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História Secrets - Uma festa é sempre uma festa


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oioi gente!
Bom, eu tenho essa personagem criada há bastante tempo, só precisava de alguma história para ela. Como eu sou fã do MCU e apaixonada por um certo Soldado com um braço metálico, resolvi que ela ficaria perfeita com os heróis mais poderosos da Terra e como par romântico daquele que é delírio das Marvetes, então criei toda a história baseada nisso. Se passa após Vingadores, ou seja, em CATWS, mas não necessariamente será baseado no filme. Haverão apenas referências a ele, mas a história é em sua maioria original.
Enfim, era isso. Vamos lá? Boa leitura e espero que gostem ♥
PS: qualquer coisa que desagradar me falem! Críticas construtivas são sempre bem vindas. 

Capítulo 1 - Uma festa é sempre uma festa


Fanfic / Fanfiction Secrets - Uma festa é sempre uma festa

Estou há quase 15 minutos rodando pelo shopping em busca de uma roupa para a festa dessa noite na Torre dos Vingadores, festa essa que sou convidada VIP por ser parte da equipe de heróis mais poderosos da Terra. 

Como eu me tornei uma Vingadora? É uma história meio longa...

Eu fui uma das agentes que estava trabalhando na Iniciativa Vingadores, mas acabei me aproximando dos heróis mais do que os outros agentes envolvidos no projeto.

Durante o ataque dos Chitauris à Nova York eu fui obrigada por Nick Fury a ajudar o time, segundo ele por já estar familiarizada com todos e porque eu também era a agente mais bem preparada da SHIELD para tal missão, além de Natasha e Barton, e que minhas habilidades seriam de grande ajuda para vencer a batalha. Não questionei meu chefe, por, aparentemente, ser só mais uma missão que eu recebia, mas o que eu não esperava era que todos fossem achar que eu era boa e me pedirem para entrar na equipe.

Por quê fizeram isso? Digamos que eu fiz algumas coisas durante a guerra que chamaram a atenção dos heróis...

A primeira delas foi quando eu corri para dentro de um prédio quase desmoronando para salvar uma criança presa aos escombros. Por uma graça de Deus a estrutura não desabou enquanto eu não saí com o anjinho, ou meu ato altruísta seria inútil.

A segunda foi o fato de eu ter atraído a atenção de um bando de alienígenas que atacavam alguns civis numa loja — mesmo estando sem munição e sem nenhuma das minhas mini bombas, que já tinham acabado —, e sair correndo pela rua, enquanto os bichos vinham atrás de mim à fervorosa. Tive a ajuda de Barton para acabar com eles, mas o mérito foi todo meu por tal atitude tão heróica.

A última, e não menos importante, foi quando eu voei para cima de Loki afim de pegar o cetro dele para fechar o portal. Sim, voei, pois peguei carona com um Chitauri em seu carrinho voador e pulei em cima do deus da Trapaça, quando ele estava no topo da Torre Stark contemplando o circo que armou na minha querida Nova York.

Pois é, meus amigos: Wanessa Lewis cometeu a pachorra de tentar vencer Loki na porrada, mesmo sabendo que seria impossível. Minha sorte foi que o Hulk apareceu e me deu uma força, mas só o fez no momento em que eu já tinha apanhado até por dentro dos olhos e estava me preparando para aquele metaleiro me desintegrar com a "varinha de condão" dele. Graças a mim, que servi de distração para o verdão esmagar o deus fraco e fazer ele se livrar do cetro, Natasha conseguiu pegar aquela coisa e fechar a droga do portal. O resto todos já sabem.

Dá pra imaginar que saí toda quebrada depois de tudo, né? Afinal, não tenho super soro, nem armadura, nem arco com flechas infinitas e muito menos viro uma criatura verde e gigante ou sou uma deusa imortal com um martelo super poderoso.

Mas, acredite, nada disso importou!

Segundo o Capitão América, "para ser um herói, você não precisa de poderes nem nada do tipo. Você só precisa estar disposto a fazer o que é certo, sem deixar ninguém corromper seus valores e estar disposto a se sacrificar se necessário" e que "o que eu fiz naquele dia mostrou que eu sou digna, valente, íntegra e me sacrificaria por um bem maior sem pensar duas vezes, o que me tornava apta a ser uma Vingadora". 

Isso foi uma versão resumida do que ele disse. Quase dormi com o discurso completo, tenho que confessar, mas claro que fiquei lisonjeada por tamanha menção honrosa, principalmente vinda do Capitão — de quem eu sou tão fã quanto Coulson, às vezes nem cai a ficha de que eu trabalho com ele.

Apesar de ter gostado de lutar ao lado de super pessoas e ficado eufórica em me imaginar realizando um sonho de infância — fazer parte de um grupo de heróis com roupas coloridas —, hesitei em aceitar o convite no início. Eu estava acostumada com as missões individuais da SHIELD, em que cada um da equipe faz uma coisa e, se algo der errado, a missão é abortada e quem for corrompido não prejudica os outros. Já com um grupo a coisa mudaria de figura. Todos agem coletivamente, fazendo apenas o que é melhor para o grupo, e eu nunca fui boa em pensar ou agir dessa maneira. Não que eu seja egoísta, mas desde sempre fui só eu por mim mesma, por isso me acostumei à individualidade. Para mim, agir sozinha tornava as coisas muito mais práticas.

Só depois de pensar muito e ouvir as opiniões de todos que tem mais juizo que eu, acabei aceitando. No começo foi difícil, tanto para mim como para os outros, mas com o tempo — e após discutirmos muito entre nós — conseguimos nos tornar uma equipe de verdade. Agora, minha rotina está dividida  entre o trabalho na SHIELD e com os Vingadores. Por sorte, com os heróis as missões são menos constantes, mas em compensação são milhões de vezes mais arriscadas do que as da agência. 

Não que eu me tenha medo de correr risco, pelo contrário. Minha vida sempre foi cercada de perigo por todos os lados, pois antes de entrar para a SHIELD eu era uma assassina sem escrúpulos, então dá para imaginar o porquê de minhas habilidades não é? Bom, sobre isso não vou falar, por ser algo muito doloroso e que tento esquecer a todo custo...

A parte que mais mudou, após esses dois anos com o fardo de super heroína, foi que ganhei vários fãs e admiradores por todos os lugares, coisa que eu nunca esperava ter e que no fundo acho super divertido. É muito legal quando alguém me reconhece em lugares públicos e pede uma selfie, um beijo, um abraço ou para eu autografar uma foto em que estou com meu uniforme de Vingadora — que é composto por um colã de couro e linho na cor azul escura, coldre de faca no tornozelo esquerdo, duas mini-metralhadoras presas às minhas coxas e um cinto contendo granadas, pentes de munição e um bastão de combate que Stark desenvolveu especialmente para mim. 

Só espero não ser parada hoje, pois tenho que comprar a bendita roupa e o Shopping fechará em menos de duas horas. — pensei comigo mesma, já de volta à realidade.

Dei mais de seis voltas pelos 4 pavimentos até que me cansei de andar a toa. Decidi parar de procurar olhando apenas as vitrines, pois nenhuma das que eu olhei me agradou e por isso andei tanto, sem nem ao menos entrar nas lojas. "Não julgue um livro pela capa" é uma frase que definiria bem minha situação.

Entrei na loja mais próxima de onde eu estava, chamada C&S, que tinha alguns vestidos bonitos na vitrine e que, por acaso, eu ainda não tinha visto, apesar de já ter passado por esse lado.

— Olá, posso te ajudar?

Uma vendedora alta e morena me recepcionou com um sorriso falso assim que adentrei o local.

— Sim, preciso de um vestido, mas eu gostaria de um simples, com uma cor neutra. 

— Acho que temos alguns daquele lado, quer dar uma olhada? — sugeriu, indicando um corredor. 

— Obrigada.

 Fui até o local indicado e a mulher me seguiu como uma sombra. Essa é a parte ruim dessas lojas chiques.

Olhei cada um dos vestidos que estavam nas araras mas nenhum me agradou. Uns eram decotados demais, outros compridos demais, e quando o modelo era bonito a cor não me agradava. A mulher ficou feito uma estátua perto de mim analisando cada movimento que eu fazia, coisa que estava me incomodando muito.

Estava quase desistindo de procurar e saindo da loja quando meus olhos pararam no último vestido da arara: em um tom de bege, curto mas sem ser vulgar, de alças e com um tecido preto fino em uma das alças. Sorri e peguei-o, e pra minha sorte era exatamente do meu tamanho.

— Vou levar esse. 

Ela sorriu forçadamente e concordou com a cabeça. 

— Boa escolha, esse é o último da loja. 

— Agora preciso de sapatos. 

— O setor de calçados é naquela direção, vamos até lá. — seguiu por outro corredor e fui atrás.

Decidi que não queria um sapato preto como eu sempre uso, já que o vestido em si já era básico. Assim que parei em frente as centenas de pares de sapatos nas prateleiras, meus olhos foram atraídos imediatamente por um par de ankle boots prateadas com cadarços pretos e saltos grossos. Sorri e não pensei duas vezes em pedi-las.

— Eu quero aqueles. 

Novamente, a mulher deu um sorriso falso e acenou com a cabeça. Caramba, será que ela não consegue ser mais natural? 

— Ok, vou até o estoque pegar. Que número você usa? 

— 37. 

Depois de se dirigir ao estoque ela demorou bastante tempo até voltar, me levando a pensar se ela também estaria fabricando os sapatos. Assim que a dita cuja finalmente deu as caras, fui até o caixa, paguei minhas coisas e deixei loja. Ao invés de ir embora, resolvi ir até a praça de alimentação para comer algo que a tempos estava com vontade e que não conseguia por falta de tempo: hambúrguer e fritas.

Me encaminhei até o segundo pavimento, rumo ao Burger King — minha lanchonete favorita —, e localizei Steve Rogers no momento em que saí da escada rolante. Ele estava caminhando ao lado de um homem alto, de cabelos castanhos e bem esquisito, que eu não reconheci por estar de costas. 

Algumas mulheres passavam por eles quase tropeçando de tanto admirar Rogers enquanto caminhavam. Ri e neguei com a cabeça, imaginando que o Capitão deveria estar todo constrangido com tantos olhares impróprios sobre ele.

Faziam alguns dias que não o via devido a uma viagem inexplicada que ele fez, então resolvi chegar até eles para conversar com meu amigo sumido.

— Hey, Steve.

Ambos cessaram o passo e se viraram na minha direção com caretas.

— Wanessa. Não esperava te encontrar por aqui. — o loiro me cumprimentou com um beijo no rosto.

— Eu vim comprar uma roupa pra festa do Tony.

Ohei dele para o homem ao seu lado e o reconheci de imediato ao ver seu rosto de perto e reparar na mão metálica a mostra; se tratava de James Barnes, seu amigo desaparecido e desmemoriado que foi a maior arma da Hidra durante décadas. Eu apenas tinha o visto por fotos de arquivos da SHIELD, mas agora,  o vendo em carne, osso, músculos, olhos azuis e cabelos curtos sei porquê as mulheres estão tão deslumbradas ao passar por ele. Tenho que dizer que esse homem é mais bonito do que eu achei quando vi as imagens dele, na época que era controlado pela HIDRA e não tinha o mais normal dos visuais. Arrisco dizer que, agora que parece um ser humano do bem de novo,  ele é 1% mais jeitoso que Steve.

— Esse é o Bucky. Eu consegui encontrá-lo e convencê-lo a se juntar aos Vingadores. — Eu ja percebi isso, mr. Óbvio. — Esse foi o motivo da minha pequena viajem. Não tive tempo de contar esse detalhe, sinto muito.

Depois que o Soldado Invernal salvou a vida de Rogers e sumiu do mapa, Steve investigou e descobriu que Barnes estava vivendo como um nômade, tentando se redescobrir e recuperar as memórias que a HIDRA tirou dele. Após muitas discussões entre a equipe, decidimos dar uma chance para o Soldado, já que ele se livrou do controle da organização do mal e precisava de ajuda. Suas habilidades seriam utilizadas da maneira certa e ele receberia perdão judicial se aceitasse entrar para os Vingadores.

— Muito prazer. Que bom que você aceitou nossa ajuda, sr. Barnes.

Estendi minha mão a ele na tentativa de demonstrar simpatia, porém ele apenas a olhou e não moveu nenhum músculo. Encolhi a mão e comprimi os lábios. Quando disseram que esse Bucky é fechado, achei que era só um jeito de falar, mas agora estou vendo que isso é pouco para descrevê-lo. O homem parece não gostar nem um pouco de pessoas, me surpreende ele ter aceitado vir a um Shopping com Steve. 

— Ele ainda está estranhando tudo. — Steve justificou a atitude do amigo.

— Eu entendo. — ri pelo nariz — Vai à festa?

— Sim. Natasha me convenceu a me divertir um pouco. — contou após um suspiro, com um brilho nos olhos ao falar da russa.

E como ela quer que você vá. 

— Ela tem razão. Você carrega os problemas de todo mundo nas costas, precisa relaxar de vez em quando. 

Olhei para o ex-HIDRA quando vi que ele me fitava de maneira analisadora, como se estivesse tentando descobrir como eu sou apenas observando minhas atitudes. Ignorei o pequeno incômodo e forcei um sorriso para ele, que desviou o olhar e voltou a fitar tudo ao seu redor como um animal desconfiado.

— Eu passo 3 dias fora e o Tony inventa de dar uma festa. — o Capitão brincou, atraindo minha atenção.

— Pelo menos poderá se divertir amanhã. — manejei a cabeça para o lado e tornei a fitar Barnes — Você vai também? 

— Eu não sei. — respondeu somente,  num tom baixo e ríspido.

— Espero que decida ir, será um ótimo jeito para se entrosar com o pessoal.

Novamente tentei ser gentil, e novamente ele continuou com a expressão de poucos amigos. Me controlei para não revirar os olhos e fazer alguma ressalva quanto a sua estranheza, e para isso peguei meu celular para ver as horas. Passava de 21h, então decidi que estava na hora de eu ir embora.

— Eu preciso ir. Tenho que estar cedo na SHIELD amanhã.

— Nós também já vamos. Só trouxe o Bucky para comprar algumas roupas.  — disse Steve, e só então notei que ambos seguravam sacolas.

— Vejo vocês na Torre amanhã.

Dei as costas para os dois após me despedir de Steve com um beijo no rosto e lançar, mais uma vez, um sorriso amigável para Barnes, que mais uma vez não esboçou nenhuma expressão em resposta.

— Tomara que ele mude, ou vai ser difícil conviver com alguém que parece uma pedra. — falei com meus botões enquanto descia a escada rolante.

Saí do shopping em poucos minutos, e claro, passei em um BK no caminho para minha casa e comprei dois hambúrgueres duplos, dois refrigerantes e uma batata grande — sim, isso tudo para eu comer sozinha.

Passei pela porta do meu apê e, depois de trancá-la, fui direto para o quarto, onde larguei as sacolas da loja num canto e o lanche em cima da cama para me livrar do macacão que usava e vestir algo mais confortável no lugar.

— Não vou tomar outro banho.

Não vi necessidade de tomar uma ducha, pois já tinha me banhado antes de ir ao Shopping e também estava com preguiça de fazer qualquer coisa que não fosse ficar na cama. Meu plano era terminar a noite assistindo o box de Liga da Justiça que ganhei de Thomas — meu ex namorado e agora melhor amigo — no meu último aniversário, e que simplismente não enjoo de ver por serem meus heróis favoritos — depois dos Vingadores é claro. 

Me enfiei embaixo das cobertas e fiquei horas comendo enquanto assistia, no melhor estilo garota solitária que fica em casa numa sexta a noite, e somente quando já passava de uma da madrugada quando resolvi tentar dormir.

Desliguei a TV, larguei a bandeja com as embalagens e copos vazios no chão e me arrumei na cama, e pedi a todos os deuses para ter uma noite de sono sem pesadelos já que eu precisava estar disposta para trabalhar e também ir à festa — que eu não deixaria de ir por ser a única ocasião em que poderia relaxar e esquecer os meus problemas. 

****

Como era de se esperar, mesmo que eu nao quisesse tive uma sequência de pesadelos assim que peguei no sono, que como sempre me fizeram querer ficar bem longe da minha cama para não ter o risco de dormir de novo. Para relaxar e também acabar com o sono que eu sentia, saí de casa para fazer uma  das únicas coisas que me dá forças e disposição após um desses pesadelos: correr. Saí às 4h da madrugada e corri por cerca de 3 km, apenas dando voltas na pista do parque próximo ao meu prédio até me sentir bem novamente.

Cheguei em casa e fui direto para o banho, que  era o que eu mais queria depois de ter suado como um animal durante minha madrugada fitness. Já com minha higiene de volta, vesti meu uniforme da SHIELD, juntei minhas armas e outros objetos de trabalho e saí direto para a agência, sem nenhuma vontade de tomar café da manhã — mesmo eu sendo a pessoa mais esfomeada do mundo.

— Quanto mais cedo eu chegar, mais cedo vou terminar minhas tarefas! 

 Afirmei isso para mim mesma durante todo o caminho. Tinham muitas coisas para fazer na agência e eu esperava terminar tudo antes das 9 da noite, ou não poderia ir à festa.

****

Fiz os relatórios que precisava fazer, ajudei no treinamento dos novos agentes e fiz outras pequenas tarefas durante todo o dia, tudo de maneira rápida porém não menos eficiente. Fui liberada mais cedo graças a Hill e Coulson, que também iriam a festa e ajudaram Thomas e eu a conseguirmos a autorização de Fury para sair antes.

Cheguei em casa por volra de 20h e, depois de tomar um banho bem demorado e relaxante, me dirigi até meu quarto e comecei a arrumar meus cabelos. Sequei meus fios, enrolei alguns bobs e apliquei bastante fixador para ajudar, os deixanso enrolados enquanto fazia minha maquiagem. Fiz algo simples, porém que destacou meus olhos azuis, e nos lábios usei apenas um gloss pêssego.

— Pelo menos deu pra disfarçar as minhas olheiras. — zombei de mim mesma enquanto pegava as sacolas com o meu look.

Coquei o vestido — que por sorte não estava amassado —, calcei minhas ankle boots e voltei ao guarda roupa atrás do último item da minha produção: meu perfume de frutas vermelhas, que eu borrifei várias vezes pelo pescoço e pulsos.

— Ok. Já estou bem apresentável. — sorri satisfeita ao me olhar no espelho pela última vez. Catei minha bolsa carteira e meu celular e segui rumo à saída do meu apartamento, mas cessei o passo assim que cheguei à sala ao sentir o aparelho vibrar na minha mão.

Meu motorista está indo te pegar, não quero ser culpado se alguém beber demais e resolver sair dirigindo pelas ruas.

Ri e neguei com a cabeça ao ler a mensagem de Tony. Ele fez isso pois na última festa eu saí dirigindo bêbada de volta para minha casa, mas por sorte não sofri nenhum acidente nem fui pêga pela polícia. Apenas levei algumas broncas por todos os lados, e também condenei a mim mesma por um ato tão imaturo.

Happy levou quase uma hora para finalmente chegar a Torre depois que me pegou no meu prédio, tempo esse que nem vi passar por iniciar uma emendar muito divertida come ele. O motorista de Stark é alguém que consegue levantar meu humor com apenas alguns minutos de conversa graças as inúmeras histórias hilárias que sempre tem para contar.

Assim que cheguei ao pavimento de recepções fiz uma careta e parei de andar ao ver a quantidade de mulheres que circulavam pelo salão, todas com vestidos extravagantes e aparentando menos de 25 anos. 

Tony sendo Tony... — pensei e revirei os olhos, me pondo em movimento até o interior do ambiente.

Pepper estava um pouco a frente recepcionando os convidados, com o cabelo super platinado e um vestido de bom corte, provavelmente de grife. Diva é a palavra certa para descrevê-la.

Assim que me viu, a nova loira veio em minha direção com um belo sorriso nos lábios. 

— Wanessa. Como você está linda.

— Obrigada. Você também está, eu adorei seu cabelo! — retribuí, dando um rápido abraço na ex ruiva.

— Que bom que você gostou.

 Olhei discretamente ao redor enquanto ela jeitava uma mecha atrás da orelha, estranhando o fato do dono da festa não estar recebendo seus convidados. 

— Onde está o "anfitrião"?

— Ele disse que estava quase pron...

Ela parou de falar no momento em o ilustríssimo se fez presente, e como sempre, apareceu causando euforia nas garotas, mas dessa vez por conta do "look" que usava.

— Olha só, quando eu acho que vocês mulheres não conseguem ficar mais lindas, vocês me surpreendem.

Falou, pousando ao nosso lado dentro de uma armadura, apenas com a cabeça a mostra. Pepper fez cara de desgosto e lhe lançou um olhar feroz, fiz uma careta e revirei os olhos. Deus, ele não de cansa de causar furor.

— Armadura, Tony? E o Dolce&Gabana que eu tive tanto trabalho pra conseguir? 

— Não se preocupe, isso é só pra recepção dos meus convidados. — deu de ombros, arqueando uma sobrancelha ao me encarar — Bom, seja bem vinda, Wanessa. É bom ver você como uma pessoa normal. 

— Gostaria de poder dizer o mesmo... — o analisei da cabeça aos pés, ele franziu a testa e Pepper riu. — Bom, obrigada por me convidar, Mnus̄ y̒ s̄āmārt̄h. 

—JARVIS, traduz o que ela disse.

— Do tailandês, significa Homem Lata, senhor.  

A voz mecânica ecoou pelo ambiente e algumas pessoas se assustaram, olhando para todos os lados confusos. Cruzei os braços e lancei um olhar impaciente ao Homem de Ferro.

— Satisfeito? 

— Preferia que me chamasse de bonitão, gênio, querido, essas coisas... — estalou a língua no céu da boca.

— Vou pensar em algo diferente. — uma pequena movimentação atraiu meu olhar — Olha, acho que aquelas garotas estão esperando por você.

 Apontei pra entrada do hall e Stark e Pepper olharam na direção onde várias mulheres, que aparentavam pouco mais de 20 anos, sorriam maliciosamente e jogavam beijos para o Homem de Ferro. A loira franziu o cenho e negou com a cabeça, se pondo em movimento até as garotas com uma cara nada feliz.

— Eu vou até lá para recebê-las. Fique aqui e se comporte.

Tony apenas fingiu que não era com ele e começou a assoviar, acenando para alguns dos  seus amigos engravatados que passavam por nós. Até parece que não está gostando de ver essas mulheres assanhadas.

— Os Vingadores e nossos amigos da SHIELD estão pra lá. Romanoff e Hill perguntaram por você. — falou após alguns segundos, indicando a área perto do bar.

— Ótimo, você não vem? 

— Vou depois que terminar aqui.

Me afastei do Lata Velha e caminhei por alguns metros, desviando de alguns convidados até encontrar Hill, Romanoff, Steve, Clint e Bruce.

— Uau. — Natasha falou seguido de um assovio assim que me me viu. Ela usava um vestido preto com detalhes em renda, que a deixou sexy mas ao mesmo tempo discreta. Seus cabelos ruivos estavam cacheados e jogados pra um lado, e usava um batom vermelho.

— Oi. — cumprimentei todos com um sorriso de canto.

— Você está muito bonita.

 Maria me olhou dos pés a cabeça, manejando levemente a cabeça para completar o elogio. Ela nem parecia a mesma agente séria da SHIELD: estava com um vestido vermelho com decote em V e de costas nuas, na altura dos tornozelos. A parte da frente da saia tinha um corte transversal, que deixou suas pernas à mostra. Estava com os cabelos soltos e ondulados, tão linda quanto Nat e Pepper.

— Você demorou mais do que nas outras festas. — Clint disse com humor.

— Era só pra aumentar a expectativa. — ironizei. — E a Laura, não veio?

Antes de responder, o Gavião tomou um grande gole do seu uísque e suspirou brevemente.

— Não. Ela não gosta dessas festas, e também não tinhamos com quem deixar as crianças.

— Vocês precisam de uma babá, Clint. A Laura precisa sair mais, ela só fica naquela fazenda. — Nat comentou após revirar os olhos.

— Não deve ser fácil encontrar alguém disposta a cuidar daquelas duas pestes. — Maria disse com desdém, arrancando risos de todos.

Barton a fitou com falsa indignação.

— Meus filhos não são pestes. 

Rimos um pouco e entramos em outro assunto aleatório, até que Thor se aproximou de nós com seu martelo na mão e sorridente como sempre. Ao parar do meu lado, o deus segurou minha mão e depositou um beijo sobre ela após dizer:

— É um prazer revê-la, Wanessa! 

— Igualmente, Thor.

 Sorri minimamente e me controlei para não rir. Ainda não consigo me acostumar com esse cavalheirismo todo dos homens dessa equipe, mais especificamente Steve, Thor e Bruce, que são deveras gentis e cordiais comigo e Natasha.

— Steve, o James não vai descer? — questionou Bruce.

Nossa, tinha até esquecido do esquisitão.

— Tentei convencê-lo mas ele não quis. — o Capitão respondeu, um pouco triste.

— Isso não é legal. — pensei alto, meus amigos me olharam confusos. Droga, agora vou ter que desenvolver. — Ele ficar sozinho no quarto enquanto nós nos divertimos. Não acho que isso está certo. 

Todos me fitaram com estranhamento pela preocupação que demonstrei, e até eu me estranhei por ter dito tais palavras, porém não demonstrei. 

— Eu não podia obrigá-lo a participar da festa, e tentei fazer companhia pra ele, mas ele não quis. — Rogers retrucou segundos depois.

Abri a boca para responder, mas fui interrompida quando Hill se pronunciou no mesmo segundo, dizendo de maneira direta e indiferente:

— Bom, essa conversa não me interessa nem um pouco então eu vou até o bar. Alguém quer ir comigo?

— Eu vou.  — Romanoff anunciou em seguida, e ambas saíram da rodinha.

Clint e Bruce permaneceram conosco por alguns minutos,  conversando sobre outro assunto que não tinha nada a ver com o amigo de Steve até que resolveram ir ao bar também. Depois que se afastaram, ficamos Thor, Steve e eu apenas, observando o local encher cada vez mais, como um formigueiro. Arrisco dizer que 70% dos convidados eram mulheres, e algumas olhavam maliciosamente para nós três quando passavam. 

— Não consigo me acostumar com algumas atitudes das mulheres de hoje em dia. — o Capitão comentou com timidez.

Um garçom parou próximo de nós com uma bandeja de copos de uísque e cada um pegou uma bebida.

— Pois devia, porque além de lindo você é o Capitão América, então é lógico que as mulheres olham diferente. — respondi com um sorriso maroto nos lábios, Thor gargalhou ao ver a cara de tacho de Rogers.

— Eu já estou acostumado ao assédio das midgardianas. No meu reino isso seria motivo de orgulho.

 Ri pelo nariz e tomei um longo gole do meu drink. Viram como até os deuses são mulherengos?

— E o que Jane acha disso? — indaguei o olhando com uma sobrancelha erguida.

O sorriso orgulhoso que ele tinha nos lábios se desfez, e ele engoliu em seco antes de responder:

— Ela fica irritada quando vê alguma mulher me olhando.  

— Não imagino porquê ela fica assim.

Terminei de tomar o uísque e peguei outro copo de um garçom que passava perto de nós. Aquilo estava realmente bom, Stark tinha capricado dessa vez e eu não estava afim de me controlar.

— E você Capitão, não tem ninguém especial ainda? — Thor questionou, olhei para Steve.

— Não é fácil achar alguém com as mesmas experiências que eu. 

Tombei a cabeça pro lado e fiz uma careta.

— Você sempre diz isso, mas nunca dá uma chance para as centenas de garotas que pedem pra sair com você todos os dias.

— Isso é verdade. — o cara do martelo complementou, colocando Rogers numa calça justa.

— Não tenho tempo para encontros. 

Abri a boca para responder, mas novamente fui impedida quando o DJ parou a música e um som estridente se iniciou, me fazendo soltar um palavrão em grego — para os rapazes não entenderem — e tapar os ouvidos.

— Atenção de todos, por favor.

Os olhares se voltaram para o palco montado no topo das escadas, onde Stark se encontrava cheio de pose dentro de um terno preto — provavelmente o Dolce&Gabanna que Pepper falou. Ele foi recebido por muitos aplausos e gritos histéricos das mulheres do local enquanto tentava se acertar com o microfone. 

—Ainda bem que ele tirou a armadura. — comentei terminando minha bebida, os dois loiros riram.

— Gostaria de agradecer a presença de todos, especialmente dos meus amigos Vingadores e alguns agentes da SHIELD, que cancelaram seus compromissos urgentes pra vir me prestigiar. — revirei os olhos — E por favor, me marquem nas fotos que postarem com o Homem de Ferro, curtirei todas. Que que eu tinha mais pra dizer? — fechou os olhos e estalou a língua no céu da boca — Ah, esqueci. Bom, agora que todos já chegaram e eu já os recebi, a festa pode começar. Lee, música por favor!

Concluiu e saiu, apontando para o DJ ao lado do palco — um velhinho de cabelos brancos usando um boné, óculos escuros e uma corrente de ouro, no melhor estilo 50 Cent. Onde é que o Tony arruma esses senhores tão bons com os aparelhos de mixagem?

 Uma música mais alta começou a tocar e um globo surgiu acima da pista de dança, piscando e girando como numa balada enquanto as pessoas começavam a dançar — se remexer de uma maneira estranha, na verdade. Após alguns minutos socializando com alguns convidados, eu e os demais Vingadores fomos até um dos salões de lazer da torre, a fim de aproveitar o resto da festa para botar o papo em dia —  e também ficar longe do assédio de alguns fãs malucos. 

Apenas quando chegamos lá encontrei com Thomas, sentado em um dos sofás com Stacy Graham ao seu lado. Ela é uma nova agente da SHIELD, que desde que entrou para a agência se tornou a nova paixonite do meu ex.

— Oi, onde estavam que não os vi?

Ambos me olharam de imediato, mas somente a loira demonstrou tensão e tentou se justificar:

— Oi, Nêssa. A gente estava... conversando perto daqui.

— Mas por que não foram lá embaixo? Eu achei que não tinham vindo.

Me fiz de inocente apenas para zombar deles, mas sabia muito bem o que estavam fazendo de verdade.

— Ah, Wanessa, para de se fazer de tonta. Você sabe o que estávamos fazendo. — Thom disse e revirou os olhos. 

Sorri com malícia e olhei para Stacy, que estava vermelha como um pimentão e não sabia para onde olhar. Apesar de ser quase tão desencanada quanto eu, Graham é tímida quando se trata de expor algum relacionamento em público. Não poderia ser diferente, afinal ela tem apenas 20 anos.

Pisquei e sorri minimamente para ela como quem diz: relaxa, você não está fazendo nada errado, e em resposta ela deu um sorriso tímido e começou a recuperar sua cor natural.

— Você está muito bem, Lewis. — Thomas me elogiou de maneira formal.

— Obrigada, Mitchel. Você também está apresentável. — respondi do mesmo jeito. — E você está linda, Stacy.

— Você também está, Nêssa. — retribuiu com uma carinha fofa.

— Obrigada. Bem, eu vou atrás de alguma bebida. Podem continuar a... conversa. 

Saí de perto do casal e cruzei o salão rumo ao minibar, onde Steve sentado sozinho, cabisbaixo e parecendo não estar muito afim de curtir a festa.

— Tá tudo bem? 

Me sentei na banqueta ao lado e o loiro levantou o olhar na minha direção. 

— Sim. Só estou triste por Bucky não estar querendo se divertir. — esclareceu após um suspiro.

Suspirei também e pedi um Martini, e enquanto esperava revelei a sugestão que me veio a mente:

— Por quê não vai até lá de novo? Pode ser que agora ele queira vir, afinal só tem a gente aqui.

A expressão do Capitão se tornou um pouco mais animada e ele se levantou da banqueta.

— Pode ser que esteja certa. Eu vou até lá, quer ir comigo?

— Sim. — respondi após pensar por alguns segundos.

Aceitei ir com Steve apelas pelo fato de que eu não acho legal só ele se preocupar com Barnes. Não, eu não me preocupo com ele em si, mas também não quero que se sinta excluído, afinal agora ele também faz parte da equipe e o mínimo que eu posso fazer, sendo uma das integrantes dessa equipe, é tentar me dar bem com ele.

— Capitão, pode tirar algumas selfies conosco?

Um grupo de jovens nos alcançou e cercou Steve assim que chegamos em frente ao elevador.

— Claro. — ele aceitou educadamente.

Isso vai demorar...

Me encostei na parede e fiquei observando — após também posar para fotos com alguns garotos — o assédio que Steve estava sofrendo das meninas, que só faltavam tirar a roupa dele enquanto o apalpavam e tiravam as selfies.

Quando as garotas finalmente o deixaram em paz, ele arrumou a camisa e veio para perto de mim, vermelho como uma pimenta malagueta.

— Isso é outra coisa que não consegue se acostumar. — imitei seu jeito de falar, lhe arrancando uma risada sem graça.

Pressionei o botão para chamar o elevador no mesmo instante em que uma movimentação no fim do corredor atraiu a nossa atenção. Dois velhinhos cambaleavam totalmente bêbados na nossa direcao, parecendo perdidos pelo local, e um deles era o DJ que tocava lá em baixo, que eu reconheci de imediato pelo boné com letras douradas formando a palavra Lee.

— Eles podem se acidentar, eu vou ajudá-los. Suba até o quarto do Bucky e diga que eu já vou.

Mais essa agora?

Bufei e fiquei parada no mesmo lugar, sem saber se ia ou não enquanto o altruísta Steve sumia pelo corredor rebocando os dois senhores de porre.

— Bom, eu não posso ficar a noite toda esperando ele voltar. — suspirei e entrei no elevador após chamá-lo novamente.

Não sei porquê, mas comecei a ficar nervosa ao imaginar que teria que chegar sozinha até James. Isso com certeza é um sentimento novo para mim: ter receio de falar com alguém.

— É só eu esperar o Steve para falar com ele. — me aconselhei, já roendo as unhas de tensão.

Alguns segundos mais tarde, o elevador chegou ao pavimento dos dormitórios e eu saltei para fora e segui pelo lado esquerdo rumo ao quarto do esquisitão, o último quarto do enorme corredor e que por coincidência é ao lado do que eu uso quando fico na Torre.

Andei a passos de tartaruga até os aposentos do ex-HIDRA, esperando que Steve viesse logo e me alcansasse antes de eu chegar, mas isso infelizmente não aconteceu. Me aproximei de sua porta lentamente e, para minha surpresa, ela estava entreaberta.

— Ele deve estar aí dentro, a luz tá acesa... — sussurrei enquanto olhava pela fresta.

Soltei o ar lentamente e deixei a estranha vergonha que eu sentia de lado, então bati na porta e continuei a espiar pela mínima fresta, afinal o máximo que poderia acontecer era ele ralhar comigo e me mandar sair.

— Sr. Barnes? Está aí? Sou eu, Wanessa, que você conheceu ontem no Shopping. Steve e eu estávamos vindo juntos até aqui pra ver como você está, mas ele teve um pequeno problema e eu vim na frente...

Isso é ridículo.  Eu nem sei se ele está aí ou não. 

Fiquei mais de um minuto esperando uma resposta, mas não havia sequer um movimento dentro daquele cômodo e nem sinal de Rogers aparecer. Bufei em frustração e resolvi voltar ao salão com meus amigos, já que pelo visto eu estava perdendo meu tempo ali.

Porém, antes de me virar, dei um pequeno pulo de susto quando a porta se abriu bruscamente e Barnes apareceu através dela. Me pergunto como alguém com esse porte de ogro e que parece tão desengonçado conseguiu a proeza de ser tão sorrateiro, e também como conseguiu me assustar por isso já que isso nunca aconteceu — e olha que até Natasha já tentou, aparecendo atrás de mim silenciosamente, mas nunca conseguiu me causar um susto —, pois eu sempre sinto quando há alguém por perto.

Tenho que tirar meu chapéu pra você hein, afinal foi capaz de provocar em mim duas coisas que ninguém conseguiu até agora!

Após me recompor do pequeno sobressalto, reparei no homem parado do outro lado da porta. Ele estava bem vestido, com os cabelos penteados para o lado — e uma franja que eu achei muito sexy, confesso — e exalava um perfume suave e amadeirado que agradou as minhas narinas, outra coisa que raramente acontece já que quase todos os perfumes masculinos são muitos fortes e enjoativos na minha opinião.

Agora ele já pode até pedir música.

— Resolveu ir à festa? — perguntei após piscar algumas vezes, forçando para olhá-lo nos olhos.

— Sim. Eu decidi seguir o conselho de Steve.

Fiquei imóvel e sem conseguir pronunciar nem um A graças ao confere minucioso que o ex-Hidra me deu, e que me deixou ainda mais nervosa e constrangida do que eu já estava. Mesmo tendo desviado o olhar, reparei que ele ficou tempo demais olhando para minhas pernas e tentou disfarçar quando percebeu que eu estava vendo. Bom, não é minha culpa se o vestido é curto, e modestia parte,minhas pernas são bonitas, então você não cometeu nenhum pecado em admirá-las.

— Bucky. Resolveu descer? 

Steve finalmente apareceu e estacou ao meu lado, acabando com aquele estranho clima entre eu e seu amigo.

— S-sim. Eu preciso me enturmar à equipe, né? 

— É esse o espírito! Todos irão te tratar muito bem, basta você se permitir conhecê-los. — tomei a frente de Rogers e comentei com euforia, recebendo olhares de estranhamento de ambos. Ok, acho que eu fui uma intrometida agora. —  mordi o lábio inferior e desviei o olhar.

— Vamos, então? — o Capitão disse alguns segundos depois.

Descemos de volta até o salão para nos juntarmos aos nossos amigos e durante todo o caminho percebi várias mulheres comendo Barnes e Steve com os olhos enquanto passavam por nós. Por alguma razão, algo sobre isso me incomodou um pouco, mas resolvi não tentar descobrir o que era e por que senti.

Quando chegamos ao salão, a festa estava bem mais animada do que antes. Vi que também haviam chegado ao salão Sharon, Happy, Rhodes, Coulson e Sam — esse último totalmente de porre.

— Olha gente! O Dorito... voltou! Ah, o do braço de ferro também veio! 

Fomos recepcionados por um Tony Stark completamente bêbado e feliz, que vinha cambaleante até nós. Arregalei os olhos e armei uma careta de desespero quando ele se jogou pra cima de mim e começou a praticamente gritar no meu ouvido:

— Eu tava morrendo... de saudade de você, Miss Morte! Me da um abraço!

Barnes não se aguentou e riu um pouco da situação, e eu discretamente admirei seu sorriso quando o vi. Comecei a dar leves tapinhas no ombro do bêbado agarrado a mim pra ver se o infeliz me soltava.

— Deus do céu. Eu saio por alguns minutos e ele já fica assim? 

— A culpa é do Thor que trouxe aquela bebida asgardiana. Barton, Mitchel e Wilson também beberam... — Hill contou se juntando a nós.

Fiz uma rápida observação pelo ambiente e os encontrei. Clint e Sam estavam sentados no chão gargalhando escandalosamente, e Thomas nem conseguiu se manter acordado. O Rambo — como Stark chama carinhosamente o meu ex — dormia jogado em um dos divãs da sala, roncando como um leão.

Depois de mais alguns segundos agarrado em mim, Tony me deu um beijo babado no rosto — que eu fiz cara de nojo e limpei — e me soltou balbuciando um "eu te amo". O Homem Lata cambaleou por alguns metros até se espatifar no chão, arrancando risadas de todos nós quando tentou beijar Rhodes no momento em que ele o rebocava até um sofá, perto de onde Pepper, Sharon e Stacy estavam conversando.

— Não esperava que pessoas como vocês bebessem tanto. — Barnes comentou com um pouquinho de humor após observar a situação dos cachaceiros.

— Eles são os que bebem mais, e a Wanessa também em algumas festas.

Nat me entregou parando ao lado de Steve com um Long Island na mão. O ex-HIDRA me encarou surpreso e eu apenas dei de ombros,  direcionando meu olhar para a ruiva enquanto respondia:

— Eu não sou a única mulher da equipe que enche a cara.

— Já faz um tempo que você não bebe de verdade.

Maria disse sugestivamente, e trocamos um olhar que somente nós três sabemos o que significa.

— Que tal uma aposta? — Romanoff me olhou com uma sobrancelha erguida.

— Aposta? 

Steve e o amigo estavam mais perdidos do que formiga em labirinto com a nossa conversa, mas somente o loiro teve coragem de demonstrar sua curiosidade.

— Nós sempre apostamos para ver quem aguenta beber mais. Por quê você acha que exageramos tanto algumas vezes? — Natasha indagou como se fosse óbvio.

— Eu achei que vocês bebiam por beber...

A inocência do Capitão arrancou risadas sarcástica de Hill e Nat.

— Bom, meninas, sinto muito mas não posso apostar hoje. Tenho que trabalhar amanhã então só  vou beber socialmente. — dei de ombros e fui em direção ao minibar.

Cruzei rapidamente o espaço e fui para trás do balcão, vendo que os rapazes haviam inicado outro assunto com Natasha e Maria. Hum, o Barnes também está conversando... se soltou rápido. 

Preparei um dos meus drinks favoritos, que eu mesma criei e batizei de Moonlight, feito com rum, suco de abacaxi, smirnoff e uma colher de leite condensado, para deixar mais doce. Estava colocando a mistura no copo quando Barnes se aproximou e sentou numa banqueta de frente para mim. Ele realmente parecia a vontade no ambiente, e isso me deixou com uma sensação de alegria que não faço idéia do porque senti.

— Já está mais sociável. Isso é bom, sr. Barnes. — falei sorridente, ele franziu o cenho.

— Eu não gosto que me chamem de Barnes, muito menos de senhor. 

— James então? — tombei a cabeça pro lado.

— Pode ser, mas eu prefiro Bucky. 

—Tudo bem... Bucky. — me controlei para não revirar os olhos e bebi um longo gole do meu moonlight.

Um curto silêncio se instalou entre nós, e Bucky olhava para minha bebida com certa curiosidade. 

— O que é isso? 

— Uma bebida que eu criei, moonlight. É bem suave, prova.

Virei o canudinho na direção dele e indiquei para ele pegar o copo. O ex-Hidra hesitou um pouco até finalmente experimentar, e após o primeiro gole ele continuou a sugar a bebida até finalizá-la.

— É boa. Fazia muito tempo que eu não bebia nada com álcool. — confessou, seguido de um riso sem graça.

— Bom, agora você pode beber o que quiser. — ergui uma sobrancelha. — E então cavalheiro, o que vai ser?

— O que você me sugere? — perguntou, me fitando com seus belos olhos azuis.

— Sex on the beach. Foi o primeiro drink que eu tomei na vida.

O tímido — e lindo — sorriso que ele deu sumiu e se transformou numa careta de surpresa por conta do nome da bebida.

— Pode ser. — aceitou segundos depois, assenti com a cabeça e comecei a preparar seu drink. 

Permanecemos somente nós dois no bar  pelo resto da noite, conversando, bebendo e observando o desandar da festa. Bucky tomou o sotb, 2 moonlight e pediu para provar muitas das bebidas da adega e eu, obviamente, não neguei nenhum de seus pedidos, pois na minha opinião ele tem mais é que se soltar e aproveitar as coisas sem medo. 

Segundo algumas coisas que Steve contou, o antigo James era tão fã de uma farra quanto eu, e depois que eu reparei em cada gesto e reação dele esta noite, tenho a certeza de que o espírito alegre e cheio de vontade de viver daquele James não morreu, e está apenas esperando algum incentivo para ser reanimado. 

Depois de ver o brilho nos olhos dele, só pelo simples fato de estar numa festa, posso afirmar com todas as letras: eu ajudarei Bucky a redescobrir o mundo e todas as coisas das quais ele foi privado durante todos esses anos negros que viveu.

Mesmo sem querer nós havíamos bebido mais do que o esperado, mas curiosamente a única alterada era eu, e olha que ele foi o que bebeu mais. Após as várias coisas que conversarmos e por conta da minha embriaguez, comecei a sentir algo estranho em relação ele, então decidi que seria melhor sair dali antes que eu fizesse ou falasse algo errado.

— Eu vou... dormir. Amanhã tenho... que ir cedo pra... pra SHIELD. 

Sem avisos, me levantei com certa dificuldade e James fez o mesmo. 

— Eu vou subir também.

— Boa... noite então.

Fui o mais evasiva possível e lhe dei as costas sem ao menos esperá-lo responder, antes que ele pensasse em subir comigo.

Acreditem ou não, mas só quando saí de perto dele percebi que os únicos no salão, além de nós dois, eram Pepper, Clint e Thom — esses dois últimos que dormiam num sofá como nenéns.

Quando foi que todo mundo saiu que eu não vi? — cocei a cabeça enquanto pensava. Eu não me distraí tanto a ponto de não perceber quando todos foram embora. Ou será que me distraí?

 Levei mais tempo do que o normal para chegar ao elevador pelo fato de que o chão parecia se mexer sob meus pés, e para poder caminhar com mais facilidade até tirei meus sapatos na metade do caminho — que aliás me incomodavam muito após ficar com eles por mais de 4 horas.

Após mais tempo do que o normal, finalmente parei em frente ao elevador e pressionei o botão para chamá-lo, e enquanto esperava, Bucky apareceu e estacou ao meu lado, me encarando com um olhar indecifrável que causou um frio no meu estômago.

— O que... achou da festa? — perguntei de repente, ele franziu as sobrancelhas.

— Divertida. 

Engoli em seco e desviei o olhar, pois senti que se eu o olhasse nos olhos seria capaz de perper o controle e beijá-lo. Sim, eu estava com uma vontade louca de beijar os lábios perfeitos dele graças a bebida que me deixou totalmente fora de mim.

Senhor, ele tinha que ser tão lindo assim? 

Mordi o lábio inferior e balancei a cabeça repetidas vezes a fim de afastar esses pensamentos impróprios, mas minha atitude só atraiu ainda mais a atenção do ex-Hidra.

— Tá tudo bem?

— S-sim! — respondi prontamente,  ele levantou as sobrancelhas.

Graças a todos os deuses o elevador chegou no segundo seguinte e eu praticamente me joguei dentro dele. Larguei os meus sapatos no chão e me encostei no fundo da caixa metálica, enquanto James entrava me encarando com estranhamento. Ele pressionou o botão do andar dos dormitórios e ficou de costas para mim.

Agora você só precisa continuar aí e eu aqui.

Poucos segundos após as portas se fecharem, tive um pequeno sobressalto quando o elevador deu um solavanco, parou e as luzes se apagaram.

— O que aconteceu? — Bucky questionou um pouco espantado.

Bufei e me desencostei da parede.

— Calma, foi só uma queda de energia. — esclareci com a voz enrolada — JARVIS, pode resolver isso? 

— Eu acho que ele não opera sem energia. — retrucou como se fosse óbvio após o curto silêncio — E agora?

Bati na minha própria testa e senti um pequeno nó se formando na minha garganta, e o que eu consegui dizer foi apenas:

— Eu não sei.

Se essa situação perdurasse por mais tempo, eu estava com dois sérios problemas.

O primeiro seria que eu não conseguiria me controlar com Bucky tão perto de mim e o agarraria a qualquer momento, visto eu não estava totalmente lúcida e a vontade de beijá-lo estava cada vez maior dentro de mim. 

Mas acho que eu nem teria tempo de fazer isso pelo fato de eu sentir minha garganta se fechando e meu coração começar bater mais rápido no momento em que percebi que estava presa nesse lugar pequeno e abafado.

Sim, o outro problema é que eu tenho claustrofobia e pânico de ambientes fechados, então eu estaria realmente em sérios apuros se continuasse ali por muito tempo. 


Notas Finais


E então? Tenho futuro?
Preciso fazer algumas observações sobre o capítulo e sobre a fic em geral:
*Resolvi começar como uma festa para inserir os personagens de uma forma mais descontraída, sem eles começarem com o fardo de super heróis que todos já conhecem.
*Bucky será um Vingador ♥
*A SHIELD não caiu ainda. Isso acontecerá de maneira diferente do que foi mostrado em The Winter Soldier, provavelmente apenas no fim da história.
*Não levei em conta a "morte" do Coulson, por isso ele ainda trabalhará normalmente na SHIELD.
Bem, acho que por enquanto é isso.
Gostaram? Eu espero que sim ♥
Obrigada por lerem! Beijinhos no ar :*


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