esse não é o momento de falar isso.

—Espera. Para você ela é apenas o motivo dos seus pais estarem mortos, de estarem atrás de você. Mas não é, pelos menos para mim, Charles ou o próprio Brian não. – Suas palavras me pegaram de surpresa.

 Eu estava sendo mais egoísta do que eu pensava, levando em conta apenas minha versão de toda essa história.

—Essa missão Phoenix Alaric serve para nós como um refúgio, uma busca. Ela é a única coisa que pode nos fazer pensar melhor, e a nossa esperança para vingar aqueles que foram mortos da nossa família – ele parou, para eu poder reclamar ou falar algo, mas eu não disse.

 Senti de volta as lágrimas pesando em meus olhos, querendo transbordar. Ele estava certo pra variar, apesar do nome daquilo, aquela era minha única esperança de desvendar o resto da minha história. De vingar a morte dos meus pais, os pais de Brian, o pai de Ethan e a mãe de Charles. Vingar a morte de cada pessoa que foi morta injustamente por causa deles.

—Vamos atrás deles, Ethan.

—Você não sabe o quanto eu fico aliviado em ouvir isso – um sorriso se formou, mas foi embora tão rápido que não pude ter certeza se existiu – Não confio em muitas pessoas mais, Hannah. Muito menos em todos envolvidos com a CIA, pelo pouco que sabemos, tem gente grande aqui de dentro que tem ou teve envolvimento com MKultra.

—Eu pensei nisso também.

—Sei que pensou – acariciou minha bochecha – A coisa é pior do que pensamos. Não vou ficar tranquilo pensando que a qualquer momento eles vão querer você, não podemos confiar nem em Lewis, ela quer tanto a Missão Phoenix Alaric que vai querer te espremer o máximo para falar o que ela quer ouvir.

—Mesmo se eu soubesse, não ia dizer assim para ela.

Ele confirmou, concordando comigo.

—Eu só quero te proteger, garota. Já vou te pedir desculpas antecipadas se um dia eu te sufocar, se eu querer te colocar debaixo da minha pele. Isso vai ser apenas eu querendo te proteger, eu querendo fazer você ficar comigo para sempre.

—Isso vale por mim também, Ethan – apoiei em meu cotovelo para poder olhá-lo melhor – Eu quero fazer o mesmo por você, talvez eu até exagere mais.

Ele riu, e meu corpo inteiro relaxou com isso.

—Eu te amo – ele disse.

Dessa vez eu sorri.

—Eu também te amo – colocando a mão sobre seu peito, a deslizei para suas costelas para tocar as garras do escorpião que apareciam ali antes de subir por suas costas – Acho, que eu caí nos encantos do escorpião.

—E eu me apaixonei pelo mistério da fênix.

 Eu me aconcheguei em seu peito, ouvindo sua respiração. Não tenho certeza se Ethan realmente dormiu, mas naqueles próximos minutos, eu não consegui dormir.

 Ele se apaixonou pelo mistério da Fênix. Uma fênix que não sabia nem a metade dos segredos que ela própria carregava.

 Tudo que eu sabia agora era que esses segredos havia matado meu pai, meu pai de verdade, aquele que eu amei por toda a minha vida, que me criou e fez de mim tudo que sou. Fechando os olhos com força, aspirei o cheiro bom de Ethan para me tranquilizar, era tão familiar. E tudo que eu não queria na minha vida era perder mais esses cheiros familiares.

 Eu me lembrava das palavras doces do meu pai, Christopher, quando eu insisti que poderia voar. Elas vieram acompanhadas de um lindo sorriso branco quando eu disse que se abrisse os braços e pulasse de certa altura, Deus faria o vento me guiar, porque se os pássaros podiam voar, eu podia também.

 Eu tinha sete anos quando isso aconteceu.

 Eu me lembrava quando dei um soco no nariz de um menino na escola, que chamou Brian de quatro olhos quando ele precisou usar óculos pela primeira vez. Eu tremia de medo de chegar em casa e receber o maior castigo da minha vida, de levar minha primeira surra, porque havia ultrapassado uma grande regra dele. Mas eu não apanhei. Eu me lembrava nitidamente de quando Chris me olhou com seus olhos cor de avelã e cruzou os braços na minha frente. Ele me fez apenas uma pergunta, o que eu achava da minha atitude.

 Eu chorei, com muita vergonha pelo o que eu fiz, mesmo tendo uma parte da minha mente gritando que aquele idiota mereceu. Eu chorei porque eu havia desobedecido o melhor homem do mundo, e disse a ele a verdade, que ele não podia estar mais bravo comigo do que eu mesmo. E ao contrário de tudo que pensei, ele não brigou comigo, nem ao menos aumentou a voz. Ele apenas se agachou na minha frente, tirou minhas mãos do rosto e as segurou com carinho.

 Suas palavras eram doces e gentis, e senti até uma pitada de orgulho dele que deixou muito bem escondido me dando um bom exemplo. Violência não é a solução para tudo.

 Eu tinha dez anos quando isso aconteceu.

 Aprendi tudo com Christopher e Hellen Swift. Foi ele que me ensinou que o mundo não era nem um pouco justo e nem as pessoas que nele habitam. Que as pessoas não eram o que nós pensávamos e me ensinou a levantar cada vez que eu caia, nem que fosse sozinha.

 Ele, ao lado da minha mãe, construiu o meu caráter, eu aprendi a confiar, desconfiar, a pensar até. Aprendi a amar.

 E eu amava Ethan, amava o escorpião.

 Eu queria proteger ele, Brian, Charles e todos aqueles que eu amava. Mas também queria fugir, esconder Ethan em minha pele para deixá-lo seguro, eu queria fugir e sabia que ele não hesitaria nem por um segundo em ir comigo se eu pedisse. Mas depois de ver o mundo lá fora nessas últimas horas da minha vida, eu percebi que viver fugindo não adiantaria nada, só me esconderia dentro de mim mesma, prolongaria a procura “deles”, adiaria a verdade e o confronto real, assim como Julius, Chris e todos os outros adiaram.

 Eu não ia fugir. Nunca mais. Eu ia atrás de quem fez isso comigo, eu iria descobrir quem matou a minha família e a de todos que eram importantes para mim. Eu iria descobrir Os Segredos da Phoenix.

 


Notas Finais


Então é isso né. Odeio finais, principalmente desse meu primeiro original. Espero que tenham gostado, sei que muitas duvidas ainda estão ai na cabecinhas e vocês, mas relaxem elas vão ser resolvidas na continuação e quem sabe ela já vem completa e em livro? Estou trabalhando no Os Segredos da Fênix e está ficando bem bacana, lá vocês vão ver como tudo isso vai influenciar na vida da Hannah e todos ao seu redor.
Sobre esse capítulo e alguns outros dessa história, tenho uma notícia bem ruim, não posso deixa-los aqui, na verdade eu não poderia nem ter postado eles e só fiz isso pq era injusto para vocês ficarem sem ler o final então daqui sete dias mais ou menos irei exclui-los. Tô um pouco apressada então só quero agradecer a todas vocês por tudo que fizeram por mim, pelas mensagens e comentários que recebi e por serem tão legais comigo, obrigada por tudo e meninas e quem puder compra lá, recomenda nossa história na plataforma e mais para frente talvez vou criar uma pagina no face, então deem uma forcinha aí esse é apenas o primeiro passo para quem saber, ver essa história virar um livro fisico em alguma editora bacana. O nome Secrets foi traduzido para Segredos
O link para quem quiser comprar é esse aqui -> https://www.amazon.com.br/Encantos-Escorpi%C3%A3o-Duologia-Segredos-Livro-ebook/dp/B01F6J3QVY/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1462820232&sr=1-1&keywords=Os+Encantos+do+Escorpi%C3%A3o
Não tem proposta, mas quem quiser comentar vou ficar imensamente feliz.
Obrigada por tudo e até a próxima gatas, se quiserem falar comigo é só mandar pv ou por aqui mesmo. Palavras nunca vão ser o suficiente para agradecer


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